sexta-feira, 4 de julho de 2014

FanFic: Only You (+18)

Autora: TatahJacksonMania

Capítulo 1


"Meu amor,

As palavras me faltam quando tento lhe explicar tudo o que está acontecendo na minha vida.
E, essa história de você está e não está aqui, é o que me deixa pior em, simplesmente, tudo.
A única coisa que sempre quis foi um amor verdadeiro, e você o me deu, mesmo que não saiba, e me sinto realizada por isso, porque, sempre pensei que iria morrer antes de sentir tal sentimento.
Mas, não. Você o me deu, e, agradeço muito por isso.
Hoje, não mais me arrependo de ter me casado você.
Sim, eu já me arrependi, alias, eu sempre me arrependi. Talvez, porque eu sabia que a nossa convivência nunca ia dar certo, talvez, também pelo como sempre me tratou.
Mas, por Deus, não se sinta culpado! O modo como me tratava sempre me machucou muito, mas, eu sabia o que você sentia.
Você era jovem, lindo, rico, famoso, cheio de mulheres aos seus pés, e por causa dos malditos tablóides teve de se casar com uma pobre coitada como eu, que sempre desviava os olhos quando você tentava olhar dentro deles.
Mais, Michael, se eu era assim, era porque eu tinha muito motivos.
Não, eu nunca fui a interesseira que você sempre me pintou, mas, eu precisava de todo aquele dinheiro que seu advogado me ofereceu, aquele dinheiro poderia salvar a minha vida.
Poderia, mas, apesar de eu ter certeza que não salvaria, eu precisava dele.
Como você sabe, nunca tive uma mãe e meu pai morreu quando tinha apenas 15 anos, e desde então, eu vivia fugindo, sem rumo e sem família de um lugar para o outro, tudo porque meu pai se afundou em dividas por conta de jogo, e isso fez com que ele pegasse um alto dinheiro com um agiota.
Porém, ele nunca teve como pagar, e quando morreu, a divida caiu sobre mim, mas, esse agiota queria muito mais do que só o dinheiro e todos os juros absurdos que meu pai devia, ele queria a mim, o que fez com que tudo ficasse ainda pior.
Quando meu pai morreu, eu tive de fugir da casa onde morávamos, e o governo me achou, me pondo em um orfanato, já que eu não tinha família nem ninguém que pudesse ficar comigo.
Assim que fiz dezoito anos, eu tive que sair do orfanato e então fui a procura de emprego e de um lugar para morar, e aí foi quando comecei a trabalhar no mesmo prédio onde funcionava o seu estúdio, mas, a minha paz durou pouco, logo o tal agiota me achou novamente, e continuou me perseguindo.
E então, seu advogado apareceu na porta da minha singela e pequena casa, me propondo três milhões de dólares, para me casar com você.
No mesmo instante eu recusei, eu realmente nunca quis me casar com você, mais logo depois eu pensei que esse dinheiro poderia ser a minha salvação.
Me casei com você, usei o dinheiro que recebi para pagar o agiota, e me apaixonei perdidamente por você.
Não me pergunte como, pois nem eu sei.
E juro, Michael, que eu tentei ser mais... Mais mulher, para você me olhar, mais sedutora para você perceber que apesar de tudo, eu estava ali, e não olhar só para outras e outras e outras...
Mais, por medo, Michael, por muito medo e por não conseguir confiar em ninguém, por conta de tudo o que aconteceu comigo, eu simplesmente não conseguia fazer nada do que queria.
E chorava, também, porque amar e não ser correspondida é a pior dor que já senti em toda a minha vida.
Mais eu te amo, Michael e mesmo estando longe eu juro que eu sempre estarei ao teu lado. Eu daria qualquer coisa e todas as coisas
E eu sempre me importarei, na fraqueza e na força, na felicidade e tristeza, no melhor, no pior...
E eu te amarei com a força de cada batida do meu coração.
Sempre, sempre, sempre, e... sempre.

                                          Com amor, Annabella."



E essa fora a única carta que conseguiu escrever para ele.
Na verdade, a única que conseguiu escrever tudo.
Tudo o que sentia e razoavelmente tudo o que já tinha se passado em sua vida.
Só ocultou alguns fatos, que, para ela, eram poucos importantes, como que o agiota só parou de persegui-la por um tempo, e logo depois vou a lhe importunar...
E um fato que ela carregará durante toda sua vida, mas, que sempre fazia questão de esquecer.

Seu nome é Annabella Banckford... Jackson, pelo menos, por enquanto.
E essa é a sua história.


Maio de 1986

A dois dias atrás  Annabella Banckford havia acabado de completar 20 anos.
20 anos sem festa.
20 anos sem alegria.
20 anos de solidão.
Fora nascida e criada na Carolina do Norte, uma cidade na qual ama, mas, desde os seus dezenove anos mora em Los Angeles.
Não tinha amigos, nem parentes.
Sua história de vida não é uma das melhores, muito menos uma das mais bonitas.
Annabella era filha única.
Sua mãe a abandonou quando tinha quatro meses de idade, desde então, seu pai Ronald, um homem rígido, violento, e viciado em jogos e bebidas, cuidou dela de uma forma nem um pouco digna e amorosa.
Por conta do vicio, seu pai se metera em uma enorme divida com o agiota mais perigoso da Carolina do Norte, o criminoso e impiedoso Anthony Black.
Desde esse dia, sua vida nunca mais fora a mesma.
Anna já perdeu as contas de quantas vezes Black já batera na porta de sue pai e acabara por batê-lo e, mais uma de milhares de vezes, o ameaçar e a ameaçar de morte.
A cada mês, semanas, dias, a divida ia aumentando, e aumentando, e então, em um gesto de desespero por não ter mais o que fazer, Ronald, sem escolhas, se matou na frente de Anna quando ela tinha apenas 14 anos de idade.
Aquela cena assustadora e completamente triste, a abalou muito e ajudou muito para formar a mulher que era hoje – tímida, solitária e dona de um emocional extremamente abalado.
A divida que era de seu pai, sobre caiu em suas costas, e Black, vendo que Anna estava crescendo e se tornando uma moça atraente, foi até ela e disse que se ela fosse sua, completamente sua, para sempre, toda a divida estaria perdoada.
Mas, Anna jamais se sujeitaria a ficar com aquele homem, o homem que arruinou a sua vida e a vida de seu pai.
O homem no qual fez com que seu pai desistisse dela, e da vida.
Black deu dois dias para ela pensar em sua proposta, e aqueles dois dias foi o suficiente para que ela fugisse, e o governo a achasse, colocando-a em um orfanato do qual ela só saiu com dezoito anos de idade.
Hoje, com vinte anos, se mudou para Los Angeles e seguiu sua vida.
Sempre se escondendo do homem que disse que se ela não fosse dele, não seria de mais ninguém.
Capítulo 2



Annabella trabalhava em um dos enormes prédios espelhados que existia no centro comercial de Los Angeles.
Seu primeiro trabalho, desde... Bom, desde sempre, e se orgulhava muito disso.
Foi um custo tremendo arrumar trabalho, ninguém queria dar uma vaga para uma mulher, cujo o currículo era totalmente inexperiente.
Mais, um homem muito bondoso e que realmente parecia entender sua necessidade por um emprego, resolveu lhe dar uma chance.
E desde então, nunca o decepcionou.
Trabalhava como secretária do advogado Richard Karl.
Um homem no auge da idade, e no auge da carreira.
Era um dos advogados mais procurados, e caros, de toda a Los Angeles, e quando entrava em uma causa na justiça, ele entrava para ganhar.
Era casado, tinha dois filhos, e era um homem bom, e Anna o admirava.
Não como mulher, não por desejo... Mais sim por ele ser uma pessoa bondosa, e ter lhe dado de primeira uma chance que muitos não lhe deram.
Seria sempre eternamente grata, por tudo.
Trabalhava no prédio comercial da produtora Sony. Richard, apesar de atender pessoas de fora, era um dos melhores advogados que trabalhava diretamente para Sony.
Annabella já estava cansada de sempre encontrar por lá vários artistas, a maioria com os seus narizes empinados, o que fazia ela rir por dentro, mal sabia eles que todos eram iguais, e não era dinheiro, fama, ou status de estrela que iria mudar isso.

Mais um dia de trabalho, tinha acabado de entrar na empresa e encontrou com Mel, uma menina que trabalhava consigo, entraram no elevador juntas e Mel começou a puxar assunto:
- Hoje vamos ter muito trabalho, meu Deus! Tem aquele processo da Sony contra aquela cantora que eu não sei o nome, tem o vários processos do senhor Richard...
Mel era a menina que tirava cópias, e, às vezes, era mesmo entediante ficar tirando cópias de vários processos, o dia inteiro.
- É verdade, temos várias coisas para fazer hoje... – emendou Anna, que quase nunca falava muito.
A maioria das pessoas que trabalhavam no escritório a achava meio estranha, e até mesmo metida, porque ela quase nunca falava com ninguém, nem saia com o pessoal na sexta-feira a noite, o dia da libertação, como todos falavam.
Mas, para ela, era muito difícil ter uma vida social, por conta de tudo o que lhe aconteceu, ela preferia ficar só, e não gostava muito de sair, preferia ficar em sua pequena casa.
Ficava aliviada quando Mel, a única menina que tratava normalmente, não insistia quando ela negava seu pedido para os acompanhar a algum barzinho, ou balada, ela parecia não entender muito bem o porque de Anna só querer ficar só, mais também não perguntava.
E se perguntasse, com certeza, Anna não falaria o motivo.

- Anna, por favor, você pode entregar esses documentos na sala do Dr. Sebastian? – perguntou Richard vendo, automaticamente, Anna se levantar.
- Claro. – disse pegando os vários documentos e indo em direção a porta.
A sala do Dr. Sebastian ficava no sétimo andar, teria que pegar o elevador e descer só um andar, fez isso e começou a andar em direção a porta de seu escritório, mas, quando faltava pouco para alcançar a maçaneta da porta, esbarrou em alguém e todos os documentos foram ao chão.
- Me desculpe, por favor, me desculpe! – pedia enquanto automaticamente se agachava e começava a pegar todos os documentos.
Não tinha nem se dado ao trabalho de ver em quem se esbarrou, no mínimo a pessoa já tinha ido embora balbuciando um palavrão e a chamando de desastrada, mas, se surpreendeu ao ver quem era, e quem estava falando com ela.
- Que isso, não precisa se desculpar, a culpa foi minha! – disse uma voz doce e suave, parecendo um sussurro em seu ouvido.
Levantou um pouco a cabeça e viu Michael Jackson a ajudando a pegar os papéis que ainda estavam ao chão.
As palavras simplesmente sumiram de sua cabeça e de sua boca.
E então ela pareceu flutuar quando ele a olhou nos olhos e sorriu, oferecendo-lhe o resto dos documentos que havia pegado do chão.
Ela lhe deu um sorriso envergonhado, obrigando-se a falar alguma coisa, pegou os documentos de sua mão e disse mais uma vez ao se levantar, logo depois dele:
- Me desculpe e...
- Não, já disse, a culpa foi minha! – falou Michael a interrompendo
Havia algo... Algo naquela garota a sua frente que estava o chamando a atenção, o seu sorriso, o brilho nos seus olhos, tudo nela era diferente, ela era diferente, talvez.
- Hey, Mike! Vamos cara, só falta você para começarmos a reunião. – falou seu advogado
- Tudo bem. – Michael balbuciou – Eu tenho que ir, mas, depois a gente se vê. – disse ele sorrindo e lhe dando um beijo no rosto.
Anna sorriu encantada e embasbacada, e o viu ir andando com o seu advogado ao seu lado.
Capítulo 3



Céus, sua cabeça latejava, e aquela luz fluorescente do escritório estava deixando sua visão completamente irritada, simplesmente necessitava ir embora.
Precisava, novamente, daqueles remédios fortíssimos que só usava em último caso.
E dormir, precisava dormir.
- Anna, precisava que você me preparasse um relatório para o... – Richard falava enquanto saia da sala, mais parou quando viu Anna de cabeça baixa na mesa. – Anna? Anna está tudo bem? – falou vendo ela levantar a cabeça
Se assustou ao ver como os seus olhos estavam vermelhos, e pequenos.
- Oh, me desculpe senhor Richard... – falou envergonhada.
- Anna, céus, ta sentindo algo? – perguntou, preocupado.
Rapidamente tratou de disfarçar.
- Não... Hum... O que senhor havia dito? Estava distraída...
- Annabella, pensa que me engana? – perguntou, cruzando os braços
Anna abaixou a cabeça.
- Sei que está passando mau, isso é completamente reparável. – suspirou. – Vá para casa, posso me virar aqui, e só volte amanhã se estiver se sentindo bem, ok?
Anna suspirou.
- Mais, Dr. Richard.
- Sem mais. – falou. – Vá ao médico, veja o que você tem... Já não é a primeira vez que você passa mau, vá que é algo grave? – disse preocupado.
E Anna já sabia que não tinha como discutir.
- Tudo bem... – murmurou sem alternativa.
Pegou sua bolsa e foi embora, foi até bom Richard liberá-la mais cedo, ela estava muito mau e realmente precisava ir embora.


- Hum... Eu vi hein! – falou Branca saindo junto com Michael da sala de reuniões.
- Viu o que? – perguntou Michael cansado, só queria ir para casa, tomar um banho e dormir.
- Você conversando com a nova secretária da Richard... Ela é bonita. – falou, despreocupado
E um sorriso se formou no rosto de Michael.
- Quer dizer que ela trabalha para Richard?
- Sim, é a mais nova secretária dele... Vai dizer que não sabia?
- Não, não sabia, mas, foi muito bom saber. – falou
- Oh men. Não vai me dizer que já gostou da moça?
- Não... Quer dizer... Não é isso. É só que... – parou por um momento
- É só que?
- É só que, ela me pareceu, diferente. Não, sei explicar. – Michael suspirou. – Enfim, como não tenho mais nada para fazer aqui, vou para casa. Estou cansado.
- Ok, King. – falou rindo.
Michael entrou em seu carro, enquanto o motorista dirigia se pôs a olhar a cidade por detrás do vidro insufilmado.
Anna... - murmurou sorrindo se lembrando dela e de seus brilhantes olhos azuis. – Espero te reencontrar, mais uma vez.

Saiu da empresa e foi direto para o ponto de ônibus.
Não sabia porque, mas, uma sensação estranha a tomava, era como se alguém a seguisse.
Como se o perigo estivesse próximo.
Olhou pela décima vez ao redor do ponto de ônibus vazio, e nada viu, talvez estivesse maluca, talvez fosse a dor de cabeça, talvez...
- Achei você, minha noviça rebelde. – ouviu uma voz sussurrar em seu ouvido.
Estremeceu e fechou olhos, orando para que aquilo fosse somente um pesadelo.
- Ora, não vai dizer nada, minha linda? – perguntou agora o homem se revelando e parando na sua frente.
Encostado os dedos calejados em seu rosto.
- O que você está fazendo aqui? – murmurou Anna, completamente amedrontada.
- Linda, vai me dizer que não sabe? – falou ele, dando um riso assustador. – Vim pegar o pagamento da minha divida... – se aproximou mais dela. – E, vou te falar, valeu muito apena esperar durante todos esses anos, olha como você está agora? Perfeita!
Ele pôs as mãos em sua cintura, Anna tremeu e sua visão ficou turva, completamente banhada pelas lagrimas.
- Seu pai fez um ótimo trabalho, até que enfim ele fez alguma coisa boa.
Ele apertou sua cintura.
- Me deixa em paz, Black, por favor. – ela só murmurava
Era só isso que ela conseguia fazer naquele momento.
- Ora, linda, não chore! Não vou fazer mal algum a você... – ele disse com a sua voz assustadora.
Deu uma volta ao seu redor, parando atrás dela, estava imerso na escuridão e sussurrou:
- Eu só vou te fazer minha, do jeito que eu sempre quis, do jeito que eu sempre desejei...
E naquele momento, quando ele ia beijar o seu pescoço, um carro começou a passar devagar, e parou completamente enfrente a Anna.
Capítulo 4


- Merda! – murmurou Black – De quem é esse carro? – sussurrou em seu ouvido
- Não sei... – murmurou.
E então tudo pareceu rápido demais.
Em meio segundo a janela do carro se abriu e Black sumiu.
- Olá, Anna! – saudou Michael aparecendo na janela do carro.
Anna olhou para trás, só para ter certeza de que Black não estaria mais lá, e olhou para Michael novamente.
- Oi, Sr. Jackson... – murmurou, tentando conter os pulos assustados de seu coração.
- Senhor? – Michael perguntou, indignado – Ora, só tenho 28 anos, não sou tão velho assim! – disse sorrindo
Mais percebendo que havia algo de estranho acontecendo, ela parecia estar... Assustada.
- Hum... Aceita uma carona?
O que dizer naquele momento?
Michael era lindo, e tinha a encantado, mas, não o conhecia nem um pouco para aceitar uma carona dele.
Porém, havia Black, e qualquer lugar, digo qualquer lugar, era mais seguro, ou melhor, do que está perto dele, ou sozinha, correndo o risco dele aparecer a qualquer momento.
- Tudo bem, aceito. – murmurou forçando-se a dar um sorriso.

E então tudo começou.
Uma conversa tão gostosa e divertida se deu ali, que Anna já tinha se esquecido de tudo o que lhe acontecera a minutos atrás, parecia que ela e Michael já se conheciam a muito tempo, então, de “quantos anos você tem?”, até, “posso te ver novamente?”, foi um pulo, pelo menos, era o que parecia.
- E então, não me respondeu! – falou Michael se adiantando, vendo que o carro parava enfrente a uma casa simples, ou seja, a onde ela morava. – Posso te ver novamente? – sorriu, por incrível que pareça, nervoso.
E Anna sorriu envergonhada, sem saber o que dizer.
- Sim... – falou sentindo o rosto quente.
- Então... Que tal amanhã? Almoça comigo? – perguntou, a idéia vindo de repente em sua mente.
Ela pensou.
Sim ela parou para pensar, parou para pensar em todas as coisas que esse almoço poderia acarretar.
Ela poderia arranjar um ótimo amigo.
Poderia sorrir mais, porque parecia que Michael tinha o dom de fazê-la sorrir.
Poderia, por um momento, esquecer de todos os seus problemas.
Poderia, também, conhecê-lo melhor.
Mas também poderia se enganar com todas as expectativas acima.
Poderia se apaixonar pelo o seu sorriso, e consecutivamente pelo o dono, e quebrar a cara.
Poderia dar uma desculpa e dizer que não.
Ou simplesmente poderia dizer sim, e deixar o resto a cargo do destino.
- Tudo bem, almoço com você. – falou decidindo, enfim, a última opção.
- Ok, então, te vejo amanhã ás...
- Duas horas. Meu horário de almoço é duas horas. – disse ela vendo o carro parar enfrente a sua casa.
Michael sorriu e se despediu.
Anna saiu do carro e só entrou em casa quando viu o carro de Michael virar a esquina.
Poderia está cometendo uma loucura?
Sim, poderia, mais como ela mesma decidiu, tudo ficaria a cargo do destino.
Capítulo 5




Quem diria... Michael Jackson: 28 anos, o artista mais conhecido do mundo, rico, bem sucedido, e solteiro! Isso é muito, muito estranho!
Será que o bofe é gay?
Bem, não duvidaria nada, se, hoje, ele aparecesse em um programa de TV, revelando para todas as suas fãs que é homossexual.
Só de imaginar que, todo aquele adereço que ele faz questão de por a mão em seus shows, só funciona com um homem... Oh Deus, que desperdício!
Mas, fazer o que?
Não podemos mudar a sexualidade dos astros a nossa volta.
Mais que é uma tremenda decepção, ah, isso é!


- INFERNO! – gritou Michael – Quem essa mulherzinha ridícula pensa que é pra falar assim de mim?
Michael estava nervoso e muito, muito raivoso.
Após os seus assessores lhe mostrar o que Luly Wolsen escreveu na sua coluna social de um dos maiores tablóides de fofoca dos EUA, seus nervos foram a flor da pele.
- Acalma-se, Mike, não é a primeira e nem vai ser a última vez, que eles vão inventar isso... – disse Branca
- Mais isso tem que acabar! Não posso viver assim, como esse povo ridículo falando desse jeito de mim! – respirou fundo e olhou em seu relógio.
Antes de sair de sua sala disse:
- Só espero que você arranjem uma solução para isso acabar. E o mais rápido possível! – e saiu batendo forte a porta atrás de si.

- Estou te sentindo tão... Tão calado! – murmurou Anna timidamente. – Quer falar sobre isso?
Estavam almoçando em um dos restaurantes mais caros de Los Angeles.
Conversavam animadamente, mas então, de repente, Michael ficou quieto, tentando ao máximo, prestar atenção no que Anna falava.
E isso a deixou encucada.
- É que... – certo. Tinha acabado de conhecê-la, mas, sentia que nela poderia confiar – É que as pessoas falam coisas de mim... Me julgam, sem nem ao menos me conhecer. Isso é muito irritante e...
- Triste? – perguntou mergulhando naqueles olhos cor de ébano.
- É. É muito triste...
- Eu vi o que aquela moça falou sobre você no jornal. Achei aquilo tão feio e deprimente... As pessoas querem passar por cima das outras para conseguir algo que desejam, mas, Michael, posso te dizer uma coisa? – perguntou
- Claro.
- Não ligue para eles. Você só tem que se importar com coisas boas, coisas que lhe fazem bem. E sempre tem que ter orgulho, porque não foram eles que lhe fizeram, você se fez por esforço do seu trabalho, do seu suor, e é só isso que importa. Porque, no final das contas, você vai poder deitar tranquilamente a cabeça no seu travesseiro, pois sabe que, ao contrário deles, não partiu nenhum coração por aí.
E então Michael sorriu.
Céus, ela parecia ter sido feita para ele!
Usava sempre a palavra certa no final de tudo, e aquilo enchia seu coração de alegria.
- Você me faz muito bem! – disse em um tom baixo pegando sua mão em cima da mesa – Muito obrigado, estou me sentindo mil vezes melhor!
Anna sorriu.
Se sentia feliz por vê-lo feliz.
Terminaram o almoço e seguiram para empresa.
- Então é isso, acho que vou indo agora. – disse Anna olhando para Michael ainda dentro do carro. – Mais uma vez, muito obrigado pelo almoço, Michael. A tarde fora ótima.
- Eu é que tenho que agradecer, porque, no final de tudo, você me ajudou. Obrigado por ter sempre a palavra certa. Creio que hoje em dia, não exista mais pessoas assim como você. – falou pegando sua mão
Seu coração batia rápido, como nunca em toda sua vida.
- Eu não fiz nada... – murmurou tímida.
Michael pôs uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha e levantou seu rosto que estava abaixado.
Aqueles olhos azuis eram como um mar lhe convidando para um mergulho, e ele estava louco para nadar ali, e nunca mais emergir.
- Quero te ver depois, pode ser? – perguntou em menos de um sussurro
E Anna tentava achar a voz dentro de si.
- Tudo bem... – murmurou – Agora eu vou indo, Michael...
Michael sorriu e deu um beijo em seu rosto.
E com um sorriso e um aceno de mão, Anna seguiu em frente.

Um amor estava nascendo ali.
Só eles que, ainda, não percebiam.
Capítulo 6




Quatro meses depois – Setembro de 1986

- Anna! – Michael chamou, pela quinta vez, batendo na porta da casa de Anna.
Não queria causar alarde na vizinhança, então resolveu somente bater na porta.
Mas sentia que a qualquer momento uma pessoa iria gritar: “Hey, olha, Michael Jackson está ali!” E então, todo o mundo estaria ali também.
Segundos depois, escutou os passos de Anna se aproximar da porta, e então a figura da mulher mais bonita aparecer aos seus olhos.

