FanFic: "Whatever Happens" (+18)

Autora: SuperflySister

Notas da autora:

  

Olá Moonwalker que está a ler isso!

Tudo bom com você, sweetie? Sou a mais nova escritora deste lindo site, e trago mais uma fanfic com nosso maravilhoso Michael Jackson.

Sou a SuperflySister, mas se preferirem podem me chamar somente Superfly; e sim, me inspirei naquele hino de música para esse nickname (bem óbvio né). O senhor Jackson estava bem inspirado quando a fez - se você não conhece essa música, a escute, e de preferência veja a tradução; é do álbum Blood On The Dance Floor.

Whatever Happens não é minha primeira fanfic a ser escrita, mas é minha primeira no site. Com esta fanfic, eu quis me aprofundar um pouco em alguns mistérios e segredos. 

Peço por favor, que vocês leiam todas as notas em cada final de capítulo, pois é extremamente essencial. Os capítulos serão repletos de mistérios e tudo mais, porém tenho que explicar algumas coisas nas notas, além de traduções de palavras e link de músicas, então por favor, sempre leiam as notas finais do capítulo.

Estarei disposta a responder quaisquer dúvida sobre a fanfic, e por favor comentem suas opniões.

Espero que vocês gostem dessa fanfic, e espero continuar no site postando várias e várias outras estórias sobre Michael! 

Boa leitura!

 Trailer da fanfic: https://youtu.be/q2XDcZCpmVA

Sinopse

   

   Heaven Lawrence é obrigada a ir morar com o pai depois da morte repentina da mãe.

   Após quatro anos de brigas e desavenças com o pai e a madrasta, a garota recebe uma notícia que iria mudar sua vida completamente: uma bolsa de estudos para um dos colégios mais renomados da França. 

   No princípio a jovem de dezesseis anos estranhou aquilo, já que não fizera nada para merecer tal coisa; e, embora tendo boas notas, sempre carregou um mal comportamento no seu histórico estudantil. Mas, por fim, acabou não se importando muito com aquilo, pois o Collège Courtney era um internato, ou seja: oferecia uma oportunidade para ela ficar longe de sua família.

   

   Passando-se alguns meses desde que está ali, Lawrence se vê no meio de planos enlouquecidos do seu novo namorado para desvendarem juntos um mistério que ronda o colégio, e a fundadora do mesmo. 

   

   Uma amizade também é formada, pois a companheira de quarto de Heaven se torna sua melhor amiga e principal confidente.

    Lawrence também cria um jogo de sedução perigoso e secreto com um dos vários funcionários do colégio: Michael Jackson, alguém que a fará vivenciar situações tão excitantes quanto os mistérios que rondam o Collège Courtney.

Prologue

Julho 18; domingo - 1886

   Ela estava pronta para partir...

   

   Depois de curtos quarenta e cinco anos, Chloé Courtney estava em seu leito de morte, tão plena e realizada como nunca esteve antes.

   

   Uma benfeitora e sábia mulher, que ajudou com toda garra e determinação seu país, a França. Ela sempre fora procurada por chefes de estado, para lhes dar todo apoio e conselhos possíveis, sempre ajudando na revolução e inovação francesa e europeia.

   Chloé tinha se tornado uma mulher famosa e respeitada; ela também sabia que seu nome estava marcado na história. O dinheiro nunca foi de falta a ela, já que seu pai era um nobre riquíssimo, mas Courtney duplicou todo o ouro de sua família.

   De todos os seus grandes feitos, três eram seus tesouros mais preciosos : um colar, seu colégio e sua amada filha.

    O colégio a qual tanto tinha apresso, era onde Chloé escolheu para passar seus últimos dias de vida. Bem ali em seus aposentos, que usava desde 1871 - há quinze anos, quando o internato tinha sido inaugurado.

    Apesar de seus interesses políticos, Courtney sempre se importou com o futuro de seus próximos. Então resolveu construir em um terreno nos arredores de Lyon - sua cidade natal - seu tão sonhado colégio.

    O colar carregado de simbologia, foi uma encomenda de Chloé, em comemoração ao primeiro aniversário do colégio, e quando foi entregue à sábia mulher, ela nunca mais se desgrudou dele. A riqueza do mesmo não é equivalente somente no preço das joias, mas também no valor sentimental que ele carregava.

    O ouro simboliza a riqueza e nobreza de sua família; os diamantes eram todo o esforço e coragem que ela precisou ter para estar onde estava. Ambos os rubis do lado esquerdo simbolizavam suas vitórias conquistadas até ali; já os dois da direita, falavam sobre o tempo gasto para a construção do colégio, sua persistência com o projeto e as barreiras que precisou ultrapassar para aquilo. O rubi localizado ao meio, era seu amor pela filha. O maior e mais belo rubi, simbolizava o aniversário do Collège Courtney,  mostrando que seu sonho estava realizado, e que em mais um ano ele tinha prosperado.

    Belle Courtney, sua bela filha, era seu bem mais precioso, até mais importante do que o colégio ou colar. Seus cabelos escuros como a noite, lembravam o do pai, morto em uma batalha há mais de oito anos.

  

    Os olhos claros de Belle, eram idênticos ao de Chloé, e estavam encharcados por lágrimas que a garota tentava conter. Sorrindo para a mãe, ela tentava escutar tudo que a mulher dizia :

    - Pegue...- sussurrou com a voz fraca.- Você sabe o que fazer - estendeu a mão trêmula, e entregou o colar para Belle.

    - Fazerei de tudo para agradá-la.- deixou com que lágrimas derramacem, enquanto apertava o colar em suas mãos. 

    - Isso é importante para nós.- sorriu, tentando devagarosamente puxar a filha para mais perto.

    - Tem certeza que é agora?- Chloé passou seus dedos fracos e magros pelo rosto de Belle.

    - Nunca estive tão pronta...- voltou a sorrir, gravando na memória o rosto daquela linda garota.- Je t'aime, cher.

    - Je t'aime aussi, maman.

    Belle beijou o rosto da mãe, acariciando-o também, com total delicadeza.

    Levantando-se, e saindo daquele local, Belle foi até o jardim do colégio onde se encontravam algumas pessoas, compostas por funcionários e estudantes do colégio.

    - Ela não quer ser mais incomodada. Mamãe vai tentar dormir um pouco, mas creio que infelizmente hoje mesmo irá partir... Ah, me desculpem, mas acho que irei andar um pouco sozinha, pois não estou me sentindo muito bem.

    Suspirou cabisbaixa, sem parar de chorar. O colar continuava em sua mão, e ao olhá-lo, Belle caminhou para longe de todos ali. Precisando pensar e se acalmar, ela foi para a parte de fora da escola, onde não tinha ninguém e o espaço para estar entre a natureza era bem maior. 

    Ao se afastar um pouco mais, a garota se assustou com o que via e seu coração disparou. Franzindo os olhos por causa do sol, ela tentava enxergar o que era aquilo.

    Parecia ser um homem invadindo a propriedade privada dos Courtney. Era um tanto quanto estranho aquilo, e ela não gostava disso.

    Ao tentar correr, a atenção daquele estranho rapaz se voltou para ela, e assustada, Belle tropeçou, derrubando o colar na grama que se encontrava um pouco alta.

    O homem estava se aproximando; correndo em toda velocidade, para sua direção.

    O desespero tomava conta de Belle, e sem conseguir raciocinar, pisou em seu longo vestido e também foi ao chão. Ela agora conseguia enxergar o colar, mas não tinha forças para apanhá-lo.

    Tudo foi muito rápido, quando o desconhecido se aproximou, e sem explicação, enfiou sua espada na perna de Belle. Ele não queria matá-la, pois senão o golpe não teria sido ali, mas eram desconhecidas suas verdadeiras intenções com aquilo.

    A lâmina perfurando sua pele não era mais dolorida do que a tristeza que sentia por estar perdendo a mãe, mas a dor não deixou de ser intensa e avassaladora.

    De começo, ela não conseguiu reagir, mas um grito estrondoso foi dado por Courtney no exato momento que a espada foi puxada para fora de sua pele.  O rosto do homem era tampado por uma máscara de prata, impossibilitando-a de ver quem era.

    Sem conseguir andar, Belle continuava a gritar na esperança de alguém escutá-la - já que não estava tão longe assim - ; e quando viu pessoas chegando, ela se colocou a procurar o colar da mãe.

    Procurando e apalpando tudo ao seu redor freneticamente, nada ela achava; e mesmo procurando no lugar onde tinha o visto minutos atrás, ele também não estava ali.

    - Ele foi por ali! Corram, vão atrás dele! Ele está com o colar de minha mãe!- desesperada era como Belle se encontrava.

    Suas lágrimas se multiplicaram ao pensar que tinha sido tão tola; e que o colar fora tomado por um completo desconhecido, a qual o rosto ela nem pôde ver.

    Era isso, o tão lindo e amado colar de Chloé Courtney tinha sido roubado.

Notas Finais

Prologue = Prólogo 

Je t'aime, cher = Te amo, querida

Je t'aime aussi maman = Te amo também, mamãe.

*******

Então galera, esse é apenas um prólogo por isso não é tão grande assim, e realmente espero que vocês tenham gostado :)

No final de todos os capítulos colocarei traduções de algumas palavras em francês, link de músicas que colocarei no final dos capítulos e algumas informações.

Por favor, prestem atenção em cada detalhe de todos os capítulos, todo detalhe será importante, e quero ver todas teorias criadas por vocês!

No momento não me lembro de nenhum detalhe ou informação  a ser acrescentada aqui, mas tenha mais coisas a , lembrarei nas notas dos próximos capítulos.

Por hoje é só! Beijinhos sweeties!

Capítulo I

130 anos depois...

Fevereiro 2; quinta-feira - 2017

  A porta do escritório não estava totalmente fechada, possibilitando que ela visse e ouvisse tudo. Escondida atrás da porta, prestando atenção em cada detalhe da conversa; sem deixar nenhuma sílaba passar de seus ouvidos atentos, era como encontrava-se.

  O pai da menina estava junto de um advogado naquele escritório; conversando e montando um testamento para quando ele morresse. Tamanha era sua crueldade, que ele não tinha acrescentado sua própria filha ali, e ainda falava horrores sobre a garota que nunca tinha gostado de verdade. 

  Heaven Lawrence Johnson foi o nome dado para ela. Heaven sempre odiou usar o nome do pai, optando por Lawrence em qualquer circunstância. O motivo de tanto ódio era porquê Dylan nunca tinha lhe dado tal amor e atenção que um filho precisaria. 

   Apolline Lawrence e Dylan Johnson namoraram por um curto período, antes dela engravidar. O homem não quis o bebê, e quando a menina completou alguns meses de idade, ele as abandonou e voltou para seu país natal, a Inglaterra. Acabou por morar apenas três anos lá, pois teve que voltar para a França, para tratar dos negócios do pai.

 Dylan nunca perdeu todo o contato com a filha; ele fazia visitas irritantes e indesejadas pelo menos duas vezes por ano. 

   Aos treze anos, Heaven foi obrigada a ir morar com o pai, depois da repentina morte da mãe. 

Apolline fora vítima de um incêndio em sua livraria. O local tinha sido invadido por um grupo de homens, e após a saída deles, pegou fogo. Mesmo conseguindo se refugiar em uma parte onde o fogo não atingia, ela inalou aquela fumaça tóxica, passando ali seus últimos momentos de vida.

   A causa do incêndio ou o motivo da invasão nunca foram descobertos. Tudo que tinha ali dentro daquela livraria, fora destruído por causa das chamas; a mulher também não escapou, pois depois de sua morte, o fogo tomou conta do lugar onde ela pensava estar segura.

  Todos os bens de Apolline - que até então iriam ser repassados à filha - se perderam no incêndio. O dinheiro que ela tinha guardado no banco, acabou nas mãos do governo, de uma forma que nem Dylan sabia o porquê.

  Quatro anos depois do ocorrido, Heaven vive uma vida estranha, em um dos lugares mais ricos de sua amada cidade. Lyon, uma das maiores e mais importantes cidades da França, fora onde ela tinha nascido e sido criada. Hev nunca gostou do lugar que foi obrigada a morar com o pai - preferindo o local onde morava com a mãe, rodeada de amigos e uma ótima vizinhança. 

   Nada tinha sido fácil. Sua vida foi mudada de uma forma drástica, fazendo-a sofrer a cada dia mais por isso. As brigas com Dylan e sua madrasta Mikaela Johnson, eram constantes, fazendo com que a menina por diversas vezes apanhasse do homem. Ela nunca entendeu o real motivo por odiarem tanto assim; sabia apenas que sentia o mesmo por eles. 

  Seu comportamento escolar nunca fora o melhor, mas acabou piorando. Quase todos as semanas Dylan era obrigado a comparecer para reuniões sobre as atitudes de Lawrence. A garota dentre esses quatro anos, já tinha sido expulsa de três colégios por mau comportamento; mas mesmo sendo de tal forma, suas notas sempre foram excelentes. 

  As férias escolares de Heaven estavam quase no fim, faltando só quatro dias para isso. Esse seria seu penúltimo ano antes de se formar. A última escola que frequentou foi a terceira e última a expulsá-la, e desde então, ainda não fizera nenhuma matricula em nenhum outro colégio . Dylan também não se preocupou com isso; além de proibir Heaven de procurar uma escola, disse que apenas quando tivesse tempo, ele iria tentar uma vaga para a filha em algum lugar. 

  Lawrence viu-se puxando nas lembranças tudo que conseguia lembrar de sua vida. As palavras do pai ou do advogado já não importavam mais.

  Dylan deixou toda sua fortuna para Mikaela, pois nunca tiveram filhos. Ele tinha se esquecido de Heaven, fingindo não ter uma herdeira de sangue.

  Em todo esse tempo, ela já tinha quase certeza que não estaria no testamento do pai; mas ao ver que aquilo realmente tinha acontecido como o esperado, ela se assustou. Assim que seu pai falecer, ou Lawrence completar maioridade, ela não terá mais nada, pois após seus dezoito anos, ele não é mais obrigado a abrigá-la e sustentá-la. 

Mesmo sendo importante o dinheiro, não era a coisa que ela mais queria. Como em vida seu pai nunca tinha lhe dado amor, ela pensava que estar ali, era uma forma de Dylan demonstrar que apesar de tudo, ele a amava.

  Ela enxugou de sua bochecha, a tristonha e solitária lágrima que caíra involuntariamente. Estava lembrando dos pequenos e raros atos de carinho do pai, que tinham um grande significado. Um simples abraço de Dylan, era tão valioso como ouro para Heaven. A garota sempre foi carente, ansiando por os braços acolhedores de alguém. 

- É feio escutar por trás das portas, sabia? - uma morena e bela mulher gritou, vindo em direção à garota.

- Não estava fazendo isso.- cruzou os braços e deu seu melhor sorriso debochado. 

- Não seja idiota! Eu vi muito bem você olhando Dylan tratar de negócios no escritório.- ela estava furiosa, assim como as várias vezes que dirigia a palavra com Hev.

- Não tenho culpa se ele fala tão alto e está renegando a própria filha.

- Então está preocupada com a herança? Você só quer saber de dinheiro... É tão vagabunda quanto a sua mãe.- disse ela.

- Não ouse dizer mais nada sobre minha mãe, sua vadia!- esbravejou tão alto que chamou a atenção de ambos os homens.

  Dylan ao perceber que sua esposa brigava com sua filha, saiu de seu escritório. Apesar de não ser tão novo, e dos cabelos grisalhos, ele era um homem bonito, e sua feição irritada, o deixava ainda mais sexy. 

  Seus olhos percorreram de Heaven para Mikaela, perguntando-as mentalmente o que tinha acontecido ali.

- Tire essa garota da minha frente agora, Dylan.- suspirou, encarando Hev com todo seu ódio acumulado por anos.- Essa garota estava escutando atrás da porta, querendo saber sobre o testamento.- falou entredentes sem desgrudar os olhos dela.

- Cale a boca!

- Chega, Heaven! Mikaela está certa em dizer que você não deve escutar atrás da porta. Estou tratando de negócios importantes... e não, não fiz questão de incluir você no testamento. Não quero que nada meu fique nas mãos de um erro do meu passado. 

  Seu tom de voz soara frio; ele não se importava com os sentimentos da menina. Heaven paralisou, sentindo seu coração disparar e uma imensa vontade de chorar tomar conta do seu interior. Era sempre assim : eles sempre brigavam por algo simples e pequeno, e Dylan dizia algo que a afetava profundamente. 

- Não consigo mais esperar pelo dia que finalmente poderei sair dessa casa.- engoliu em seco, encarando o homem. 

- Não espere! Ontem recebemos a carta de um colégio para onde você poderá ir. Não te mostramos ainda pois não tivemos tempo.

  Dylan falava de uma maneira normal, como se não tivesse brigado com a filha segundos atrás. 

- Finalmente conseguiram uma escola para mim. Faltam quatro dias para o começo das aulas! 

Mikaela revirou os olhos, tirando do bolso da blusa um amassado papel. Entregou para Heaven, que o pegou já o esticando para tentar desamassá-lo.

- Não estou com o envelope aqui agora, mas não duvide, é para você.- disse  parecendo não gostar daquilo.

- Pense bem nisso.

- Ainda não sei como ela recebeu essa carta. É um dos melhores colégios da França! Não podem aceitar essa garota. Ela é inteligente não posso negar, mas e sobre os outros colégios que já foi expulsa?- Mikaela não parava de falar, indignada com a situação. 

  Dylan voltou para dentro do escritório, dessa vez de mãos dadas com a esposa. Deixaram Lawrence ali sozinha e duvidosa com aquilo.

  Em passos largos e rápidos ela subiu as escadas e foi para seu quarto. Com expectativa, ela se sentou na cama, pronta para ler o papel e descobrir qual escola seria aquela.

Miss Lawrence,

Nós do Collège Courtney, convidamos você para se matricular em nossa instituição de ensino

Inaugurado em 1871 por Chloé Courtney, hoje com 145 anos, o colégio carrega em sua história grandes feitos e honras.

Sendo um dos mais procurados e melhores colégios da França, fazemos uma rígida seleção de alunos; sejam bolsistas ou não. Ao receber essa carta, você automaticamente se torna um dos poucos escolhidos. 