- Mike! – sorriu ao exclamar seu nome. – Céus, entre, daqui a pouco a vizinhança toda irá lhe ver aí!
- Era sobre isso que eu estava pensando, após te chamar pela, sei lá, bilionésima vez. – falou rindo e brincando com ela.
- Bobo. – falou permitindo-se entrar no clima descontraído. – Me desculpe, é que eu estava...
- Desenhando? – perguntou Michael boquiaberto, ao pegar um papel desenhado.



- Sim, mas, por Deus, não veja esse! Está horrível... – falou envergonhada.
Não tinha gostado do desenho que acabara de criar.
- Está brincando, não é? – Michael tirando os olhos do desenho por um segundo e olhando para ela. – É o desenho mais belo que eu já vi em toda a minha vida! Por que não me disse que desenhava assim, tão bem?
- Ah, é só um hobby... Não pensei que era importante.
- Tudo que vem de você, é importante para mim! – falou Michael olhando em seus olhos.
Anna sorriu envergonhada.
- Agora, me mostra outros. Quero ver todos os seus desenhos!
- Não... – falou pensando em algo. – Espere, vou fazer um desenho especialmente para você.
E então ela pegou um papel e um lápis preto com uma ponta mais grossa.
Sentou-se na mesa, fechou os olhos, e, sorrindo, pôs-se a rabiscar algo no papel.
- Você... – indagou, sem ter o que falar. – Deus! Você está desenhando de olhos fechados! Como faz isso?
E então, sem parar o que estava fazendo, ela respondeu.
- Eu só imagino... O modo como estou desenhando, eu estou vendo tudo, só que, dentro da minha mente.
Michael parou de falar e só ficou observando o desenho sendo criado.
Os traços delicados que ela fazia, no começo eram mesmo sem sentido, mais logo depois as formas foram aparecendo.
E em pouco mais de meia hora depois, estava pronto o seu desenho especial.


- Perfeito! – falou Michael pegando o desenho
- Jura que gostou? – perguntou Anna com os olhos brilhando de curiosidade
- Mais é claro! É lindo... Lindo demais. – ele sorria vendo sua cópia idêntica na folha de papel. – Se uma pessoa me contasse que é possível se desenhar de olhos fechados, eu jamais iria acreditar... É incrível. Você possuí um dom maravilhoso, Anna. Não tem noção do quão maravilhoso é.
Mais para Anna era muito difícil aceitar aquilo.
Para ela, seus desenhos só expressavam dor e angustia.
Seus desenhos eram uma forma que ela encontrara de por para fora tudo o que lhe afligia.
O único desenho que ela gostara até então fora o que fez agora para Michael.
Todos os outros... Eram apenas sua dor, e ninguém merecia conhecê-la.
- Obrigada... – murmurou.
Michael sorriu e falou:
- Eu vim aqui pra conversar com você...
Anna o levou para sala e se sentaram no sofá, e então Michael começou a falar:
- Lembra-se daquela tal de Luly Wolsen, que escreveu tudo aquilo sobre mim, falando que eu era gay? – perguntou
- Lembro sim, mas, o que tem ela?
- Ela voltou a me usar como foco principal de sua coluna de fofocas. E meus empresários e advogados proporão um plano completamente absurdo, pra calar a boca dela. – falou Michael raivoso
E Anna sentiu que ele não gostou nada daquilo.
- O que eles querem?
- Eles querem que eu me case com uma mulher.

Capítulo 7



Anna sentiu seu coração falhar em duas batidas.
Michael se casando com outra mulher... Parecia que era um pedaço dela sendo arrancado do peito.
Não entendia da onde aquele sentimento havia surgido.
Mais não gostava do que ele a fazia sentir.
- Como assim... Se casar?
- Um casamento por conveniência... Creio que você, como trabalha para um advogado, deve saber o que é. Eu achei um absurdo, um completo e total absurdo! Casamento, bem, pelo menos pra mim, é uma coisa sagrada. Uma coisa que só deve acontecer por amor, não por contrato pra calar a boca de uma fofoqueira qualquer, ou por dinheiro. – ele falava completamente esgotado
- Eles querem dá dinheiro, pra mulher com quem você vai se casar?
- Sim... Eles querem pagar três milhões de dólares, por um casamento de um ano...
- E já encontraram uma mulher pra você se casar? – perguntou.
- Não, Branca disse que vai selecionar e vai ver qual delas é a melhor. - Michael encostou a cabeça no sofá e esfregou os olhos. – Eu me sinto totalmente perdido, Anna. Parece que eu não tenho mais o controle sobre a minha própria vida. Querem mandar até nisso, até nos meus sentimentos, nos meus princípios.

Anna não sabia o que falar.
Dessa vez, ela também estava totalmente perdida.
- Michael... Eu... – suspirou – Dessa vez eu nem sei o que dizer...
Michael levantou a cabeça e a encarou.
- Só... Só me abraça? – perguntou
Anna abriu os braços sorrindo, e Michael se confortou dentro deles.
Está em seus braços era um templo de paz, para toda tormenta que se passava na sua vida.
Ele a amava, e sabia disso.
E está perto dela, o tempo todo, era como se fosse a única coisa que ele precisava para viver.
- Muito obrigada por está sempre aqui pra me ajudar... – ele falou em seu ouvido
Anna suspirou.
- Sempre estarei aqui, Michael, sempre. Mesmo que você não queira.


E então, Michael a encarou completamente hipnotizado por aqueles olhos azuis que brilhavam mais do que uma constelação.
Sem esperar qualquer reação, Michael ousou encostar seus lábios sobre o dela.
Fecharam os olhos e a magia começou a fluir naturalmente.
O beijo.
Deus, o primeiro beijo de Anna.
E o primeiro beijo de amor de Michael.
O primeiro beijo de amor de ambas as partes.
Era como o céu e a terra juntando-se, o amor penetrando fortemente em seus corações e o mundo e suas frustrações lá fora, como meros expectadores.
Era impenetrável a dor, a angustia ou qualquer sentimento ruim ali.
Ali só existia paz, alegria, desejo, e amor.
Puro e simples amor.


Capítulo 8




- Oh Deus! – disse Anna em um suspiro quase inaudível.
Quase.
- Anna... – murmurou Michael, percebendo, só agora, o que fez. – Me perdoe, Anna, eu... – ele falava, perdido em sentimentos e pensamentos enquanto se levantava do sofá. – Eu não sei o que deu em mim, por Deus, perdoe-me...
E simplesmente saiu, porta a fora.

Michael dirigia pela cidade, completamente absorto com tudo o que acontecera a minutos atrás.
Ele entendia muito bem o que sentia em seu peito.
Mas, depois daquele beijo, seu amor por Anna parecia ter se multiplicado por mil.
O gosto do beijo dela ainda estava em seus lábios, que agora era tocados por seus dedos.
Sentia-se estranho.
Estranho porque nunca pensou que sua amizade por Anna pudesse tornar-se amor, porém, sentia-se também completo.
Como se estivesse completado o quebra-cabeça que era o seu coração.
Mais o problema era que, ele não sabia o que Annabella sentia por ele... E o medo de que ela não sentisse o mesmo, o tomou.

Assim que chegou em Neverland, sua governanta, Marie, lhe comunicou que Branca estava a sua espera na biblioteca.
Bufou.
Estava tudo indo muito bem.
Mas alguém sempre tinha que vir e lhe tirar o sossego!
- O que faz aqui, Branca? – perguntou com cara poucos amigos.
- Eu vim terminar a conversa que você abandonou, lá na empresa! – disse Branca entre dentes, nervoso – Mais, me diga, King... A onde estava?
- Não é da sua conta!
- Ah, depois que eu fiquei aqui há quase duas horas lhe esperando, passou a ser da minha conta sim!
Michael suspirou, revirando os olhos.
- Estava na casa de Anna.
- De novo?
- Sim, de novo. Porque ao contrário de você, ela me entende!
- Ah, sim, é óbvio. Você sempre tem que ter uma válvula de escape para descontar tudo o sente em alguém...
- Pare com isso, Branca! – se exaltou – Eu fui conversar com ela, e ela, assim como eu, também acha um absurdo o que vocês querem fazer comigo!
- Michael, entenda de uma vez por todas: isso que estamos fazendo é para o seu próprio bem! Se casando com alguém você irá...
- “Você irá calar a boca de todos as pessoas...” – falou imitando Branca – Já estou cansando de escutar a mesma coisa, John!
Branca bufou.
E então, de repente, perguntou:
- Me diga, Michael... O que você realmente sente por Anna?
Michael estalou os olhos.
De todas as coisas que pensou, jamais passou por sua cabeça que Branca faria essa pergunta.
Porém, acima de tudo, ele era seu amigo, melhor amigo, na verdade. Então, resolveu se abrir com ele.
- Eu a amo.
Branca se engasgou com o café que estava bebericando; olhou dento dos olhos de Michael, e viu que ele estava sendo sincero.
Como nunca antes.
- Deus! Mais já? Vocês se conhecem há, apenas, dois meses!
- Ela é incrível, Branca! É sincera, divertida, tímida, linda, maravilhosa...
- Ok, já deu pra entender que ela é “perfeita”. – falou
Michael riu.
- Bom, King, tenho que ir! – disse se levantando
- Mais já? Pensei que iria me persuadir mais um pouco. – falou Michael
- Tenho uma coisa mais importante para fazer.
E saiu, deixando Michael preso em Anna, por pensamento.
Capítulo 9



Deus... O que foi isso que acabou de acontecer? – Essa foi a primeira coisa que passou pela cabeça de Anna quando Michael deixou sua casa.
Estava aturdida.
Estupefata.
Extasiada.
Sentia algo novo em seu coração, como um novo sentimento que ainda não conseguia acreditar.
Estava sorrindo sem ao menos perceber.
O beijo de Michael era puro, delicioso.
Seu primeiro beijo foi com um homem incrível.
Um homem que merecia tudo de bom.
Que merecia, realmente, ser feliz.
Seus pensamentos foram freados quando o som de sua campainha soou.
Será que é ele? – pensou
Passou as mãos pelo cabelo, nervosa, e pôs-se de pé.
Mais a visita que estava a sua porta fez formar-se um vinco de interrogação em sua testa.

- Sr. Branca? – perguntou – O que faz aqui?
- Não vai me convidar para entrar? – perguntou
- Oh sim, me perdoe, entre! – disse
Branca entrou e após Anna pedir para que se sentasse, ouviu-a perguntar:
- Aconteceu algo com Michael?
- Oh não, Michael está bem... Mais o assunto que vim tratar com você é sobre ele.
Após limpar a garganta, continuou:
- Michael me disse que lhe contou sobre o casamento de conveniência que propomos a ele...
- Sim, ele me contou hoje, quando veio aqui mais cedo.
- Então... – suspirou – Eu fiquei responsável por encontrar a “mulher perfeita” para que ele se casasse...
- Ele me disse isso também... Mais não entendo, o que isso tem haver comigo? – perguntou tentando ao máximo não parecer indelicada.
- Anna, estava conversando com Michael antes de vir aqui, e ele me disse que gosta muito você. Eu sei o quão difícil seria para Michael se casar com uma mulher que ele nem conhece, então pensei... Você e Michael se conhecem a quatro meses, são amigos e Michel te adora, seria bem melhor para Michael que ele se casasse com uma mulher que ele já conhecesse e gostasse, por isso pergunto, aceitaria se casar com Michael, Anna?
- Oh Deus! – exclamou
- E pense, além de se casar e fazer Michael feliz você ainda terá...
- Não! – o interrompeu. – Não eu jamais aceitaria isso! Primeiro porque eu acho que casamento é uma coisa sagrada, não uma troca de interesses, segundo porque Michael não aceitou essa idéia. Você querem passar por cima dos sentimentos e princípios dele, e isso não se faz...
- Por isso que vim pedir para que você se case com ele! Michael não se sentiria tão triste se casasse com uma mulher de quem ele mesmo gosta. Sem contar que, assim que se casar, você terá três milhões de dólares na sua conta bancária...
- Por que tipo de mulher me toma, Sr. Branca? Eu jamais aceitaria uma coisa dessas, muito menos por dinheiro! Dinheiro não traz felicidade para ninguém, Sr. Se trouxesse, Michael não estaria nessa situação.

E então Branca viu o porque de Michael gostar tanto de Anna.
Ela realmente não era como as outras, ela era pura.
Definitivamente.
- Me desculpe... Não falei por mal... – pediu. – Mais, Anna, promete pensar, só pensar? Você não fazer isso por dinheiro, já sei, mais então o faça por Michael. Pense nele, somente nele. – falou se levantando
Anna respirou fundo, já tinha sua resposta formada, mas apenas assentiu.
Branca fora embora, e Anna se sentia exausta, porém, quando pensou que ficaria em paz a campainha soou outra vez.
Quando abriu a porta, teve outra surpresa, mas uma surpresa muito aterrorizante:

- Olá, minha princesa.
Capítulo 10



O cérebro de Anna travou.
E seu corpo ficou ereto e impenetrável.
- O que foi, amor? Ah, já sei, depois de receber o astro e o advogadozinho chinfrim em sua casa, a ultima pessoa que passava por sua cabeça, era eu, não é? – perguntou empurrando-a para o lado e entrando em sua casa.
- Mais eu sou assim, Annabella, eu gosto de aparecer nos momentos mais improváveis. Você sabe, gosto de pegar as pessoas desprevenidas. – sorriu.
- Como... Como descobriu meu endereço? – perguntou Annabella, com a voz temerosa.
- Eu sempre descubro o que quero, Anna. Porém, dessa vez, fora mais fácil do que imaginei. Foi só seguir Michael, naquele dia em que ele apareceu inoportunamente, no ponto de ônibus, perto da sua empresa.
Black chegou mais perto de Anna, o hálito de álcool barato tocando seu rosto.
O estômago de Anna deu voltas.
- O que Michael tanto faz aqui, na sua casa? Vem pintar as unhas e cuidar de seus cachinhos negros? – riu se afastando e olhando ao redor.
Anna engoliu o nó que formava-se em sua garganta.
- Michael não é gay. – murmurou.
Black virou-se para ela em um átimo, e então, segurou seu queixo sem nenhuma delicadeza.
- E como é que você sabe disso? Por um acaso anda trepando com ele? – gritou
Anna sentiu os olhos umedecerem.
- Anda, Anna, me responde! Anda trepando com astrozinho? Está me traindo Annabella? – perguntou empurrando com força contra a parede.
Anna sentiu um estalo doloroso nas suas costas.
- Eu não sou obrigada a te responder! – gritou deixando as lágrimas lhe escaparem.
Elas caíram mais forte quando Black lhe deferiu um tapa no lado direito de seu rosto.
- Você é minha, Annabella, então, quando eu lhe fizer uma pergunta você vai me responder! – gritou no fim da frase.
Pegou-a pelo braço e o apertou com força, sacudindo-a.
- Me responde, porque se você estiver dando para aquele astrozinho infeliz, talvez ele não veja o sol nascer amanhã.

E ela sabia, era verdade.
Black era o homem mais perigoso que já conhecera em toda a sua vida.
Ela temia muito, principalmente por Michael, agora.
- Não, Black, eu não estou tendo nada com Michael. Ele é só meu amigo. – disse em um fiapo de voz.
- E por que eu acreditaria em você? – disse Black soltando-a bruscamente.
- Porque eu estou falando a verdade. Michael e eu... Nós não temos nada um com outro. Nunca tivemos.
- E nunca vão ter. – disse em uma voz ameaçadora.
- Nunca vamos ter. – repetiu mais para si mesma, do que para ele.

Então, de repente, lembrou-se de uma coisa...
Sem contar que, assim que se casar, você terá três milhões de dólares na sua conta bancária... – disse a voz Branca, praticamente, chegando tão clara ao seu ouvido, como se ele estivesse ali, ao seu lado.
Ela sabia que não era nem digna de pensar nessa hipótese.
Casar-se com Michael jamais fora uma opção.
Mais as coisas estavam ultrapassando todos os limites. Black tinha acabado de ameaçar Michael, e ela sabia que jamais poderia por a vida de Michael em risco.
Só Deus sabia o que ela sentia naquela hora. Era uma mistura de medo, terror para ser mais exata.
Ela magoaria Michael, muito, e sabia disso.
Ele a odiaria para sempre, acharia que ela era uma interesseira.
Mas, Deus, ela não poderia colocar a vida dele em risco.
Três milhões de dólares era uma saída para ela, e principalmente, para ele.
Era por ele, só por ele que iria fazer aquilo.

- Três milhões de dólares. – disse em voz alta, chamando a atenção de Black.
- O que disse?
- Três milhões de dólares. Esse dinheiro paga tudo o que meu pai lhe devia, e mais os juros de, sei lá, cinqüenta anos, se eu lhe devesse isso tudo. – disse segurando o choro em sua garganta.
E então Black riu.
Ele soltou uma gargalhada alta, como se Anna tivesse lhe contado a piada do século.
- Três milhões de dólares?! Anna posso saber da onde você irá tirar esse dinheiro? Não vai me dizer que vai extorqui o astro pop?
- Não, jamais faria isso, e você sabe disso. – falou tentando manter um pouco da sua dignidade. – Eu tenho de onde tirar esse dinheiro, e depois que eu lhe pagar, você não poderá fazer nada contra mim, nem contra Michael, nem contra a ninguém que eu goste.
O maxilar de Black ficou tenso.
Anna continuou.
- Quando meu pai morreu, você disse que eu seria o pagamento de tudo o que ele lhe devia, porém, também disse que, quando eu tivesse o dinheiro para lhe pagar, eu estaria livre. Agora eu tenho o dinheiro.
Black cerrou os punhos.
Então, meio segundo depois, voltou ao normal.
Chegou perto de Anna novamente, segurou-a pelo queixo e com a boca a centímetro suficiente para lhe dar um beijo, disse:
- Tudo bem. Entre em contato comigo quando tiver o dinheiro em mãos.
Antes de sair porta a fora disse:
- Sabe a onde me encontrar.

Anna encostou-se na parede e, escorregando-se nela, sentou-se no chão.
- Me perdoe Michael, me perdoe, por favor, espero que um dia você consiga entender o porquê de eu ter feito tudo isso. Foi por tudo por você, mas mesmo assim, eu sinto muito. – murmurou deixando as lagrimas caírem.
Porém, ela sabia; aquilo era só a ponta do iceberg.
Capítulo 11



Annabella não conseguiu dormir.
Ela sabia que passar a noite inteira acordada não era nada bom, principalmente agora, que ela queria se afundar em um sono eterno e ser entorpecida pela calma momentânea que a inconsciência lhe trazia.
A culpa que se instalará em seu coração não tinha precedentes.
Ela sabia que, de alguma forma ou de outra, no fim, acabaria com a vida de Michael.
Porém, ela tinha a escolha de como fazer isso.
Ela riu, por um momento; Ter escolhas para acabar com a vida de alguém... Isso só poderia está acontecendo comigo. – pensou.
Ela poderia não fazer nada e deixar Black matar Michael.
Ou poderia se casar com ele, acabando com a confiança e a amizade que eles tinham.
Por fim, a escolha de ficar sem seu melhor amigo lhe parecia a mais óbvia, afinal, era melhor tê-lo perto e longe ao mesmo tempo, do que não tê-lo em lugar nenhum.

Só pensava em como Black sempre estava lá, para acabar sempre com o pouco que ela tinha.
Ele havia destruído o seu pai; o levando a cometer suicídio.
A perseguia em todos os lugares onde ela estava.
E, como se o que ele fizesse não fosse o bastante, ele ainda estava acabando com a única coisa que lhe fez bem em toda a sua vida.
A amizade verdadeira que tinha com Michael.


A dor de cabeça que sentia na hora de sair de casa só se fez aumentar assim que pôs os pés no prédio da Sony.
Parecia que ela lhe alertava o que o seu coração já sabia; que tudo terminaria hoje.
E um novo e difícil ciclo começaria.
Annabella suspirou. Só pedia forças a Deus, para agüentar tudo o que viria a seguir.
Foi direto para o andar de seu patrão, sem perceber que Michael saia, justamente, de sua sala.
- Anna! – saudou Michael, com alegria.
Ao vê-lo assim, tão feliz como o conhecera, não pôde deixar de sorrir.
- Olá, Michael! – murmurou sorrindo e recebendo um beijo dele em seu rosto. – O que faz aqui?
- Estava te procurando, mas Richard disse que você ainda não havia chegado.
- Acordei um pouco atrasada hoje. – na verdade, perdi a hora enquanto remoia a culpa de estragar a sua vida... – pensou.
- Percebi. – brincou com ela.
Michael limpou a garganta e se preparou para o que ia dizer; estava nervoso.
- Anna, eu queria saber se você aceitaria almoçar comigo hoje... – murmurou. – Aceita?
Anna suspirou.
Não aceitava o fato de que o perderia.
- Eu... - não sabia o que dizer. – Na verdade, Michael, eu já tenho planos para hora do almoço... – tenho o plano de acabar com a nossa amizade... – sua mente a massacrava. – Sinto muito. – murmurou.
Michael pareceu desapontado, mas por fim, sorriu.
- Não, tudo bem, se você já tinha planos... – deixou a frase vaga no ar. – Nos vemos mais tarde, Anna. Um bom dia para você. – sorriu e a abraçou.
Anna aproveitou aquele abraço, poderia ser o último que ele a daria.
Assim que Michael pegou o elevador, Anna entrou na sala de Richard, pensando que sua vida acabaria, e começaria naquele dia.

Na hora do almoço, Anna esperou até ver Michael sair, e se certificou de que John Branca não estava com ele.
Logo depois, foi até o andar onde ficava a sala de Michael, e o encontrou fechando a porta atrás de si.
- Sr. Branca?
- Oh... Olá Annabella, que bom lhe ver. – falou Branca sorrindo e estendendo a mão.
Anna rapidamente a apertou.
- Eu queria falar com o Sr., sobre o assunto de ontem. – disse meio sem jeito.
- Oh sim! Venha, entre, poderemos conversar mais tranquilamente aqui. – disse abrindo novamente a porta.
Anna entrou e logo se sentou na cadeira que Branca lhe indicara.
- Creio que tenha uma resposta, certo?
Anna assentiu com um movimento de cabeça, e então falou:
- Eu vim dizer que... – respirou fundo. – Que aceito o seu pedido.
Capítulo 12




- Como? – perguntou Branca.
- É isso mesmo que ouviu, Sr. John... Eu aceito o que o senhor me pediu.
O que Anna disse, soou como música para os ouvidos de Branca.
Branca sorriu para Anna, e ela simplesmente não conseguia nem ao menos forçar um sorriso.
- O que houve, Anna? Pensei que estivesse feliz em ajudar Michael.
- Ele vai me odiar quando descobrir que eu sou a futura mulher dele, não tem como ficar feliz com isso.
- Ele não vai te odiar, Anna... – falou Branca, mesmo sabendo que ela estava certa.
- Eu sei que vai.- murmurou.
Então, em um átimo, Anna se levantou e estendeu a mão para Branca.
- Eu tenho que ir agora, quando chegar a hora certa para me apresentar a Michael, ou algo do tipo, sabe aonde me encontrar.
Branca apertou a mão de Anna, e disse:
- Muito obrigado, Anna, você não sabe como está ajudando Michael com a sua coragem.
Anna assentiu com a cabeça, e saiu da sala.

Encarar um dia longo de trabalho com todo turbilhão de sentimentos que estava dentro de seu peito, não era fácil.
Para Anna, depois que conversou com Branca, e lhe contou sua decisão, tudo pareceu mais real.
Como dizem, a verdade dita em voz alta é sempre mais chocante.
Porém, agora já estava feito.


- Hey, King! – falou Branca, assim que avistou Michael.
- Olá John, como vai?
- Muito bem... – murmurou.
- Hum... Já, lá vem bomba, não é? O que estão falando de mim dessa vez? – perguntou Michael, entrando em sua sala e sentando-se em uma poltrona.
Branca sentou-se em outra poltrona, e disse de cabeça baixa:
- Hum... Não estão falando nada de você, pelo menos, por enquanto.
- E porque está com essa cara? Parece que morreu alguém! – falou Michael.
Branca suspirou.
- Desembucha, homem!
- Ah Michael, é que, o assunto que temos a tratar, apesar de ser importante, é muito difícil pra você. E você vai ficar com raiva de mim, depois que eu disser.
- Fale logo, Branca, o que você aprontou dessa vez?
Branca limpou a garganta, e disse:
- Encontrei uma noiva pra você, Michael.
Michael abriu a boca para falar algo, mais a sua voz não saiu, então, fechou-a novamente.
Na verdade, ele pensou que Branca e seus empresários haviam desistido daquela loucura, já que não falavam mais do assunto.
Mais, agora, ele viu que o que eles estavam propondo era mesmo sério, e não só uma brincadeira.
- Como assim, John? Por favor, não brinque desse jeito comigo, cara. – falou Michael.
- Não estou brincando, Michael. Achei uma noiva pra você.
Então, Michael riu.
- Meus parabéns! Só que eu não vou me casar.
Branca revirou os olhos e suspirou; sabia que ia ser difícil.
- Você vai se casar sim, Michael Jackson. Nem que eu lhe force.
- Você não é ninguém pra me obrigar a nada, John. – disse Michael, raivoso.
- Sou seu amigo, Michael, e estou fazendo isso pelo o seu próprio bem. – Branca sorriu. – Principalmente pela garota que eu escolhi.
- Com certeza é uma vadia, para aceitar se casar por dinheiro.
- Não, Michael, ela não é uma vadia. Você a conhece, e quando eu mostrá-la a você, vai morder sua língua por falar tanta asneira.
- Eu a conheço? Desculpe-me, John, mais não conheço alguém tão interesseira ao ponto de se casar por causa de alguns milhões. E eu já amo alguém, e quando eu me casar com ela, vai ser porque eu a mereci, não por causa de tablóides ridículos.
- É, só que até você conquistar Annabella, Luly Wolsen, já acabou com a sua carreira.
- Cale a boca, John! Você não é Deus para escrever o futuro alheio.
Branca soltou um suspiro e se levantou.
- Espere um pouco, King, vou trazer sua futura esposa até você.
E saiu da sala, deixando Michael sozinho.

Minutos depois, John retorna.
Michael nem se deu ao trabalho de olhar para a porta, até que a voz de Branca soou:
- Michael, aqui está a sua futura esposa.
E quando Michael levantou a cabeça, olhou diretamente para as órbitas azuis e tristes que eram os olhos de Annabella.
Sua Annabella.
A mesma que estava prestes a dilacerar, por inteiro, o seu coração.

Capítulo 13



Michael franziu o cenho, e então, disse:
- Hum... – ele olhou ao redor da sala e parou com os olhos em cima de Branca – Aonde? Sinto muito, John, mais só vejo Annabella aqui, além de você, é claro.
Branca suspirou.
- Annabella é sua... Sua futuro esposa, Michael.
Michael olhou confuso para Branca, e quando decidiu olhar para Annabella, ela abaixou a cabeça.
Annabella fazia uma prece silenciosa, esperando que a reação de Michael não fosse tão dolorosa.
Então, com um suspiro cansando, Michael se levantou e sorriu.
- Ok, Branca, já entendi que você quer brincar comigo, me fazer relaxar, antes de consumar o ato que acabara com a minha vida. Mais saiba, essa brincadeira foi de péssimo gosto.
Quando Michael fez menção de sair, a voz baixa e ritmada de Anna, o despertou.
- É verdade, Michael...
- O que é verdade? – perguntou Michael. Sem acreditar no que Anna lhe dizia.
- O que Sr. John disse é verdade.

Michael sentiu seu coração afundar.
Era como se tivesse acabado de levar um soco na boca do estômago, daqueles que faz o pulmão se exprimir e todo o ar que existia nele deixar completamente o corpo.
Naquele momento, a única coisa que se passava por sua cabeça, eram as últimas palavras de Annabella.
Repetindo-se como se fosse um mantra, que seu cérebro fazia questão de entoar a cada segundo.
E seus olhos perdidos no tempo, por um instante, sem demonstrar nenhum tipo de reação ou sentimento.

- Michael... está tudo bem? – perguntou Branca, chegando mais perto de amigo.
Então, tudo mudou.
Em um movimento rápido, Michael se livrou da mão de Branca, que havia acabado de segurar seu pulso.
Michael rosnou e em meio segundo estava na frente de Annabella.
- Como é que é? – por mais que, por dentro, ele estivesse fervendo, sua voz saiu baixa e falha. – Repete o que você acabou de dizer, Anna.
- Michael...
- É mentira... Não! Isso só pode ser mentira! – agora ele gritava, andando de um lado para o outro.
- Michael, por favor... Me deixa explicar... – pediu Anna, sentindo os olhos cheios d’águas.
- Explicar? Explicar o que, Annabella? Hein?
Michael foi a passos largos para perto de Anna, assim que chegou a sua frente, a pegou pelos ombros e a balançou com toda a sua força.
- Diga para mim, Annabella, diga para mim que isso é mentira! Diga que você não seria capaz de acabar comigo assim. – ele pedia, agora, com a voz mais calma.
Anna engoliu em seco, deixando as lágrimas transbordarem de seus olhos azuis.
- Anda, Anna, fale alguma coisa! – gritou Michael, balançando-a mais uma vez.
- É verdade, Michael... Eu sou sua noiva...
Assim que as palavras de Anna soaram ao ouvido de Michael, ele a largou.
Michael via tudo, menos sua doce e inocente Anna, há sua frente.
- Michael eu... – Anna chegou mais perto, esticando o braço em sua direção – Eu sinto muito...
E quando fez menção de tocá-lo, Michael se afastou.
- Não toque em mim. Nunca mais toque em mim! – gritou.
- Michael... Meu irmão, espere um pouco...
- Meu irmão? Meu irmão? Como pode me chamar de irmão, John, se me apunhala pelas costas junto dessa... dessa... Dessa vadia!
- Michael, por favor... – Anna murmurou.
Branca abaixou a cabeça. Sabia que havia cometido um erro absurdo.
- Michael, nos perdoe, nunca foi nossa intenção, magoar você. – disse Branca. – Porém, tudo acabou aqui e agora, não haverá mais casamento. Nos perdoe, Michael, cometemos, aliás, cometi um erro, achando que, se Annabella fosse sua esposa, seria mais fácil para você aceitar tudo o que está acontecendo.
Então, Michael surpreendeu a todos, limpando as lágrimas e dando uma risada altamente sarcástica.
- Não, querido John Branca, está muito enganado se pensa que vai acabar com esse casamento... Agora, Branca, eu quero me casar. Eu quero que este casamento aconteça! – disse Michael.
- O que? Não, Michael... – Branca tentou falar.
Mas Michael o interrompeu.
Chegando perto de Anna, Michael segurou seu queixo com a ponta dos dedos e disse:
- E você, Annabella, prepare-se, pois vai conhecer o inferno de perto, comigo ao seu lado.
- Eu já conheci o inferno, Michael, várias e várias vezes. – Anna disse.
Michael riu.
- Não, querida, tudo o que eu quero, eu consigo. E eu quero acabar com a sua vida, porque isso é a única coisa que você merece.
E então, Michael saiu de sua sala, deixando John transtornado e Anna com o coração despedaçado.

Capítulo 14



"- Fique calma, Anna, nada do que Michael disse irá acontecer. Esse casamento, não irá acontecer! Eu prometo."
Foi o que John Branca disse há um mês atrás.

***



16 de Outubro de 1986.

Dia do casamento de Michael Jackson e Annabella Banckford.
Branca havia prometido a Annabella que o casamento não ser realizaria; entretanto, Michael pôs em sua cabeça que o casamento iria acontecer.
Faltavam duas horas para Annabella subir ao altar.
Michael havia feito questão de fazer uma festa estrondosa, digna de um rei, como ele era. Também havia chamado toda a imprensa, inclusive, Luly Wolsen. Ele queria esfregar na cara dela que estava se casando.
Porém, o coração de Michael estava dilacerado. Havia um nó formado em sua garganta, que não queria deixá-lo por nada no mundo inteiro.
Ele estava magoado. Sentia como se seus sonhos tivessem sido arrancados de suas mãos, quando viu que Annabella, a mulher que ele amava, era, na verdade, uma vigarista interesseira, que só se aproximou dele para arrancar-lhe dinheiro.
Era sempre assim, as pessoas sempre chegaria perto dele com segundas intenções, ele só se lamentou porque ele sempre gostava e confiava dessas pessoas.
Por isso, ele havia prometido a si mesmo que acabaria com a vida de Annabella. Ela teria seus três milhões de dólares depositados em sua conta, teria fama, e ficaria rica, mas junto de tudo isso viria também à tristeza e a mágoa, coisa que Michael fazia questão de lhe dar, como presente de boas vindas ao mundo dos famosos.

- Querida, está tudo bem? – perguntou Karen, maquiadora de Michael, que ajudava Annabella a se vestir.
Annabella deu um sorriso forçado, com a voz baixa, respondeu:
- Oh sim... Está tudo bem...
Karen lhe deu um sorriso confiante, e segurou suas mãos.
- Olhe, eu sei que você deve está nervosa, até porque hoje é o seu dia, mas não fique assim. Vai dá tudo certo, e vocês serão muito felizes!
Os olhos de Annabella se encheram d’água, a tristeza a tomava de vez, agora.
- Oh, criança... Ela ficou emocionada. – disse Maria, governanta de Michael.
Karen a abraçou, sorrindo, e as lágrimas de Annabella começaram a escapar.
- Por que choras, criança? – perguntou Maria, sentindo que aquele não era um choro de felicidade.
- É uma longa história... – disse Anna, limpando as lágrimas que caiam
- Hum... Acho que dá tempo de ouvirmos... Quer nos contar? – perguntou Karen.
Anna fez que não com a cabeça.
- Não posso...
- Mais isso está te angustiando, meu bem.
- E eu sei o quanto é difícil sofrer sozinha. – completou Karen.
- Não quer se casar com Michael é isso?
- Olhe, eu sei que é difícil encarar o mundo onde Michael vive, mais ele é um homem maravilhoso, ele me contou sobre você há alguns meses atrás, ele te ama, querida.  – murmurou Karen.
- Eu sei que ele é um homem maravilhoso, eu só estou com medo de destruir quem ele é.
Maria sorriu.
- É impossível uma menina doce como você, destruir a pessoa que o meu menino é. Você só vai completá-lo, sabe, é a metade dele.
- Almas Gêmeas.
- Meu casamento com Michael não é verdadeiro.
- Como assim? – perguntou Karen e Maria em uníssono.
- Que isso só fique entre nós, por Deus! – pediu Anna, então, voltou a falar – Meu casamento com Michael é de fachada, daqui um ano, iremos nos separar.
- Mas... Por quê?
- Os advogados dele sugeriu que ele se casasse agora, para que a imprensa pare de julgá-lo. É um casamento por conveniência.
- E você não quer fazer isso, certo? – perguntou Karen.
- Não quero... Mais estou sendo obrigada.

- Obrigada? – perguntou Michael, entrando de supetão no quarto.
- Michael! – exclamou Karen, surpresa.
- Vamos, fale mais, Annabella, mostre a santinha que você não é! – gritou ele. – Só pra vocês saberem, Annabella não está sendo obrigada a se casar comigo, ela está recebendo três milhões de dólares para que isso aconteça.
- Céus! – murmurou Maria, pondo a mão na boca.
- Na verdade, eu estou sendo obrigado por meus advogados a me casar com essa mulher. A pessoa que mais me decepcionou em toda a minha vida!
- Michael... Michael, eu sinto...
- Sente muito? Sentir muito ainda é muito pouco. Aliás, eu nem sabia que interesseiras tinha sentimentos, só para começar. – disse Michael. – Mas, já que você quer tanto se casar comigo, trate de se arrumar logo, tem uma festa lá embaixo esperando por nós. Com licença. – e saiu, fechando a porta atrás de si.
Karen e Maria olharam para Anna com acusações em seus olhares, então, Karen foi a primeira a falar.
- Venha, vamos terminar de te arrumar.

***



O sorriso falso que Michael dava a cada pessoa que se aproximava para dar-lhes parabéns estava enjoando Annabella.
A cerimônia religiosa havia terminado há segundos atrás, e Annabella não via a hora de aquela tortura acabar.
Eram flashes e mais flashes em seu rosto, quase a deixando cega, e seu maxilar doía de tanto que sorria forçadamente.
Quem parasse para prestar atenção, veria que aqueles sorrisos não chegavam aos olhos de ambos.
E aquela alegria, era totalmente falsa.
Cada um deles carregavam dentro de si suas respectivas dor. Cada um sofria de alguma forma.
Anna por vê que estava pondo fim a qualquer tipo de relacionamento com o homem mais fantástico que já conhecera.
Michael por descobrir que a mulher que amava era na realidade lhe mostrada, uma vadia interesseira, que não ligava para os seus sentimentos.
- Sorria, meu bem, você não lutou tanto para está aqui? – sussurrou Michael, sarcasticamente, no ouvido de sua esposa.
Anna engoliu o nó que se formava em sua garganta, e, sem percebe, apertou ainda mais a mão de Michael.
- Eu sei, está na hora de um beijo, não é? – murmurou Michael.
Então, ele pôs dois dedos em seu queixo, levantando sua cabeça, e encostou seus lábios nos seus.
No começo tudo parecia mágico, Anna até se lembrou do primeiro beijo que ele havia lhe dado, em sua casa.
Porém, Michael começou a exigir mais dela, rodeando sua língua ferozmente em sua boca. Aquilo estava beirando a violência.
Então Anna o empurrou, delicadamente, e Michael sorriu.
- Aproveite, baby, isso é tudo o que terá de mim. – sussurrou Michael em seu ouvido.

Anna sabia, dali pra frente, tudo iria piorar.
Porém, não contava com a presença ilustre de Black, justamente no dia de seu casamento.
E quando seus olhos se encontraram, ela sentiu que ele não estava ali para brincadeira.
Capítulo 15



Anna, instintivamente, deu um passo para trás; e só não saiu correndo, porque seu braço estava entrelaçado ao de Michael.
Black tinha os olhos brilhando de raiva e ódio, Anna sabia que nas veias daquele homem corria um sangue tão ácido que borbulhava; consecutivamente, em seu peito, havia um iceberg e não um coração.
Temeu por Michael e todos ali presente, não sabia até aonde a loucura de Black o levaria, e não estava disposta a pagar pra ver.
Então, tudo mudou.
Assim que Black chegou perto deles, seu olhar mudou para um calmo mar azul, e o seu sorriso falso estava de orelha a orelha.
- Michael... – murmurou Black, assim que ficou frente a frente com Michael – Como é bom vê-lo, meu amigo. Desculpe-me pôr não ter chegado ao tempo de ver a cerimônia, meu vôo atrasou, e, consecutivamente, não pude chegar a tempo. – seu olhar vagou de Michael a Annabella – Espero que os noivos me perdoem.
- Ora, Mark, não precisa se preocupar. Entendo perfeitamente como é a vida de um empresário bem sucedido como você.

“Mark? Empresário? Mais o que é isso?” – pensou Anna naquele exato momento.
A risada de Black a tirou de seu devaneio.
- Mesmo assim, me desculpe. Oh... Que indelicadeza a minha, sua dama é muito bonita, Michael. Meus parabéns. – Black pegou a mão de Anna, e, antes de levá-la aos lábios, murmurou: - Com licença... É um prazer senhorita. – e beijou sua mão.
Anna sentiu o estomago revirar, mesmo assim, obrigou-se a murmurar alguma coisa.
- Obrigada... Michael, preciso ir ao toilette.
E saiu dali ante que Michael, ou Black, falasse qualquer coisa para impedi-la.

Seu coração batia tão frenético, que ela se sentia a beira de um colapso.
Andava entre os convidados – sendo parada a quase todo o instante para receber votos de felicidade - ao mesmo tempo tentava organizar algo em sua mente.
Até o momento, a única coisa que sabia era que Black era amigo de Michael se passando por um empresário de sucesso que se chamava Mark.
Não entendia como Black conseguiu se aproximar de Michael... Muito menos como eles já eram amigos, ao ponto de ele aparecer em seu casamento.
Havia algo muito errado ali, e Annabella tinha muito medo de descobrir o que era.
Porém, sabia que a vida de Michael continuava em perigo; casar-se com ele e perder a sua amizade, de uma hora para outra, não adiantou de nada. E estava a beira da loucura por constatar isso.

- Ir ao toilette, não é? – murmurou Black, de repente, puxando Annabella para dentro do banheiro. – Desde quando você virou uma pessoa refinada? Nem de longe parece aquela menininha que vivia a beira da miséria. – ele riu alto.
Anna sentiu os olhos umedecerem; ele estava ali, novamente, para lhe atormentar.
- Oh... Me esqueci completamente... És uma Jackson, agora, não é? Me desculpe, senhora Jackson.
Ele tinha uma risada tão perversa, que Anna sentia os pelos eriçarem de nojo e medo.
- O que faz aqui, Black?
- Ora, vim ao casamento de meu amigo, Michael. Vai dizer que não sabia que eu, Mark Rochier, sou amigo de Michael a... um mês?
- Um mês?
- Sim, querida, um mês... Agora, Annabella, estou me sentindo tão ofendido! – disse Black, pondo a mão no coração em forma de lamento.
Anna franziu o cenho, e ele riu mais alto.
- Você poderia ter dito que iria da um golpe no Reizinho... Eu lhe ajudaria com muito prazer! E pode ter certeza, arrancaríamos dele muito mais do que três milhões de dólares.
- Não me confunda com você, Black! Jamais faria isso com Michael!
- Jamais faria isso com Michael? E o que foi que você fez agora, querida? Acho que, no mínimo, isso lhe torna uma desalmada! – riu ele. – Entretanto, ao mesmo tempo em que estou ofendido, me sinto muito orgulhoso.
- Orgulhoso... Por quê?
- Porque estou vendo que você aprendeu direitinho, amor, tudo o que eu lhe ensinei, indiretamente. – ele chegou mais perto dele.
Annabella foi andando para trás, até que sentiu a parede em suas costas.
Black passou a ponta dos dedos em sua bochecha, descendo por seu pescoço e tocou seu seio.
Seus olhos azuis eram um mar de desejo e luxuria.
- Você é, realmente, a minha jóia mais preciosa... Por isso que te amo, Annabella, você é a mulher da minha vida.
Os lábios dele foram em direção ao seu pescoço. E Anna lutava muito para não vomitar em cima dele.
- Annabella... – ele sussurrou. – Minha, só minha, Annabella...
- Me solta! – gritou Anna, o empurrando.
Black riu, e seus olhos voltaram a ser o mesmo poço azul de raiva e ódio.
- Ok, Annabella, agora você joga conforme as minhas regras. Michael me adora, ele me disse que eu sou o único amigo em que ele confia, lindo não é? – ele riu alto – Porém ele tem algo que me pertence: você...
- Eu já paguei a divida de meu pai, Black, eu deveria está livre de você.
- O que posso fazer se você é ingênua, Annabella? – ele riu. – Meu bem, eu jamais deixarei você. Jamais, ok? E aquele astrozinho metido, não lhe merece! Ele fala cada coisa de você, Anna, que eu me esforço muito para não agredi-lo.
- Eu vou te entregar pra policia.
Black chegou perto dela e lhe apertou o pescoço até que Anna passasse de sua cor natural, a um vermelho bem forte.
- Tente, Annabella, só tente fazer isso. – ele a soltou e vendo-a tossir ao mesmo tempo que tentava respirar, completou – Lembre-se que Michael está em minhas mãos, agora, um passo em falso, seu, e eu o mato. E você sabe que quando eu prometo, eu cumpro, então, acho melhor você me obedecer, pelo bem de seu marido.
Black chegou mais perto de Anna, e disse:
– Por enquanto, é só. Em breve nos veremos novamente, e já estou completamente ansioso por esse reencontro... Não esqueça, eu te amo. – e saiu batendo a portado banheiro atrás de si.
Capítulo 16

                 

- Esse aqui é o seu quarto, Sra. Annabella. – murmurou Maria.
O último convidado havia acabado de sair de Neverland.
Michael sumiu, minutos depois, e, agora, Maria mostrava os aposentos de Annabella.
Assim que entrou no quarto, Annabella deu um sorriso triste. Pelo menos, ali, dentro de seu quarto, ela conseguiria ser ela mesma.
Sempre considerou seu quarto como o seu pequeno mundo. Ali, ela poderia ser verdadeira consigo mesma, pois ali ninguém poderia se intrometer em sua vida.
- Todos os seus pertences estão arrumados ali, no closet. – apontou Maria, lhe amostrando duas portas, próxima ao banheiro. – Precisa de mais alguma coisa, senhora?
- Porque está me tratando assim? – perguntou Anna, timidamente.
Maria olhou em seus olhos e, por um momento, seu coração doeu. Os olhos de Annabella tinham um lindo tom azul claro, mais eram tristes e angustiados.
Porém, não havia se esquecido de que, Annabella era só uma golpista.
- Estou aqui, unicamente, para lhe servir, senhora. Agora é a esposa de meu menino.
- Mais, na hora em que me arrumava, você estava me tratando bem... – Anna mordeu os lábios, sentia um aperto no coração.
Maria era uma senhora que não deveria ter mais de cinqüenta anos.
E, desde a primeira palavra que trocou com ela, Annabella sabia que ela era muito especial e verdadeira.
- Foi por causa do que Michael falou, não é?
Maria suspirou.
- Eu pensei que você era a dona dos suspiros apaixonados e dos olhos brilhantes de meu menino, há um mês atrás. Porém, hoje, eu vi que você, na realidade, era responsável pela amargura que ele anda sentindo, ultimamente.
Anna sentou-se em sua cama, e deixou as lágrimas caírem.
Ela chorava, expulsando tudo o que lhe afligia desde a hora em que acordara.
Maria sentou-se ao seu lado e afagou-lhe as costas... Não sabia o que acontecia com aquela menina; mais sabia que, pessoa má, ela não era capaz de ser.
- Conte-me meu bem... Por que tanta tristeza?
- Eu sinto muito, Maria, sinto muito mesmo!
- Pelo o que... Por se casar com Michael, por dinheiro?
Anna balançou a cabeça e, secando as lágrimas que caia, continuou a falar.
- Não me casei com ele, por dinheiro...
Maria franziu o cenho; não entendia mais nada, agora.
- Não...? Então, porque se casou com o menino?

Annabella pensou em o que responder.
Sentia que podia confiar em Maria, mais tinha medo do que ela pudesse fazer.
Tinha medo de que, de algum modo, ela contasse isso há Michael, e que Michael contasse a Black.
Entretanto, aquela angustia em seu peito tinha que ser aliviada, pelo menos, um pouco.
- Me casei para salvar a vida dele. – murmurou.
Maria abriu e fechou a boca, sem saber o que dizer.
- Como assim, para salvar a vida dele?
- É uma longa história...
- Estou disposta a ouvi-la, use o tempo que precisar.