Aceitando a proposta, a senhorita irá ganhar uma bolsa de estudos com materiais escolares e mensalidades pagas, por todo o tempo que permanecer em nossa escola.

Pedimos para que nos dê a resposta até três dias antes do começo das aulas. Com resposta afirmativa, enviaremos algumas instruções e regras. 

 Esperamos que goste da proposta.

Cordialement,

 les étudiantst et le personnel du Collège Courtney.

  Sua boca e cenho franzido demonstravam total curiosidade da menina. Aquilo não podia ser verdade, afinal ela nunca tinha feito nada para entrar naquele colégio.

Ela leu mais duas vezes o bilhete, e a cada frase, suas perguntas aumentavam ainda mais. Até mesmo o seu nome deixava-a duvidosa. Eles tinham usado Lawrence ao invés de Johnson, então como sabiam que ela odiava o nome do pai?

Não tinha sido seu pai que conseguiu a vaga, disso tinha certeza. Dylan tinha dinheiro suficiente para sustentá-la dentro de um internato como esse, mas nunca quis colocá-la em um.

  Seu comportamento escolar era péssimo; como então ela foi uma das escolhidas? Já que seu pai nem madrasta sabiam daquilo, quem pusera seu nome para tentar uma bolsa de estudos? Ela nem ao menos tinha feito as provas, que praticamente todas escolas particulares pediam para que os candidatos à bolsa fizessem, ao intuito de verem o desempenho deles.

Hev sabia da existência do Collège Courtney - já tinha lido e falado sobre com a mãe. Na livraria onde ela passava a maior parte do tempo com Apolline, ela explorava cada livro, e lembra de ter visto pelo menos cinco sobre o colégio e sua fundadora. 

 Ela leu mais uma vez a carta. Não era nenhum tipo de brincadeira de mau gosto, pois além de estar carimbado, também carregava um brasão e a assinatura do diretor de nome Michael Jackson. 

Apesar de sua simplicidade, o brasão da escola era lindo. Redondo, em sua volta carregava um folhagem dourada, assim como as iniciais do colégio, localizadas ao centro. Embaixo das letras, está a assinatura de Chloé Courtney, também em dourado. O fundo do brasão é de um vermelho escarlate, que parecia desgastado; e com algumas escrituras em preto, mas que pareciam ser quase transparentes. As palavras se assemelhavam muito com a assinatura. 

  Heaven não conseguia desgrudar os olhos do brasão. Perseguindo mais e mais detalhes; e querendo decifrar o que estava escrito ao fundo do belo símbolo. A escrita de Chloé era fina e delicada, mas Hev não conseguia entender muita coisa.

  Olhando para aquilo a fez pensar mais. Mesmo sendo tudo tão estranho, ela não podia perder a oportunidade. Um colégio interno significava que ela não precisava voltar para casa ao término das aulas; e ficar longe da " família" era o que ela mais queria.

  Com delicadeza ela dobrou o papel e o guardou dentro de sua gaveta. O prazo era curto e ela não podia pensar demais, então estava disposta a arriscar e mandar a resposta para o colégio. 

  Ela ligou seu notebook, entrou no site que estava na carta e escreveu um e-mail aceitando a proposta. Imediatamente ela recebeu algumas instruções. Eram apenas regras; coisas que ela deveria levar, localização exata da escola, hora a qual tinha que estar lá...

    Ao investigar um pouco mais o site, Heaven descobriu que o colégio portava apenas alunos de catorze à dezessete anos; e que lá prezavam muito pela natureza. Coisa que deixou a menina ainda mais animada, pois seu amor e apreciação pelo natural era extremo.

O terreno da escola era imenso, mas ele é dividido em duas partes. A parte de dentro é onde se localiza as salas, dormitórios, quadra... já a de fora, não possuía nada, apenas grama verde e algumas vegetações. Desde o começo do colégio, aquela área foi feita para os alunos e de mais caminharem, conversarem e apreciarem a natureza.

Lawrence lembrou mais uma vez dos estudos feitos sobre o colégio, na livraria da mãe. Aquela área mais natural sempre fora chamada de "jardim exterior", por todos alunos e funcionários desde o começo; historiadores que estudavam a misteriosa vida de Courtney também o fazem. Aquela área era uma das favoritas da fundadora, e foi ali que sua filha tinha sido esfaqueada e roubada por um estranho mascarado. 

Ela deixou o notebook de lado apenas para começar a arrumar suas roupas e objetos. 

Estava apreensiva ao pensar no que estava fazendo, e ocupar seu tempo com algo era a melhor alternativa de não pensar demais.

Não era mentira, agora ela sabia disso, mas mesmo assim sua ansiedade de ir para um internato era imensa. Ela estava feliz por ir, pois assim não iria brigar com Dylan e Mikaela quase todos dias da semana; mas também estava com medo, porque nunca tinha ido para um colégio assim.

                    ***                    

O jantar não tinha sido algo tão ruim. As horas das refeições eram os únicos momentos que tentavam conversar mais com a garota, sem xingá-la ou irritá-la.

Hev contou sua decisão e o pai gostou da ideia. Mikaela não deu nenhuma opinião sobre, mas com total certeza estava alegre por não precisar de ter Heaven ali, por boa parte do ano.

Ela estava de volta ao seu quarto, deitada, já preparada para dormir. Suas malas ainda não estavam prontas, mas resolveu parar de arrumá-las; em seguida tomou um banho e deitou para dormir um pouco. 

Agora com o corpo relaxado em sua cama de casal, e os olhos fixados na parede ao seu lado, Lawrence não parava de pensar nos acontecimentos daquele dia em questão. 

Ela não tinha certeza, mas queria ficar no colégio até o fim de seus estudos; mas o que ela faria depois disso? Trabalhar não era problema para ela, mas Heaven não sabia como iria sustentar-se, já que não tinha sequer um tostão. 

Seus dezoito anos chegariam só depois de dois anos, mas suas preocupações vieram cedo demais. 

Ela se levantou, foi até o guarda-roupa e da sua caixinha de remédios tirou um calmante. Ela tomou-o sem nenhuma gota d'água e com dificuldade para engoli-lo.

Voltando a deitar, Heaven olhou as horas no celular, se ajeitou na cama e fechou os olhos para tentar dormir. 

Seu subconsciente lhe falava que ela não deveria se preocupar tão cedo com seus problemas; pois se algo de ruim ou bom está  a esperando, somente o futuro saberá dizer.

I feel the truth

Eu sinto a verdade

The final message

A mensagem final

We'll bring to you

Nós vamos trazer para você

There is no danger to feel the truth

Não existe nenhum perigo em sentir a verdade

So come again

Portanto,venha de novo

We need you

Nós precisamos de você 

Michael Jackson - Another Part Of Me

Notas finais

Miss= senhorita

Cordialement, les étudiants et le personnel du College Courtney = Cordialmente, os alunos e funcionários do Collège Courtney 

                 *******             

Então, o que acharam? Espero que tenham gostado :)

Por favor comentem suas opiniões, dúvidas, críticas... 

Favoritem também!

Não se esqueçam de reler a explicação do colar aqui no prólogo, ein! 

Mas é isso, beijos !♡♥♡ 

Capítulo II

Fevereiro 6; segunda-feira - 2017

Depois de quarenta minutos, finalmente chegaram aos portões dourados da escola. Eles estavam abertos para a entrada e saída de carros do estacionamento. 

O colégio se localizava fora da cidade de Lyon; e após trinta minutos na estrada, os que seguem para lá, são obrigados a irem por mais aproximados dez minutos em uma estrada de terra, em direção a propriedade.

O horário para o término da chegada dos alunos estava previsto para às nove horas da manhã, daquele dia. Heaven, Dylan e Mikaela, haviam chegado meia hora antes.

Tiraram então, esse curto tempo para explorarem algumas partes da escola. Não era em todos os lugares que podiam ir, mas aproveitaram ao máximo. Hev já tinha visitado quase toda a escola, e pôde se surpreender com o tamanho da área da piscina e o quão grande ela é.

Heaven estava separada do pai e sozinha. A menina se encontrava nos primeiros degraus da escada que levava ao terceiro andar, da parte das salas de aula. 

O terceiro andar fora proibido para qualquer visitante, mas Hev sabia o porquê disso : como tinha visto em um mapa, era naquele andar que se localizava os aposentos de Chloé Courtney.

Ela nunca soube se era um espécie de casa ou apenas um quarto. A segunda opção era mais provável para a garota. Outra coisa que ela sabia, era que aquele lugar foi passado de geração em geração, e todos os diretores do colégio se abrigavam ali.

Lawrence sempre gostou de lendas e mistérios, e quando viu sua mãe ler um livro sobre aquele colégio, uma vontade de conhecer sobre ele cresceu dentro dela. 

Mesmo preferindo outros livros, às vezes a menina se via explorando  o Collège Courtney pela livraria da mãe; que apesar de contar algumas coisas à filha, Apolline nunca gostou que ela aprendesse muito sobre aquilo, e a proibia de ler certos livros.

Mesmo com a proibição de alguns, Heaven fez questão de aprender tudo nos outros que estavam à sua disposição.

Com o bastante que sabia sobre aquele lugar, e sua imensa curiosidade de conhecer o terceiro andar, Heaven juntou forças e coragem para arriscar.

Ela observou se tinha alguém ao seu redor, e aproveitando que continuava sozinha, correu escada acima. Por sorte seu tênis não fazia tanto barulho, e ninguém pôde vê-la nem ouvi-la violando as regras. 

Tudo estava silencioso, dando um ar sombrio ao lugar. Heaven caminhava rapidamente entre todos os corredores dali, tentando ser o mais silenciosa possível.  

As únicas diferenças dos outros andares era que ali possuía um quarto e uma diretoria, além que no primeiro andar se localizada a enfermaria.       

No final do corredor da escada, ela encontrou a única porta que não possuía placa alguma; a garota deduziu que aquela seria a entrada do quarto, pois na sua direita estava a porta da diretoria. 

Já que não podia entrar no quarto, ali não pareceu tão excitante quanto ela imaginava; e como não tinha mais nada que fazer, resolveu voltar. 

Quando estava perto da escada, Lawrence escutou passos vindo em sua direção. Com o coração saltando em seu peito, seu impulso mais rápido foi de se esconder em um dos corredores ali perto da escada. 

- Sim, os alunos já chegaram. Irá tudo dar certo, assim como planejamos. - uma voz doce vinha em sua direção.

Um homem subiu as escadas com rapidez, e seguiu sem ver a menina. Hev agradeceu aos céus por aquilo, e continuou a observá-lo.

Quando ele destrancou e entrou dentro daquele cômodo misterioso, Lawrence teve certeza que aquele era Michael Jackson. 

Em sua mente nunca passou que o diretor da escola, poderia ser tão bonito assim. Ele era alto e magro; sua pele era branca e seu rosto com traços angelicais . Seu cabelo preto, grande e cacheado lhe dava um ar mais sexy e charmoso.

   Heaven aproveitou que ele tinha entrado no quarto e saiu daquele andar.  

  Com passos largos ela foi até o térreo, saiu da área escolar e foi às pressas até o salão de festas. Quando chegou ao local, viu cadeiras espalhadas por todo o ambiente e não demorou muito para que encontrasse seu pai.

-Onde você estava? Heaven, acho que você não vai aguentar nem uma semana aqui. Você é tão irresponsável que ao menos pegou suas malas no carro.

Quando Dylan disse isso, ela olhou ao seu redor, e viu que suas duas malas de rodinhas, bolsa de ombro e sua mochila para a escola, estavam ao lado de Mikaela. 

- Me desculpe. Estava andando pelo lado de fora da propriedade e acabei esquecendo da hora.- inventou algo para não precisar dizer a verdade. 

Ela não rebateu nada do que o pai disse, apenas abaixou a cabeça e se sentou na cadeira ao lado da madrasta. Dylan sentou do outro lado da mulher, e assim ficaram, aguardando o começo da palestra.

Não demorou para que o diretor chegasse e começasse sua palestra de boas-vindas aos alunos. Ao subir no palco, Jackson foi recebido com uma salva de palmas e gritos de alunos; mas quando se aproximou do microfone posto ao meio do palco, tudo se calou.

 - Boujour à tous. Sount les bienvenus. - disse sorrindo e demonstrando grande animação.

Cruzando as pernas, a menina se posicionou de uma maneira mais confortável. Seus olhos estavam fixados no diretor, enquanto ela apenas tentava absorver tudo que o homem falava. Aquilo parecia difícil para Heaven, já que estava hipnotizada com tanta beleza e charme.

- Bem, primeiramente devo me apresentar... Sou Michael Jackson e sou diretor do Collège Courtney há quase seis anos.- ele sorriu quando alguns dos veteranos gritaram e brincaram com ele.- É com grande prazer que estou recebendo vocês aqui, por mais um ano letivo.

Outra salva de palmas foi dada.

- Como a maioria sabe, essa será a nova casa de vocês, até o dia vinte de dezembro. E como em todo lugar, aqui também tem suas regras.- sorriu, procurando por algum olhar indignado.- Tenho que começar isso dizendo que cada aluno dividirá o quarto com outra pessoa; a divisão dos alunos já está feita, e depois de minha palestra, vocês irão pegar suas chaves na porta dos dormitórios  feminino e masculino. 

 A garota se sentiu apreensiva com aquilo. Tinha medo de não ser boa o suficiente para sua colega de quarto, ou ter alguém não tão amigável assim.

 - Os quartos com janelas viradas para a piscina, do terceiro andar da casa das meninas, estarão trancados pois nenhuma aluna ficará neles.- nesse momento Hev teve a certeza que o diretor tinha a encarado.-Durante a madrugada, alarmes estarão ligados; então nem pensem em dar passeios noturnos, senão vocês irão acordar toda a escola e acabarão levando algum tipo de punição.

Dylan olhou para a filha, e lançou-lhe um olhar mortífero, parecendo dizer  para que ela não desobedecesse nenhuma das regras. 

- O café da manhã inicia-se às seis e meia, e termina às oito e meia, horário que todos os alunos deverão estar em sala de aula. Às onze e meia até meio-dia e meia, é a pausa para o almoço; logo após, as aulas retomam até às três e trinta. O jantar acontece de sete e meia até às nove horas e trinta minutos.

Mikaela já estava sem paciência e não parava de bater com o salto no chão, irritando a enteada.

 - São seis horas de aula, uma hora para cada matéria aplicada no dia. Vocês se deslocarão das salas, nas trocas de horários; e vocês saberão suas sequências de matérias da semana, quando irem para o quarto. Todos os alunos deverão estar com o uniforme, senão, não podem entrar na sala de aula.

 No sábado Lawrence tinha recebido a entrega de algumas caixas em sua casa. Dentro delas haviam seus materiais, a mochila e dois uniformes escolares. Ela tinha mandado suas medidas pelo site, mas não pensou que iria chegar tão rápido assim.

O uniforme consistia de uma blusa branca, com o brasão da escola no lado esquerdo da blusa e de uma calça de tecido vinho.

Além dos dois uniformes, ela também ganhou um para a ginástica, que mudava apenas tecido das roupas. Um maiô vinho também estava ali, para as aulas realizadas dentro da piscina, ou para os dias de folga dos alunos.

- No final de semana, os alunos estarão livres para dois dias de folga que se quiserem, poderão ir até a cidade, e visitarem a família.

- Prometo me comportar durante os finais de semana também, papai.- foi cínica ao sussurrar a última palavra. Dylan apenas sorriu.

- A área ou jardim exterior do colégio estará disponível apenas quando os alunos estiverem em momentos de descanso; deixando claro que isso vale só para o intervalo do término das aulas até o jantar, e nos finais de semana também... Ah, e a internet será permitida nos celulares ou notebooks, somente sábados e domingos, para os estudos não serem prejudicados. 

O cenho franzido de Hev demonstrava uma parte de sua indignação. Se ela soubesse daquilo antes, já teria desistido de estudar ali.

- Algumas aulas serão realizadas na piscina, mas ela não estará sempre disponível. Para evitarmos constrangimentos, os portões estarão sempre trancados; com exceção também no fim de semana, que vocês poderão desfrutar dela. 

Novamente ouviu-se gritos de aprovação de alguns alunos.

- Não fiquem tão animados assim rapazes, as coisas não mudaram de um ano para o outro.- Michael disse dirgindo-se aos que gritavam.- O que estou dizendo é que, como temos setenta e dois alunos aqui, apenas trinta e seis poderão ficar na piscina no sábado e trinta e seis alunos no domingo...

- Que inferno! Não quero ficar escutando essas coisas bobas que ele tem para falar.- Mikaela disse alto o suficiente para que o marido, Heaven e outras pessoas sentadas na sua frente ouvissem. 

A palestra não demorou muito e logo foram liberados. Heaven seguiu para o dormitório feminino junto com todas suas malas; e Mikaela e Dylan, foram embora.

Passando as bem podadas cercas vivas de Sansão do Campo - que fazem a divisa de todos os locais da escola - e já na porta da casa, ela pegou a chave de seu quarto, com uma bela mulher. 

Sua pele era negra, seus lábios eram carnudos, o cabelo encaracolado, e seu corpo era magnífico. Ela dizia ser uma das professoras, mas Hev não soube de qual matéria. 

Quando deu seu primeiro passo para dentro da casa, Lawrence se surpreendeu com o local. 

O primeiro andar tinha um corredor com quatro quartos na direita; o restante era composto por uma sala. Ali parecia o lugar perfeito para passar noites ao lado de suas novas colegas. A sala tinha vários sofás, um aparelho de som, uma lareira e uma estante de livros; além de alguns instrumentos musicais que estavam organizados em um canto.

Com dificuldade por causa das malas, a menina conseguiu subir os lanços de escada até chegar ao terceiro andar.

Assim como Michael disse, uma fileira de quartos estavam trancados, então o movimento naquele andar era menor que nos outros. 

Hev foi até o último quarto dali, e o destrancou. Sua colega de quarto ainda não tinha chegado, pois senão a porta estaria aberta.

Ali não era ruim, e nem muito extravagante. Com duas camas de solteiro, um banheiro e um guarda-roupa, aquilo parecia suficiente para Heaven.