Annabella respirou fundo, e começou a contar tudo o que estava entalado em sua garganta.
Contou tudo.
Começou por sua infância, quando sua mãe lhe abandonou quando ainda era apenas uma criança, seu pai se afundando em jogos e bebidas.
Passou pela primeira vez que Anthony Black pôs a baixo a porta de sua casa, para cobrar a dividida de seu pai, e resumiu quantas vezes ele os tinha ameaçado.
Contou sobre o suicídio de seu pai, a ameaça de Black, de pegá-la para si na primeira oportunidade, a fuga de casa e o encontro com o orfanato que lhe acolheu. Contou sobre como saiu de Oriental, sua pequena cidade natal situada no estado da Carolina do Norte, e sobre sua vinda para L.A.
Sobre como conheceu Michael, e a volta de Black em sua vida.
- Mais... Como Black descobriu que você estava com Michael? Quer dizer, que você e Michael eram amigos? – perguntou Maria a interrompendo pela primeira vez.
- Ele ficou me seguindo durante os quatro meses que se sucederam. No dia em que Michael me contou sobre a proposta que Branca e seus empresários lhe fizeram, eu fiquei chocada. Enciumada, pra dizer a verdade. – Annabella deu um sorriso triste. – Eu achei essa proposta um absurdo desde a primeira vez que a escutei. Disse isso há Michael, e concordei sobre ele não aceitar. Assim que ele foi embora, Branca veio a minha porta e propôs que eu aceitasse me casar com Michael, disse que três milhões de dólares estariam na minha conta assim que eu me casasse com Michael. Imediatamente eu recusei. Ele me deu um tempo para pensar, e assim que saiu de minha casa, Black chegou.

Annabella suspirou e, logo depois, continuou:
- Ele começou a gritar, falando que Michael e eu tínhamos um caso, me bateu e disse que mataria Michael, se eu tivesse algo com ele. Eu tive que pensar rápido, Maria, não podia deixar que Black fizesse algo com Michael. Não com ele, a única pessoa que me tratou bem desde quando me conheceu. Então eu disse que daria três milhões de dólares há ele...
- E ele?
- Bem... Ele aceitou, mas...
- Mas?
Por fim, Annabella disse:
- Mas eu não sei até quando ele vai ficar escondido, ele pode aparecer a qualquer momento.
- Anna... Por que você não conta tudo isso há Michael? Ele vai lhe entender, minha filha. – ela disse com uma voz maternal
Anna negou.
- Eu não posso...
- Por que não?
Anna decidiu contar tudo.
- Black está perto de Michael, ele me ameaçou hoje, se eu der um passo em falso, ele mata Michael e isso eu não posso permitir.
- Deus, ele está perto de Michael? Ele esteve aqui hoje? – perguntou Maria.
Vendo Annabella confirmar com a cabeça, ela continuou:
- Deus... Annabella, minha querida, vocês não podem ficar sofrendo desse jeito, entende isso? Temos que fazer algo, Michael precisa saber da verdade!
- Não!
- Sim, Anna...
- Não, Maria, por favor, prometa que não vai fazer nada... Por favor?
Maria suspirou.
Mas, por fim, concordou.
- Tudo bem, minha filha... – ela abraçou Annabella – Saiba que, estou aqui, para o que precisar ok?
Annabella sorriu, era como se estivesse abraçando sua mãe, era aconchegante estar ali.
- Muito obrigada, Maria.
- De nada, meu bem... Agora, descanse. Amanhã conversaremos mais.

Maria se levantou e foi em direção a porta, mais antes de sair, parou ao escutar a pergunta de Annabella:
- Maria, sabe a onde está Michael?
- Não... Mas creio que ele deve está em seu quarto, é lá que ele fica, quando se sente triste. – ela sorriu. – Boa noite, querida.
- Boa noite... – murmurou Anna, vendo Maria fechar a porta.
Capítulo 17

       

Annabella se levantou da cama, e tirou o vestido noiva.
Tomou um banho quente, pensando que, talvez, a água pudesse levar consigo, a dor que trazia em seu peito; mera ilusão.
Saiu do banho, vestiu seu baby-doll preferido, e se sentou novamente na cama. Olhou tudo em volta, e parecia que cada canto daquele quarto, ou melhor, daquela casa, transmitia a tristeza que ela e Michael estavam sentindo.
Michael...– se lembrou dele automaticamente. Agora que viu que tinha jogado sua amizade com Michael na lata do lixo, Anna tinha vontade de jogar tudo para o alto e ir atrás dele, contar-lhe tudo o que estava acontecendo. Porém sabia que não podia fazer isso; Black estava perto demais de Michael, e a vida dele corria sérios riscos.
Entretanto, não suportava a idéia de saber que Michael estava a míseros metros de distancia, chorando e sofrendo por culpa dela; então, enchendo-se de uma coragem que até então não tinha, Annabella saiu de seu quarto, e foi em direção a Michael.

Bateu uma vez.
Duas vezes.
Três vezes, e nada.
Girou a maçaneta da porta, e viu que estava destrancada.
- Michael... – chamou, tendo o silêncio como resposta.
O quarto estava escuro, sendo iluminado somente pela luz da lua cheia que brilhava lá fora.
- Michael... – chamou mais uma vez.
Porém, dessa vez, escutou um suspiro.
Não sabia se sua mente tinha reproduzido o som, ou se fora ela mesma que havia suspirado, mas suas duvidas acabaram quando Michael se levantou da poltrona que ficava de frente para a varanda do quarto, de costas para porta de entrada, onde Annabella ainda estava parada.
- O que quer, Annabella? – pergunta Michael, agora se virando para Anna.
- Eu... Eu quero conversar com você, Michael.
- Mas eu não tenho nada para conversar com você, por tanto, saia agora de meu quarto, preciso ficar sozinho.
- Michael, por favor...
- Por favor, digo eu, Annabella. Saia daqui agora! – gritou ele.
Os olhos de Annabella se encheram de lágrimas.
Entretanto, ela fechou a porta do quarto de Michael, e foi andando em sua direção; parou somente quando estava a sua frente.
Pôs as mãos em cada lado de seu rosto e olhou em seus olhos negros; os olhos que tanto amava.
- Eu queria tanto contar a verdade para você, Michael... Mas eu não posso. – murmurou com a voz entrecortada.
- Que verdade? Eu já descobri a verdade, Anna, descobri que você é uma vadia interesseira, que em enganou durante todo esse tempo...
- Não, Michael. Eu não sou nada disso, por favor, não pense assim de mim.
Michael tirou a mão dela de seu rosto.
- E você quer que eu pense como? Depois de tudo o que aconteceu?
- Eu sei que é difícil acreditar em mim, Michael...
- É impossível, Annabella. Eu te amo tanto, Annabella, tanto, que você não é capaz de imaginar. – disse ele.
- Eu te amo muito mais, Michael. – murmurou ela.
Michael olhou em seus olhos azuis e... A verdade que ele via estampado ali, foi perturbadora. Ela não mentia, ele via isso, mas, porque sua mente lhe dizia o contrário de seu coração?
- Me ama? Então por que fez isso, Annabella?
- Para te proteger.
Então Michael riu.
- Me proteger? – ele falava em meio ao ataque de riso.
Porém, Annabella não se intimidou.
- Sim, Michael.
- Explique, Annabella, para que eu possa entender.
- Não posso... Não posso explicar. – murmurou ela.
- Então eu não posso acreditar.

Michael ia se virar, mas Annabella o segurou pelo colarinho da camisa.
Ele a olhou, e ficou com a garganta travada quando viu as lágrimas dela descendo de seus olhos azuis; ele sempre ficava assim quando a via chorando.
- Mike... – murmurou. – Não me ignore, pelo menos, não hoje...
O coração de Michael falhou duas batidas.
E, em um movimento lento, ele passou a ponta dos dedos esguios no rosto dela, contemplado-a fechar os olhos e aproveitar a carícia.
- E o que você quer que eu faça, Anna? – perguntou ele, com a voz macia.
- Quero que faça amor comigo.
Capítulo 18

                 

Michael abriu e fechou a boca duas vezes, sem palavras.
Esperava por tudo, menos por isso.
- Você tem certeza disso? – perguntou.
Annabella sorriu.
- Absoluta.
Pela primeira vez, em um mês, Michael deu um sorriso que chegava em seus olhos negros.
Ele sabia que estava confuso, muito confuso, mas, estava com a mulher que amava, prestes a fazer amor com ela.
E o resto... Ah, o resto era o resto, nada mais importava, agora.

Michael pôs a mão na nuca de Annabella, e a outra, deixou escorregar até que chegasse em sua cintura.
Devagar, deixou seus lábios roçarem os dela, sentindo o coração pular freneticamente em seu peito. Annabella, abriu os lábios, e deixou a língua de Michael acariciar sua boca, indo e vindo, em um beijo lento, e gostoso.
Porém, o beijo se tornou mais ousado.
Annabella circundou o pescoço de Michael com seus braços, e sentiu as duas mãos de Michael apertarem seu bumbum, fazendo-a ficar nas pontas dos pés.
- Você tem noção do quanto eu sonhei com esse momento? Com o momento de tê-la em meus braços, como minha mulher? – perguntou Michael, sorrindo, olhando dentro de seus olhos.
Annabella sorriu, sentindo o rosto pegar fogo.
- Eu te amo. – disse ela a Michael.
- Eu te amo muito mais.
Dizendo isso, Michael pegou-a em seu colo e a deitou na cama.
Para ele, ela estava linda, vestindo um baby-doll rosa claro, que moldava suas curvas. Ali ele soube que a intenção dela, quando chegou em seu quarto, não era lhe seduzir; seu coração pulou de alegria com sua conclusão.
Devagar ele pôs seu corpo por cima do dela, e a beijou.
Ele recebia de bom grado os carinhos tímidos que Annabella lhe fazia, ora no rosto, ora nos braços.
Ainda colado em seus, Michael começou a levantar a blusa de Annabella, já estava quase na altura de seus seios, quando ele sentiu ela estremecer e olhar para o outro lado. Imediatamente, parou o que fazia.
- Amor... O que houve? – perguntou.
Annabella o olhou, em seus olhos, Michael pôde ver um misto de medo, vergonha e amor.
- Eu só... – respirou fundo – Eu nunca fiz isso.
Michael arregalou os olhos.
- Você nunca... Nunca? Nunca mesmo? – murmurou.
- Nunca... – murmurou Annabella.
- Anna, por que não me disse? – perguntou.
- Nunca surgiu o assunto... Me desculpe.
Michael sorriu e acariciou o seu rosto.
- Não precisa se desculpar, isso é... Maravilhoso. – ele tocou o seus lábios de leve – Quer continuar?
Annabella sorriu.
- Quero, eu confio em você. – sussurrou a última parte.
Então, Michael a beijou ao mesmo tempo em que levantava sua blusa. Annabella se levantou um pouco, e Michael passou a blusa por sua cabeça, quando Annabella deitou-se novamente, ele pôde ter uma visão completa de sua barriga branquinha e de seus seios que tinham os bicos intumescidos; sentiu seu membro latejar.
Deixou seus lábios descerem pelo seu queixo, pescoço, colo e logo chegou em seus seios; os olhos de Annabella se reviraram, quando ele começou a sugar seu seio direito e apalpar o esquerdo, a sensação era avassaladora, nunca tinha sentido nada parecido, antes.
Michael sorriu quando ela gemeu baixinho seu nome, e intensificou as carícias, descendo sua mão e adentrando seu short depois sua calcinha, e acariciou seu clitóris inchado, fazendo-a urrar de prazer.
- Michael... – murmurou ela, se contorcendo.
- Estou aqui, meu amor...
Michael voltou a beijar seus lábios, e então, desceu seu short junto com a calcinha, deixando-a completamente nua.
- Você é tão linda... – sussurrou ele, em seu ouvido.
Em um movimento rápido, Michael tirou sua calça – a única peça que estava usando – e se pôs entre as pernas dela.
Annabella mordeu os lábios.
- Promete que vai me amar para sempre, até mesmo quando eu não estiver mais aqui? – perguntou Annabella.
Michael franziu o cenho.
- Como assim? – perguntou.
Annabella pegou o rosto de Michael entre suas mãos, e o trouxe para mais perto de si, beijando seus lábios.
- Só promete...
- Eu prometo. – disse Michael, beijando-a ainda mais.
Delicadamente, e olhando em seus olhos, Michael se pôs um pouco dentro dela, vendo todas as suas reações. Ela era apertada, e seu cérebro ordenava que ele fosse mais rápido, para se satisfazer, mais seu coração lhe pedia calma e leveza, e assim ele fez.
Se pondo mais um pouco dentro dela, Michael pôde ver a careta que ela fez de dor, e esperou um pouco. Pôs-se mais um pouquinho, e mais um pouco, e sentiu a barreira de sua virgindade, ele sorriu, e a penetrou mais um pouco, arrebentando a barreira, e se pondo todo dentro, escutando Annabella gritar.
- Michael... – choramingou
- Estou aqui, meu amor, estou aqui... Isso logo vai passar, eu prometo. – murmurou ele, beijando seus lábios.
Michael esperou Annabella relaxar, e então, se movimentou um pouco e parou.
Annabella sentia um pouco de dor, mais quando Michael se mexeu, ela se dissipou e sentiu uma onda de prazer no lugar da dorzinha chata, então, se moveu de encontro ao quadril de Michael.
Sorrindo, Michael começou a se movimentar, prestando atenção em cada suspiro, em cada reação de Annabella, e a beijou, vendo que ela não sentia mais dor.
Ele começou a se movimentar mais rápido e Annabella gemeu seu nome, o prazer a consumia por inteira.
Logo depois, eles sentiram uma agitação ainda maior em suas correntes sanguíneas, as pupilas se dilataram, e a vontade de gritar foi ainda maior.
Segundos depois, atingiram o clímax, no auge do amor.

- Eu te amo... – mumurou Annabella, sonolenta, se agarrando a Michael.
Michael sorriu e beijou sua testa, murmurando para Annabella que estava quase chegando a inconsciência.
- Eu te amo mais... – e por fim, adormeceu, com Annabella em seus braços.
Capítulo 19



Annabella não queria acordar.
Estava envolta de um sentimento tão bom. Amor, para ser mais exata.
Porém, a luz do Sol que adentrava o quarto e tocava-lhe a face fez questão de trazê-la a consciência.
Abrindo os olhos devagar, Annabella olhou em volta e reconheceu o lugar onde estava; quarto de Michael.
E a lembrança da noite passada lhe atingiu em cheio, fazendo com que ela sentisse o rosto queimar, completamente feliz e constrangida.
Sentando-se na cama, passou as mãos pelos cabelos loiros em desalinho, e escutou passos, olhando para o lado, viu Michael saindo do banheiro, vestido em um blusão vermelho e uma calça sócia preta.
- Bom dia... – Annabella murmurou, abrindo um sorriso.
- Um péssimo dia, Annabella.
O sorriso em seu rosto se desfez.
E ela viu que o Michael que lhe desposou, estava de volta.
- Por que, um péssimo dia? – perguntou ela.
- Porque, assim que eu acordo, tenho que olhar na sua cara. – respondeu ele, cético.
Annabella engoliu em seco.
- Por que está me tratando assim, Michael?
- Você pensou o que? Que uma simples noite de sexo iria me fazer mudar de idéia a seu respeito?
- Sexo...? Eu pensei que havíamos feito amor... – disse ela, chocada.
- Eu só faço amor, com quem não é piranha e interesseira, Annabella. – disse ele, agora, olhando para ela.
- E eu não sou isso.
- É sim.
Annabella se levantou, e ficou constrangida por constatar que estava nua.
Michael se virou, e Annabella, começou a pegar sua roupa que ainda estava caída pelo chão do quarto, se vestiu e disse:
- Não pensei que você iria me tratar assim, depois de eu ter me entrego há você ontem.
Michael se virou, e, olhando-a de cima a baixo, disse:
- Você precisa fazer muito mais, se quer, realmente, me provar que não é uma vadia que só pensa em dinheiro.
- Michael, por Deus, eu era virgem! – exclamou com lágrimas nos olhos – Eu vim aqui ontem, porque não suportava a idéia de vê-lo sofrer, eu vim aqui ontem, porque queria que você soubesse o quanto eu te amo.
- Hum... É verdade, você era virgem. Mais isso não quer dizer nada, Annabella. Porque sei muito bem, que, se fosse outro com a mesma conta bancária que eu, você se entregaria a ele do mesmo jeito que fez comigo. – então, terminando de falar tudo o que tinha em mente, e com o coração doendo, Michael terminou – Sua virgindade, pra mim, não vale de nada.
E saiu do quarto, batendo a porta com força.

- Eu não acredito que ele fez isso, minha filha. – murmurou Maria.
Chocada com tudo o que Annabella acabara de lhe contar.
- Ele fez... – falou Annabella.
Deixando a frase vaga no ar. Sua voz embargada não deixava que ela continuasse a falar.
Sentando-se ao seu lado, em sua cama, Maria bateu em sua perna.
- Venha querida, deite-se aqui.
Annabella, fez o que Maria lhe pediu, e deitou-se em sua perna. Maria começou a mexer em seu cabelo, com carinho, e Annabella, que nunca havia recebido um carinho como aquele, deixou sua tristeza se libertar, junto com o seu choro.
- Chore minha querida, ninguém é obrigado a ser forte o tempo todo. E você é muito forte, Annabella, não imagina o quanto é forte. – disse Maria, com a voz embargada.
- Não sou nem um pouco forte, Maria. – murmurou Anna, em meio ao choro.
- Claro que é querida. Veja por tudo o que você passou, por tudo o que está passando! Sua força é admiradora.
- Nada, em toda a minha vida, doeu tanto como o que ele me fez hoje...
- Posso imaginar.
- Mais a culpa não é dele. – disse. – A culpa é minha.
- Por que a culpa é sua? Por ter se entregado a ele?
- Não... A culpa é minha, porque fui eu que entrei na vida dele, trazendo todos os meus problemas e jogando em cima dele. Ele está certo em me tratar assim.
- Não fale isso, Annabella. Se ele lhe tratou assim, foi porque quis. Amo muito Michael, mais ele errou.
- Ele errou por culpa minha.
- Não, querida, ele errou por culpa dele mesmo. – disse Maria, finalizando a conversa.


Um mês depois...


- Você está linda! – sorriu Maria.
Annabella havia acabado de fechar o zíper de seu vestido de gala.
Hoje, iria a mais uma festa com Michael.
- Obrigada. – sorriu, tímida. – Não gosto muito dessas festas... – suspirou.
- Por que, querida?
- Porque Michael sempre me deixa sozinha, pra ficar com outras mulheres. É horrível.
- Imagino...
- Mais, eu tenho que ir não é? – falou dando um sorriso triste.
- Sim... Michael lhe espera.

Estavam no carro, indo para mais uma festa. Michael estava com o pensamento longe, o olhar perdido na paisagem que passava pela janela. Annabella pensava que Black estava muito quieto. E aquilo era sinal de que ele estava aprontando algo.
- Como vai aquele seu amigo... Mark? – perguntou Anna.
Michael a olhou, estranhando a pergunta.
- Vai bem... Por que o interesse?
- Por nada. É que eu nunca mais o vi, desde o casamento.
- Ele viaja muito. – disse Michael.
Annabella deu de ombros, fingindo não dá importância, então, Michael disse:
- Mais hoje ele estará na festa.
Seu coração deu um pulo.
Minutos depois, pararam enfrente a uma mansão, cheia de fotógrafos.

Uma pausa para várias fotos. Os flashes cegavam Annabella, mais ela forçava um sorriso, assim como Michael, logo depois, entraram.
Cumprimentaram os anfitriões, e um empregado os levou a uma mesa reservada. Annabella se sentou e, sem ao menos lhe dirigir o olhar, Michael se afastou, indo falar com várias pessoas.
As horas passavam, e o barulho da música estava cada vez mais insuportável. Annabella via, ao longe, Michael sentado em uma mesa, rodeado de mulheres, ela morria de ciúmes, mas sabia que não podia fazer nada, e vê-lo ali, sorridente e feliz, por está em torno de mulheres magníficas, a deixava triste.
- Meu amor! – a voz de Black deu um sobressalto em Annabella. – Oh... Vejo que seu marido te deixou aqui, sozinha, não é?
- O que faz aqui, Black?
- Sou convidado da festa, Annabella, assim como você. – sorriu ele. – Estava com saudades de mim, meu amor?
Annabella prendeu a respiração, e, soltando-a aos poucos, disse:
- Não...
- Hum... Sabia que Michael é um idiota? Porque, ele não deveria deixar a esposa dele, linda e completamente inocente, solta desse jeito.
E então, Annabella sentiu uma picada de agulha muito forte em sua coxa direita.
A escuridão a tomou.
Capítulo 20



- Vocês são demais! – disse Michael, forçando uma gargalhada.
Ficar ali, no meio de todas aquelas mulheres que lhe bajulavam, lhe dava nojo.
Porém, ele queria mostrar a Annabella que ele havia superado. Queria mostrar a ela, que ele não a amava mais, mesmo sabendo que a amava muito.
- Vou embora agora, já está ficando muito tarde. – disse se levantando.
As garotas se levantaram também, e o abraçaram em despedida.
Michael saiu de lá e foi em direção a mesa onde tinha deixado Annabella, entretanto, chegando lá, não havia ninguém.
Só havia a bolsa de Annabella em cima da mesa.
“Deve ter ido ao banheiro.” – pensou Michael, dando de ombros.
Sentou-se na cadeira e esperou.
Esperou vários minutos. Já estava ficando nervoso.
Pegando a bolsa de Annabella, Michael começou a andar pelo jardim da mansão, indo em direção ao banheiro.
Quando chegou lá também não havia ninguém, muito menos sinal de Annabella.
Saiu andando, completamente frustrado, olhando para todos os lados, se perguntando em que raio havia se metido Annabella; acabou esbarrando em alguém.
- Hey, Michael, olhe por onde anda! – disse Branca. – Aconteceu alguma coisa?
Olhando para todos os lados, e depois voltando-se para Branca, Michael disse:
- Annabella sumiu.

***



Estava um calor insuportável.
Annabella suava, e não tinha forças para se quer, abrir os olhos; muito menos tirar a colcha grossa que a cobria, de cima de si.
Havia algo muito errado ali, e Annabella sabia disso.
Fazendo um esforço enorme, Anna começou a vasculhar em sua mente, uma última lembrança.
Lembrou-se de Michael, da festa, da música alta... E então, lembrou-se de Black, da picada em sua perna direita e da escuridão.
Escuridão.
Escuridão e...
Escuridão.
Mais nada além disso.
Desesperada, abriu os olhos rapidamente, fechando-os novamente por causa da luz fluorescente que iluminava o...
Quarto?
- Amor! Vejo que você acordou... Como se sente? Sua perna está doendo muito? – perguntou Black
Saindo de um cômodo, onde Annabella pôde perceber que era o banheiro, secando as mãos com uma toalha.
Quando ele chegou mais perto, Annabella se sentou rapidamente, e se encolheu toda, encostando-se à cabeceira da cama.
Sua perna doeu, fazendo com que ela fizesse uma careta de dor.
- Hum... Vejo que está doendo, não é mesmo? Vamos por uma bolsa de gelo em cima, para amenizar a dor, ok?
- A... Aonde estou, Black? – perguntou ela, amedrontada.
- Está no nosso mais novo lar, meu amor. – disse ele sorrindo. – Isso não é maravilhoso?
Annabella olhou em volta.
- Eu quero ir embora daqui, me leva embora, por favor! – pediu ela.
- Ora, amor, vai me dizer que prefere ser ignorada por Michael, há ficar comigo?
Ele chegou mais perto e se sentou na cama, ao lado de Annabella.
- Vamos lá, amor, me dê um sorriso, sim? – disse ele. – A partir de hoje, uma nova vida se inicia para nós dois. Vamos ficar aqui, jutos, para sempre! E vamos ter nossos filhos e formar uma família feliz.
O modo como ele falava assustou Annabella, e, quando as lágrimas começaram a rolar por seu rosto ele disse:
- Oh... Amor, não chore. Sei que está muito emocionada, porque a nossa felicidade, graças a Deus, chegou. Também estou emocionado...
- Não coloque o nome de Deus no meio de sua loucura, Black! – murmurou.
Ele a olhou com raiva.
- Loucura? Não estou louco, Annabella! – a voz dele era de raiva.
E Annabella sentiu medo.
- Não vou levar em conta o que acabou de falar, porque sei que você ainda está assustada com a nossa convivência... – então, ele sorriu. – Vamos tomar café da manhã? Enquanto isso, vou falando sobre as regras que você terá de seguir a partir de agora.