Como a menina que ficaria junto dela ainda não tinha chegado, Hev colocou suas malas no chão, e se sentou na cama do lado direito para descansar suas pernas.

- Olá!- Heaven se assusta quando viu a porta do quarto ser aberta, e uma voz gritar.

Sem conseguir falar ou expressar algo, a única coisa que ela faz foi levar a mão no coração, que batia de uma maneira frenética, parecendo querer pular para fora.

- Oh, je suis désolé je ne voulais pas vous faire peur.- a garota sorriu sem graça e fechou a porta.- Prazer, sou Elizabeth Günther. Pode me chamar de Liz, se quiser.- estendeu sua mão, para um cumprimento. 

A pele de Elizabeth era clara e bonita. Seu corpo não era tão magro assim como o de Heaven, pois a garota tinha seios mais avantajados e quadris mais largos. Seu cabelo estava tingido de tinta preta, fazendo com que seus olhos verdes se destacassem ainda mais.

- Prazer, sou Heaven Lawrence.- apertou a mão dela com curiosidade, pois o sotaque de Günther era diferente de todos que ela já tinha ouvido. 

- É nova aqui, certo?- ela também colocou suas malas pelo chão, e se sentou na outra cama.

Lawrence afirmou com a cabeça. 

- Seja bem-vinda, então!- sorriu.- Estudo aqui desde o ano passado, e posso garantir que aqui é a melhor escola. 

- Eu gostei daqui, com exceção dessas regras.- brincou, se levantando para abrir a janela que divide as duas camas.

- Você ainda não conhece nada.- riu, como se aquilo fosse engraçado.- Mas nós podemos ficar juntos com os meninos, durante o fim de semana e irmos para a piscina. 

- Ei, não estou falando disso!- Lawrence se encostou na janela, admirando o lado de fora, enquanto admitia para si que tinha gostado do jeito de Günther.- Eu tenho uma dúvida: onde vamos lavar nossas roupas? 

- Não precisa fazer isso.- riu por causa da pergunta boba.-Toda quarta de manhã devemos colocar nossas roupas sujas dentro de uma bolsa, e deixar na porta do quarto. As funcionárias que trabalham aqui irão buscá-las e vão lavá-las, depois colocá-las na porta de novo. A roupa chega no máximo até sexta à noite, mas é porque a demanda é grande...

Escutando Elizabeth falar, Heaven não parava de explorar o lado de fora. Ela pôde perceber que a janela que parecia ser dos aposentos de Michael estava bem em frente ao seu quarto. Como aquele era o último quarto do corredor, ela estava bem em cima da porta de entrada e reparou também que o jardim da escola era ainda mais lindo visto do alto.

- ...Além de um depósito, lá também é uma espécie de lavanderia, onde elas lavam as roupas lá... Por isso eu amo esse colégio : não devemos nos preocupar com nada, a não ser nosso quarto e a sala do dormitório. Todos aqui temos nossos dias para limpar lá; se prepare para quando for nós duas. Ah, olhe no seu travesseiro, estão mais instruções e regras, além das suas matérias semanais, que vão ser as mesmas que as minhas, acho.

- Legal... Você veio de onde?- Heaven já tinha voltado a sentar-se na cama, e tentou mudar de assunto, para tentar calá-la.

- Sou de Munique , na Alemanha. Eu e minha família nos mudamos para Lyon faz três anos, por causa do trabalho do papai. E você, Heaven?

- Sempre morei aqui, em Lyon.

Lawrence pegou as folhas postas sobre seu travesseiro, da qual Elizabeth tinha falado antes. Ela a guardou no bolso, para ler depois.

- Ah, posso te perguntar algo?- Liz fez que sim.- Você é bolsista assim como eu? E recebeu uma carta também?

- Carta?- gargalhou.- Desde a primeira vez que estudei aqui não recebi nenhuma carta, apenas alguns e-mals. Meu pai paga para eu estudar aqui, ele acha que assim como mamãe, eu também tenho que me formar nesse colégio.- revirou os olhos e bufou.

- Que estranho... eu recebi uma carta me convidando para estudar aqui, e mais estranho ainda é que eu não me inscrevi em nada!

- Como assim você não fez as provas para as vagas?- Elizabeth disse surpresa.- É impossível entrar aqui sem fazê-las. Até eu que pago a mensalidade tive que fazer essas malditas provas, para me aceitarem aqui dentro.

Um sorriso sem graça, significava que Heaven estava mais duvidosa ainda. Ela já sabia que não se enganaram e mandaram algo errado para ela, mas Hev pretendia saber o porquê de quebrarem o protocolo da escola, fazendo-a estar ali.

- Eu não fiz nenhuma prova.- olhou para Günther que persistia em não acreditar.- Foi quinta que recebi essa tal carta; me deram tudo que eu precisava; e sabiam que odeio usar o nome do meu pai. 

- Quer dizer então que está aqui e nem sabe o motivo? Uau!

- Ainda não acredita em mim?- disse indignada, mas brincando com a morena.- Irei te mostrar. 

Lawrence pegou uma de suas malas e de dentro dela, tirou o papel que recebera e o entregou para Liz. Quando ela o leu, a feição de dúvida tomou conta de seu rosto.

- Eu ainda não entendo...

- Acredite, eu também não. Tentarei conversar com o diretor e tirar minhas dúvidas.- voltou a pegar o papel e guardá-lo na mala.

- Michael é bem chato quanto as coisas da escola, mas tirando isso ele é bem legal.

- Ele também é bem bonito...- mordeu os lábios, se sentindo envergonhada em dizer aquilo na frente de alguém que tinha acabado de conhecer.

- Oh sim, eu também acho. Ouvi boatos que ele já ficou com algumas alunas, mas nunca soubemos quem foi ou se era verdade. 

Heaven gargalhou, meneando a cabeça, sem acreditar no que ouvia. Ela tinha adorado Elizabeth, e o que tudo indicava, era que as duas teriam uma ótima relação. 

Conversar com Michael era o que a garota iria fazer, logo que ele pudesse recebê-la. Heaven precisava esclarecer alguns acontecimentos, e saber porque  as coisas estavam acontecendo daquele jeito. 

Aquilo era sua única dúvida; ela não se importava com mais nada, pois viver e explorar aquele novo mundo, dentro daquele colégio era o que ela mais queria.

And nothin' gonna stop me
E nada vai me parar

Ain't no stop and go 
Não tem isso de parar e ir

I'm speedin' on the midway 
Estou acelerando no meio da pista

I gotta really burn this road
Eu tenho mesmo que queimar essa estrada

Michael Jackson - Speed Demon

Notas Finais

Bonjour à tous. Sont les bienvenus = Bom dia a todos. Sejam bem-vindos

Oh, je suis désolé je ne voulais pas vous faire peur = Oh, me desculpe, não foi minha intenção assustá-la

*******

Então galera, o que acharam? Por favor deixem seus comentários! Não deixem de comentar pois a aceitação de vocês são a coisa mais importante. 

Esse mapa é o do colégio, e hoje foi um capítulo mais explicativo,pra vocês entenderem tudo bonitinho. Lembrando que qualquer dúvida quanto a isso por favor me perguntem nos comentários.

Esse apartamento do Michael se localiza no terceiro andar, do prédio onde tem as salas de estudo e tudo mais. 

Essas coisas em azul são as portas e entradas dos lugares. Essa perto do refeitório, leva ao jardim exterior (que é bem grande, mas não aparece na imagem) e foi por onde a Belle saiu lá no prólogo. 

Olhem que bonitinho das mesinhas, da piscina, das mesas do refeitório e da quadra!

Estão vendo a entrada do dormitório feminino? Bem em cima da porta, no terceiro andar vcs podem imaginar um quarto? Enton, essa é a localização do quarto da Heaven (que dá de frente para o ap do Michael...)

Ah, e a diretoria está coladinha ali no ap dele.

Esses traços verdes escuro são as cercas vivas de Sansão do Campo. Eu os escolhi pq além de poderem substituir um muro, são bonitos e dão um ar mais natural ao local. O verde é o gramado, e o bege da piscina e salão é para mostrar que não é um gramado (eu vejo o salão com cimento no lado de fora e o chão da beira da piscina com aqueles pisos normais de beira de piscina kkkkkkk). Quero deixar claro que a quadra é fechada.

Resolvi ter um mapa para que vcs me entendessem mais, e também para talvez vocês consultarem aqui em alguns capítulos mais para frente. 

Capítulo III

Fevereiro 7; terça-feira - 2017

Faltavam apenas dez minutos.

Heaven Lawrence e Elizabeth Günther estavam sentadas perto de uma das mesas do jardim central; apenas esperando para que o sinal tocasse, permitindo a entrada no prédio das salas, e anunciando o começo definitivo do ano letivo.

As duas colegas não conversavam naquele momento, pois Liz notou toda a aflição e medo de Heaven, então preferiu se calar.

Por causa do  Inverno, os dias chuvosos de multiplicavam, e esse não é diferente. 

O tempo nublado, parecia com Heaven naquele momento. Ela estava tão triste quanto o cinza do céu, e ambos ameaçam a qualquer momento desmoronarem em lágrimas.

Ela estava triste pois não sabia se seus colegas de turma e escola iriam aceitá-la. Toda sua coragem dos dias anteriores tinham caído por terra. 

O sinal não demorou para tocar, e quando estavam indo para as salas de aula, Heaven repassou por sua mente tudo aquilo que tinha aprendido com Liz.

Elas tinham conversado por horas naquela noite, conhecendo um pouco mais uma da outra, e tirando todas as dúvidas de Hev sobre o colégio. Ela aprendeu coisas bobas, que nunca tinha visto nos livros e que nunca passaram por sua cabeça. 

A escola era denominada Collège pois antigamente portava alunos de menor idade, mas com o passar dos anos, algumas de suas regras mudaram e ali virou um Lycée. Mas o nome  Collège  acabou se sustentando. 

Eram quatro turmas, - uma de cada ano escolar - e cada uma estavam faltando dois alunos, por causa dos quartos fechados no dormitório feminino.

Como Liz e Hev eram do mesmo ano escolar, elas seguiram juntas para a primeira aula do dia: Francês, que a sala se localizada no terceiro andar.

Ela ainda não tinha total confiança na colega de quarto para contar que já tinha ido naquele lugar, por isso fingiu uma feição de surpresa quando subiram até lá. 

Lawrence se sentou, colocando sua mochila ao lado da mesa de madeira. As mesas eram em conjunto, por isso Elizabeth sentou-se ao seu lado. 

A mesma mulher negra, que entregou as chaves dos quartos na casa das meninas, era a que estava na frente da sala naquele momento.

Cada traço dela deixava Heaven ainda mais pra baixo, fazendo-a se sentir feia em meio a tanta beleza. Ela era linda para a garota, e naquele exato momento pôde perceber que a professora era invejada por muitos, ao mesmo tempo que era desejada por outros.

Os olhos da maioria dos meninos não se desgrudavam da mulher. Todos carregados de luxúria e desejo.

- Bom dia! Sou Fleur Smith e sou a professora de francês de vocês. 

Um sorriso despontou de seus lábios, e ela colocou as mãos na cintura, olhando para o rosto de cada um.

- Sim, eu sei. Ela é mesmo linda.- Günther sussurrou para que ninguém mais escutasse.- Eu me sinto um lixo perto dela.- riu, como se aquilo fosse uma piada.

Heaven também sorriu e voltou a escutar o que Fleur dizia. Ela tentava ser corajosa e se manter firme, mas a vontade de fugir dali se multiplicava cada vez mais.

***

A aula tinha sido boa para Heaven. A professora tinha sido gentil e atenciosa com todos os alunos. Ela explicou e ensinou toda a matéria passada no dia.

A segunda aula era Ciência Social, e a sala da matéria ficava no primeiro andar. Então todos os alunos daquela turma desceram as escadas - em meio a tantos outros alunos que subiam e desciam - em direção ao mesmo destino.

- Bonjour... -um garoto com um belo sorriso no rosto parou Lawrence, que estava prestes a entra na sala.-  Vous êter nouveau ici, non?

-Oui - retribuiu o sorriso.- Plaisir, je suis Heaven Lawrence. 

Quando a menina proferiu seu sobrenome, ele desfez seu sorriso e a olhou de um jeito estranho. Hev sem entender, esticou sua mão para um cumprimento.

- Prazer; Louis Pellegrini.- voltou a sorrir.- Seja bem-vinda à escola e na turma também. 

- Obrigada.

- Espero te conhecer melhor. Será uma honra ter um rostinho tão lindo na minha lista de amigos.

Louis entrou na sala de aula, e ela foi logo atrás. Quando se sentou novamente junto com Liz em uma mesa conjunta, recebeu um olhar estranho da mesma.

- Se eu fosse você não me envolveria com o Louis. Ele não é boa pessoa, vai por mim.

Como agora elas estavam sentadas na frente, Hev teve que olhar para trás, no intuito de procurar pelo menino de cabelos negros e pele branca. 

- Ele parece ser legal... Por que você acha isso dele? Até agora você disse mal de pelo menos duas pessoas da escola inteira. 

- Digo isso porque ele não é legal. Ele sempre é o primeiro a receber os novatos da turma de braços abertos, e parece um anjo.

- Isso se chama gentileza, Elizabeth.- começou a sussurrar, por causa do professor que se apresentava.

- Não, eu sei que não é. Louis sempre está desobedecendo as principais regras daqui. E sabe qual é o final? Ele sempre consegue incriminar outras pessoas, ou até mesmo fingir que nada aconteceu, e ele nunca é punido. Louis é cheio de segredos e mistérios. Ano passado ele começou a namorar minha colega de quarto, e ela acabou sendo expulsa! Não quero que aconteça isso de novo.

- Acalme-se, ok? Ele apenas me cumprimentou... E eu continuo a achar ele legal. Esse jeito perigoso e "fora da lei" dele é bem excitante.- fez aspas com as mãos, mordendo os lábios e deixando Liz ainda mais indignada.

Era verdade que Heaven tinha gostado do jeito dele. Pelo que Elizabeth disse, seu jeito era um tanto perigoso e ela adorava algo mais emocionante. 

Louis poderia ser a pessoa certa para Lawrence, basta ela tomar cuidado e não ser a segunda colega de quarto de Elizabeth a ser expulsa por causa do rapaz.

***

      Todos os seis horários de aula correram bem, do jeito que ela esperava que fosse. Os outros professores também carregavam simpatia e sabiam como cativar cada aluno.

O sinal acabara de bater, anunciando o fim das aulas daquele dia. Agora os alunos teriam o intervalo até o jantar.

A última aula de Hev fora Teatro, que ficava no primeiro andar; então ela começou a subir as escadas em direção ao último, para conversar com o diretor, assim como planejou na noite anterior. 

- Tem certeza que vai conversar com Michael?- Elizabeth a parou, perguntando-lhe em meio a vários alunos que andavam pelos corredores.

- Sim, é claro. Quero tirar essas dúvidas, e ele como o diretor, é a melhor pessoa para isso.- sorriu. 

- Tudo bem, então. Me encontre na biblioteca, pode ser?

- Claro... mas onde fica a biblioteca?- ela se sentiu envergonhada por não saber, pois nunca tinha visto ou ouvido sobre ela.

- Existem duas bibliotecas; uma em cada dormitório. 

- Você chama aquela estante de biblioteca?- subiu mais alguns degraus da escada, achando que Liz estava apenas brincando com ela.

- Aquilo é só a porta. A biblioteca fica embaixo do dormitório; é um andar no subsolo. Ele foi projetado pela própria fundadora, é como uma brincadeira com os alunos, eu acho.

- Nunca tinha ouvido falar sobre isso... Talvez estivesse nos livros que minha mãe não deixava eu ver.- sussurrou para si, com o intuito de Liz não escutar.

- É só você puxar um livro azul que a porta abrirá, aí você desce as escadas. O livro está na quarta prateleira, olhando de cima para baixo; e é o terceiro da direita para a esquerda... Ah, e não precisa ficar com medo, é só uma passagem! A biblioteca é bem iluminada, e sempre está com alunas.

- Tudo bem, obrigada.

- Eu já vou. Não se esqueça de me encontrar lá, e boa sorte. 

  Günther saiu dali, finalmente liberando Heaven para ir até a diretoria.

   A menina simplesmente adorava o jeito de Elizabeth. Ela era comunicativa, legal e a forma rápida e empolgante que falava era por vezes engraçada. 

  Lawrence deu algumas batidas na porta da diretoria, e bastou esperar alguns segundos para ouvir uma voz permitindo sua entrada.

  Ao girar a maçaneta e empurrar a porta, ela pôde ter a visão de todo o escritório.

  Três paredes eram brancas, e a da direita era vinho, simbolizando a cor da escola. Ainda na direita, um belo e espaçoso sofá estava ali; ele era cinza e assemelhava-se com o que Mikaela comprara. Na esquerda, uma estante de livros cobria toda a parede. 

Já ao centro estava um grande tapete branco e logo atrás dele estava uma grande mesa de madeira escura. Na parede atrás da mesa, estava um armário, lugar que Hev deduziu ser onde ficava os documentos dos alunos. 

Alguns quadros também estavam espalhados; e tudo dava um olhar clássico para o local, com exceção do frigobar que estava ao lado do armário.

Ali também tinha uma porta, localizada no canto direito da parede paralela a de entrada. Parecia ser o banheiro, e obviamente Jackson estava lá dentro, já que a menina estava sozinha.

Não demorou muito para que o diretor saísse daquela porta. Michael encarou a menina de uma forma estranha, mas logo voltando a recompor-se e sentou em sua poltrona.

Ele apontou para que ela sentasse também, em uma das duas cadeiras postas na frente da mesa. Sua face estava séria e ele não aparentava ser tão divertido assim como demonstrou no dia anterior. 

- Algum problema, Lawrence?- disse sem distanciar os olhos do computador.

- Bem... eu queria fazer algumas perguntas.- sorriu amarelo, cheia de vergonha.

- Então pergunte.- finalmente olhou para Hev, parecendo estar sem paciência para aquilo.

Olhando-o com mais atenção, ela percebeu que os cantos da boca de Michael estavam sujos, assim como os próprios lábios.

Nesse exato momento, ambos desviaram a atenção para a porta do banheiro. Heaven se assustou ao ver Fleur, ali parada.

Provavelmente Michael e ela estavam se beijando, já que a boca dos dois estavam sujas de batom nude. 

Heaven atrapalhou o que o casal fazia, por isso tiveram que se trancarem no banheiro, para uma tentativa falha de limpar o estrago que o batom causara.

A vontade de Hev era de rir da situação, mas ela também sentiu-se envergonhada.

- Acho que eu já vou... Quer que eu volte mais tarde? Para resolvermos aqueles assuntos pendentes, é claro.- Fleur sorriu, tentando disfarçar o momento constrangedor. 

- Está dispensada. Não quero que você volte hoje, e se amanhã eu precisar, te chamarei.- deu um sorriso forçado e apontou a porta. 

Ela saiu dali de imediato, obedecendo tudo que Michael dissera. Ele parecia nervoso com o que acabara de acontecer, o deixando ainda mais sexy e desejoso.

- Não se preocupe, monsieur Jackson. Não vou contar pra ninguém, eu sei guardar segredo.

Sem dizer nada, Michael passou a ponta dos dedos nos cantos dos lábios, tentando disfarçadamente limpá-los.

- Você não sabe de nada, então tenha mais educação. Vamos, diga logo o que quer. Não estou com muito tempo.- Heaven deu de ombros diante da sua grosseria; ela já estava acostumada a ser tratada assim em outras escolas e em casa também. 

- Esta é uma das escolas mais difíceis de conseguir uma vaga. Então por que eu estou aqui? Eu não fiz nada para isso acontecer! 

  Seu olhar antes fixo na garota se desviou para um lugar qualquer; e ele suspirou, parecendo sem resposta e tentando formular algo coerente  em sua cabeça. 

- Heaven, você já foi expulsa de várias outras escolas, correto?- ele inclinou o corpo para frente e juntou suas mãos.

- Não foram tantos colégios assim.- sorriu, imitando o que Michael fizera, em um sinal de provocação. 

- E é por isso que você está aqui. Estamos com um novo projeto, que consiste basicamente em trazer para cá adolescentes maus disciplinados. Como seu histórico não é nada bom, mas mesmo assim possui ótimas notas, você foi a nossa primeira escolhida... Iremos apenas tentar consertá-la.

- Eu não preciso de conserto.- sorriu, xingando-o dos piores nomes possíveis em silêncio.- Irei fingir que acredito nisso... Mas agora me diga: como você sabe que eu odeio o nome do meu pai? Eu recebi uma carta ao invés de um e-mail , e nela estava o sobrenome da minha mãe.

- O sobrenome é algo escolhido pelo sistema. Tecnologia, minha cara. A carta faz parte do projeto, para que o recado chegue aos pais do adolescente; pois se fosse por e-mail bastava um clique para apagá-lo. E se não está acreditando em mim, eu não me importo.

  Lawrence estava zangada, ela não gostava de ser maltratada e seu ódio cresceu ainda mais em saber o porquê de estar ali.

  Michael voltou seu olhar para a tela do computador, sinalizando que a conversa tinha terminado, e que a garota podia se retirar.

  Ao contrário do que Michael queria, ela continuou ali parada, totalmente indignada com as coisas que ele tinha dito.

- Está me dizendo que eu estou aqui apenas para vocês me consertarem? O meu pai sabia disso? Mandaram uma carta separada pra ele?- sua voz alterou-se um pouco.

  Jackson se levantou, e com as mãos na cintura, começou a andar de um lado ao outro. Ele parecia mais uma vez estar pensando em alguma resposta.

- Você é curiosa assim?- parou por alguns segundos, mas voltou com o que fazia.- Seu pai não sabe o real motivo de estar aqui. Você está aqui também por causa de suas boas notas; e sim, iremos tentar e conseguir colocar ordem e disciplina em você.

Ninguém nunca tinha a enfrentado de tal maneira. Dizer sobre seus modos na escola, e tentar mudá-la, estava longe dos planos de outras pessoas. Todos desistiam de seu jeito, e apenas esperavam pelo momento de expulsá-la e se livrarem de uma peso nas costas chamado Heaven Lawrence.

- Eu não preciso disso. Sei muito bem me cuidar sozinha, e agir de forma adequada sempre quando eu quero.- levantou-se da cadeira, fazendo o diretor parar e encará-la.- Antes eu gostei daqui, e queria tentar mudar, mas vejo que não vale a pena.

- Se você acha isso, aproveite que ainda estamos no segundo dia letivo e vá embora. Será um prazer dar sua vaga para outra pessoa, menina.

  Um sorriso carregado de malícia despontou da boca de Heaven. Era incrível como Michael e ela começaram uma discussão com tanta facilidade, em tão pouco tempo. 

  Mesmo agindo fora das regras de outras escolas, ela nunca tinha discutido com alguém tão rápido assim, ou tratado algum funcionário dessa maneira. Isso de alguma forma era empolgante para ela.

  - Eu seria bondosa demais em ir embora. É uma honra saber que você já não gosta de mim, com apenas dois dias que estou aqui; e será um prazer fazer desse seu desafio o mais difícil de todos, senhor Jackson. Eu fazerei da sua vida um inferno, por todo o tempo que eu estiver aqui.

- Não estamos em uma competição, isso é tudo para o seu bem; mas está bom para mim se quer agir desse jeito e levar as coisas para um lado ruim.

- Apesar de tudo, monsieur Jackson, gostei de você... Ah, e não se esqueça que eu sei de você e a Fleur.- sorriu de uma maneira divertida, levando-o a sorrir também.

Ela caminhou até a porta, pronta para sair.

- Quantas vezes terei que dizer para ter mais educação garota?

Revirando os olhos, Hev deixou Jackson falar sozinho. 

A conversa tinha sido bastante reveladora, mas algumas questões ainda não haviam sido totalmente esclarecidas e muito menos a convencia que tudo o que ele dissera fosse verdade.

Saber que Michael e Fleur se relacionavam, e estragar um de seus encontros estavam fora dos planos dela; mas agora que sabia, aquilo era algo tão excitante quanto infernizar os dias de Michael.

Sem se importar se iria realmente cumprir o que tinha dito, Heaven foi o mais rápido possível para seu dormitório. Ela estava ansiosa em descobrir tudo sobre a biblioteca secreta.

We're takin' over

Estamos assumindo

We have the truth

Nós temo a verdade

This id the mission

Esta é a missão 

Michael Jackson  - Another Part Of Me

Notas Finais

Collège = Como nosso ensino fundamental 

Lycèe = Como nosso ensino médio 

Bonjour... Vous etês noveau ici, non? = Bom dia... Você é nova aqui, não?

Oui. Plaisir, je suis Heaven Lawrence = Sim. Prazer, sou Heaven Lawrence

Monsieur = Senhor

Link do trailer da fanfic: https://youtu.be/q2XDcZCpmVA

Capítulo IV

Abril 14; sexta-feira - 2017

  Meses se passaram desde o dia que Heaven pisou no internato pela primeira vez; e quanto mais o tempo caminhava, mais encantada pelo lugar ela ficava.

  Em meio aos dias que Heaven estava ali, alguns feriados tinham se passado, e a menina optou em ficar no colégio; enquanto vários outros alunos iam para casa, e eram recebidos de braços abertos por suas famílias.

  Sabendo que com ela era diferente, bastou uma ligação para Dylan avisando de sua escolha, e ele não ousou procurá-la.

   Hev e Elizabeth se tornaram grandes amigas e aliadas, sempre dividindo segredos uma com a outra. Lawrence nunca fora de amizades nas escolas ou na vizinhança, mas desta vez ela pôde sentir que com Liz era diferente.

  Mesmo contra a vontade da amiga, a menina acabou se aproximando de Louis; ela não sabia se eram namorados, sabia apenas que compartilhavam deliciosos momentos juntos.

  A promessa que fizera a Michael não tinha sido cumprida; mesmo tentando, ela não se dava o total esforço para fugir das regras da maneira que pensava querer.

  Ali era regrado demais, chato demais e amável demais. Lawrence gostava dali, e tinha medo de ser expulsa.

  A única coisa que fazia e acabava fugindo das regras, era ver Louis escondida. Sempre que podiam, iam para o dormitório um do outro, para conversarem, estudarem ou até mesmo transarem.

  O diretor continuava lindo e sedutor, como sempre. Hev ainda tinha uma grande atração por ele, mas para sua tristeza, o diretor nunca lhe dava a devida atenção.

  Ela ainda não acreditava no que Jackson tinha dito em sua primeira conversa com ele, por isso tentava sempre descobrir o real motivo de estar ali. Mas a cada vez mais estava desistindo daquilo, já que estava sem sucesso algum.

  Heaven se olhava no espelho, ajeitando a blusa vermelha e calça jeans em seu corpo. Ela e a amiga tinham chegado do jantar, e Liz tomava seu banho.

  Como no outro dia não teriam aula, todos podiam dormir até mais tarde se quisessem, por isso ela e Louis haviam marcado de se encontrarem. O horário de estarem todos no quarto após o jantar valia por toda semana - exceto no sábado, que podiam andar pela propriedade até mais tarde - e naquele dia não era diferente; por isso o casal deviam tomar cuidado ao saírem depois do horário permitido.

  Pellegrini disse que Hev podia sair do seu quarto tranquilamente, pois ele desenvolvera um jeito de desligar todos os alarmes e câmeras de segurança. A garota tentou questionar como ele fizera aquilo, mas o mesmo não quis contar.

  Assim como Günther tinha avisado, Louis era esperto para incriminar qualquer um de seus erros; e também era inteligente o suficiente para sempre encontrar novas alternativas e fazer tudo o que queria.

  Ele era misterioso demais; sempre cheio de segredos e a cada vez a surpreendia com suas ideias. Há dias ele vinha falando de um ótimo plano para conseguir muito dinheiro; seu suspense com sua ideia chegava a ser cansativo, mas prometeu a Heaven que contaria tudo no momento certo.

- Ainda está com essa ideia idiota de sair do quarto depois do horário? - Liz saiu do banheiro, vestida com um roupão branco, e uma toalha enrolada no cabelo.

- Eu confio em Louis... E se algo de errado acontecer, eu consigo me virar sozinha.- sorriu, tentando demonstrar uma confiança e coragem que não havia.

- Você é louca! Parece que não escuta o que eu digo sobre aquele desgraçado.- falou vestindo sua camisola.

Lawrence não se sentia confiante em arriscar, pois tinha medo de ser descoberta; mas ela precisava fazer aquilo. Seu desejo por aventura e principalmente pelo garoto que a esperava falava mais alto, então ela teria que ir o mais rápido possível, antes que desistisse da loucura que estava prestes a fazer.

- Se alguém me pegar, Michael não irá me expulsar, eu acho. Você lembra da conversa qur tive com ele? Eu prometi ser uma espécie de desafio para ele, coisa que não venho cumprindo nos últimos meses.- sorriu, olhando no relógio de parede.

- Je n'aime pas ton jeu avec monsieur Jackson... Tu es vraiment fou!

  Hev deu de ombros para o que a amiga dizia, e deitou-se na cama. Ela estava ansiosa para poder sair, mas  ainda teria que esperar a madrugada.

  Era tedioso ver Elizabeth se arrumar para dormir, enquanto apenas escutava o barulho dos ponteiros do relógio se movendo. Os segundos pareciam horas!

  A maré alta, com grandes ondas de excitação diminuía cada vez mais, fazendo-a sentir vontade de desistir. Mas ela não podia, pois sabia que logo as ondas boas viriam, e em breve ela poderia surfar com o "quase namorado". Hev pretendia se divertir aquela noite, e já pensava em sair do quarto pela madrugada mais vezes.

- Você viu onde coloquei o rascunho da minha anotação de Química ?- o olhar perdido de Heaven tomou rumo, caindo sobre sua amiga, que andava pelo quarto.

- Está no seu caderno, não?- sentou na cama com rapidez.

- Não, não... As anotações passadas na aula estão no caderno, já esta eu fiz durante o intervalo, para estudar agora; e como eu estava no jardim, preferi levar só uma folha.- disse irritada, procurando de um lado.

- Talvez você a esqueceu no jar...

- Não! Eu a trouxe pra cá.- cortou-a, fazendo sinal para que ela se calasse.

- Já olhou debaixo das camas? Pode ter voado e ido para baixo de alguma delas - brincou,  na intenção de irritá-la ainda mais.

  Elizabeth lhe lançou um olhar, e naquele exato momento, a garota pôde compreender que sua amiga ainda não tinha pensado nessa hipótese.

  Atenta, Lawrence observava a outra se agachar no chão para analisar ali. Primeiro ela olhou debaixo da cama de Heaven, lugar onde nada encontrou; mas ao olhar debaixo da sua própria cama, Elizabeth achou o que tentou procurava.

- Finalmente!- riu, checando o relógio mais uma vez.- Não precisava ter feito esse drama todo.

- Eu tenho que estudar, ok?- brincou envergonhada por seu desespero sem motivo. Ela se sentou ao lado de Hev, um tanto curiosa.- Já havia esse estrago embaixo da sua cama, ou isso é obra sua?- sorriu, deixando Hev confusa.

  Heaven sem saber do que se tratava, se abaixou para olhar o local indicado. Ela se assustou ao ver aquilo, pois um enorme furo no assoalho de madeira se fazia presente ali.

  Ela tentou tocá-lo, e pôde ver que o buraco era grande o suficiente para caber qualquer um de seus pares de sapatos. A madeira parecia ter sido arrancada dali com nenhum pouco de cuidado; alguns pedaços estavam espalhados ao lado do buraco, e outros apenas grudados ao mesmo, formando um pequeno relevo no chão.

- Que merda é essa?- indignada, sentou-se ali no chão tentando deduzir quem fizera aquilo.

- Também não sei...Você vai falar com o senhor Jackson, certo?

- Não... acho que não.  Tenho que descobrir quem fez isso.- arrastou sua cama do lugar, pronta para ver com mais atenção o estrago.

- É meio estranho, não? Acho que ninguém te odeia aqui nesse colégio, e se fosse por isso, teriam feito algo mais criativo.- Liz foi até onde a colega estava.- Acho pimenta na maquiagem bem mais legal.

- Isso é estranho por completo. Esse buraco não se formou sozinho, disso tenho certeza.- resmungou entredentes.

- Se eu fosse um pouco menos esperta, diria que foi coisa do Pellegrini; mas acho que se fosse pra fazer algo de ruim contra alguém, seria algo pior do que um estrago em um assoalho.

- Você  não tem jeito.- revirou os olhos, rindo.

- O que posso fazer? Estou dizendoa verdade, e a única idiota de tentar ficar com ele é você.

O olhar de reprovação de Heaven, fez com que Günther se calassse naquele exato momento. Ela voltou a arrumar suas coisas para estudar, e Hev arrumou a sua cama da maneira que estava antes.

- Acho melhor deixar assim; não fale para ninguém disso, por favor.- Com as mãos na cintura, Hev olhou no relógio de novo, e viu que faltavam alguns minutos ainda para o horário marcado.

- Não seria melhor você procurar o diretor? Ele poderia tentar descobrir quem fez isso.

- Michael não acreditaria em mim... Falaria que estou o enganando ou coisa do tipo. Talvez ele pense assim, eu não sei, mas acho melhor não arriscar.- deitou no chão gelado do quarto.- Deixarei isso aí, vai que por um toque de mágica isso acabe sumindo.

Sorriu, fazendo Liz sorrir também. Aquilo era estranho demais, mas Heaven preferiu não pensar muito sobre, e nem se preocupar. O assoalho não se restauraria, e se apavorar estava fora de cogitação.

A opção que a menina teve para passar o tempo enquanto esperava à madrugada, foi de ajudar Elizabeth com os estudos de Química.

                                  ***

- Faça silêncio! Temos que falar baixo aqui.- sussurrou para Louis, a qual estava de mãos dadas e a puxava pelo caminho.

- Não precisa ter mais medo.- gargalhava da aflição da namorada em ser descoberta.- Vamos ficar ali por enquanto.- apontou para o caminho que dividia o refeitório com a área da piscina, bem perto do portão da entrada lateral.

  Como já era final de semana, a internet estava funcionando nos notebooks e celulares dos alunos. Por isso, Louis mandou uma mensagem para a menina dizendo-lhe que já poderia descer, sem nenhum medo.

  Lawrence ficou receiosa no começo e  mesmo com Liz tentando impedi-la, ela seguiu em frente. Seu coração bateu aliviado quando percebeu que já estava fora da casa, e não tinha acordado ninguém, nem disparado algum alarme.

- Não vai me dizer como conseguiu burlar a vigilância? Você sabe que isso é errado?- Louis se acomodou perto da cerca-viva, trazendo a garota para seu colo.

- Sei que é errado, mas fiz isso apenas para me encontrar com você. E não, eu não irei contar como fiz isso.- sorriu de uma maneira mentirosa.

- O que estamos fazendo aqui, então?- bufou intediada, pensando que poderia estar em sua cama curtindo uma ótima noite de sono.

- Por dois motivos: primeiro que eu estava louco para te ver, e o segundo é que isso é um teste.

- Teste?- tocou as bochechas dele, fazendo com que ele a encarasse.

- Sim, claro. Lembra quando disse que tenho um plano para conseguirmos muito dinheiro?- ela confirmou com um balançar de cabeça.- Como eu não tenho muito dinheiro, e você ficará sem herança alguma do seu pai, precisamos nos unir.

- Sim, tudo bem; mas o que...

- Me deixe terminar, ok? - Louis a cortou, na tentativa de terminar sua fala.- Isso é um teste pois eu tinha que ver se você se arriscaria a fugir das regras ou fazer algo pior.- assustou-a com sua última frase, mas logo a tranquilizou explicando que não precisariam fazer algo de ruim para outra pessoa.

- Isso quer dizer que passei no primeira teste?- brincou, abraçando a cabeça de Louis rumo aos seus peitos.

- Bien sûr .- disse baixo em seu ouvido, mordendo sua orelha, fazendo que ela se arrepiasse por inteira.

- Não acha que Michael ou algum outro poderia nos ver aqui?