- Regras? – perguntou Anna, sendo arrastada para fora da cama, pela mão de Black.
Andando um pouco, chegaram a cozinha.
A mesa estava posta com pães, café, patês e tudo mais. Sentando-se, tendo Black em seu encalço, Annabella olhou a sua volta.
Na cozinha, tudo era trancado. A geladeira era trancada com cadeado, as gavetas eram trancadas, os armários também eram trancados com cadeados. Não havia sequer uma colher em cima da pia.
E Annabella pôde constatar que os utensílios em cima da mesa eram todos de plásticos, da colher aos pratos e, a xícara, era de acrílico.
- Sim, regras, minha querida. – disse ele se sentando.
Black pôs um pouco de café na xícara de Anna, e, logo depois que o adoçou, começou a falar:
- Você começará, a partir de hoje, a seguir tudo o que vou lhe falar, ok Anna? – disse Black – Todos os dias você acordará as sete horas da manhã, fará nosso café, enquanto eu tomo banho. Logo depois você arrumará a casa, lavará as roupas e passará as que lavou no dia anterior. Terminado isso, você fará nosso almoço, depois de almoçarmos você lavará a louça arrumará novamente a cozinha, lavará o banheiro. Ás seis horas em ponto você começará a fazer a janta. Ás sete horas da noite, você tomará banho, só lavará a cabeça e se raspará as quartas e sexta-feira que será o dia em que eu vou lhe dar banho. Você só poderá ir ao banheiro três vezes por dia: Ás sete da manhã, que é a hora em que você acorda, as três da tarde e as sete da noite.
Annabella arregalou os olhos, sentindo o coração disparar.
- Todos os utensílios de limpeza e de cozinha, você me pedirá. Porque, como você já pôde perceber, tudo aqui dentro é trancado. Se você infringir uma das regras, bem... Receberá um castigo.
- Que castigo? – perguntou.
Black sorriu.
- O castigo será variado. Digamos que, eu possa te bater, possa tirar um horário de ir ao banheiro, e você possa ficar sem a janta ou o almoço... – ele desfez o sorriso – Agora coma, você tem muito serviço para fazer hoje.


Em Neverland, todos estavam reunidos; Michael, Branca, Karen, Maria, e Richard – marido de Karen.
O clima era tenso, estavam discutindo se chamavam a policia, ou não.
- Eu ainda acho que chamar a polícia é o mais apropriado. – murmurou Karen.
- Vocês não vêem que Annabella só está fazendo isso para chamar a atenção? – disse Michael.
- Ela não seria capaz disse, Michael. – disse Maria.
- Ela seria capaz de qualquer coisa. – disse ele, sério.
- É muito estranho... Ninguém a viu sair da festa? – perguntou Richard.
- Não. Perguntamos para todo mundo, convidados, seguranças... Ninguém a viu.  – disse Branca. – O que será que aconteceu com essa menina?!
- Não sei... Só espero que não tenha acontecido nada de grave. – murmurou Maria.


Capítulo 21



- Não estou com fome... – murmurou.
- Não estou perguntando se você está com fome ou não, Annabella, estou falando para você comer, agora.
Mesmo sem fome, Annabella pegou uma torrada que estava em cima da mesa.
Foi o fim para ela.
Um enjôo estranho e forte a pegou de surpresa, fazendo com que ela se levantasse com rapidez e entrasse no banheiro.
Black a viu agachada ao vaso sanitário, vomitando tudo o que tinha em seu estômago.
- Merda, Annabella! – urrou ele. – Não está na hora de você ir ao banheiro! Ainda são nove horas.
Annabella se levantou com cuidado, vendo tudo rodar e se apoiou na pia.
Então, sentiu Black lhe puxar os cabelos.
- Sua vadia! O que foi que eu disse sobre não infringir as regras? – gritou.
- Me... Me desculpe, eu não pude evitar...
Annabella não conseguiu completar a frase, pois Black a tacou com força no chão, do lado de fora do banheiro.
Os olhos de Annabella encheram-se d’água, então, Black chegando mais perto, estapeou seu rosto com força.
- Hoje você não almoça e nem janta! Isso é só uma amostra grátis do que pode acontecer se você burlar as regras.
Anna sentindo o rosto arder, se levantou e ouviu Black dizer:
- Vou sair agora e volto a noite, quero ver essa casa um brinco quando eu voltar, principalmente o banheiro. – falou ele.
- E como eu faço pra limpar e fazer a comida, se você não vai está em casa?
- Vou deixar tudo separado antes de sair. – ele a olhou. – E nem adianta dar uma de esperta e tentar fugir. Alias, você nem conseguiria, mesmo se quisesse, tudo está trancando. – ele riu. – Até mais tarde, amoré mio.


Uma semana depois...

- Chega, Michael! Vamos chamar a polícia! – disse Branca, se levantando do sofá de Michael e indo ao telefone.
Branca fez a ligação e, meia hora depois, o delegado Benson chegou ao rancho de Michael.
- Boa tarde... – disse o delegado, formalmente.
Branca, Karen, Michael e Maria, o respondeu.
- Antes de qualquer coisa, eu gostaria de fazer perguntas para vocês.
- Eu ainda acho uma besteira isso... – murmurou Michael.
- O que é uma besteira, Sr. Jackson? – o delegado perguntou.
- Eles chamarem você. Delegado, minha esposa é uma vadia, ela só está fazendo isso para chamar atenção...
- Michael, por favor, não fale assim de Annabella. A menina não merece isso. – disse Maria, o repreendendo.
- Annabella não é uma vadia, delegado Benson. – disse Branca
- Eu gostaria de saber de tudo o que ronda o casamento de vocês dois, Sr. Jackson.
- Tudo... Tudo? – perguntou Michael, olhando para Branca.
- Sim, tudo. Nada vai sair daqui, Sr. Jackson, se é isso o que lhe preocupa.
- Tudo bem... Vou contar tudo.

Minutos depois, Michael terminou de narrar tudo sobre ele e Annabella; como se conheceram, a amizade deles, o contrato de um ano, o casamento por conveniência.
- Entendo... Então quer dizer que o casamento de vocês é de mentira?
- Sim.
- Tudo bem. Agora eu preciso saber. Algum de vocês sabe se havia alguém que trouxesse algum tipo de ameaça a vitima?
Todos responderam que não, menos Maria.
- Bem... Eu sei de uma coisa...
- O que a senhora sabe?
- Existe um homem, que estava ameaçando Annabella...
Michael olhou para Maria, exigindo uma explicação com o olhar.
- Um homem? Maria, seja mais direta, por favor... – pediu Branca.
- É que... Eu prometi a menina que não contaria a ninguém...
- Se quisermos achá-la, senhora, precisamos saber de tudo.
Maria mordeu os lábios.
- Conte, Maria! – pediu Michael.
- Deus... é uma longa história.
- Temos tempo. – disse o delegado.
- O nome dele é Anthony Black.
Capítulo 22



- Anthony Black... E que tipo de ligação ele tem com Annabella? – perguntou o delegado.
Anotando tudo o que Maria falava.
- Ele persegue a menina desde quando ela era criança... A mãe de Annabella fugiu quando ela ainda era bem pequena, e quem a criou foi o pai. O pai de Annabella era viciado em jogos e bebidas, a menina me disse que quando a mãe dela se foi, o vicio dele piorou. Quando ela tinha dez anos, seu pai pegou dinheiro com Anthony Black, um agiota muito perigoso da Carolina do Norte, aonde ela morava. Como ele não tinha dinheiro para pagar, a divida foi aumentando, até que, quando no ano em que Annabella completou 15 anos, ele se matou, na frente dela.
Michael sentiu o coração falhar duas batidas.
- Bem... Com o pai morto, a divida caiu em cima de Annabella, e Black disse que, ou ela pagava a divida em dinheiro, ou ela seria o pagamento da dividida. Anna fugiu da casa onde morava com o pai, e logo depois o juizado de menores a achou e, como ela não tinha mais ninguém, ficou em um orfanato até completar dezoito anos. Assim que saiu do orfanato, Anna veio para Los Angeles, e Richard a contratou para que trabalhasse para ele. Enfim, dois anos depois ela veio a conhecer Michael, eles se aproximaram e viraram amigos, então Black descobriu que ela estava em Los Angeles e começou a persegui-la. Então, os empresários de Michael falaram sobre o tal casamento por conveniência, Branca foi até sua casa perguntar se ela aceitaria se casar com Michael, e ela recusou.

Delegado Benson olhou para Branca, como se esperasse uma confirmação do último fato que Maria relatou.
- É verdade... Quando eu fui perguntar se ela aceitaria se casar com Michael, ela recusou, disse que jamais faria aquilo porque, além de ser horrível, ela não tinha coragem de magoar Michael.
Michael sentiu o nó que se formava em sua garganta se apertar.
- Ok... Continua, Sra. Maria. – pediu o delegado.
- Entretanto, Annabella me disse que, assim que Branca saiu de sua casa, Black chegou lá e ameaçou a vida de Michael.
- Ameaçou... Como assim? – perguntou Benson.
- Ele disse que, se ela estivesse namorando com Michael, ele o mataria.
O choque na sala de Michael foi geral. E o clima ficou ainda mais tenso.
- Então, ela disse que pagaria a divida de seu pai, e foi nisso que ela gastou o dinheiro que ganhou do casamento; ela se casou com Michael, pagou a divida, para que Black não matasse Michael.
Todos observaram Michael passar as mãos pelo cabelo em um gesto de desespero, parecia que ele ia explodir a qualquer momento.
- Eu não entendo... Se Black disse para Annabella ficar longe de Michael... Casada com ele, ela ficaria perto o suficiente... – murmurou Benson, intrigado.
- Sim, porém, Black está entre nós, ainda.
- O que? – perguntou Branca, franzindo o cenho.
- Annabella me disse que ele estava aqui, no dia do casamento, ele está se fazendo de amigo de Michael. – Maria suspirou, triste. – É só isso que eu sei.
Todos ficaram em silêncio.
E Michael sentia os olhos de todos em cima dele.
- Não! – gritou Michael, se levantando e andando de um lado para o outro; os olhos transbordando lágrimas. – Isso não... Isso não pode ser verdade! Não pode!
- Por que não, Michael? – perguntou Karen.
- Porque... Porque eu não consigo entender... Porque ela faria tudo isso, porque sofreria tudo isso que está sofrendo, por minha causa?
Ele estava descontrolado.
- Porque ela te ama Michael. – disse Maria. – Te ama muito.
Michael soluçou, sentindo suas forças indo embora.
As imagens de Annabella passavam como se fosse um filme em sua mente; seu sorriso fácil, seus olhos azuis brilhantes, seu jeito doce...
Mais ainda assim, ele não se conformava.
Não porque era difícil de acreditar que Annabella seria capaz de fazer aquilo; ele não se conformava porque, se Maria estivesse falando a verdade, ele era o ser humano mais desprezível do mundo.
- Maria, pelo amor de Deus... – ele chegou perto dela, pegando em suas mãos. – Me diga que tudo isso que você acabou de falar... Me diga que é mentira...
Maria olhou dentro de seus olhos, a dor que ela via era angustiante.
- Por favor... – sussurrou Michael.
- É verdade Michael, tudo o que eu disse... – ela pôs uma de suas mãos no rosto dele. – Você sabe que eu jamais ficaria do lado de uma pessoa que lhe fizesse mal. Quando Annabella me contou tudo aquilo, eu vi a verdade e a dor nos olhos dela, era de cortar o coração Michael.

Michael balançou a cabeça; completamente atordoado.
- Por que nunca me contou sobre isso, Maria? – perguntou ele, incrédulo.
- Porque Annabella me pediu para que não contasse, Michael.
Michael se sentou no sofá, passando a mão pelos cabelos. Parecia que o seu mundo estava se ruindo, ele se sentia perdido.
Na verdade, ele estava com raiva dele mesmo.
- Nós vamos encontrá-la, Michael. – disse Branca.
- Nós temos de encontrá-la, Branca. – disse Michael. – Deus, eu ainda não consigo acreditar... Eu sinto tanto ódio...
- Ódio? De quem, Michael? – perguntou Karen.
- De mim mesmo. – disse ele.
Michael se levantou do sofá e foi em direção às escadas, indo direto para o quarto de Annabella.


- Hum... Isso aqui está maravilhoso! – disse Black. – Sentia falta de seu tempero... Lembro-me muito bem de quando você cozinhava para o seu pai. Continua maravilhosa na cozinha, minha querida.
Annabella remexeu a comida no prato, sem levantar a cabeça um segundo sequer.
- Annabella, já ia me esquecendo, quando é a sua próxima menstruação? –perguntou Black - Preciso saber para comprar, hum, você sabe, absorventes...
Annabella mordeu os lábios, e respirou fundo; sabia que, uma hora ou outra, iria ter de contar.
- Acho que eu não vou ficar menstruada, Black... – murmurou ela.
- Como assim?
A voz de Black saiu dura, deixando um arrepio gelado na espinha de Annabella
- Porque... – Anna suspirou. – Porque eu estou grávida, Black.
Capítulo 23



- Como é que é? – perguntou Black.
Ele estava calmo demais, e Anna percebeu isso.
Respirando fundo, ela repetiu.
- Estou grávida, Black...
- Você trepou com aquele cara? – gritou ele se levantando da mesa e andando de uma lado para o outro
Annabella fechou os olhos e instintivamente pôs a mão sobre o ventre, fazendo uma prece silenciosa.
- Responda, Annabella!
- Eu fiz amor com ele sim, Black... – respondeu ela em um tom quase inaudível.
- Não, Annabella, você não fez amor com ele, você fodeu com ele. Amor você vai fazer comigo, eu sou o seu homem, o único homem que te ama de verdade!
Os olhos de Annabella marejaram, ela estava com medo, com muito medo.
Black chegou perto dela, e, pelos seus braços, a tirou da cadeira aonde ela estava sentada.
- Você não vai ter essa criança... – murmurou ele, bem perto dela, a voz saindo dura.
- O... O que? – Anna soluçou.
- É, Annabella, a única criança que você vai esperar vai ser o nosso filho. Essa... Essa coisa que ta dentro de você, vai ter que sair daí antes de completar nove meses, e morto, por sinal.
Dito isso, ele largou Annabella, fazendo-a cair novamente na cadeira.
Annabella se levantou.
- Não... Black, por favor, não faça isso, é só uma criança, não tem culpa de nada!
- Não é só uma criança, Annabella, é filho daquele astro filho da mãe! E eu não quero que você tenha nenhum tipo de laço com ele. Já não me basta esse casamento ridículo!
- Não! – gritou Annabella, fazendo Black a olhar. – Você não pode fazer isso, é só uma criança, acima de tudo é uma criança, e não merece nenhum tipo de mal...
- Está me desafiando, Annabella? – perguntou Black. – Por que, você sabe que eu não gosto de ser desafiado.
- Não estou te desafiando, Black. Só não quero que você faça mal ao meu filho.
Black a olhou de cima a baixo.
O maxilar rígido de raiva, as mãos fechadas em punho.
- Ok, Annabella, o que eu não faço por você. – e então, ele sorriu. – Não fazer com que você se submeta a um aborto, porém, você não vai chamar essa criança de filho, enquanto ele estiver em sua barriga, e, assim que ele nascer, eu vou levá-lo embora.
Annabella engoliu em seco.
- Levá-lo embora... Para onde?
- Para Michael, li em algum lugar que o sonho dele sempre foi ser pai... – ele revirou os olhos. – Então, ele não vai jogar uma criança, que é filho dele, fora, não é?
Ele olhou para Anna, esperando uma resposta, e logo a viu movimentando a cabeça.
- Perfeito! – ele sorriu ainda mais. – Agora, vou sair e, para o almoço, faça canelone ao molho branco, por favor? Os ingredientes estão em cima da pia.
Assim que Annabella escutou a chave ser girada na fechadura, do lado de fora da porta, deixou-se escorregar até encontrar o chão.
Sentia-se perdida, sozinha, triste e desamparada. O choro rompeu em sua garganta, enquanto ela acarinhava seu ventre ainda liso e perguntava para Deus o que é que ela tinha feito para merecer tudo aquilo que estava sofrendo.


- Anna, minha Anna... – suspirou Michael, chorando.
O closet do quarto de Annabella estava repleto de fotos.
Michael revirou tudo, em cima da perna dele estava o pijama em que ela estava vestindo quando se entregou a ele, havia foto dela em suas mãos.
Ele se arrependia, de tudo. De cada palavra dita – e não dita –, de cada vez que a tratou mal, que a ignorou, que a deixou sozinha... Ele simplesmente se arrependia e se odiava por ter sido capaz de acreditar que ela, - Annabella, a garota mais doce que ele já conhecera na vida -, fosse capaz de magoá-lo de alguma forma.
E o que mais o magoava era que ele se arrependera tarde demais; Annabella sumiu, e, enquanto ele estava aqui, chorando, se sentindo incapaz de ser um homem de verdade, ela estava sofrendo, mais uma vez.
- Eu vou achar você, meu amor... Eu prometo. – disse ele, mais uma vez. – Só espero que um dia você possa me perdoar por tudo o que lhe fiz.
- Ela nunca te culpou, querido... – disse Maria.
Surpreendendo Michael ao entrar no closet.
Ela se sentou ao lado, e ele encostou a cabeça no ombro dela, deixando mais lágrimas caírem de seus olhos.
- Como não, Maria? Olha todo o mal que eu fiz pra ela, o modo como eu a tratava, as palavras duras... Eu fui até mesmo capaz de dizer que a virgindade dela não significava nada pra mim, eu sou um monstro, um estúpido!
- Você foi um estúpido sim, Michael. Mas monstro... isso você seria incapaz de ser.
- Nada do que você disser, vai melhorar o que sinto. – falou ele.
- Sei disso, querido, mas, quando eu digo que Annabella nunca lhe culpou por nada... – ela suspirou, passando a mão por entre seus cabelos negros. – Quando digo isso, é porque é verdade. Ela mesma me disse, inúmeras vezes.
Michael engoliu em seco a informação.
E, ao invés de aquilo melhorar a dor que ele sentia, a piorou ainda mais; porque, além de tudo aquilo, ela se culpava e não o culpava.
- Annabella escreveu uma carta, logo depois do casamento de vocês e me pediu para que lhe entregasse quando vocês completassem um ano de casados, na verdade, no dia em que ela fosse embora.
Maria estendeu um envelope branco em direção a Michael e ele o pegou, abrindo-o rapidamente.
Maria se levantou.
- Vou deixar você sozinho, qualquer coisa, estarei lá embaixo.
E saiu, deixando Michael sozinho, preso as palavras que Annabella lhe escrevera.
Capítulo 24



carta escreveu: “Meu amor,

As palavras me faltam quando tento lhe explicar tudo o que está acontecendo na minha vida.
E, essa história de você está e não está aqui, é o que me deixa pior em, simplesmente, tudo.
A única coisa que sempre quis foi um amor verdadeiro, e você o me deu, mesmo que não saiba, e me sinto realizada por isso, porque, sempre pensei que iria morrer antes de sentir tal sentimento.
Mas, não. Você o me deu, e, agradeço muito por isso.
Hoje, não mais me arrependo de ter me casado você.
Sim, eu já me arrependi, alias, eu sempre me arrependi. Talvez, porque eu sabia que a nossa convivência nunca ia dar certo, talvez, também pelo modo como sempre me tratou.
Mas, por Deus, não se sinta culpado! O modo como me tratava sempre me machucou muito, mas, eu sabia o que você sentia.
Você é jovem, lindo, rico, famoso, cheio de mulheres aos seus pés, e por causa dos malditos tablóides teve de se casar com uma pobre coitada como eu, que sempre desviava os olhos quando você tentava olhar dentro deles.
Mais, Michael, se eu era assim, era porque eu tinha muito motivos.
Não, eu nunca fui a interesseira que você sempre me pintou, mas, eu precisava de todo aquele dinheiro que seu advogado me ofereceu, aquele dinheiro poderia salvar a minha vida.
Poderia, mas, apesar de eu ter certeza que não salvaria, eu precisava dele.
Como você sabe, nunca tive uma mãe e meu pai morreu quando tinha apenas 15 anos, e desde então, eu vivia fugindo, sem rumo e sem família de um lugar para o outro, tudo porque meu pai se afundou em dividas por conta de jogo, e isso fez com que ele pegasse um alto dinheiro com um agiota.
Porém, ele nunca teve como pagar, e quando morreu, a divida caiu sobre mim, mas, esse agiota queria muito mais do que só o dinheiro e todos os juros absurdos que meu pai devia, ele queria a mim, o que fez com que tudo ficasse ainda pior.
Quando meu pai morreu, eu tive de fugir da casa onde morávamos, e o governo me achou, me pondo em um orfanato, já que eu não tinha família nem ninguém que pudesse ficar comigo.
Assim que fiz dezoito anos, eu tive que sair do orfanato e então fui a procura de emprego e de um lugar para morar, e aí foi quando comecei a trabalhar no mesmo prédio onde funcionava o seu estúdio, mas, a minha paz durou pouco, logo o tal agiota me achou novamente, e continuou me perseguindo.
E então, seu advogado apareceu na porta da minha singela e pequena casa, me propondo três milhões de dólares, para me casar com você.
No mesmo instante eu recusei, eu realmente nunca quis me casar com você, mais logo depois eu pensei que esse dinheiro poderia ser a minha salvação.
Me casei com você, usei o dinheiro que recebi para pagar o agiota, e me apaixonei perdidamente por você.
Não me pergunte como, pois nem eu sei.
E juro, Michael, que eu tentei ser mais... Mais mulher, para você me olhar, mais sedutora para você perceber que apesar de tudo, eu estava ali, e não olhar só para outras e outras e outras...
Mais, por medo, Michael, por muito medo e por não conseguir confiar em ninguém, por conta de tudo o que aconteceu comigo, eu simplesmente não conseguia fazer nada do que queria.
E chorava, também, porque amar e não ser correspondida é a pior dor que já senti em toda a minha vida.
Mais eu te amo, Michael e mesmo estando longe eu juro que eu sempre estarei ao teu lado. Eu daria qualquer coisa e todas as coisas...
E eu sempre me importarei, na fraqueza e na força, na felicidade e tristeza, no melhor, no pior...
E eu te amarei com a força de cada batida do meu coração.
Sempre, sempre, sempre, e... sempre.

                                          Com amor, Annabella.”



Michael engoliu em seco, sentindo as lágrimas descer e descer.
Nunca, em toda sua vida, sentira uma dor tão grande quanto essa que invadia seu coração.
Se sentia sozinho, impotente, amargurado, arrependido... Eram inúmeras coisas, porém, todas elas o ligavam a Annabella, e ele sabia que nenhuma delas chegavam perto do que Annabella estaria sofrendo agora... E nenhuma delas tinha poder o suficiente de fazer o tempo voltar, e dá-lo uma chance de consertar todo o mal que ele mesmo cometeu.
Era difícil saber que ela sempre esteve lá por ele. Na época em que ele ainda a tratava bem, ela esteve lá quando ele precisou sorrir e desabafar, e quando ele começou a tratá-la mal, também. Por que, ela sabia de tudo o que poderia acontecer, de todos os riscos que, certamente, iria correr. Ela pôs amizade dos dois em risco, entregou seu coração há ele, fez de tudo para salvá-lo, e no final de tudo, acabou sendo mal tratada por ele, e agora, fora seqüestrada.
Se ele pudesse... Se ele pudesse está em seu lugar, nesse momento... Se ele pudesse matar esse maldito Black... Se ele pudesse ter uma chance de encontrá-la e dizer-lhe tudo o que estava preso em sua garganta... Se pudesse gritar, implorar por seu perdão...
Com toda certeza do mundo, ele o faria.
O faria por ela... O faria por ele. O faria pelos dois, assim como ela o fez.
Entretanto, ver a impotência em suas mãos estava o deixando louco. E ele sabia.
Precisava fazer alguma coisa.

- Nós vamos achá-la, Michael... – disse Branca, pela milésima vez.
- Nós precisamos achá-la, John!
- Se ao menos esse tal de Black desse um telefonema...
E então, como um passe de mágica ou telepatia, o telefone tocou.
Todos se entreolharam.
- Atenda, Michael, deixe o telefone no viva-voz... – disse o delegado Benson.
Michael engoliu em seco e pegou o telefone, colocando-o no viva-voz.
- Alô...
- Michael? – uma voz grave do outro lado da linha, disse.
- Sim...
- É muito bom falar com você...
- Quem está falando? – perguntou Michael.
- Anthony Black.
Só isso, bastou para que Michael explodisse.
- Aonde está minha mulher, seu desgraçado!? – gritou Michael.
Ele ouviu a risada de Black do outro lado da linha.
- Está muito bem, obrigado...
Michael passou as mãos pelos cabelos, em um ato de desespero.
- Eu dou tudo o que você quiser, todo o dinheiro que você quiser... Mais me devolva Annabella, por favor...
- Eu não quero dinheiro algum, Jackson. Tudo o que eu quero já está comigo, ao meu lado, não preciso de mais nada.
- Se você tocar em um fio de cabelo dela... – rosnou Michael;
- Um fio de cabelo é muito pouco. Eu quero tocar nela toda, Michael. Quero tudo que ela possa me dá.
- Eu mato você! – gritou Michael.
- Oh... Estou morrendo de medo! – riu Black. – Só quero avisar, Michael Jackson, que daqui há alguns meses, você receberá um entrega especial.
- O que?
- Isso mesmo. – Black suspirou – Annabella, infelizmente, espera um filho seu. Só que eu não quero que ela tenha nenhum tipo de contato com você, ou algo que a ligue a você, então, quando essa... Essa criança nascer, ela vai ser entregue a você, tudo bem?
Michael ficou mudo, por alguns minutos.
Um filho dele... Dele e de Annabella.
E ela estava longe dele, sozinha, sofrendo, com seu filho no ventre... Aquilo era demais para ele.
- O gato comeu sua língua, Jackson? – disse Black, rindo. – Bem... isso não me importa, o meu recado já está dado. Tenha uma boa tarde.
E o telefone do outro lado da linha foi desligado.
Michael ainda estava de pé, com a notícia da gravidez de Annabella rodando em sua mente.
- Michael... – chamou Maria. – Michael, querido, fale alguma coisa...
- Um filho... – ele murmurou, as lágrimas voltando a descer. – Annabella está grávida! Eu quero a mulher aqui! – ele gritou, começando a andar de um lado a outro.
- Acalme-se Michael, por favor! – pediu Branca.
- Precisamos achá-la, John, precisamos achá-la o mais rápido possível! – disse Michael, desesperado.
- E nós vamos achá-la, Michael... – disse Branca. – Eu prometo isso há você.


Três meses depois...

Era uma quarta-feira. Exatamente sete horas da noite de uma quarta-feira. Annabella estava sentada na banheira, olhando para a parede do banheiro, enquanto sentia a lamina bem afiada de Black passar por sua canela, tirando pelos inexistentes.
Era sempre assim, toda quarta e sexta-feira Annabella tinha de passar por essa tortura, Black fazia questão de banhá-la, lavar seus cabelos e raspá-la, como se ela não tivesse o suficiente para o fazer.
- E então, no fim, ele sempre terminava por beijar a mocinha... – murmurava ele, contando-lhe uma história de contos de fadas.
Annabella fazia tudo: olhava para a parede, contava as rachaduras, contava os desenhos feitos nos azulejos, olhava para a água... Só não prestava atenção em nenhuma palavra do que Black lhe dizia.
Pelas suas contas, ela estava no quarto mês de gestação. Sua barriga já estava bem redondinha e avantajada. Naquele momento, ela ansiava por um espelho, para que pudesse se vê de pé, vê se estava tão linda quanto se sentia.

Black, por fim, pareceu aceitar sua gravidez, a ignorando por completo. Porém, em sua rotina, nada mudará. A não ser os castigos que levou quando estava com apenas dois meses de gestação.
Se lembrava até hoje.
Black havia saído as oito horas da manhã, sem dizer a que horas voltaria. Annabella continuou com sua rotina de lavar, passar e cozinhar. Entretanto, quando o relógio na parede marcou duas horas e cinquenta minutos, uma vontade enorme de fazer xixi a tomou.
Ela sabia que ainda faltavam dez minutos para que pudesse ir ao banheiro, porém, Black não estava em casa, então, a passos largos foi até o banheiro, mas, quando havia acabado de sentar no vaso sanitário, Black chegou.
O que sucedeu, foi algo que nunca mais sairia de sua memória, e de seu corpo.
Ele o baterá muito, como nunca em toda a sua vida, deixando as costas de Annabella marcadas pelo cinto que ele usará para violentá-la.
Nunca mais Annabella ousou o desobedecer. E agora, seu próprio organismo se acostumará com a idéia de ir ao banheiro somente as sete da manhã, três da tarde de e sete da noite.

- Gostou da história? – perguntou ele.
Annabella o olhou.
- Muito...
Ele lhe sorriu, os olhos brilhando.
- Pode se levantar agora, está devidamente limpa!
Annabella se levantou, sentindo as bochechas queimarem, por Black está olhando-a nua.
Mas naquele momento ele era paternal. Não havia desejo em seus olhos, nem em seus toques, só havia... Alguma coisa que nem Annabella conseguia entender. Nesses momentos, quando ele lhe dava banho, ele simplesmente a tocava como se toca em um filho, ele era cuidadoso, contava-lhe histórias infantis, sorria como um menino.
Por fim, Annabella concluíra que ele era um maluco sem igual.
Ele a ajudou a se secar e se vestir, e então disse:
- O jantar já está pronto?
- Sim.
Então, tudo voltou ao normal.
Black voltara a ser o mesmo homem com um olhar gélido, e Annabella continuara a ser a mesma, com o medo e a atenção sendo redobrada em mil.
 Capítulo 25



Três Meses Depois...

- Essa sua barriga está cada vez maior, Annabella. Essa criança infeliz está deformando o seu corpo! – gritou Black, batendo na mesa.
Annabella estava sentada na cadeira, de frente para mesa, tomando café da manhã.
Estava com oito meses de gravidez, e sim, sua barriga estava enorme e ela se sentia feliz por está gerando um filho.
A cada vez que Black xingava seu bebê, ela controlava o impulso de ir para cima dele e matá-lo.
Ela mudara, e muito.
Continuava com a mesma essência de sempre, mas sabia que havia ganhado coragem para se defender, e estava o guardando dentro de si, bem escondido; para usar somente quando pudesse fugir.
- Está me ouvindo, Annabella? – gritou Black, mais uma vez. – Se você ficar gorda e feia depois que essa coisa nascer, o que eu faço com você, hein?
Annabella sentiu o sangue correr quente por suas veias.
- Isso não vai acontecer, Black.
- Eu acho muito bom que não aconteça mesmo! – ele disse, se levantando. – Venha, hoje você vai lá fora comigo, preciso de sua ajuda.
Os olhos de Annabella brilharam.
- Ir... Lá fora? – ela perguntou, quase sorrindo.
- Sim. – ele disse. – Mais nada de gracinhas, se fizer, sabe o que acontecerá com você.
Annabella engoliu em seco e afirmou com a cabeça.
Se levantou da cadeira e o seguiu.
Quando ele abriu a porta, ela sentiu o cheiro de mato e montanhas, e quando saiu de casa, ela pôde constatar; estava em sua cidade natal, em Oriental, na Carolina do Norte.


- Seis meses, John! Seis meses e até agora não conseguimos nada! – gritou Michael, frustrado.
Branca respirou fundo.
- Está difícil, Michael, não conseguimos achar esse tal de Anthony Black em lugar algum...! – disse Branca.
Sendo interrompido por Maria, que apareceu na porta entreaberta do escritório de Michael.
- Licença, Michael, o delegado Benson chegou e quer falar com você.
Michael afirmou com a cabeça, e logo viu Benson entrar.
- Me diga que tenha boas notícias, delegado... – pediu Michael.
- Ótimas notícias, Michael! – Benson sorriu. – Descobrimos aonde Black está.
Michael sentiu seu coração bater completamente descompassado no peito, enchendo-se de esperança.
- Oh Deus! E aonde eles estão?
- Na cidade natal de Annabella, Oriental, na Carolina do Norte!
Michael sorriu, o primeiro sorriso que ele dava em seis meses.
- Como conseguiram achá-los? – perguntou Branca.
- Puxamos a ficha desse tal de Anthony Black, e vimos que ele não saiu da Carolina do Norte a mais de seis meses. Sabemos que ele está na cidade, fomos atrás de pistas, perguntamos aos moradores e, como a cidade de Oriental não é tão grande, quase todos conheciam o temido agiota da região, e nos informaram que ele estava na cidade. Infelizmente, não conseguimos saber aonde é o cativeiro, mas isso é questão de tempo, já que temos em mãos o lugar aonde se encontrão.
Michael sentiu as lágrimas de emoção enchendo seus olhos, mas logo fez questão de afastá-las, dizendo:
- E o que estamos esperando? Vamos agora mesmo para Carolina do Norte!
Uma hora depois, encontravam-se no jato de Michael, ele, Branca, Benson e mais alguns policiais, voando para Carolina do Norte, em busca de Annabella.

- Saudades de casa, não é, querida? – perguntou Black, vendo que Annabella olhava tudo a sua volta.
Ela sabia que estavam em sua cidade natal, porém, estavam no meio de um matagal, aonde só havia a casa de onde Black a prenderá.
Ficou angustiada.
Black suspirou.
- Eu odeio quando me deixa falando sozinho, Annabella! Lhe fiz uma pergunta, quero me responda.
Annabella o olhou.
- Sim, Black, estava com muitas saudades de casa. – murmurou.
Ele sorriu.
- É muito bom saber disso, querida, pois ficaremos aqui, para sempre! – seu sorriso se ampliou. – Você só tem a mim, Annabella, Michael não está nem aí para você, como já lhe disse antes. Ele está dando graças a Deus que você foi embora, então, no final de tudo, eu sou sua tábua de salvação, se não fosse por mim, você estaria jogada ao relento, agora.
O coração de Annabella doía.
Hora ou outra, Black sempre vinha lhe dando notícias de Michael. Falando que ele estava saindo com outras mulheres, falando que ele estava feliz com o seu desaparecimento, falando que ele não ligava para ela.
Annabella sabia que não podia confiar nele, mas, no fundo, sabia que Michael poderia mesmo está fazendo aquilo.
Se ele já fazia quando ela estava por perto... O que custaria a ele fazer agora, que ela estava longe?
Sempre que podia ela o afastava de sua mente, dizendo a si mesma que era melhor assim; ela era um perigo de vida para ele, se ela estava longe, ele estava a salvo, então, não o julgava se ele estivesse curtindo a vida.
Ele era jovem, rico, bonito... Nunca lhe faltaria nada, então, ela ficava feliz por ele, feliz por saber que ele estava feliz.
- Venha, Annabella, vou precisar de sua ajuda! – disse Black, tirando-a de seu devaneio
- O que vamos fazer?
- Pegar tabacos de madeira... Daqui a alguns dias vai fazer frio, precisamos ter um estoque de madeira para ascender a lareira.
Não era um trabalho digno de uma mulher grávida de oito meses, mas Annabella nem ousou questionar; ela estava do lado de fora daquela casa horrível, e isso já lhe era o bastante.
Black a levou até o começo da floresta. Ele tinha uma motosserra em mãos, então, começou a cortar algumas arvores de troncos finos, enquanto Annabella o observava.
Meia hora depois, ele já tinha cortado três arvores.
- Pronto, agora, eu vou começar a cortar em partes, e você leva os tabacos para dentro de casa, entendido? – perguntou.
- Sim.
Ele ligou novamente a motosserra, e então, começou a cortar os troncos em pedaços grandes, formando tabacos de madeira.
A cada tabaco cortado, ele ia os colocando atrás de si.
Então, uma idéia atingiu a mente de Annabella.
Sem pensar nas conseqüências, ela pegou um dos tabacos atrás de Black e, usando toda sua força, ela o bateu contra a cabeça dele.
Segundos depois, ela viu o corpo de Black tombar para o lado esquerdo, completamente inerte.
- Deus... – ela murmurou, deixando o tabaco de madeira cair no chão. – Eu o matei...
Então ela viu a barriga dele subir e descer, devagar. Ele ainda estava respirando, ela constatou. Ele só desmaiara por causa da pancada na cabeça.
Seu coração se aliviou um pouco, mas logo depois voltou a bater descompassado.
Ela precisava fugir dali, antes que ele acordasse. Porque, se ele acordasse e a pegasse... Ela nem queria pensar no que poderia acontecer.
Sem prestar atenção por onde iria, começou a correr e correr e correr.
A floresta ficando mais densa conforme ela se afastava do cativeiro. A cada minuto ela olhava para trás, vendo se Black não estava atrás dela.
Não sabia que horas eram, nem quando iria anoitecer.
Só sentia algo estranho em seu baixo ventre. Quanto mais corria, mais pesada ela se sentia, mais seu bebê se agitava e mais sensação estranha em seu baixo ventre a invadia.
Até que sentiu.
- Deus! – gritou.
Parando automaticamente de correr, sentindo uma pontada intensa em seu baixo ventre, fazendo-a se contorcer de dor.
Outra pontada mais forte do que a anterior, então, um liquido começou a escorrer de sua intimidade.
Ela sabia. Estava entrando em trabalho de parto.
Mas sabia também que não podia ficar ali, se Black a pegasse, ele a mataria e mataria seu bebê também.
Andando o mais rápido que conseguiu, ela adentrou mais na floresta.
Porém, minutos depois, suas pernas se recusaram a obedecer o comando que seu cérebro mandava, e então ela caiu sentada, sentindo a dor ficar cada vez pior.
- Acho que estamos perto...
Annabella escutou a voz de uma mulher.
- Não sei... Esse mapa é estranho...
E agora a voz de um homem.
Sem pensar duas vezes ela gritou.
- Socorro... Socorro, pelo amor de Deus, alguém me ajuda... – gritou ela, com toda a força que ainda lhe restava.
Pondo as mãos em seu ventre e fechando os olhos, ela ouviu passos e mais passos, até que alguém se agachou ao seu lado.
- Oh meu Deus! – disse a mulher. – Querida, você está bem?
Annabella abriu os olhos, sentindo as lágrimas caírem.
- Me ajude... Me tire daqui, por favor! Salvem meu neném, ele está nascendo! – pediu ela.
- Deus! – exclamou a mulher. – Alex, pegue ela no colo, vamos levá-la para um hospital!
- Claro... – disse o homem, chegando mais perto.
Annabella instintivamente se encolheu.
- Calma, não vou te machucar... – disse Alex, pegando-a no colo.
- Qual é seu nome, querida?
- Annabella... – disse Anna, passando os braços em volta do pescoço de Alex.
- Annabella de que? – a mulher voltou a perguntar.
- Annabella... – Anna suspirou. – Annabella Jackson.
Annabella viu Alex e a mulher se entreolharem, logo depois, a mulher disse:
- Annabella Jackson? A esposa perdida de Michael Jackson?
- Sim... – Anna respondeu em um gemido de dor. – Por favor, me tirem daqui...
Ela estava morrendo de medo.
Alex começou a andar mais rápido, sendo acompanhado pela mulher ao seu lado e, minutos depois, já tinha saído da floresta.
Annabella pôde avistar um carro grande, todo vermelho, logo chegaram perto dele, e a mulher abriu a porta para que Alex colocasse Annabella dentro do carro.
Alex se sentou na direção, enquanto a mulher sentou-se ao lado de Annabella, no banco de trás.
- Vai ficar tudo bem, ok? Logo estaremos no hospital... – disse ela. – Meu nome é Amanda.
Annabella fez um gesto com a cabeça, para mostrar que estava ouvindo. O carro começou a se movimentar.
- Quando chegarmos ao hospital, você quer que liguemos para alguém? – Amanda perguntou.
- Sim... – Anna ofegou. – Quero que ligue para Maria...
- Tudo bem, chegando lá você me dá o número.
Para Annabella, parecia que tinha se passado horas até que, finalmente chegaram no hospital.
- Ajudem, ajudem, por favor, essa mulher está em trabalho de parto! – gritou Alex, com Annabella em seus braços.
Logo uma equipe de enfermeiros chegou perto deles, e colocaram Annabella na maca. Depois de dá o número da casa de Michael para Amanda, Annabella sumiu pelas portas da emergência.

- Eu poderia usar o telefone? – perguntou Amanda, depois de fazer a ficha de Annabella e ver a cara de espanto da secretária, ao se dar conta de que era a mulher de Michael Jackson que estava no hospital.
- Oh... Claro! – murmurou.
Amanda pegou o telefone e discou o numero que Annabella lhe deu, depois de dois toques, a pessoa do outra da linha atendeu.
- Residência de Michael Jackson.
- Poderia falar com Maria?
- É ela mesma, quem está falando?
- Aqui é Amanda Stiller, estou ligando porque... Eu e meu marido encontramos Annabella Jackson.

Michael, delegado Benson e Branca estavam desembarcando, quando o celular recém-adquirido de Michael começou a tocar.
- Sim? – atendeu Michael.
- Menino... – a voz chorosa de Maria soou do outro lado da linha.
- Maria, o que houve? – perguntou Michael, preocupado.
- Acabaram de ligar aqui para Neverland, um casal encontrou Anna, querido! – ela disse.
Michael sentiu o coração falhar duas batidas.
- Como? – perguntou.
- Isso mesmo, Michael. Eles disseram que a encontraram em uma mata, aí mesmo na cidade de Oriental, ela estava entrando em trabalho de parto, e eles a levaram para um hospital...
Michael sorriu, feliz e ao mesmo tempo desesperado.
Seu filho iria nascer, e ele moveria céus e terra para está ao lado de Annabella nesse momento.


Capítulo 26



Desesperado.
Era assim que Michael se sentia naquele momento.
Ele via a cidade de Oriental passar com rapidez por seus olhos, enquanto ele se concentrava para não explodir.
Ele precisava chegar logo naquele hospital, precisava vê-la, ficar ao lado dela, dizer que todo o inferno pelo qual os dois passaram havia acabado.
Mais parecia que não chegavam nunca ao bendito hospital, e aquilo estava o deixando louco.
- Acalme-se, Michael, já estamos chegando cara... – pediu Branca.
- Como me acalmar, John? Meu filho vai nascer, e eu estou aqui cara, de mãos atadas.
- Chegamos senhor. – disse o motorista com a voz grave.
Michael nem pensou duas vezes, pulou do carro, sendo seguido por John, que praticamente corria atrás dele.
O hospital era pequeno, mas, Michael estava dando graças a Deus por ele existir.
Entraram, e foram direto pra recepção.
- Estou procurando por Annabella Jackson, é aqui que ela está, não é? – falou Michael.
Se esquecendo, por um instante, que era Michael Jackson e causava certo impacto por onde chegava.
- Hã... – a recepcionista estava perdida. – Ah, sim, ela deu entrada na emergência a meia hora, senhor... – disse ela.
- Eu preciso ficar ao lado dela, entende isso? – perguntou Michael.
Branca interferiu.
- Ele quer ficar ao lado da esposa nesse momento.
- Creio que isso não será possível, senhores. – disse ela.
Michael franziu o cenho.
- Como assim, não será possível?
A recepcionista engoliu em seco.
- A informação que chegou em minhas mãos agora, é que o parto de sua esposa é de risco, senhor Jackson. Ela está no oitavo mês de gestação, e isso quer dizer que o bebê é prematuro. – ela disse. – Há possibilidade de o bebê não resistir, por conta de sua esposa não ter feito o pré-natal.
Michael sentiu o mundo ao seu redor desabar.
A informação que aquela mulher lhe forneceu fez com que tudo dentro dele se ruísse ainda mais.
Fez com que a culpa aumentasse.
Fez com que suas esperanças se ruíssem a nada, novamente.
- Eu os acompanho até a sala de espera, aonde estão o casal que trouxe sua esposa.
Seguiram a recepcionista até a sala de espera aonde estavam um homem e uma mulher sentados lado a lado.
Eles se levantaram assim que o viu.
- Vocês que encontraram Annabella? – perguntou Michael, com um fiapo de voz.
- Sim... – murmurou Amanda.
Michael foi até os dois e os abraçou, agradecendo pelo o que eles fizeram.
Depois, ele simplesmente se sentou em uma das cadeiras, e deixou que as lágrimas de angustia escapassem por seus olhos.


Annabella estava deitada em uma maca, dentro de um quarto, cheia de pontos ligados ao seu peito, escutando o barulho dos médicos e de seu coração.
Ela fora anestesiada, e o obstetra lhe disse que eles fariam uma cesariana de emergência.
Ela estava nervosa.
- A pressão dela está quase igualando... – escutou alguém dizer.
- Precisamos ser mais rápido, ou ela terá uma eclampse.
Ela via tudo o que estava acontecendo, e se desesperava a cada vez que eles falavam.
Annabella não sabia quanto tempo havia se passado, mais, logo depois, escutou um chorinho fino de criança.
As lágrimas saíram silenciosas de seus olhos, quando a enfermeira trouxe seu bebê para ela ver.
- É um lindo menino, Annabella. – ela escutou a voz do médico falando.
Era um menino, um menino lindo, tinha seus cabelos loiro, e os olhos de Michael.
Annabella o pegou no colo, e sorriu, vendo seu filho chorar e chorar, mais se acalmar quando ela disse:
- Meu amor... Mamãe está aqui. – ela beijou sua cabecinha. – Eu te amo, muito.
A enfermeira o pegou, falando que iria limpá-lo e então, tudo ficou muito distante.
A voz dos enfermeiros que gritavam algo, enquanto ela via tudo escurecendo, e tremia em cima da maca.
- Ela está tendo uma hemorragia... – falou o médico em desespero.
Foi a última coisa que ela escutou, antes de desmaiar completamente.