- Creio que não, mas se verem, não poderei fazer nada. Sou eu quem está errado, não é mesmo?- levantou as mãos em rendição, e Hev novamente concordou com ele.- Vamos esquecer disso, já falamos muito...

Tocou a cintura dela com ainda mais precisão, colando seus lábios, e partilhando de um delicioso beijo.

Sem se desgrudarem, as mãos de ambos percorriam pelo corpo um do outro, em uma sintonia de desejo e luxúria.

Mas quando Pellegrini tocou os peitos de Hev por baixo de sua blusa, a garota desfez o beijo, e se colocou ao lado do garoto, totalmente aborrecida.

- Não irei transar com você aqui.- falou, sem olhá-lo.- É arriscado já estar aqui, e fazer sexo é algo bem mais complicado.

- Tudo bem.- pegou em seu queixo, e ela o encarou.- Eu fui um babaca apressado.- riu de sua própria brincadeira.

- Talvez nas próximas vezes poderemos tentar algo novo.- mordeu os lábios, demonstrando sua malícia com as palavras.

- Você já quer voltar mais vezes? Essa é minha menina!- jogou os braços para o alto de uma maneira engraçada, e depois trouxe Hev para mais perto de si.- Hoje iremos só conversar. - Se beijaram pela última vez e se recomporam.

  Lawrence adorava o jeito fofo e compreensivo dele, e sempre se perguntava o porquê de Elizabeth  e outras pessoas não gostarem do menino. Talvez ela fosse ingênua demais, ou apenas conhecia a verdadeira essência de Louis Pellegrini.

  Eles conversaram por mais alguns minutos e Heaven se sentiu confiante em contar o que tinha acontecido em seu quarto. A reação de Pellegrini  foi a mesma que a sua ou a de Elizabeth: a mais pura e indignada surpresa.

  Para surpreende-la ainda mais, Louis também recomendou que ela procurasse o diretor e lhe dissesse o que estava acontecendo, mas Hev novamente negou a proposta.

Seu orgulho falava mais alto, e com tantas coisas inexplicáveis que tinham acontecido, aquela era só mais uma para a coleção.

É claro que estava curiosa e com vontade de descobrir quem fizera tal estrago em seu quarto, mas primeiro tentaria achar o culpado sozinha; e caso seu plano falhasse, procuraria a ajuda de Michael.

If you take the chance and do it
Se você aproveitar a chance e fazer isso

There ain't no one who's gonna put you down
Então ninguém mais vai poder te derrubar

'Cause we're the party people night and day
Porque festejamos noite e dia

Livin' crazy that's the only way
Vivendo loucamente, esse é o único jeito

Michael Jackson - Off The Wall

Notas Finais

Je n'aime pas ton jeu avex monsieur Jackson... Tu es vraiment fou! = eu não gosto desse seu jogo com senhor Jackson... Você é realmente louca!