Três horas havia se passado, e então, o médico que atendeu Annabella apareceu na sala de visita.
- Boa tarde... – disse ele.
- Como está minha esposa e meu filho? – perguntou Michael
O médico quase não conseguiu esconder a surpresa quando viu que era Michael Jackson que estava a sua frente.
Limpou a garganta e prosseguiu.
- Seu filho está ótimo, senhor Jackson. Ele nasceu com 37 cm, e 2,7 kg. Comprimento e peso ideal para uma criança que nasce de oito meses.
Michael sorriu, feliz por escutar aquilo.
- Ele só precisara ficar por alguns dias na incubadora, até pegar o peso ideal.
- E Annabella... Como ela está?
- Annabella teve um eclampse, após o parto. A pressão dela quase se igualou e ela sofreu uma hemorragia, mais conseguimos controlar. – o médico respirou fundo. - Fizemos um exame mais detalhado em sua esposa, senhor Jackson. Uma tomografia computadorizada, e descobrimos que Annabella tem um tumor no cérebro, um aneurisma, para ser mais exato. Infelizmente o hospital é pequeno, e não oferece suporte necessário para que seja realizado uma cirurgia para tirada do tumor. Estamos mantendo Annabella em coma induzido, e pedimos sua autorização para transferi-la para outro hospital.
As lágrimas inundaram os olhos de Michael novamente.
Annabella tinha um aneurisma cerebral ele nem se dera conta. Um medo terrível de perdê-la para sempre se apossou dele.
- Annabella corre risco de vida? – perguntou.
- Nesse exato momento Annabella tem 40% de chance de sobreviver. – disse o médico, mantendo seu tom de voz impassível.
- Eu quero vê-la. – disse Michael.
O médico assentiu.
- Me acompanhe, por favor.
Segundos depois, entraram em um quarto e Michael a viu.
Annabella estava visivelmente mais magra, em seus braços haviam hematomas roxos.
Ela estava de olhos fechados, parecia um anjo. Havia uma sonda enfiada em seu nariz.
Michael chegou mais perto dela e deixou seus dedos correrem livres pelos cabelos loiros, indo para o seu rosto e passando por seus lábios.
Ele chorava naquele momento, sentindo seu coração dilacerado bater mais forte, a culpa o corroendo.
Ele sabia que, se ele não a tivesse deixado sozinha naquela noite, nada disso estaria acontecendo.
Sabia que, se ele não fosse tão cego e se tivesse acreditado no que ela sempre lhe dizia, a essa hora, eles estariam em Neverland, ela estaria grávida e seriam o casal mais feliz do mundo.
Se ele pudesse voltar atrás...
- Eu te amo tanto... – murmurou, com a voz embargada. – Me perdoa, meu amor, me perdoa por eu ter deixado tudo isso acontecer com você e com nosso filho... – pediu. – Eu prometo que vou mover céu e terra para curar você desta doença, e você vai voltar para casa, comigo, e vamos criar nosso bebê juntos. Eu prometo. – ele a beijou de leve nos lábios. – Eu te amo.

Já era noite feita quando Black despertou.
Sua cabeça latejava, e ele tentava acostumar sua visão, tentando ver pela noite escura e se lembrar do que tinha acontecido.
Usando as mãos para se levantar, ele encostou em algo, e viu que era um tabaco de madeira.
E então, se lembrou de tudo.
Da conversa que tivera com Annabella pela manhã, do brilho nos olhos dela, quando saiu de casa.
Lembrou-se de quando ele começou a cortar os tabacos e da pancada na cabeça.
A raiva o invadiu, fazendo-o se levantar em um pulo.
- Annabella! – gritou. – Annabella, venha aqui agora mesmo!
Ele gritava e gritava, e só recebia o silêncio como resposta.
- Não... – murmurou, pondo as mãos na cabeça. – Não é possível...
Parecia não ser verdade, mais sim, Annabella havia fugido.
E essa constatação fez com que o sangue em suas veias fervessem de ódio.
- Ah... Annabella, quando eu te achar... Prepare-se, pois você nunca mais vai ver a luz do sol.


Capítulo 27



Três dias depois...

Michael estava em Neverland, com seu filho nos braços.
Ele era lindo.
Tinha seus olhos, a pele clarinha e os cabelos ralinhos ao alto de sua cabeça eram loiros, como o de Annabella.
Permitiu-se sorrir.
Agradecia a Deus todos os dias por ter lhe dado esse presente, e por tê-lo guardado e protegido. Seu filho era a prova viva de que ele não deveria perder as esperanças; Annabella seria forte e voltaria para seus braços.
Há dois dias atrás havia voltado para Los Angeles trazendo consigo seu filho e Annabella. Ela estava internada, e daqui algumas horas seria operada pelo maior cirurgião neurologista que existia até então, doutor Sawyer.
Michael seguiria para o hospital daqui a meia hora, e, por enquanto, aproveitava o momento para ficar com seu filho nos braços.
- Logo a mamãe estará aqui... – disse Michael. – Ela é uma mulher linda e forte. Ela te ama muito, logo estará aqui, perto da gente, eu prometo.


Cinco horas depois.

Michael já estava impaciente na sala de espera do hospital.
Já haviam se passado três horas e ninguém vinha lhe dar uma notícia sequer. O medo percorria cada veia de seu corpo.
Minutos mais tarde, doutor Sawyer apareceu.
- E então, como ela está? – perguntou Michael.
Sawyer lhe deu um sorriso compreensível.
- A cirurgia foi um sucesso. – disse ele. – Tudo correu como o planejando, o tumor foi retirado, e temos 70% de chance de não deixar nenhuma seqüela. O que havia me deixado mais intrigado, é que pelo o histórico de Annabella, ela já tinha o aneurisma a algum tempo, e ele não se estendeu tanto. Ela já tratava da doença? – perguntou.
Michael engoliu em seco. Aquilo queria dizer que Annabella sabia do aneurisma, ou ele estava enganado?
- Eu... Eu não sei dizer... Ela nunca havia me falado nada sobre ter um aneurisma...  – disse Michael. – Eu posso vê-la?
- Claro... – disse o médico, levando Michael até o quarto onde estava Annabella. - Temos 90% de chance de que ela não tenha nenhuma seqüela, Sr. Jackson.
Ela está sedada, agora, em doze horas ela deve acordar. – o avisou.
Michael assentiu e entrou no quarto.
Annabella estava dormindo. Dessa vez ela estava sem a sonda em seu nariz, mais tinha um objeto em seu dedo que se ligava a uma maquina, aonde era monitorado seus batimentos cardíacos. Sua cabeça estava enfaixada, e ela estava pálida.
Michael agradecia a Deus por tudo ter acabado bem, em relação a Annabella. Seu maior desafio agora era capturar Black, mas, para isso, Anna tinha de voltar, para contar há ele e aos policias quem era o infeliz que fizera tudo aquilo com ela.
- Ah, meu amor... – murmurou Michael, segurando a mão dela e beijando – Logo, logo você voltará pra gente... Nosso bebê está sentindo sua falta, e eu também, sinto muito sua falta, Anna. Eu sinto muito, por tudo, Eu te amo. Volte logo... – beijou sua testa.
Ela logo voltaria, e isso trouxera de volta um pouco da paz que seu coração buscava.

Annabella se sentia... Estranha. Sim, estranha.
Tudo que ela sentia era uma coisa confortável em suas costas e a mão de alguém segurando a sua. O resto era escuridão. Tentou mexer seus braços, seus dedos, mais era como se estivesse impotente. Seu corpo não obedecia a ordem que seu cérebro o enviava, e aquilo era angustiante. Por um momento, pensou que tinha morrido, até que ouviu a voz de alguém...
-Graças a Deus que ela logo voltará, Michael! E Deus queira que sem nenhuma seqüela... – disse alguém.
- Deus há de querer, Maria...
Maria e... Michael?
Deus, Michael estava ali, ao lado dela?
Para ela aquilo era inacreditável. O que Michael estaria fazendo ali? Ele não a odiava?
E seu filho... O que acontecerá com ele? Sua vontade era de sair correndo, e pegar seu bebezinho no colo.
- O menino está uma graça, não é, Michael? Ele se parece tanto com vocês dois... – Maria disse. – Quando vai escolher o nome dele?
- Quando Anna acordar, quero fazer tudo com ela... Ele sente a falta dela, não é? – perguntou.
- Muito. Todo bebê sente a falta da mãe... Mais você é um ótimo pai, Michael, alias, eu sempre soube que você seria um ótimo pai!

Anna queria falar, queria se mexer, mais tudo o que conseguia fazer era ouvir aquela conversa, aonde ela pôde perceber que seu bebe estava bem e que estava com Michael.
E logo depois disso, a escuridão a tomou... novamente.

- Nosso bebe é tão lindo, meu amor... – Michael disse. – Ele tem a cor de seus cabelos, e tem meus olhos... Ele é tão pequeninho, é um menino, sabia? – ele sorriu – Eu estou pensando em pôr o nome dele de Prince, mas, você tem que escolher junto comigo, e dar palpites também. Muito obrigado por ter me dado um presente tão maravilhoso. Eu te amo, muito.
Ela podia o ouvir novamente, e dessa vez, a voz dele chegava mais nítida em seus ouvidos.
Annabella resolveu arriscar.
Abriu os olhos devagar, e demorou um pouco pra perceber que aquilo estava mesmo acontecendo. Ela estava acordando.
Abriu e fechou os olhos algumas vezes, tentando se acostumar a luz do quarto do... Hospital? Ela achava que aquilo era um hospital, pelo menos, era o que parecia ser.
- ... Se você me perdoar, um dia, creio que seremos muito felizes. – disse Michael, com uma voz triste.
Annabella, olhou para ele. Michael estava segurando e olhando para sua mão, enquanto falava. Ele parecia mais magro, e muito abatido. Sua voz era baixa e triste, e Anna percebeu que ele estava chorando.
Seu coração se apertou.
Devagar, ela apertou a mão dele. Ele se sobressaltou, e ficou em choque, quando a olhou.
Anna sorriu. Um sorriso feliz porque, Michael estava ali com ela, ele lhe pedia perdão, e todo o rancor e ódio, que ela vira em seus olhos na última vez que o viu tinha desaparecido. Ele voltará a ser aquele Michael, aquele Michael amoroso, que tinha um sorriso fácil e despojado em seus lábios. Ele voltará a ser o seu Michael, o Michael por quem ela se apaixonou.
- Anna... – sussurrou ele. – Você voltou! – ele chorava de felicidade, então abriu um sorriso. – Você voltou! Oh meu Deus!
Anna sorriu ainda mais, ele estava tão feliz! Era assim que ela se lembrava dele.
Era assim que ela o queria ver.
- Eu estou aqui, Michael... Acho que nunca fui embora... – ela disse.
Michael se levantou, parecia que não sabia o que tinha de fazer.
- Eu tenho de chamar a enfermeira... – ele apertou a campainha ao lado da cama dela. – Eu estou tão feliz...
- Eu também... – disse ela. – Cadê meu filho?
- Está em casa, vou pedir para que Maria o traga... Ele é lindo, meu amor. – disse ele.
Meu amor... – com ela sonhará escutar isso um dia, vindo de Michael.
Annabella ia responder mais a enfermeira entrou no quarto.
Anna falou com ela, respondeu as perguntas de praxes. Disse que estava bem, e que só sentia sede, no momento.
A enfermeira checou seus sinais vitais, e saiu do quarto, dizendo que ia chamar o médico.
- Olá, Annabella! – disse o Dr. Richard, entrando no quarto. – Como se sente?
- Bem... – disse ela, tímida.
- Você passou por um trauma bem grande, mocinha... – disse ele. – Mais, graças a Deus, tudo acabou bem.
- Graças a Deus... – disse Michael.
Richard sorriu.
Ele começou a contar a Annabella tudo o que ocorreu em seu caso clinico, falou de seu parto, dos hematomas em seu corpo, e por fim, chegou ao aneurisma.
Annabella ficou tensa.
- Annabella, você sabia que tinha um aneurisma? – perguntou ele.
E agora... Contar ou não a verdade?


Capítulo 28



Annabella mordeu os lábios.
Falar sobre aquilo sempre fora um obstáculo em sua vida. Na verdade, Annabella nunca teve de contar aquilo há ninguém; pois ninguém se importava com ela ao ponto de ter que saber que ela tinha uma doença que poderia levá-la a morte.
Ela se lembrava até hoje de como descobriu que tinha o aneurisma; seu pai chegou em casa bêbado e bravo, e acabou por descontar nela, mais uma vez, a perda de uma aposta em um jogo qualquer.
Ele bateu nela e a jogou longe, fazendo com que ela batesse fortemente a cabeça no chão.
Annabella ficou desacordada por horas, e quando acordou, ela só sentia uma dor muito forte em sua cabeça. Meses depois, quando conseguiu finalmente convencer seu pai de levá-la até um hospital, a doença fora descoberta.
O médico disse que ela teria de fazer uma cirurgia para a retirada do tumor; mais ela não tinha condições para pagar uma cirurgia tão cara.
E então, ela foi levando e levando e se conformando de que, se um caso viesse morrer, era por causa daquela doença.
A única coisa que ela conseguia pagar eram os remédios do tratamento, e talvez, seja por isso que eu tumor não cresceu tanto como o esperado.
- Anna... – Michael a chamou, tirando-a de suas lembranças.
- Eu sabia... – murmurou ela, baixinho.
- Você tratava a doença, certo? – perguntou o médico.
Annabella apenas assentiu.
- Essa foi a sua sorte, Annabella, se você não tivesse se tratado, o tumor teria crescido ainda mais.
O médico continuou falando, explicando como ela teria de se tratar agora, ele avaliaria de perto se o tumor ainda poderia voltar. Ela receberia alta daqui a uma semana.
- Por que você não me contou? – perguntou Michael, assim que o médico deixou o quarto.
Ele se sentou na cama, de frente para ela.
Annabella olhou para suas mãos entrelaçadas em seu colo e deu de ombros.
- Não pensei que fosse importante...
- Como assim não pensou que fosse importante? Você poderia ter morrido, Anna.
- E quem se importaria com isso, Michael? – perguntou ela, olhando para ele agora.
Michael engoliu em seco.
- Eu me importaria... E muito.
- Talvez, se eu não tivesse me casado com você e se você não passasse a me odiar...
- Por que você não me contou a verdade?
Ela franziu o cenho.
- Que verdade?
- Sobre tudo. Sobre Black, sobre o motivo do nosso casamento... Por que não me contou?
- Porque eu não podia, Michael. – ela diz, voltando a olhar para sua mão.
- Nada de mal ia acontecer a mim, Anna, nem a você. – ele disse, olhando-a com atenção.
- Eu não podia arriscar, Michael. Black é... É a pior espécie de homem que eu já vi na vida. Não podia deixar que ele matasse você.
- E você podia se arriscar desse jeito? – ele indaga, incrédulo.
- Antes eu do que você, Michael! – ela olha pra ele.
- Eu não entendo, Anna... Por que você fez tudo isso por mim?
Annabella respira fundo e tenta controlar as lágrimas.
- Porque você, Michael, foi a pessoa mais especial que eu já conheci em toda minha vida. – ela o olha nos olhos. – Eu nunca tive ninguém por mim, Michael, sempre fui sozinha e você chegou na minha vida e ficou, você não foi embora como todos os outros. Eu não podia perder você, também.
Michael sentiu sua garganta se apertar.
- Eu sei que você não merecia passar por tudo o que passou, nem merecia pensar que eu era uma vadia que só queria o seu dinheiro, minha intenção nunca foi te magoar, eu juro. Só que eu não tinha outra opção. – ela suspira e deixa as lágrimas caírem. – Eu amo você, Michael. Sabe, eu não posso dizer que vê você me tratando daquele jeito, não me magoou. Magoou muito sim, mas no final das contas eu sei que a culpa disso tudo é minha. Eu que entrei na sua vida e te trouxe um monte de problemas, me perdoe por isso, por favor.
Michael chega mais para frente e se senta mais perto dela.
- Não... Não, meu amor, por favor, não fale assim... – ele limpa as lágrimas dela com a ponta dos dedos – Você não tem culpa de nada, Anna. A culpa é toda minha. Eu que fui idiota o bastante pra acreditar que você seria capaz de fazer qualquer mal há mim. Eu devia ter desconfiado... Se você soubesse o quanto eu me arrependo. O quanto eu me arrependo por tê-la tratado daquele jeito, por deixar que tudo isso acontecesse com você... Você é quem não merecia nada daquilo. – ele segura suas mãos e olha em seus olhos. – Me perdoa, Anna, me perdoa por ter sido tão fraco, tão idiota e tão burro... Por favor, me perdoa?
- Eu não tenho porque te perdoar, Michael...
- Claro que tem. Eu fiz tanta besteira. Eu te humilhei, julguei, xinguei... Você sofreu tanto, amor e por minha causa.
- Não foi por sua causa, Michael, por causa de Black, é tudo culpa dele. – ela passa a mão por seu rosto. – Mais é claro que eu perdôo você, eu nunca te culpei por nada.
Michael a abraça, deixando suas lágrimas cair.
- Muito obrigado, meu amor... Muito obrigado por tudo o que fez por mim, por ter sido tão forte, por ter me dado um filho, e principalmente: muito obrigado por me amar. – ele pega seu rosto entre as mãos. – Eu te amo muito.
- Eu também te amo, Michael... – ela murmura, sorrindo entre lábios e se deixa ser beijada por Michael.
Era um beijo de amor, paixão, perdão. Saudades também, é claro. Era como se o mundo tivesse parado e só existisse aquele momento partilhado por eles.
Espalha beijinhos por todo o seu rosto e quando ia falar algo, batem na porta.
- Pode entrar... – diz Michael, olhando para Anna.
Segundos depois, a porta do quarto é aberta, e o Delegado Benson entra.
- Olá, Annabella. Muito prazer, eu sou o delegado Benson, e preciso lhe fazer umas perguntas. – diz ele indo direto ao ponto.
Annabella suspira. Tinha chegado a hora de desmascarar Antony Black.

Capítulo 29



Annabella aperta a mão que o delegado lhe estendeu e cumprimenta o outro policial que entrara logo depois dele.
Ela suspira e o delegado começa a falar.
- Annabella, você poderia me contar como Antony Black entrou em sua vida e por quê?
Annabella engoliu e seco e começou a contar, desde quando Black entrou em sua vida e o motivo.
O delegado franziu o cenho.
- Então quer dizer que Antony Black entrou em sua vida porque seu pai era viciado em jogos e ele era um agiota? – pergunta o delegado.
- Sim... Black ainda é um agiota, um dos piores que existe em Oriental. – diz Annabella.
O delegado olha para o policial que estava sentado com um bloco de papel na mão, anotando tudo o que eles falavam.
- Eu sei quem é esse Antony Black, a polícia da Carolina do Norte está atrás dele já tem um tempo e eles mandaram pra nós o retrato falado... Se trouxermos a foto, você seria capaz de reconhecê-lo?
- Com certeza...
- Ok. – diz o delegado. – Por que ele tem essa obsessão por você?
- Quando meu pai morreu, ele me disse que, se eu não conseguisse o dinheiro para pagar a divida, eu seria a forma de pagamento... – Annabella olha para suas mãos em seu colo, envergonhada. – Ele disse que eu seria a mulher dele. Só que o orfanato de Oriental me deu abrigo, por eu não ter nenhum parente vivo, ou amigos que pudessem ficar comigo, e só saí de lá quando completei dezoito anos; logo depois eu me mudei para Los Angeles, e ele só me encontrou há quase um ano atrás. – ela fez uma pausa e resolveu contar logo tudo de uma vez. – Eu já era amiga de Michael, na época e ele descobriu isso. Ele me disse que se eu não me afastasse de Michael, ele o mataria.
- E por que você se casou com Michael, então?
- No mesmo dia em que Black me disse isso, o advogado de Michael, John Branca, foi até a minha casa e me fez uma proposta; ele disse que, se eu me casasse com Michael, eu receberia três milhões de dólares. Na época eu pensei que aquela era solução de todos os meus problemas, eu me casaria com Michael e usaria o dinheiro para pagar a divida... O que eu não sabia era que Black queria a mim e não queria mais dinheiro.
- Entendo... Como Black chegou em você, depois de você ter se casado com Michael?
Annabella olhou para Michael e viu que ele prestava atenção em cada palavra que saia de sua boca.
- Ele fingiu ser amigo de Michael... No dia de nosso casamento ele estava lá.
- Estava? – pergunta Michael, franzindo o cenho.
Annabella assenti com a cabeça.
- Ele fingiu se passar por outra pessoa; ele se apresentou como Mark, um empresário bem sucedido.
Michael não conseguia acreditar.
- Mark? Mark, um empresário respeitadíssimo é o Black? – ele ri. – Anna, acho que você está se confundindo...
- Não estou, Michael. Ele mentiu pra você, Mark, o empresário, nunca existiu de verdade. Era só Black, fingindo ser outra pessoa.
O sorriso de Michael se desmancha.
- Não é possível...
- É sim... – Annabella murmura. – Depois daquele dia eu só o via em algumas das festa em que eu ia com Michael, e ele sempre me ameaçava ou ameaçava Michael.
- Você se lembra de quando ele a raptou? – pergunta do delegado.
- Lembro... – ela abaixa o tom de voz, aquele assunto era doloroso. – Foi na última festa em que fui com Michael. Eu estava sentada, sozinha, em uma mesa afastada dos demais convidados e ele, do nada, apareceu do meu lado. Ele disse alguma coisa, que eu não me lembro agora, e aplicou uma injeção na minha perna... Quando eu acordei, eu estava em uma casa toda fechada.
- Foi nessa casa que você ficou durante todo esse tempo?
- Foi...
- E o que ele fazia com você?
Annabella começa a puxar um fio imaginário no lençol azul que cobria suas pernas; fazer aquilo enquanto falava havia se tornado um hábito, era isso que ela fazia quando Black falava com ela.
- Me fazia de escrava... – ela diz. – Ele impôs regras sobre mim.
- Que regras?
- Acordar as sete horas da manhã, arrumar casa, e logo depois lavar a roupa e o almoço tinha que está pronto uma hora em ponto. Aí depois eu tinha que lavar as louças sujas, arrumar novamente a cozinha, lavar o banheiro e seis hora eu começava a fazer o jantar e as sete em ponto ele tinha que está pronto. – ela suspira. – E ele também só me deixava ir ao banheiro três vezes por dia.
- O que? – perguntou Michael, controlando sua raiva.
- Só as sete da manhã, três da tarde e sete da noite, e se eu fosse ao banheiro antes da hora, ele me castigava.
- Te castigava como? – Michael perguntou antes do delegado.
- Dependia de como estava o humor dele, no dia. Se estivesse bom, ele só me deixava sem jantar ou almoçar, se o humor estivesse ruim, ele me batia... – ela falava, continuando a puxar o fio imaginário no lençol.
- Eu vou matar esse desgraçado... – ele urra.
- Michael, por favor... – pede o delegado, olhando pra ele.
- Por favor? Olha tudo o que ele fez há ela, Benson? – Michael fala.
- Foi horrível, Michael, nós sabemos disso, mas, se você matá-lo, a única coisa que receberá em troca é ser preso por assassinato. E ninguém quer isso. – diz Benson, sério. Ele se volta para Annabella. – E tem mais alguma coisa que ele fazia com você?
Annabella suspirou.
- Ele só me deixava tomar um banho por dia e toda a quarta e sexta-feira ele me dava banho.
- Ele te dava banho? – pergunta Michael.
Annabella confirmou com a cabeça.
- Ele não me deixava mexer com nada que eu pudesse me machucar, ou machucá-lo, então, nesses dias da semana ele me dava banho, lavava meus cabelos e me raspava...
Michael respira fundo, para se conter.
- Ele não tentou abusar de você, não é? – pergunta o delegado.
- Não... Antes que ele pudesse fazer alguma coisa, eu descobri que estava grávida, e ele disse que só ia tocar em mim quando meu bebe nascesse. – ela disse, sentindo a garganta se apertar.
- Como você conseguiu fugir? Você tem alguma noção de onde era o cativeiro?
- Eu consegui fugir no único dia que ele me deixou sair da casa. – ela disse. – Ele queria pegar tabacos de madeira e pediu minha ajuda, ele estava cortando a árvore e eu estava segurando os tabacos, então, eu peguei um e golpeei a cabeça dele. Ele caiu desmaiado, e eu saí correndo... – ela para um pouco e continuar – O cativeiro fica em uma montanha, em Oriental... Só não sei em que lugar específico.
O delgado suspira, se levantando.
- Annabella, muito obrigado por suas respostas. – ele estende a mão e Annabella o encara, logo depois o cumprimentando. – Logo entraremos em contato com você, para você reconhecer o retrato-falado, tudo bem?
Annabella confirma com a cabeça.
Michael e Benson se despede, e logo depois o delegado saí do quarto.
Annabella volta a mexer no lençol, e Michael fica mais calmo.
- Você quer ir ao banheiro? – pergunta ele.
Annabella nega com a cabeça.
- Ainda não está na hora... – ela murmura.
Ele chega perto dela e levanta seu rosto com a ponta dos dedos.
- Hei, você não está mais presa com aquele monstro... Você está livre, agora, e pode fazer o que você quiser, na hora em que quiser. – ele diz.
- Eu não consigo. – ela diz, sentindo seus olhos se encherem de lágrimas. – Eu não consigo mais, meu organismo já se acostumou com os horários... Nunca mais vou ter uma vida normal, Michael.
Michael sente a tristeza dela e a abraça, deixando-a chorar em seu ombro.
- Se você soubesse o ódio que estou sentindo desse cara, por ele ter feito tudo isso com você... – diz Michael. – Eu quero matá-lo, Anna!
- Você não vai fazer isso, você não é igual a ele! – ela diz.
A porta do quarto se abre e a risada de Black preenche o quarto.
- Mais é claro que ele não é igual a mim. – diz Black.
Michael se vira e olha para o homem que, até meia hora atrás, ele pensava ser seu amigo.
Black ignora Michael e olhando para Annabella, ele sorri e diz:
- Que saudades de você, minha menina travessa.