Bien sûr = claro que sim

~~~

Olá pessoal! Espero que tenham gostado!

  Nesse capítulo pulamos um pouco no tempo,já que os anteriores foram como uma introdução do colégio para que vocês entendessem melhor esse mundo.

Sobre as músicas, lembrem-se que todas fazem sentido (não necessariamente no capítulo, mas na história em si). Fiquem atentos em tudo! Escrevam suas teorias e opiniões nos comentários! Beijos!

Capítulo V

Abril 17; segunda-feira - 2017 

 Suas bochechas coradas e seu olhar ameaçador, como o de um assassino prestes a liquidar a pobre vítima, não davam nenhum pouco de pânico em Michael, que continuava com seu jeito faustuoso de ser. 

 Sob a mira de um par de olhos negros e atentos, Heaven e Louis esperavam para serem questionados pelo mau comportamento em sala de aula. 

 Durante a aula de Ciências, que ocorrera após o intervalo para o almoço, eles foram pegos aos beijos pelo professor, e imediatamente levados ao escritório de Michael. Eles receberiam uma punição por aquilo - assim como Elizabeth os alertara -; mas o lado bom de estarem ali é que perderiam as aulas dos próximos dois horários.

 - Não me interessa sobre o relacionamento de vocês dois, mas é inadmissível este tipo de atitude dentro do colégio. 

 Mesmo irritada, e escutando o que ele dizia; Heaven não deixou de notar o quão Michael ficava charmoso e bonito, quando prendia seu cabelo em um rabo baixo,  deixando com que alguns cachos caíssem por seu rosto. 

 - Então, onde nós iremos ficar juntos? 

Colocando os cotovelos sobre a mesa, e apoiando a cabeça nas mãos; ela imaginou-se formando um casal com Jackson, e o perguntando a mesma coisa. Aquilo soava engraçado para a menina, e a levou a abrir um sorriso, sem nem mesmo perceber. 

 - Namorar dentro do colégio é totalmente contra as regras aplicadas aqui.- os encarou, passando um ar decidido e invencível para ambos os alunos.  

- Não seja hipócrita, senhor Jackson...-Hev sussurrou, como se alguém estivesse escondido, escutando tudo que se dizia ali. 

 O diretor os assustou quando se ergueu da cadeira, e bateu suas mãos na mesa. O barulho ecoou pelas quatros paredes da diretoria, assim como os gemidos da professora de francês, quando a mesma transava com Michael. 

 - Vocês podem sofrer consequências por causa disso.- olhou diretamente para Louis, evitando Heaven. 

 - Nos expulse, então. Não é isso que você quer fazer desde o momento que eu entrei aqui?- seu namorado encarou-a com desprezo, demonstrando aflição por causa de suas palavras.  
- Está louca? Você sabe a merda que acabou de dizer? Qual o problema de apenas escutar? Você não pode fazer isso, as coisas não funcionam assim! 

 Apontou o dedo para ela, deixando-a sem reação, já que era a primeira vez que Louis se dirigia a Heaven com aquele tom de voz. 

 - Eu preciso ficar aqui, e acho melhor você calar essa sua boca; ao contrário suma e esqueça de tudo que eu estava planejando. 

 Sua vontade era de mandá-lo ir se foder, ou até mesmo enfiar seu plano secreto e idiota no traseiro; mas ao abrir a boca, Michael a interrompeu. 

 - Pellegrini, se controle! Você não tem o direito de tratar ninguém dessa forma. Não grite com mais ninguém na minha frente.- voltou a se sentar, enquanto o garoto sussurava um pedido de desculpas quase inaudível.- E voce não seja tão ousada assim; não tolerarei mais nada vindo de você Johnson. 

 Johnson. 

 Escutar aquela palavra lhe dava náuseas, como se alguém tivesse dado um forte soco em Heaven, e imediatamente ela começasse a passar mal. Definitivamente ele tinha feito aquilo para irritá-la, e o sorriso destinado a Hev, deixava-a ainda mais nervosa. 

 -  Veuillez, utiliser Lawrence. - seu olhar abaixou e seus olhos focaram nas mãos do diretor.

 Ela não conseguia enxergar muito bem o rosto de Jackson, - pois ainda não tinha desviado o olhar de suas mãos - mas percebeu que ele também a encarava. 

 Ficaram assim por breves segundos, apenas apreciando o silêncio que reinava ali. 

 - E então? Já posso ir?- Louis falou, tentando voltar ao foco da conversa.  

- Claro que não. 

 Michael se recompôs, pronto para dizer o que os alunos deveriam fazer como punição. 

 - Louis quero que você cumpra trabalhos no colégio, por cinco dias, durante o intervalo. Heaven, você fará o mesmo, mas por sete dias, para aprender também a me respeitar. 

 Aquelas palavras fez com que brasas se acendessem dentro de Lawrence, e seu corpo começasse a esquentar. Por dentro estava xingando o diretor de todas as palavras que podia lembrar; e deixando claro para si mesma que não poderia e nem devia dizer mais nada, para que seu castigo não aumentasse.

 - Para não atrapalhar os estudos, vocês irão realizar os trabalhos por um hora, em cada dia. 

 - Ótimo! Começaremos amanhã?- Michael afirmou, e a menina deu um sorriso fingindo estar satisfeita. - Estamos liberados agora?

 - Sim, podem ir. Por favor, não façam mais nada assim. 

 Ambos se levantaram e tentaram ao máximo ignorar o diretor; saíram de sua sala e foram o mais rápido possível até o térreo. 

 Louis ainda parecia estar irritado, por causa das atitudes de Lawrence diante do diretor. Aquilo ainda assustava a garota, pois para ela, o namorado não era tão direito quanto parecia. 

Pellegrini fez com que a menina sentasse junto a ele em uma mesa do jardim - e na intenção de buscar mais privacidade, ele optou por escolher a mesa mais afastada. 

 - Até quando vai me esconder esse seu plano idiota?- resolveu quebrar o silêncio, já que o garoto não fazia nada além de olhá-la com raiva. 

 - Até quando vai agir como uma idiota?- novamente ela sentiu-se abalada por tal comportamento, mas não quis demonstrar sua decepção. 

 - Se tivesse me contado, eu talvez poderia ter tomado mais cuidado com minhas palavras. - tentou falar o mais baixo possível, porque um casal passava por ali. 

 - Eu ainda não posso te contar, é algo muito sério. Isso pode mudar nossas vidas, e para isso acontecer precisamos ficar aqui nesse internato. 

 - Seu plano é estudar? Não precisa de segredo, todos aqui temos o mesmo objetivo. 

 Heaven fez menção em levantar-se, mas foi impedida e voltou a sentar, mesmo contra sua vontade. Seu mau humor havia multiplicado, e tudo o que ela precisava era ir até seu quarto para ficar sozinha. 

 - Me desculpe, mas ainda não tenho total confiança em você... É algo sério, e quando eu te contar não sei se você vai me apoiar, ou me achar um louco. 

 Suas mãos envolveram as da garota, e por um momento ela sentiu compaixão, fazendo com que sua raiva diminuísse. 

 - As câmeras e os alarmes têm algo a ver com isso, certo?- cruzou os braços, mostrando estar indignada. 

 - Fale baixo! Ninguém pode escutar isso.- bufou, aflito.- E sim, mas por favor, mantenha em segredo. 

 - Não falarei nada Monsieur Mystère. 

 - Caso você queira realmente me ajudar, peço que observe todos os locais que Jackson mandará você para cumprir seu castigo. Qualquer coisa estranha ou suspeita, me conte, por favor. 

Ao escutar aquilo, seus pensamentos voaram até o dormitório feminino, mais especificamente em seu quarto. O chão quebrado poderia ser algo estranho e suspeito, mas ela não queria contar sobre aquilo para o garoto; não naquele momento.  
- Estou odiando esse seu mistério... mas tudo bem, eu aceito. Espero que você não demore muito para me contar esse seu segredo, e quando fazer isso, não fique zangado caso eu me recuse a fazer parte de algum plano louco... Sei que já estou fazendo parte disso, mas o motivo é que eu ainda não sei de nada. 

 Riram juntos, esquecendo que estavam nervosos um com o outro. Louis aproveitando o momento de descontração, aproximou-se ainda mais de Heaven, e abraçou-a. O carinho fora retribuído, sem que ela deixasse de sobressaltar que não poderiam se beijar naquele local. 

 - Então, já que você está junto comigo, tentando ao máximo me apoiar, e gostando de mim da mesma forma que gosto de você... O que acha de namorarmos? 

 - É sério isso? É claro que eu quero!- sorriu, enchendo o rosto dele de beijos.- A esta altura do campeonato, a maioria das pessoas já pensavam que estávamos namorando... eu só estava esperando o pedido. 

 - Oh, me desculpe por não ter te pedido antes.- apertou-a ainda mais em seus braços. 

 - Bem, acho que vou me encontrar com Liz,e contar as novidades.- Hev se levantou, e despediu-se do namorado. 

 Enquanto caminhava pelo colégio, a procura da amiga, Heaven prometeu para si mesma tentar tomar o máximo de cuidado com os planos estranhos do novo namorado. Mas ao mesmo tempo que aquilo lhe dava medo, ela queria participar de suas loucuras e aventurar-se. 

 Aceitar oficialmente namorar com o Louis não fora algo difícil; e ela pôde perceber que ele fizera aquele pedido apenas para dar-lhe mais confiança, e para ele ter um apoio de alguém ali. Lawrence não o amava, - isto estava verdadeiramente fora de cogitação - mas a menina sentia algo, que a fazia querer mergulhar em seu mundo misterioso. 

Depois de tanto procurar,ela encontrou Elizabeth na biblioteca subterrânea do dormitório feminino. Ela estava sentada em um dos sofás, estudando para o teste de francês que ocorreria no dia seguinte, mas mesmo assim não deixou de escutar o que a amiga tinha para contar. 

 Heaven pegou um livro qualquer, apenas para fingir ler; e sentou-se ao lado da amiga para conversarem. 

 - E então? Aprendeu que o nojento do Louis não é uma boa pessoa pra você?- disse em tom de brincadeira, o que realmente pensava. 

 - Na verdade ele me pediu em namoro, e eu com certeza aceitei.- o sorriso de Heaven foi mais amplo e revelador do que ela queria.

 - Não acredito! Você é mesmo uma ingênua, sem noção.- sussuravam, para não despertarem atenção das outras garotas que ali estavam.- E em minha defesa, é por esse motivo e outros que você é minha melhor amiga. 

 - Tenho que dar uma chance para ele... Ah, e teremos que realizar algumas tarefas durante o intervalo. Terei que ficar por uma semana, já que não tratei Michael com o devido respeito que ele queria. 

 Seus olhos reviraram-se, e sua expressão mudou para uma de indignação. Lawrence ainda não concordava e nem queria aceitar sua pena. 

 - Me desculpe, mas vocês mereciam. Vocês fazem coisas arriscadas demais... Eu realmente não tenho nenhum pouco da sua coragem.- levantou-se, indo até uma prateleira, guardar alguns livros. Heaven a acompanhou.

 - Tudo bem, você está certa. Tenho medo que descubram dos nossos passeios à noite. - sorriu amarelo, e também guardou o livro que tinha pegado.

 - Você lembrou de falar com Michael sobre o estranho buraco no chão do quarto? 

 - Não. Fiquei tão irritada com Jackson que me esqueci disso. Acho que não irei dizer a ele; talvez depois. 

 - Vamos até o quarto, preciso guardar meus cadernos. Quero que me conte tudo o que aconteceu... O diretor mais lindo da França adora irritar você, eu sei disso. 

 - O diretor mais lindo da França é um chato! Não vejo ele chamando atenção de outro aluno da maneira que ele faz comigo.- subiram as escadas e saíram da biblioteca. 

 - Bem, talvez a professora Smith não esteja fazendo o trabalho corretamente, deixando Michael de mau humor.- falou no momento exato que uma garota descia as escadas do terceiro andar. 

 - Não diga isso! Por favor, Elizabeth, isso é um segredo e eu confiei em você!- apreensiva, Heaven parou a amiga e a encarou.

 - Me desculpe. Não irei falar mais nada disso.- deu um sorriso travesso. 

 - Feche essa sua boca! Se isso se espalhar, ele vai descobrir que fui em quem contou... pois acho que sou a única que sabe dos dois juntos. 

 - Tudo bem, tudo bem... Trancarei minha boca daqui para frente. 

 Günther destrancou a porta do quarto e ambas entraram. Ela deitou-se em sua cama, e sua amiga encaminhou-se em direção a sua mochila. 

 Hev ainda não tinha tirado de sua mente os acontecimentos do dia. Heaven e Michael discutindo, Louis irritado, o castigo, as propostas, o pedido de namoro... Muitas coisas tinham acontecido em pouquíssimo tempo, e a menina ainda tentava captar tudo aquilo. Rir foi a única coisa que ela fez, ao lembrar de tudo. 

 - Vamos descer, ou você quer tomar um banho primeiro? Eu já tomei meu banho antes de ir para a biblioteca, mas se quiser posso te esperar. - Elizabeth disse, lhe tirando de seu momento de transe.

 - Vamos agora. Preciso comer algo e quero te contar com mais detalhes tudo que aconteceu; e provavelmente Louis vai para o refeitório mais tarde, e eu não quero me encontrar com ele hoje mais uma vez. Além que preciso distrair minha cabeça um pouco. 

 - Ok, então vamos logo; já estou morta de fome.

 Little voices in my head

Pequenas vozes em minha cabeça 

Secret keeping; stop the bleeding

Segredos mantidos, pare o sangramento 

All the souls that I can't listen to

Todas as almas que eu não consigo ouvir

Hesitation, awkward conversation

Hesitação, conversas constrangedoras

Running on low expectation

Convivendo com a expectativa baixa

Every siren that I was ignoring 

Cada sinal que estive ignorando

I'm paying for it

Estou pagando por isso

Camila Cabello - Consequences

Notas Finais

Veuillez, utiliser Lawrence = Por favor, use Lawrence 

Monsieur Mystère = Senhor mistério

Capítulo VI

Abril 20; quinta-feira - 2017

Abril 20; quinta 

 O barulho das botas de borracha de Heaven, deixavam-a ainda mais irritada e com nojo de si mesma. Suas meias estavam encharcadas, assim como o avental que usava, que encontrava-se sujo de alguns restos de comida. 

 Merda, nunca pensei no que acontecia depois do jantar... Bon Apetit, porcos imundos do Collège Courtney! Sei que vocês adoram nosso cardápio, mas mantenham suas malditas bocas fechadas! 

Aquele era o quarto dia de castigo. O pior de todos até então. Depois de ter limpado todas as salas e corredores do primeiro andar, por três dias seguidos, ela pensou que aquilo não poderia piorar.  

 Naquele dia, já cansada de ter que cumprir suas tarefas, ela resolveu não ir, pensando que Michael nem iria percerber - já que ninguém ficava lhe vigiando - ; mas o que recebeu fora muito pior. Jackson a convocou em seu escritório, e disse-lhe que aquele castigo não seria durante o intervalo, mas depois do jantar, assim quando todos já estivessem alimentados, deixando a ela de presente uma cozinha inteira para limpar. 

 Assim que se desfez com dificuldade do sujo e nojento avental, da meia e da bota amarela, Hev calçou suas sandálias e saiu da cozinha. Antes despediu-se de todas as funcionárias, que foram legais e educadas com ela, fazendo seu trabalho um pouco menos difícil do que parecia ser. 

 Por ser um internato, Lawrence não tinha para onde fugir dos castigos, e sem escapatória e com medo de ser expulsa e mandada para casa, o que restou a ela foi acatar todas as ordens. Fazer todo um alvoroço por causa de um beijo soava bobo para Hev, já que talvez pretendia fazer coisas bem piores. 

 Seu namorado também estava cumprindo suas tarefas, mas como fora mais esperto, não precisou fazer algo tão ruim. Na verdade ele tinha trabalhado por dois dias na jardinagem, e um dia limpando as salas de aula do segundo andar. 

 Os corredores estavam quase vazios, exceto pelos funcionários que iam para casa ou aos seus dormitórios assim como os alunos. A menina observava o céu, para assim poder esquecer e acalmar-se da raiva que ainda sentia. Seus passos eram pequenos, e sua mente vagava por outro lugar.  

 Ela agora viajava para um passado feliz e sem nenhuma preocupação ao lado da mãe; lembrando e se perdendo em memórias felizes, tristes e emocionantes. Os dias que mãe e filha sentavam-se na varanda do segundo andar, para observarem o céu estrelado e a cidade que completava a paisagem , era um dos momentos preferidos dela; e sempre quando o céu estava bonito daquela maneira, ela não poderia deixar de lembrar da mãe, e repetir mentalmente o quanto a ama. 

 E se Apolline estive aqui? O que acharia da filha estar em um dos melhores colégios da França? Sim, com certeza ela ficaria muito orgulhosa e feliz. Mas talvez com a mãe viva, Lawrence nem estivesse ali naquele momento, já que seu comportamento piorou quando foi morar com o pai; e talvez ela recusaria o convite do internato, para não precisar ficar longe da mulher que mais amava.  

 Mesmo precisando cumprir regras, e comportar-se de uma maneira que nunca fez antes, Heaven adorava estar naquele colégio. Tristeza e solidão era o sentimento que tomava conta de sua alma, quando lembrava que nunca teve um bom relacionamento com o pai ou com a madrasta, e estudar naquele internato, era a garantia que ela não precisaria brigar com eles quase todos os dias.

Hev já percebera que Dylan mesmo brigando e dizendo coisas ruins pra ela, tentava aproximar-se da filha, sempre quando podia. Mas talvez seria o medo de ficar sozinho, ou o amor incondicional que sentia pela esposa, que o fazia acatar todas as regras de Mikaela.

 Uma das regras era enxergar somente os defeitos de Heaven. Ele sempre acreditava em tudo que a bela mulher dizia contra a menina , e os poucos momentos de carinho entre pai e filha, eram sempre atrapalhados pela nova Senhora Johnson. Com o passar dos tempos, aqueles momentos começaram a acabar, disfazendo assim, aquele pequeno bom relacionamento. 

Aquela vadia só quer me prejudicar e acabar com a vida do idiota do meu pai! Heaven chegou a conclusão que Dylan deixou toda sua milionária herança para a esposa, de tanto ouvir o que ela dizia. Ele servia como seu escravo, acatando e servindo Mikaela, como um verdadeiro e bom servo. 

 Já no jardim central, perto dos dormitórios, Hev foi abordada por Louis, assustando-a, e a tirando de seus próprios pensamentos. 

 - Louis! Por favor, tenha mais cuidado da próxima vez, não é legal assustar as pessoas.- riu, dando um ligeiro beijo no namorado. 

 - Bem, vim correndo pois quero me encontrar com você hoje. Fiquei responsável de limpar o escritório do diretor, e acabei vendo algo que pode nos ajudar. Isso pode mudar um pouco nossos planos! Está na hora de contar pra você. 

 - Me fale agora então... Não me deixe esperando. - Hev segurou o braço de Pellegrini, que estava eufórico. 

 - Eu não posso! Não era nem para eu estar aqui, vim correndo porque te vi. Me encontre aqui no jardim, às duas; creio que nesse horário mais ninguém estará acordado. Tentarei sair nesse horário também. - sem esperar respostas, ele a beijou mais uma vez, e correu para o dormitório masculino. 

 Sem muito entender o que era aquilo tudo, ela continuou a andar - dessa vez com mais pressa - em direção à casa das garotas. 

 Louis era por vezes engraçado com seus planos. Descobrir do que tratava-se tudo aquilo era o principal objetivo da garota, agora. Ela não cansava de repetir para si mesma, que precisava a todo custo, saber o que era aquilo; da mesma forma que ainda queria descobrir o real motivo de estar no colégio, já que ela não tinha acreditado no que lhe fora dito. 

 Quando Heaven adentrou seu quarto, ela encontrou uma divertida Liz Günther, que dançava loucamente, com seus fones de ouvido e celular na mão. Demorou alguns segundos para que a cantora percebesse a presença da amiga, e terminasse seu espetáculo silencioso - já que não podia fazer barulho, por causa do horário - e particular aos móveis. 

- Fico honrada de dividir quarto com uma superstar ! - brincou, escolhendo uma roupa para depois do banho. 

 - Finalmente! Você atrasou para meu show, mas fico feliz que esteja aqui. Quer um autógrafo? - Elizabeth sentou-se no chão, observando o que a outra fazia. 

 - Tudo o que eu quero agora é um banho. Dou vômito quando me lembro daquela cozinha... Parecia ser tão fácil limpá-la, mas vejo que realmente não sou boa pra isso. Estou horrível e fedendo! 

 - Não tente sair do castigo mais. Da próxima vez o diretor Jackson pode colocar você pra limpar o banheiro feminino e masculino, perto do laboratório, no segundo andar. 

 - Espero nunca precisar disso! - disse, fechando a porta do banheiro, e preparando-se para um banho.- Irei me encontrar com Louis, deixe a porta destrancada por favor, porque não vou levar a chave. 

 - Você e suas loucuras... 

 - Quero fazer uma surpresa para meu namorado... Ele tem algo para mim, e eu para ele.- sorriu maliciosa, com seus pensamentos insanos. 

- Hev, aquela idiota da Joelle está agindo muito estranho com seu namorado, não acha? Eles estão se falando demais, e com toda certeza ela quer algo mais com ele... Ora, Heaven! Você sabe que ela nunca gostou de nós; e eu sinto o mesmo por ela. 

 - Não seja tão louca assim, qual o problema de amizades? Mas pode ficar tranquila que irei alertá-lo, pois também não gosto daquela garota. 

 No ano anterior, Joelle Baron brigara com Liz Günther por motivos banais, e desde então fez questão de odiar e implicar a garota sempre que podia. Sendo da mesma classe que Elizabeth e Heaven, e vendo a amizade de ambas, Joelle acabou criando um rancor por Lawrence também. Apesar do rosto angelical e dos cabelos ruivos, Baron carregava uma alma podre e um espírito vingativo. 

***  

 O céu continuava lindo e estrelado, a noite estava silenciosa, e a escola totalmente deserta. As luzes do jardim central, estavam acesas como de costume; mas a área da piscina também encontrava-se iluminada. Heaven desconfiou, e preferiu pensar que era seu namorado que tinha as acendido - afinal, ela já não duvidava de mais nada dele. Os portões daquela área incrivelmente estavam destrancados e totalmente abertos. Tomando toda sua dose de coragem, ela entrou dentro do lugar  para poder observar, e nada encontrou.  

Aquela era a primeira vez que ele atrasava, e a garota tentava se manter segura de que nada ocorrera. Louis tinha medo de ser expulso, e tentava manter-se ao máximo nas regras para que nada acontecesse, por tanto, sair à noite escondido não parecia ser algo tão grave assim para ele... 

 Ela sentou-se no chão, tendo como companhia somente a piscina, transbordando águas claras e serenas. As circunstâncias daquele dia fizera com que Hev refletisse sobre a vida, sobre tudo o que estava lhe ocorrendo, e o que aconteceria se as coisas tivessem tomado outro rumo. As água clara refletindo seu rosto a mostrava quem realmente ela era, multiplicando suas reflexões. Estar ali a fazia pensar ainda mais; pois um garoto metido, realmente merecia ela sempre arriscando-se por ele? A resposta certa para aquilo ela ainda não sabia, já que a curiosidade e a vontade insana por aventura, não deixava com que Hev se afastasse dele. 

 Parecia a eternidade, mas dez minutos haviam se passado, e Louis ainda não tinha chegado. Heaven estava curiosa, e queria surpreende-lo de alguma forma, ela estava pronta para mostrar o quão sexy conseguia ser. Esses eram os únicos motivos que ainda a mantinham naquele lugar. 

Ninguém poderia vê-la na piscina. Os únicos quartos onde poderiam fazer isso, eram os femininos do terceiro andar, desativados por um motivo não revelado. O fato de estar sozinha ao ar livre, sem ninguém olhando-a, dava a Heaven pensamentos perversos e sensuais; e além de desvendar os segredos do namorado, realizar aqueles desejos com ele, era outra de suas vontades. 

 Lawrence encontrava-se com Louis quase toda semana em algum lugar da escola, mas aquela era a primeira vez que ela entrava na área da piscina, fora do horário permitido. A garota apenas queria aproveitar o momento, tentando esquecer de qualquer circunstância. 

 Suas mãos deslizavam por suas pernas, e aqueles toques antes ignorados, tomaram conta de toda atenção dela. O perigo aumentava ainda mais sua vontade, e os toques espalharam-se por todo o seu corpo. Em movimentos sensuais para os olhos de quem vê, ela apertava os próprios peitos, e tentava tirar a roupa, de uma maneira lenta e performática. 

 Seria melhor se estivesse acompanhada, constatou assim que tirou a blusa. A brisa fez com que seus mamilos enrijecessem ainda mais, fazendo com que seu desejo crescesse, e deixando seus pensamentos fluírem. Louis poderia estar ali, para matar logo de uma vez, toda aquela sua vontade.   

Ela tirou as sandálias, e desabotoou a calça, retirando-a em seguida. Ele estaria ali em alguns minutos, ela ainda tinha esperança; e não iria desistir de fazer aquela surpresa para ele. 

Pellegrini era tão lindo, charmoso, sexy, educado, misterioso... Michael carregava as mesmas qualidades, e até um pouco mais; e quando surgiu na mente de Heaven, seu lindo diretor, com um sorriso irônico no rosto, seus desejos multiplicaram-se. Aquilo era errado. Achá-lo bonito, e brincar com Elizabeth sobre ele, era algo bem diferente do que sentir-se ainda mais excitada pensando no diretor, do que no próprio namorado. 

 Seus pensamentos antes enlouquecidos tomaram um rumo de verdade, e Hev viu o que estava fazendo. Não era um bom sinal estar somente de lingerie, perto de uma piscina. 

 Mas era seu namorado que tinha feito aquilo, certo? Suas certezas eram poucas, mas ela queria acreditar... E para mostrar para si mesma que tudo estava bem, Heaven resolveu fazer algo ousado, algo que iria aguçar  ainda mais seu extinto fora da lei e aventureiro.  

 Um banho de piscina era o que Lawrence precisava naquele momento. 

 Em um impulso, a garota levantou-se e devagarosamente entro na água, tentando fazer o mínimo de barulho possível. A água moveu-se, tocando a pele clara de Heaven, e fazendo-a arrepiar-se por causa da frieza. Dois mergulhos foram o suficiente para que ela se soltasse, e já estivesse nadando por toda a piscina - sempre de uma maneira silenciosa e cuidadosa. 

 Liberdade era tudo que ela queria, e era exatamente aquilo que Heaven estava sentindo naquele momento. Seus pensamentos perderam-se;ela estava entorpecida pelo ótimo momento. 

Ela já não se importava se Louis iria ali ou não, provavelmente ele esqueceu do encontro que o próprio havia marcado. Seus desejos ainda continuavam, mas bastava esperar um pouco, para que a vontade aumentasse ainda mais; que ela poderia se satisfazer sozinha. 

 Lawrence não sabia as horas, mas calculou que estava dentro daquela piscina a quase quinze minutos. Estava ficando mais frio, e sua pele se tornava púrpura a medida que o tempo passava. Sair era a melhor opção para aquilo, e era o que pretendia fazer depois de mais alguns mergulhos. 

Barulhos foram ouvidos. O susto veio enfim, acabando com todo o clima. Os pedidos de Heaven, para que aquilo fosse somente um fantasma começaram. Poderia ser apenas coisas de sua cabeça, mas o aquele som não se cessou. Eram os sapatos de alguém que andava tranquilamente, sem pressa. Seu namorado usava tênis, que não causavam nenhum ruído... Alguém estava por vir. 

 Seu coração disparou, e seu corpo paralizou. Sem conseguir movimentar, sem nenhuma reação.  

 Heaven viu-se afogando em meio ao seu mar de aventuras, assim que avistou Michael Jackson, seu diretor, adentrando a área da piscina.

You go through life making fools of others 

Você segue a vida fazendo os outros de tolo

Prentending you're giving them love

Fingindo dar-lhes amor

But remember sister or brother 

Mas lembre-se irmã ou irmão 

You all have to answer to the one u above

Vocês todos terão que responder pro homem lá de cima

Michael Jackson - Everybody's Somebody's Fool

Notas Finais

   Como vocês podem ver, temos uma nova personagem. Quero deixar claro aqui que ela não irá participar muito, mas sempre estará por aqui hora ou outra :) Quero agradecer por todos os comentários e favoritos, muito obrigada!!!

Capítulo VII

A Olhares cruzados. Medo e raiva; desespero e surpresa. 

 Heaven sentiu um forte aperto no coração, assustando-se com a bela imagem a sua frente. Mesmo com medo, ela continuava achá-lo lindo, e para não se desesperar, resolveu concentrar-se em cada detalhe dele. 

 A calça e os sapatos cotinuavam os mesmos, já a camiseta branca estava quase toda desabotoada, deixando à mostra seu peitoral. Seu cabelo estava solto, e seus cachos voavam na direção daquela leve brisa. Sua face estava ainda mais séria do que o normal, e Heaven sabia que aquilo não era nada bom. 

 - Sortez de cette piscine maintenant, Mlle Johnson. C'est un ordre! - sem alterar a voz, e continuando com seu tom doce; ele conseguiu fazê-la estremecer. 

 Seu olhar rebaixou-se, e sem nada dizer apenas concordou com um aceno. Jackson cruzou os braços, esperando-a sair dali.  

 Hev lembrou que estava apenas de lingerie quando subia as escadas da piscina. Ela não confirmou, mas podia sentir que Michael a observava, e por aquele simples motivo, era bom ele estar ali. 

 Lawrence virou-se até o diretor, tomou um pouco de coragem e seguiu em frente, desfilando até ele; querendo demonstrar sempre sua autoconfiança. Para tentar provocá-lo, Hev levou as mãos no sutiã, apertando-os junto aos seus seios, fazendo com que água escorrece.

- Não tem vergonha de estar aqui, desse jeito?- disfarçou, depois de ter encarado ligeiramente seu corpo. 

 - Disse pra você que iria ser seu maior desafio - falhou um pouco a voz, sorrindo. 

 Ela prendeu a respiração, tentando ter calma e controle. Aquele era um momento delicado, e o diretor podia simplesmente irritar-se com tudo, e expulsá-la do colégio.  

 - Você realmente acha que nossas regras não valem pra você? - ele deu dois passos, cruzando os braços e fixou o olhar nos seus olhos. 

 - Estava sem sono... resolvi caminhar e... aqui estava aberto, então eu...- sua voz falhava, demonstrando seu medo. 

 - Estava aberto porque eu posso caminhar aqui à noite. Sou o diretor, e não um aluno qualquer - seus lábios eram mordidos com frequência; Michael estava irritado, mas mesmo assim seus olhos passeavam por ela vez ou outra - O que eu não entendo é como você está aqui, os alarmes... merda!  

 - Bem, acho que foi você quem os desativou para poder andar por aqui. - apesar do sorriso, ela tinha medo daquela dedução  - Eu apenas me arrisquei. 

 Ela olhou suas roupas, que continuavam no mesmo lugar que havia as deixado; mas Jackson parecia aborrecido demais para deixá-la fazer algo. Hev mesmo querendo provocá-lo, sentia-se desconfortável por estar daquela forma na frente de Michael. 

 - Eu vi um vulto, na verdade! - foi a primeira coisa que veio em sua mente, tentanto desesperadamente convencê-lo - Estava na janela, quando vi. Pensei ser alguém,e se essa pessoa estava no jardim, os alarmes estavam desligados. Foi por isso que quis descer.  

 - Acha mesmo que acredito em você, Heaven? Será que foi um fantasma? Qualquer um ficaria com medo de um vulto, mas mesmo se viesse atrás dele, a pessoa não ficaria pelada em uma piscina.  

 Riu, indignado com a coragem da menina de mentir daquela forma. Ele não acreditara em nada, e Hev sabia disso. 

 - Então pare logo de olhar para meus peitos a cada segundo que se passa!- preferiu provocá-lo, para que o foco do assunto mudasse, e ela não tivesse que dar mais explicações. 

 Ele falhou, e não soube o que responder, pois aquilo era verdade. Heaven aproveitou para se aproximar mais e tocar seu rosto; tentando uma aproximação tão ousada quanto ela. 

 - Apesar de ser um chato e irritante, eu sempre te achei lindo, senhor Jackson... e é verdade, talvez eu esteja totalmente fora de mim, por estar aqui. 

 Deslizou a ponta dos dedos por aquele rosto macio molhando-o, e comemorou pela coragem e ousadia, de ter aquele contato tão próximo com o diretor, em um momento tão delicado como aquele. 

 - Habille-toi, s'il te plaît...- fechou os olhos e pegou na mão dela, tentando afasta-la .- Nous devons y aller. Vous avez déjà causé beaucoup de problèmes. 

 - Me desculpe.- tirou sua mão, mas antes deslizou-a pelo pescoço do diretor, que mantinha-se rígido e sério. 

 Com rapidez, Michael empurrou para a garota toda a sua roupa, que ele havia recolhido do chão  naquele exato momento. Ele lhe obrigou a vestir as roupas, mesmo ela contestando, por suas peças íntimas estarem molhadas. E foi quando Hev estava vestida, que Jackson voltou a encará-la de fato. 

 - Vamos embora. Essa sua atitude seria caso de expulsão, mas tenho meus motivos para mantê-la aqui.- o diretor segurou firme no braço da menina, puxando-a. 

 Lawrence não quis dizer nada. Já era sorte demais ela não ser expulsa, e provocar ainda mais Michael, poderia causar péssimos danos. 

 - Mas não pense que vai sair impune, isso nunca vai acontecer; você terá mais uma semana de trabalhos na escola. E quero que fique calada, pois se alguém souber que não segui as normas, serei obrigado te mandar embora desse internato. 

O rosto assustado de Heaven, revelou um sorriso malicioso; e seu olhar cruzou com aqueles lindos e negros olhos. Ela voltou a tocar seu rosto angelical, acariciando-o, dessa vez sem medo ou vergonha. 

 - Esse será apenas um dos nossos segredos , senhor Jackson. 

 Segurou com firmeza suas bochechas com ambas mãos , cravando suas unhas ali, e depositanto um rápido beijo no canto de sua boca.  

 Deixando-o sem reações, Heaven saiu daquele lugar e foi para seu quarto, com a conclusão que tentar seduzir Michael, fora a maior loucura feita por ela ali dentro do colégio. Naqueles momentos, ela agira apenas por seu extinto, que saciava pelos lábios do diretor colados nos dela.  

                                   

                Abril 22; sábado - 2017 

 O Pequeno Príncipe. 

 Assim como o Pequeno Príncipe foi cativado pela raposa, Heaven estava cativada pelo colégio, por Elizabeth, até mesmo por Louis, e uma grande parte da escola. Por esses e mais motivos ela continuava a persistir, e repetir a sua mente confusa que o Collège Courtney  era o melhor lugar para se estar. 

 Desde aquela madrugada, Heaven evitou falar com o namorado,deixando evidente sua decepção. Ele a tinha prometido que estaria lá, a fizera arriscar, e ser descoberta. Ela sabia que a culpa não era somente dele, mas aquilo não parou a mágoa e insegurança que agora sentia. 

 Talvez Louis seja a flor, onde um de seus espinhos afiados furou-me o dedo... mas eu reguei e cuidei da flor! Então por que está fazendo isso comigo ? 

 Sem explicação. Aquele simples livro infantil - lido tantas vezes pela garota - lhe dava mais explicações e emoções, do que qualquer romance ou ficção científica. E ver-se comparando sua vida com aquele livro, a deu ideia de loucura; uma linda e gostosa loucura. 

 Michael também lhe dava aquela doce sensação; e estar ali em seu escritório, deixava-a ainda mais entorpecida. Limpar o lugar como castigo,acabou tornando-se diversão, já que ela podia tentar investigar tudo que quisesse. Era ali que Louis estava antes de dizer que queria conta-la algo; e sua curiosidade estava grande para tentar descobrir do que se tratava, mesmo não estando conversando com ele o suficiente. 

 Hev havia acabado de lavar o banheiro da diretoria, e aproveitara que Michael tinha saído por alguns minutos - já que ele nunca deixava um aluno sozinho em sua sala por muito tempo - para bisbilhotar tudo que queria. Ela estava tirando a poeira dos móveis, tendo mais oportunidades para aquilo. 

 Boa parte das gavetas estavam trancadas, e quando não estavam, nada de interessante era encontrado. Nas extensas prateleiras de livros, Heaven viu em uma grande parte o que poderia ser a coleção pessoal do diretor. Os livros sobre o Collège Courtney  que sua mãe a proibia de ler, e que não haviam na biblioteca dos dormitórios, estavam ali diante dela, postos organizadamente no centro exato daquela parede cheia de livros. Sem pensar duas vezes, ela os tirou do lugar, para que pudesse observa-los com mais clareza. 

 Ela estava indo contra mais uma das regras de Jackson, pois o mesmo havia a proibido de mexer na estante dos livros - ele tinha deixado claro que as consequências seriam fortes se ela tocasse em algo na estante e em seu armário. Daquela vez Heaven tomaria mais cuidado, e não demoraria.  

Mas algo bem mais interessante tomou totalmente sua atenção. Algo que fez Louis visitar sua mente, e ela teve certeza que era aquele o motivo do mesmo aborda-la para uma conversa. 

Ao tocar um dos livros, algo aconteceu, fazendo com que o centro da estante se movesse para a direita, revelando uma pequena parte da parede, com um cofre escondido ali. Os livros que estavam em suas mãos quase foram ao chão, então a garota os colocou na mesa de Michael. Aquela surpresa era mais um dos vários segredos de Chloé Courtney, assim como as bibliotecas... 

Um cofre embutido, de cor marrom madeira estava diante da garota. Em um canto se encontrava números, mostrando que aquele era um cofre digital. Em seu centro, o símbolo do colégio, e embaixo uma frase, a qual Heaven nomeou a coisa mais intrigante que já tinha visto naquele internato. 

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 Nem a abertura secreta, nem o cofre, a surpreendeu mais do que aquela simples e misteriosa frase. Sua vontade era de abrir o cofre, mas como obviamente não sabia a senha, ficou com medo de digitar alguns números aleatórios e algo acontecer. 

 Hipnotizada; totalmente paralisada, apenas observando e relendo cada vez mais a frase. Nada mais passava por sua cabeça... Sem perceber seus movimentos, ela conseguiu fechar a abertura, tocando o mesmo livro que a tinha aberto; da mesma forma que fazia com a passagem da biblioteca. Ela guardou os livros do colégio, sem tempo e coragem de abri-los para descobrir algo. Mas ela não pôde deixar de notar e apreciar o menor dos livros, onde carregava em sua capa um lindo colar de rubis. 

 Ela não sabia seu significado, e muito menos o que ele simbolizava para o internato; Lawrence apenas soube que o colar tinha extrema importância, por estar na capa de um dos livros raros e proibidos, onde contam a história do Collège Courtney. 

 Tentando se recompor, Heaven voltou a pegar o pano que estava caído no chão, o dobrou novamente e quis voltar ao trabalho, fingindo que nada daquilo tinha acontecido... mas era impossível. As imagens da estante se abrindo, o cofre madeirado e sua estranha frase não saíam de sua mente.  

 Assustada era a única palavra que podia definir seu real estado. Aquele não era um caso simples; Hev acabara de descobrir algo, e tinha a percepção de que era algo muito importante, e que ela era uma das poucas pessoas que agora sabia daquele segredo. Sentindo suas pernas estremecerem, com dificuldade ela arrastou-se para o sofá, sentando e tentando recuperar suas forças e segurança. Paranóias foram criadas em sua cabeça, e Heaven agora suspeitava de uma possível câmera ali no escritório. 

 O diretor, que havia deixado a sala a quase quinze minutos, abriu a porta, deparando-se com a cena deplorável de uma assustada garota, jogada em um sofá e encarando inconcientemente uma prateleira de livros. 

 - Algum problema aqui, Lawrence?- sem entender,Michael a olhava imparcial. 

 - Não... nada. Apenas não estou me sentindo muito bem, senhor Jackson. Tive uma forte tonteira - o olhou de volta, para que ele não desconfiasse do local que ela encarava segundos atrás. 

 - O que falta para terminar? - aproximou-se dando alguns passos e pegando o pano de sua mão. 

 - Como você tinha visto antes de sair, comecei faz pouco tempo e agora que estou limpando os móveis- sorriu de lado, tentando se colocar de pé. 

- Vá para seu quarto e descanse, você está pálida, - acenou, sorrindo- parece assustada.  

 - Foi algo repentino, talvez esse seja o motivo.- segurou nos braços de Michael para equilibrar-se, lembrando todos os estranhos acontecimentos. 

 - Terminarei aqui. Passe na enfermaria para ver o motivo de você estar assim. Amanhã as atividades irão continuar; e não diga a ninguém que te dispensei e não cobrarei esse dia novamente. 

 - Acho que você deve confiar em mim, já que compartilhamos tantos segredos em tão pouco tempo de convivência. Passarei na enfermaria sim, e obrigada. 

 Deu um último sorriso, e beijou rapidamente a bochecha de Jackson, saindo da diretoria.  

 A convivência de Jackson e Lawrence com toda certeza passava da normal interação de um aluno com qualquer outro funcionário. Gostando ou não,ela estava criando uma forte relação de cumplicidade com o diretor. 

***   

 A única pessoa que Heaven tivera coragem de contar o que ocorrera na piscina com Michael, fora Elizabeth, que adorou a ousadia da amiga,da mesma forma que a considerou louca pela tamanha coragem. 

 Alguns objetos pessoais da mesma menina a qual Hev confiava tantos segredos, encontravam-se espalhados por todo o quarto, e ela no banheiro, vomitando sem mais conseguir manter-se em pé, pois tamanha era sua fraqueza. Suas mãos envoltas ao vaso sanitário, era o que a mantinha sentada. Assustada pela cena,Heaven foi até a amiga, tentanto desesperadamente ajudá-la. 

 Passados alguns minutos, Elizabeth conseguiu se recuperar, e com a ajuda de Hev,andou até sua cama e se deitou. Sua voz estava fraca, e seus gemidos de dor eram mais estranhos ainda. Heaven nunca a tinha visto em tal situação. 

 - O que houve? Vamos para a enfermaria; vou pedir ajuda.- Liz agarrou-se na amiga, tentando impedi-la de todas as formas. 

 - Estou bem, eu juro! Por favor, esqueça isso.- tossiu, com voz de choro. 

 - Tudo bem, tudo bem... vamos esperar você se acalmar, depois chamarei a enfermeira. 

 - Não Heaven, por favor!- lágrimas desceram por seu rosto, e a garota desesperou-se por ver aquela cena. 

 - Se acalme! Está tudo bem! Se acalme, por favor... 

Abraçou-a, tentando acalma-la e conforta-la. Tudo estava dando errado, e quando Heaven via que não tinha mais maneira de se surpreender, algo acontecia. Ela prometeu a si mesma, que assim que Günther estivesse melhor, iria interroga-la, e descobrir o que realmente ocorrera, para que seu estado mudasse tão ligeiramente ao querer alguma ajuda médica para a amiga.

He's trying hard to convince her

Ele está tentando convencê-la

To give him more of what he had

Para dar-lhes mais do que ele tinha

Today he wants it twice as bad 

Hoje ele quer duas vezes pior

Don't cry, I won't resent you

Não chore, eu não  vou ressentir você 

Yesterday you had his trust

Ontem você teve a sua confiança 

Today he's taking twice as much

Hoje ele está tomando o dobro

Michael Jackson - Morphine

Notas Finais

 Sortez de cette piscine maintenant, Mlle Johnson. C'est un ordre! = Saia dessa piscina agora, senhorita Johnson. É uma ordem! 

Habille-toi, s'il te plaît...Nous devons y aller. Vous avez déjà causé beaucoup de problèmes = Vista-se, por favor ... Temos que ir. Você já causou muitos problemas. 

Juste notre plus grand secret = apenas nosso maior segredo

Capítulo  VII

Abril 27; quinta-feira - 2017 

Elizabeth continuava mais estranha do que nunca. Depois de melhorar sua crise de vômitos, ela trancou-se dentro de si mesma, e não quis compartilhar os motivos de estar assim tão mal. Liz não fora a enfermaria, e com medo da garota se aborrecer,e vendo que ela já estava bem, Hev não insistiu mais. 

No dia seguinte Günther foi até a cidade, alegando ir visitar a família. Aquilo também era estranho, pois todas as vezes que ela ia até a cidade, em dias de sábado convidava a amiga para acompanhá-la; mesmo sendo raras as vezes que Elizabeth visitava a família, já que a mãe e pai viviam viajando. Naquele dia foi diferente; se Heaven não tivesse acordado logo de manhã, vendo a amiga sair, ela mal saberia onde ela estava. 

Nos poucos dias que se passaram,ela agira estranho com a colega de quarto, tentando esconder algumas coisas, e sempre tendo pensamentos distantes, mas a maior parte do tempo, ela continuava alegre, animada e cheia de energia; e não mais adoeceu de tal maneira. 

Louis insistia para falar com Heaven, implorando-a suas desculpas, todas as vezes que a via. A menina não queria ceder, mas acabava não resistindo com seus pedidos. Ela voltou a conversar com ele, depois de suas explicações de que seu colega de quarto ainda não tinha dormido; que para Elizabeth não passara de uma desculpa fajuta, para não contar a realidade. 

Durante o intervalo, Heaven e Louis combinaram para que ele contasse o que queria. Hev disse não querer mais sair pela madrugada, com medo de Michael a descobrir, e fazer algo bem pior do que um simples castigo. Se arriscar novamente poderia ser a maior tolisse feita por ela. 

- Onde vai cumprir suas tarefas hoje? Na cozinha de novo, ou no escritório do senhor Jackson ?- perguntava, guiando-a pelo terreno da escola, buscando mais privacidade ao ar livre. 

- Não estou aqui para conversar disso, Louis. Saiba que ainda estou nervosa com você, e quero apenas saber o que você quer me falar.- cruzou os braços, olhando na direção que o sol se punha. 

-Ei, acalme-se! Vou chegar onde quero... Perguntei pois foi da diretoria que essa novidade surgiu.- sorriu malicioso. 