Capítulo 30



Annabella franziu o cenho; pensando, por um momento, que aquilo era um pesadelo.
Mais não era.
- Ah, Anna... – Black suspirou. – Fico tão feliz que esteja bem! Você saiu de nossa casa e não voltou mais, estava muito preocupado.
Ele entrou no quarto, fechando a porta atrás de si.
- Black... O que faz aqui? – pergunta Anna, temerosa.
- Como conseguiu entrar aqui? – pergunta Michael.
Black ri.
- Bem, aqui é um hospital... Com certeza eu conseguiria entrar. – ele olha pra Michael, depois volta o olhar para Anna. – Nunca mais suma desse jeito, Anna, querida. Você não sabe agonia que eu senti, durante todos esses dias. – ele suspirou. – Mais, agora, vamos embora. Você se tratará na Carolina do Norte.
- O que? – pergunta Anna.
- Sim... Meu bem, é isso mesmo que você ouviu.
Michael olhou para Black com atenção e logo depois riu dele.
- Você é louco se acha que vou deixar Anna sair daqui. Ela não vai a lugar algum, muito menos com você.
- Veremos se ela não vai.
Dito isso, Black puxou uma arma do cós de sua calça e atirou em Michael.
Anna reprimiu um grito, ao ver Michael caído no chão, morto, com um tiro no peito.
- Viu, amor, eu disse que era isso que iria acontecer se você decidisse ficar com ele, ao invés de ficar comigo.
- Não! – Anna gritou, sentindo as lágrimas caírem de seus olhos.
- Sim, meu bem...
- Não... Não...


- Não... Por favor, não!
Michael se levantou da poltrona assustado. Annabella gritava e se remexia sem para em cima da cama.
- Anna... – Michael a chamou, a sacudindo.
- Não...
E em um sobressalto, Annabella acordou.
Ela olhou em todo o quarto, procurando por Black. O sonho ainda estava vivo em sua mente, e parecia que a qualquer momento ele apareceria ali, do nada.
Seus olhos pousaram em Michael.
- Michael... – ela murmurou, chorando e passando as mãos pelo rosto de Michael.
Ela queria senti-lo, para provar a si mesma de que ele estava ali, vivo.
- Eu estou aqui, meu amor... Foi só um pesadelo, já passou... – ele disse.
- Mas ele estava aqui, Michael, eu vi, e ele matava você!
- Quem?
- Black... Eu o vi, Michael, ele atirou em você e você morreu! – ela chorava, desesperada.
- Foi só um sonho ruim... Olhe pra mim. – Michael pegou seu rosto entre as mãos. – Não tem como ele entrar aqui, as visitas são monitoradas por mim, só entra aqui quem eu permitir.
- Mas ele sempre consegue o que quer, Michael... Eu tenho tanto medo.
- Eu não vou deixar que ele chegue perto de você, nunca mais, Anna... – Michael a abraçou. – Ele nunca mais terá a chance de sequer ver você, eu prometo.


Um mês depois...

Black estava sentado em uma cadeira velha, de madeira, e tinha um cigarro entre seus dedos.
Na mão direita, ele segurava uma revista, aonde tinha a entrevista que Michael deu, recentemente.
Ali, ele falava sobre como estava feliz ao lado de sua mulher e de seu filho, Peter, que havia acabado de completar um mês e meio de vida. Por alto, ele comentava que Annabella estava se recuperando muito bem, e que nada poderia estragar a felicidade que eles estavam sentindo.
Black deu uma risada sem humor.
- Está enganado, meu caro... – ele comentava, enquanto lia o resto da entrevista.
Ao final, havia uma foto de Annabella. Ela estava com seu filho nos braços e sorri pra ele, fazendo carinho em sua cabeça. Black sentiu ódio naquele momento.
Ódio daquela criança, ódio de Michael, ódio de Annabella.
Ódio de todo o mundo!
Annabella tinha de ser só dele, ela sempre fora só dele, era inadmissível que outro homem tocasse nela, a beijasse...
A vontade que ele tinha, naquele momento, era de pegar Michael e aquela criança maldita e matá-los, e então, Annabella voltaria a ser só dele.
Mais ele sabia que tinha de esperar. A polícia estava em seu encalço, e aquele delegado Benson não parava de caçá-lo um segundo sequer.
Naquele momento ele estava de mãos atadas.
E a coisa que ele mais odiava – depois de não ter Annabella para si – era ter de esperar.
Isso acabava com ele.
O deixava furioso, e ele sempre tinha que descontar sua fúria em alguém.
E, nesse momento, ele sabia exatamente quem era sua próxima vítima.
Michael Jackson.


Capítulo 31



Michael havia acabado de deixar Annabella no consultório de sua psiquiatra, Dra. Flin, e então, resolveu passear de carro.
Ele estava dirigindo, e resolveu sair sem segurança.
Sua vida era perfeita.
Ele tinha um filho maravilhoso, uma mulher maravilhosa, uma carreira maravilhosa. Nada poderia estragar aquilo.
Annabella melhorava cada dia mais, no dia anterior, tinha conseguido ir ao banheiro fora do horário imposto por Black, o que os deixaram imensamente feliz.
Black... Ele estava fora de área há muito tempo. O delegado Benson garantiu que o acharia e Michael confiava nele.
Michael desviou um pouco a atenção da estrada, para aumentar o volume do som, e quando voltou a olhar pra estrada, tinha um cara parado no meio da rua, por poucos segundos, ele não o atropelou.
Michael freio o carro bruscamente e parou a centímetros do louco que estava no meio da rua.
E logo depois, Michael reconheceu o cara.
Era Anthony Black.

Michael estava sem reação.
Seu cérebro mandava ele pisar no acelerador e sair correndo dali, mais seu corpo não obedecia o comando. Michael acompanhou Black sorrir pra ele, seus passos chegando mais perto do carro, mais precisamente no lado do carona, a porta se abrindo, e então, Black entrou no carro.
- Olá, Michael, como vai? – pergunta ele. – Saudades de mim, amigo?
- Saia do meu carro, agora!
Black riu.
- Dirija. – falou ele.
- Eu disse pra sair do meu carro agora, Black! – gritou Michael.
- E eu falei pra você dirigir! – gritou Black, mais alto que ele.
Black riu e puxou uma arma da cintura, logo depois, encostou o cano da arma na cabeça de Michael.
- Vai me obedecer ou não? – perguntou.
Michael soltou uma risada.
- Eu não tenho medo de você, Black.
- Pois deveria ter. Com certeza Annabella te contou o quanto eu sou mau e perverso. Mais, se você quiser, eu posso te dar uma prova disso.
Michael engoliu em seco.
- Se eu fosse você, começaria a dirigir e rezar. Porque só um milagre vai fazer com que você fique vivo, seu desgraçado! – grunhiu Black.
Michael pisou no acelerador e começou a dirigir.
- Isso não vai te levar a nada, Black, será que não percebe? – perguntou Michael. – Annabella não gosta de você, na verdade, ela te odeia, você não tem chance nenhuma com ela.
- Cala a porra dessa boca! – gritou Black. – Você não sabe de nada, Annabella é só minha, sempre foi e sempre será! E não vai ser você que vai tirá-la de mim, Jackson, você não passa de um merdinha!
- Você é um ser humano asqueroso... Se soubesse o quanto eu odeio você...
- Pode ter certeza que o sentimento é recíproco, meu caro. – ele riu. – Agora, faça exatamente o que eu mandar.
Michael sabia que naquela hora não podia fazer nada. Black estava com uma arma apontada para sua cabeça e qualquer movimento em falso ele estaria morto.
Seguindo suas instruções, Michael seguiu adianta pela estrada praticamente deserta e, meia hora depois, chegaram a uma cidadezinha estranha, pequena, que Michael nem sabia que existia.
Black mandou Michael estacionar o carro e desceu primeiro, logo fazendo um sinal para Michael sair. O lugar estava completamente deserto, tinha poucas casas e as que tinham eram velhas e completamente arruinadas.
Parecia uma cidade fantasma.
- Aonde estamos? – perguntou Michael
Black riu.
- Isso não é da sua conta. – ele apontou para um lugar atrás de Michael e o viu se virar para ver o que era. – Entre nessa casa.
Michael engoliu em seco e começou a andar em direção a ao casebre de madeira, Black o acompanhou e abriu a porta para ele. Michael entrou e olhou ao redor.
Havia um sofá surrado encostado na parede, que tinha a pintura desbotada, uma velha mesa de madeira, com uma cadeira, e andando mais um pouco, chegava a cozinha que tinha somente um fogão com duas bocas, uma geladeira caindo aos pedaços e uma pia.
O lugar só tinha esses dois cômodos e cheirava a coisa velha.
- Sabe Jackson, estou pensando no que faço com você agora... – Black disse.
Michael se virou e o encarou.
- Pensei que já tinha tudo em mente.
- Eu não gosto de formular um plano, Michael, eu prefiro que a emoção do momento me diga o que fazer. – ele andou um pouco pelo lugar e parou em frente a mesa de madeira, pegando a revista com a entrevista que Michael tinha dado. – Sei que esse lugar não é um palácio, pode ter certeza que eu tenho nojo disso daqui, mais, você sabe, tenho que ficar fora de área por um tempo, aquele delegadozinho filho de uma puta está atrás de mim. – ele grunhiu.
- Logo, logo ele vai saber aonde você está. – Michael disse.
- E quem vai contar? Você? – Black riu. – Você não vai sair daqui vivo, Michael, pode ter certeza disso.
Black franziu o cenho e olhou pra revista, sendo seguido por Michael.
- Se você soubesse o ódio que eu senti de você, lendo essa porra aqui... – ele balançou a cabeça. – Creio que você tomaria mais cuidado e não sairia sem segurança.
- Você é louco!
- É, posso ser louco, pena que as pessoas não acreditam nisso e só fazem coisas que eu não quero que façam! – ele gritou, dando um soco na mesa.
Michael continuou parado, completamente inflexível.
- Por que você não nos deixa em paz? Seria tão mais fácil pra você, Black. Você tem que saber que Annabella não gosta de você, aceite isso de uma vez por todas.
- Não! – ele gritou mais uma vez. – Annabella me ama, Michael, ela me ama!
Logo depois de falar isso, ele riu.
- Vou te contar uma história... Eu fui criado por uma senhora antiga, meus pais eram dois drogados, nunca ligaram pra mim e a senhora foi a única que me estendeu a mão, quando eu era criança. Ela era uma espécie de curandeira, e falou pra mim que o meu destino era ficar com a primeira mulher por quem eu me apaixonasse. Ou seja, meu destino é Annabella, porque ela é a única mulher por quem eu já me apaixonei. – ele largou a revista e a arma em cima da mesa e se aproximou de Michael. – E não vai ser você, seu astrozinho metido, que vai tirá-la de mim.
- Ela nunca foi sua!
- Ela sempre foi minha! – Black gritou.
Michael riu sarcasticamente.
- Sinto muito em desapontá-lo, mais Annabella é minha mulher. Eu fui o primeiro a beijá-la, fui o primeiro homem por quem ela se apaixonou, foi pra mim que ela se entregou, foi um filho meu que ela carregou, e é a mim que ela ama. Contente-se apenas com o desprezo e o ódio que ela sente por você, porque é a única coisa que você merece e vai ter dela.
Black sentiu o sangue ferver nas veias.
Em um ataque de fúria, pegou Michael pelo pescoço e o tacou na parede, logo depois chegando mais perto dele e apertando seu pescoço novamente.
- Eu vou matar você.

- Não, Black, você não vai matá-lo! – disse alguém, que abriu a porta do casebre, impedindo Black de ter qualquer reação ou tomar qualquer atitude.
 
Capítulo 32



Black largou o pescoço de Michael e se virou.
- Anna... O que faz aqui? – ele pergunta.
Annabella engoli em seco. Ela sentia todo o seu corpo tremer, entrando em estado de alerta; ainda não estava curada de tudo o que Black a fizera passar.
- Vim aqui pedir para que não faça nada a Michael, Black, por favor...- ela respira fundo. – Por mim.
- Mais ele quer tirar você de mim, Anna, é só isso que ele quer. Ele quer acabar com o nosso amor! – disse Black, chorando, andando de um lado para o outro passando a mão pelos cabelos. – Eu não posso deixar que ele faça isso.
E então, Annabella o entendeu.
No fundo, Black sempre a amou, de um modo errado, doentio, mais ainda assim, era amor. Só que ele nunca soube lidar com esse tipo de sentimento, para ele, o amor era um tipo de posse, e ele queria possuí-la, queria que ela fosse só dele.
Queria que ela sentisse por ele, o amor que ele sentia por ela.
Annabella se aproximou de Black e o fez parar de andar, segurando em seu braço, Black ficou quieto, olhando pra ela, e então, Anna fez carinho em seu rosto.
Michael franziu o cenho.
- Anna, o que você está fazendo? Está ficando louca? – Michael perguntou.
Annabella ignorou o comentário de Michael e voltou sua atenção para Black.
- Black, preste atenção. – ela falou, limpando as lágrimas dele. – Eu entendo o que você sente por mim, sei que você me ama, mas... Você trata o seu amor por mim de um modo errado. Não se pode maltratar uma pessoa, bater nela, mantê-la presa, só porque a ama. Ao invés de fazer com que eu o amasse, você me fez odiá-lo.
- Eu nunca quis que você me odiasse, Anna, nunca quis... – ele disse, chorando.
- Eu não o odeio mais.
- Você me ama?
- Não... Eu amo Michael, sempre o amei. – ela disse, vendo-o chorar mais. – Você só tem que entender, que você é jovem, tem uma vida toda pela frente, ainda da tempo de se redimir de todo o mal que você fez e se tornar uma pessoa boa.
- Eu não sou nada sem você. Se com você, eu já sou uma pessoa horrível, imagine sem você, Anna. Eu não sou nada!
- Não diga isso. No fundo, eu sei que você é uma pessoa boa, eu consigo sentir isso, Anthony. Basta você querer ser essa pessoa.
- E você ficaria comigo se eu me tornasse uma pessoa boa?
- Não. – ela disse. – Mais pode ter certeza que...
- Então do que adianta, Annabella, eu vou me tornar uma pessoa boa pra ninguém me querer? – ele gritou. – Não adianta de nada.
- Adianta sim, Black. Você não tem que se tornar uma pessoa boa por ninguém e sim por você mesmo! – disse Annabella.
- Eu não vou conseguir...
- Claro que vai... – Anna disse, se afastando dele. – E eu tenho certeza que depois disso você vai encontrar uma mulher por quem você vai se apaixonar, e ela vai amá-lo do jeito que você merece, e você vai ser muito feliz.
- Não existe “Felizes para sempre”, Annabella.
- Claro que existe, basta você acreditar.
Black pensou um pouco, talvez, Annabella estivesse certa.
Olhando por um lado, Michael e Annabella formavam um lindo casal, e, pensando bem, já estava na hora de mudar de vida. Black sempre desejou isso, mais ele sempre pensou que quem o faria mudar seria Annabella.
Bem, ele estava certo, Annabella o fez mudar, ela o fez enxergar que ele ainda tinha chance de mudar de vida, e ser feliz.
- E... Por onde eu começo? – ele perguntou.
Michael olhou pra ele sem entender. Na verdade, sem acreditar que aquilo estava acontecendo.
Annabella sorriu.
- Por onde você acha que deve começar?
- Me entregando a polícia, eu acho.
- Pois então... – Annabella abriu a porta da casa e Black pôde ver vários policiais do lado de fora.
Black assentiu e disse:
- Antes eu posso te pedir uma coisa?
- Claro...
- Me dá um abraço?
Aquilo soava bem estranho vindo da boca de Anthony Black, mas Annabella sorriu e o abraçou; porque ela sabia que aquele homem não era mais Anthony Black – o homem que a seqüestrou, que fez seu pai se suicidar. Aquele era Anthony Black – um novo homem. Um homem do bem.
- Eu perdôo você, Black... – Anna disse, em seu ouvido.
- Muito obrigado por isso... – ele murmurou, com a voz embargada.
Annabella saiu do abraço de Black e o viu se virar para Michael.
- Me desculpe por tudo isso e... Cuide bem de Annabella, ela é uma garota especial. – ele disse.
Michael assentiu.
Black olhou mais uma vez para Annabella e então, saiu da casa, indo em direção ao delegado Benson.
Michael e Annabella saíram logo atrás dele, a tempo de vê-lo falando com o delegado.
- Pronto, Benson, pode parar de me caçar como um leão, já estou aqui. – ele falou.
- Se entregando por vontade própria, Black? – perguntou Benson, o algemando.
- Digamos que eu quero mudar de vida, e um anjo me amostrou por onde devo começar. – dito isso, ele se virou para Annabella e lhe mandou uma piscadela.
Annabella sorriu pra ele e sentiu seu coração se renovar.
Finalmente, ela estava em paz.

***



- Eu ainda não acredito que isso aconteceu! – disse Michael, se deitando na cama ao lado de Annabella.
- Por que não? – ela pergunta.
Michael a olhou.
- Fala sério, Anna, em uma hora o cara está agindo feito um louco, segundos depois ele muda completamente? Foi impressionante.
- Realmente é meio difícil de acreditar, mas, no fundo, Black só era um homem mal entendido e mal interpretado, ele só precisava que alguém conversasse com ele civilizadamente. Foi só isso que eu fiz.
- Você o transformou. – Michael disse, logo depois olhou pra ela e sorriu. – Por isso que eu amo você, sabia?
- Como assim?
- Por você ser essa pessoa maravilhosa, que sempre consegue enxergar as melhores coisas que uma pessoa tem. Por exemplo, hoje você teve a chance de julgar Black, até mesmo de matá-lo, mas você não fez isso, você conversou com ele, mostrou a ele o melhor caminho a ser seguido, fez com que ele repensasse em suas atitudes. Creio que nenhuma pessoa faria isso, mas você fez. Por isso tenho orgulho de você, por isso te amo tanto.
Anna sorriu pra Michael, com lágrimas nos olhos.
- Você é tão bobo, olha só, está me fazendo chorar... – ela disse. – Também te amo muito, Michael. – ela o beijou. – Muito, e muito, para sempre.
Ele sorriu.
- Para sempre.


Epílogo



Anthony Black foi condenado a dezessete anos de prisão.
Por ter se entregado, sua pena foi reduzida a onze anos.
Ele sabia que seria longos onze anos, mas, estava disposto a passar por tudo aquilo.
Faria aquilo por ele mesmo, como Annabella lhe disse que tinha de ser feito. Ele realmente queria mudar de vida, se tornar uma pessoa melhor, encontrar uma mulher que o amasse e, quem sabe, formar uma família.
E para isso, ele sabia que tinha de estar limpo.
Limpo com a justiça, com o mundo e, principalmente, limpo com ele mesmo.



1998 – Onze anos depois.

Black agora era um homem livre.
Ao pisar do lado de fora da penitenciaria, ele conseguiu sorrir. Sua vida mudara drasticamente.
Mudara drasticamente para melhor.
Era um novo homem.
Um homem do bem.
Um homem apaixonado. Completamente apaixonado.
Annabella estivera certa o tempo todo, havia sim uma mulher esperando por ele.
E essa mulher a Angeline Sodré, sua advogada e, agora, sua mulher, para todo o sempre.
Com ela, ele tinha certeza que seria feliz, principalmente agora que era um homem do bem, que não desejava mal a ninguém e que só queria aproveitar sua vida e construir uma família.


Festa de Onze Anos do Casamento de Annabella e Michael.

- Eu gostaria de ter um pouco da atenção de vocês... – pediu Annabella, em cima do palco aonde, segundos atrás, um banda estava tocando.
Todos olharam pra ela e ela se sentiu um pouco tímida. Ela pôde ver Michael sentado ao lado de Peter, que estava com onze anos e Camily em seu colo, que estava com cinco anos.
Michael sorriu pra ela e lhe mandou um beijo.
Annabella, que estava grávida de gêmeos, com sua enorme barriga de seis meses, sorriu pra ele e começou a falar.
- Eu gostaria de agradecer a presença de todos vocês, por estarem aqui, comemorando junto conosco mais um ano de felicidade. – ela falou, e sorriu esperando os aplausos e assobios cessarem – Confesso que, a onze anos, eu não imaginava está aqui agora, e só tenho que agradecer a Deus por ele ter me dado a benção de construir uma família ao lado de um homem tão maravilhoso como você, Michael.
Ela olhou pra ele e pôde vê-lo sorrir.
- É realmente incrível o caminho que nossas vidas levam até encontrarmos a felicidade, sabemos o quanto foi difícil para nós chegarmos até aqui, passamos por poucas e boas mais, no fim, tudo deu certo, porque o nosso amor é mais forte do qualquer coisa que queira nos atingir. – ela sorriu. – Eu amo você, Michael Jackson, obrigada por me fazer a mulher mais feliz do mundo, obrigada por ter me dado quatro filhos maravilhosos – ela passou a mão por sua barriga. – Obrigada por ser um pai maravilhoso. Obrigada por me amar. E eu te amarei, com a força de cada batida do meu coração. Sempre e sempre.
No final, Annabella tinhas os olhos repletos de lágrimas. Ela observou Michael deixar Camily na cadeira e o viu vir em sua direção.
Ele subiu no palco, pegou sua mão e a beijou. Anna pôde perceber que ele também estava emocionado.
- Eu é quem tenho que agradecer a você. E a Deus, por ter posto uma mulher tão maravilhosa como você, em minha vida. Eu te amo, muito. – ele a beijou com amor, fazendo carinho em seu rosto. – Para sempre.
Ela sorriu pra.
- Para sempre.

---Fim---
 

23 comentários:

  1. capitulos novos? nao tem?

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  2. Capítulos novos , boa Leitura :)

    Bem mais uma FanFic que chegou ao fim, Mt obg a todos que acompanhou no nosso blog :D

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  3. Obrigada por terem lido, meninas, fico muito feliz que tenham gostado! <3 <3

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  4. Ahhhhh muito linda. Black casa comigo agr :'( Mike e Anna \o/
    Parabéns!!!

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  5. Achei muito linda! Obrigada por postar sempre essas fics maravilhosa.abraços!

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  6. Muito boa, linda historia! ≧﹏≦

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  7. Historia e muito,muito boa daria tbm um otimo filme ,nossa esta historia e cheia de emoçoes medo ,perdao,amor,odio,decepçao,arrependimento,por fim o amor do todo sempresempre

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  8. Gente que lindaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, desta vez fui eu a ler, parabens...

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  9. Adorei a história,és uma escritora muito talentosa escrevis muito bem e consegue descrever bem os acontecimentos da história, amei ,chorei experimentei todos tipos de emoções a história me comoveu e aprendi que o mais importante é perdão mesmo que uma pessoa lhe fez muito mal temos que perdão pois é a única solução para libertar da escuridão,culpa é vingança, meus parabens tens um grande futuro como escritora. muito obrigada pelos excelente história que escreveste , foi o primeira história que gostei bastante mais uma vez muito obrigada vou continuar te seguindo

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