Tudo se encaixava agora. Ou ele também descobrira o segredo, ou fora algo muito mais interessante. 

- Talvez eu tenha algo para dizer também... Cheguei a limpar lá, e encontrei coisas bem interresantes. Mas me diga você primeiro. 

Seu olhar era ainda mais malicioso, juntamente com seu sorriso estranho. Ele não se importou de sujar seu uniforme, e sentou-se na grama, sem desgrudar nenhum segundo seus olhos dos de Heaven. 

- Celui-ci sera juste notre plus grand secret, ma belle. 

Sua respiração alterou-se. Ela entendera muito bem o que ele quis dizer. Louis também tinha descoberto o cofre... Era isso; seria coincidência demais se aquela frase fosse dita em vão. 

- Você também sabe, não é?- sua cabeça mal se moveu afirmando; ela não conseguia falar, com medo do que ele queria com aquilo.- É aí que começa todo nosso plano para ganhar o dinheiro que tanto precisamos... e uau! Estou aqui sempre tentando descobrir alguma coisa, e nunca desconfiei daqueles livros... fui um idiota! 

- Me explique isso direito, Louis! Não quero entrar em algo que não traga benefícios para mim e me traga coisas ruins.- conseguiu falar de maneira menos autoritária do que queria. 

O garoto se levantou sorrindo, tocando no rosto da namorada e encarando-a profundamente. Ele estava feliz. 

- O que eu realmente quero é o que pode estar dentro daquele cofre. Já ouviu falar sobre o colar de rubi de Chloé Courtney?- a medida que dizia, sua voz ficava um tom mais baixo; era ainda mais misterioso. 

Imediatamente a imagem de um dos livros veio em sua mente. Sua capa estampada com o belo colar não passara despercebida por Hev. 

- Há uma lenda por trás daquele colar, e estou a estudando faz anos. Quero ele pra mim, e descobrir todas as riquezas que ele traz pra quem o possui. O cofre é uma ótima pista, e temos que abri-lo; por isso quero contar com sua ajuda. 

Beijou a testa de Heaven, tentando ser carinhoso, mas que para ela soou totalmente falso. 

- Me conte tudo. Chega de segredos.- afastou-o. 

- Você saberá com o passar do tempo, eu mesmo não sei tudo ao certo,mas pelo que sei o colar de rubis é uma das coisas mais preciosas para a fundadora desse colégio. Pelo que contam, o colar foi roubado no dia que ela morreu; e ficou perdido por 95 anos. Escreveram livros sobre o colégio, sobre a Chloé e sua filha Belle, e também sobre o colar. Dizem que atrás dele há uma mensagem, uma dica de onde está um tesouro guardado, além que ele pode valer milhões. 

- Você está louco? Acha mesmo que vai conseguir o colar? - ria, pois não conseguia acreditar naquela loucura. - E acabe de contar, quero saber onde isso vai chegar. 

- O colar foi achado em 1983, em um terreno de uma casa aqui em Lyon; ele estava enterrado lá, dentro de uma caixa. A profundidade que o encontraram era significativa, e só o acharam porque iriam instalar uma piscina ali. O colar foi levado ao museu, mas depois de alguns meses o governo o retirou, pois queriam de qualquer forma roubá-lo. Todos os livros sobre o colégio foram tirados de circulação, e o colar nunca mais foi visto. Aqui é o único lugar que se encontram esses livros, e talvez aquela joia. 

- Espere... os livros foram tirados de circulação? Minha mãe tinha uma livraria, e possuía todos os livros sobre o colégio em uma parte reservada... ela não me deixava ler alguns, mas sei que ela tinha todos, porque vi a quantidade dos livros na diretoria e batem com os dela. 

- Uau!- sorriu, satisfeito.- Sua mãe é a primeira que já ouvi falar que tem o livro sobre o colar. Ele foi e é o mais raro e difícil de se encontrar. Sei apenas da escola! Lá deve contar muitas coisas descobertas pelos historiadores, coisas que nem todo mundo deveria saber. 

- Infelizmente não os tenho mais; ele foram embora num incêndio.- olhou para o céu, relembrando tristes momentos que um dia viveu. 

- Isso é horrível... Mas voltando com a história, eu desconfio que o colar esteja na proteção de alguém muito importante. Os herdeiros de Belle vivem anônimos, são raras as vezes que algum vêm à público, na maioria das vezes que aconteceu foi porque foram descobertos. E isso é realmente muito estranho, a maioria dos herdeiros usufruem  da fama e riqueza da família, mas eles são diferentes... Você nunca ouviu falar sobre essa lenda, Heaven? 

- Não... minha mãe me proibia de ler alguns livros sobre aqui, sempre achei estranho, mas não sabia que eles tinham sido censurados. Talvez ela os escondeu quando recolhiam os livros, e tinha medo que eu contasse para alguém que ela os possuía.  Vamos Louis, diga logo onde eu entro nessa sua loucura. Qual é minha parte do plano?

 - Eu entrei no colégio, e quando comecei a estudar mais sobre ele vi que eu realmente precisava conseguir o colar para mim. Michael com certeza deve saber sobre o colar, ele é estranho e misterioso, vive recebendo visitas estranhas, totalmente misteriosas. Onde um diretor de colégio receberia tantas visitas para reuniões? Você vai me ajudar a descobrir o que tem dentro do cofre, você vai saber sobre as visitas do Jackson e vai me ajudar em tudo que eu precisar. 

- De que forma? Vamos, me diga! Segurando seus ombros, tentando acalma-la, ele sorria. Louis a cada vez mais, mostrava que era estranho, louco... 

- Pense sobre isso. Parece loucura, mas se realmente conseguirmos, estaremos milionários. Sobre o que você terá que fazer, conversaremos depois. Você está atrasada para limpar a diretoria, meu amor. 

Beijou os lábios dela, mas não foi correspondido. Heaven não queria mais saber daquilo, o deixou para trás e correu. Ela estava com medo, mas ao mesmo tempo gostava daquilo... se arriscar não era algo tão ruim assim. Ela não tinha nada a perder e precisava de dinheiro... talvez aquilo não seria tanta maluquisse assim. 

***

Ali de novo, mas desta vez sobre os olhos atentos de Michael. Com a ausência de câmeras de segurança, não tinha possibilidades dele saber sobre o incidente com a passagem; ele estava ali apenas para vigia-la assim como sempre fazia com qualquer estudante. Mas Heaven estava incomodada, já que ele não parava de encara-la. 

O diretor fazia seu trabalho pelo computador, celular e algumas pastas e papéis que estavam em sua volta, mas ele acabava parando o que fazia, e se perdia olhando-a de maneira estranha. Ele não era um pervertido, e não estava encarando o corpo dela, mas sim seus movimentos e expressões. 

Aquilo já estava a irritando. Mesmo com raiva, Hev morria de desejos por ele, - aumentados depois do ocorrido da piscina - e se ele não desviasse seu olhar, ela alcançaria, jogando tudo para o alto, para um só objetivo: beijar Michael. Lawrence não tinha certeza se ele a queria, mas não podia negar que ele a olhava diferente... 

- Estou fazendo algo de errado, diretor?- parou o que fazia, cruzou os braços e o olhou com deboche. 

Para sua surpresa Jackson continuava paralizado, e sem dizer nada, apenas desceu seu olhar para o corpo dela. Não era a primeira vez que ele fazia isso, mas ela não se acostumara ainda, e não deixaria de sentir-se envergonhada com aquilo tão cedo. 

- Você não para de me olhar. Creio que algo aconteceu.- seu olhar não se desviava do dele, e Hev aproximou-se ainda mais 

Michael era confiante demais para deixar-se abalar; e ajeitando-se, ele girou a cadeira um pouco para a esquerda, que era onde Lawrence estava do lado da mesa. 

- Também não entendo...- aquele sorriso enigmático foi revelado, despertando dúvidas em Heaven. Ela já estava em sua frente; cruzando olhares. Ela sorriu, assim que Michael voltou a ficar sério. 

Aquele momento era único. 

Mordendo os lábios; sentindo o coração bater mais rápido... Apesar de tudo, Hev nunca pensou encontrar-se naquela situação mais uma vez, mas agora ela não iria perder nenhuma oportunidade. 

Sem pressa, ela tomou coragem, e inclinou-se, se encaixando no colo de  Michael, com suas pernas abertas, e aproximou os rostos. A mão dele imediatamente parou em sua cintura. 

Delicadamente seus dedos deslizavam por aquele rosto, e logo o perfume de Michael foi de encontro á suas narinas, deixando-a em êxtase.  Hev fechou os olhos, sentindo cada vez mais a pressão dos dedos de Jackson, puxando-a para ele. 

- Desde o que aconteceu na piscina, eu soube que não consigo me segurar quando fico muito tempo sozinha com você... 

Aquelas grandes mãos em seu corpo a enlouquecia, fazendo crescer ainda mais seu desejo. Suas unhas já estavam cravadas no rosto dele, segurando-o com firmeza, fazendo-o encará-la. 

Ambas respirações se aceleraram, e a distância entre os dois era mínima; a qualquer momento, aqueles lábios sedentos por um beijo, iriam se tocar. 

- Sabe que isso é errado... podemos sofrer grandes consequências se alguém descobrir. - o diretor sussurrou, mas sem afastar Heaven daquele contato. 

- Eu não me importo... Sei muito bem o que estou fazendo, além que ouvi boatos que você gosta muito das alunas, senhor Jackson. 

- Mas com você é diferente, Heaven... A cada vez que passa desejo ainda mais você. 

Não ouve resposta. Mesmo preocupado, o instinto do diretor falou mais alto, o obrigando a puxá-la e finalmente encostar seus lábios no dela. Línguas entrelaçadas, em perfeita harmonia, em um lento e gostoso jogo. 

As mãos de Jackson pousaram imediatamente na bunda dela, a puxando para ele, deixando-os ainda mais colados. A cada momento as respirações se acaleravam, o desejo aumentava. 

Baixos gemidos eram ouvidos naquela sala silenciosa, e como já se conhecessem há muito tempo, ambos não tiveram vergonha de explorar o corpo um do outro. 

A mão dele estava por dentro da blusa da garota, sentindo a quentura de sua pele, apertando e massageando um de seus peitos. Heaven estava prestes a tocar o pau dele, e estava sentada sobre sua ereção, fazendo questão de esfregar-se ali a todo momento. 

Sem tempo para respirar direito, tudo ficava mais frenético e gostoso. Hev o ajudou a tirar sua blusa, e logo seu sutiã também estava ao chão. 

O casal se encarou, sorrindo como dois adolescentes descobrindo-se, fazendo algo errado escondido dos pais da garota... Bem, a situação dos dois não era tão diferente assim; a única diferença era que Michael é mais velho que Lawrence, seu diretor, e além do pai dela também se escondiam de uma escola inteira. 

Voltaram a se beijar com ainda mais luxúria. Heaven esfregava-se por Michael, o convidando e permitindo que suas mãos percorressem por onde ele desejasse. Ele aproveitou para tirar a blusa de uniforme da garota, ultrapassando qualquer linha de raciocínio; esquecendo qualquer problema ou consequência. 

Ainda mais libertos e íntimos, o fogo do desejo aumentava ainda mais sua chama, fazendo daquele escritório quente e pequeno demais. Jackson a firmou em seu colo, e com as mãos apoiadas na bunda da garota ele preparava-se para levantar com ela ainda em seu colo e colocá-la sentada em sua mesa. 

Mas como um balde de água fria, um barulho os trouxe para a realidade, assustando-os. O sinal da escola batia, pausando todo o momento, os fazendo virarem simples estranhos; diretor e aluna que mal se conheciam. 

- Hora do jantar...- Jackson sussurrou, com medo de beijá-la para voltar onde haviam parado e ela negar. 

- Acho que devemos ir.- deu um tímido sorriso e envergonhada, Hev se levantou do colo dele, para recolher a blusa do chão e vesti-la. 

Sem conversar, termivam de se recomporem. Michael apenas lhe falou que estava dispensada de todos os outros dias de punição, e saíram juntos da diretoria, apenas fingindo que nada aconteceu. 

Ligeiramente ela pôde perceber que o volume na calça do diretor continuava ali, e os pensamentos mais insanos surgiam em sua mente, assim como sempre que ela o olhava... Jackson a deixava diferente, com apenas um olhar ou sorriso, ele conseguia despertar o lado mais obscuro de Heaven: a mulher sedutora, sexy, selvagem e louca de tesão por seu diretor, Michael Joseph Jackson. 

I don't wanna die for them miss me 

Eu não quero morrer para que eles sintam a minha falta

Guess I see the things that they wishin' on me

Acho que vejo as coisas que eles desejam pra mim

Hope I got some brothers that outlive me

Espero ter alguns irmãos que sobrevivam mais que eu

The gon' tell the story, shit was different with me

Eles contarão a história, a merda foi diferente comigo

Drake - God's Plan

Notas Finais

Celui-ci sera juste notre plus grand secret, ma belle = este será apenas nosso maior segredo, minha linda. 

Capítulo  IX

Abril 29; sábado - 2017 

- Mamãe quer que eu vá visitá-la todo final de semana agora. Ela quer manter os jantares em família - revirava os olhos, sorrindo para a amiga.

- Devia ter me falado isso antes. Pensei que algo tinha acontecido quando você foi pra cidade e não falou nada - colocou sua bandeja com o café da manhã sobre a mesa, e sentou-se do lado de Liz.

- Me desculpe não ter falado nada; e em breve levarei você para nossos jantares - piscou simpatica.

Heaven mais um final de semana iria ficar no colégio, ao invés de ir visitar a família assim como a maioria dos alunos. Ela estava conversando com o pai pelo telefone, apenas conversas rápidas e formais. Na última vez que se falaram, ele iria viajar para Espanha aos negócios, e ouvi-lo dizer que sentia falta da garota, fez seu dia mais feliz.

Louis continuava com suas mesmas ideias, mas nos dois dias que haviam se passado, ambos não tiveram tempo nem oportunidade para se encontrarem e conversarem a respeito. Já Michael, a olhava de forma diferente, e por vezes ela pôde encontrar desejo em seus rápidos olhares. Apesar disso, nada mais aconteceu além do delicioso beijo na diretoria.

Seu desejo por ele a cada dia se multiplicava, e como ficariam a maior parte da tarde com pouquíssimas pessoas dentro do colégio, Heaven pensou em aproveitar aquela deixa em grande estilo...

Ela tinha ouvido de algumas meninas que logo pela manhã Jackson havia ido a cidade em sua moto, mas que logo estaria de volta. Ao chegar, Lawrence o receberia da melhor forma possível, pois se ele foi capaz de beijá-la, também seria capaz de transar com ela. E aquilo era o que a menina mais queria do diretor.

Já passavam-se das três da tarde, Michael já havia chegado de sua viagem até Lyon, e a maioria dos alunos não estavam ali. Heaven que estava deitada em sua cama, com o celular em suas mãos resolveu que aquela hora era perfeita para que ela fosse até seu diretor.

Ela sabia que por ele nada mais iria acontecer entre os dois, já que Michael não pretendia perder seu trabalho caso alguém descobrisse o que havia ocorrido. Mas ela também tinha certeza que era fácil de seduzi-lo, e que seu funcionário preferido e mais odiado, a queria da mesma que ela. Ele a tratava de forma diferente em todos os sentidos, e ela podia usar aquilo ao seu favor.

*** 

Agora ela subia apressadamente as escadas até o terceiro andar, onde provavelmente ele estaria em seu escritório ou em seu apartamento. O sorriso estampado no rosto da menina demonstrava o quanto ela estava gostando daquela travessura prestes a ser feita.

Joanne vinha descendo as escadas do terceiro andar, seu rosto demonstrava um descontentamento, e apenas piorou quando viu Heaven em sua frente. Já Hev, estranhou pela menina estar ali, já que sempre ia até a cidade durante os fins de semana.

- Algum problema?- disse ríspida, encarando Hev cheia de desprezo.

- Não era pra você estar na cidade?- cruzou os braços debochada. Hev não era nenhuma santa, e adorava provocar; de sua melhor e pior maneira possível .- Larry me disse que você tentou beijá-lo, isso é verdade?

- O que está falando, garota? Agora é minha culpa se você não sabe cuidar do seu namoradinho? Acho que a dor da perda afetou seu cérebro, não? Já que seu pai te odeia e sua mãe é uma vadia velha que virou pó.

- Desgraçada, filha da puta! - gritou empurrando Joanne, que caiu com as costas nos degraus da escada.

E antes que ela pudesse avançar na garota, o diretor que provavelmente escutou tudo, apareceu e interviu, a segurando e impedindo-a de desferir qualquer golpe contra Joelle.

Michael falava algo para ela, mas sua raiva e indignação a deixaram surda, fazendo com que ela não pudesse raciocinar o que ele dizia. Ele sempre a puxava para mais longe, dando espaço para a menina se levantar e se afastar.

Aos poucos retomou a consciência, permitindo-se ser guiada por Jackson até a diretoria. Ela e Joelle se sentaram ambas em frente ao diretor, trocando olhares cheios de ódio e fúria. O diretor tirou de seu frigobar uma garrafa d'água e a cedeu para Heaven poder se acalmar, e propôs que a outra começasse a sua versão da história.

Lawrence também se explicou, repetindo com lágrimas nos olhos tudo o que fora dito sobre Apolline e Dylan. Escutar ofensas direcionadas a sua própria mãe morta não era o que ela esperava receber ali. Aquilo fez com que seu ódio por Baron aumentasse.

- Bem, não tenho muito o que fazer, apesar das duas estarem erradas e os atos de ambas serem totalmente desrespeitosos. Baron não quero que aja dessa forma mais, o mesmo vale para você, Lawrence.

- É a primeira vez que encosto o dedo em alguém dessa forma, ela realmente me irritou.- desviou o olhar, evitando contato visual com os dois.

- Não é a primeira vez que você faz algo ruim, mas não posso te dar suspensão para casa, já que faz parte do nosso projeto. - a outra menina olhou duvidosa, tentando saber o que ele falava - As duas irão prestar serviços a escola por três dias, e senhorita Joelle quero que tenha uma consulta com nossa psicóloga; você já foi muito arrogante com outras de suas colegas e isso não é bom para ninguém.

Michael dispensou Joelle de sua sala, visto que ela precisava ir até a cidade encontrar sua família e ele ainda nao tinha terminado de conversar com Heaven. Quando ela saiu, eles ficaram longos segundos um olhando para o outro, entorpecidos em algo inexplicável.

- Não quero dizer o quão estou cansado de você me dando problemas, já que você tem ideia disso. Quero saber se você está bem, e o que veio fazer aqui. Não vai na cidade hoje?- enlaçou as mãos, jogando seu corpo para frente e firmando seus braços na mesa.

- Estou bem sim, obrigada; não me abalo fácil, apenas fico irritada e fora de mim.- sorriu fazendo o mesmo gesto que Michael - Para falar a verdade nem eu sei mais o que estava vindo fazer aqui... talvez eu apenas queria ver você.

Com um jeito sugestivo, Michael tentou ignorar tudo que acabara de ouvir e voltou a falar:

- Bem, quero aproveitar que você está aqui pra dizer que essa próxima semana será a sua última no colégio. Você não é disciplinada e depois de tudo que nos aconteceu, tenho certeza que esse é o melhor caminho.

Com indiferença nos olhos ele a via levantar-se. Eles se entreolharam e a mesma cena de se encararem com tamanha profundidade se repetiu mais uma vez. Sempre pareciam conectados por algo...

- Então é isso? Só porque não me sinto obrigada em seguir tudo que o senhor impõe, você irá me expulsar? Não disse que daria conta de mim? Jackson não me venha com desculpas idiotas; estou cansada de saber que não sou a primeira aluna... e afinal, nós nem transamos! Eu não vou pra nenhum lugar, não quero voltar para o inferno que é a casa do meu pai.

Firme e decidida, assim como nunca antes. A cada frase ela dava um passo a frente, ficando ao lado da mesa como na vez anterior que esteve ali.

Lawrence se aproximou ainda mais; e sem medo disso, também se levantou para confronta-la.

- Sou eu quem manda aqui, não você. Não te quero mais aqui, Heaven. E sim, você não foi a primeira aluna, mas agora sei que isso tudo é errado... Você me causa problemas demais, por isso não te quero mais aqui.

- Não devia fazer isso comigo!- seus olhos voltaram a encher-se se lágrimas.- Você é um idiota... Um idiota lindo e gostoso! Puta merda, você não faz ideia do quanto é lindo. Mexe com psicológico! - sorriu mordendo os lábios, já entrelaçando suas mãos no pescoço dele, tentando manter a calma para não chorar.

- Heaven, por favor... - ela o calou com um selinho, e começou os espalha-los por sua boca.

- Já que vou embora, me deixe aproveitá-lo um pouquinho... Sei que também me quer. - falava baixinho, travessa e gostando da situação, continuava com seus beijinhos pela boca dele.

Observando tudo e parado como uma estátua, ele tentava ignorar, mas não a impedia em nenhum momento. Mesmo tentando, seus instintos falaram mais alto e aos poucos ele começou a corresponder cada beijo. Por fim, Michael se entregou, dando um foda-se para tudo e todos. Seus olhos de fecharam e com uma mão abraçando a cintura da garota e outra em seus cabelos, ele se entregou de corpo e alma àquele beijo; e prometou para si mesmo que dessa vez nada os atrapalharia.

Suas mãos agarraram as pernas dela com força, e em segundos ela estava em seu colo. Todo o autocontrole de Michael desapareceu, e agora sedento para tê-la, ele a beijava e passeava suas mãos por todo corpo de Hev.

Ele sentou-se no sofá com ela ainda no colo e Heaven aproveitou o momento para retirar sua blusa e a dele. Com as mãos no cabelo de Michael, ela o beijava enlouquecida, aumentando ainda mais seu desejo a cada segundo que sua língua o tocava. Ter as mãos de Michael apertando seu corpo, e saber que naquele momento ele era só dela, lhe dava uma gostosa sensação de vitória.

Não demorou para que ela sentisse algo entre suas pernas, e ao perceber toda a excitação de Michael, não tardou para que começasse a rebolar em seu colo. Tudo se aprofundada, e no momento que ele tocou em seu sutiã e o tirou, Heaven pôde ter a certeza que qualquer movimento de seu parceiro era um motivo a mais para estar molhada.

Ele abocanhou os pequenos porém lindos e deliciosos peitos à sua frente, colando ainda mais os corpos, aumentando ainda mais o calor. Com ajuda de suas grandes mãos, ele brincava e mostrava tudo o que sabia. Heaven já não continha os gemidos, aprovando tudo que ele fazia. Chupando os bicos do peito da garota que tanto desejava, o diretor sabia que não estava satisfeito só com aquilo; ele precisava mais, precisava mais daquele corpo e não iria parar até tê-la totalmente entregue a si.

- Você é linda - cochichou, ainda acariciando-a, olhando em seus olhos e já sem enxergar nenhuma preocupação ou mágoa.

A pequena pausa logo foi interrompida por um beijo ainda mais sedento, e as mãos ainda mais rápidas sobre o corpo um do outro. Michael a derrubou no sofá, deitando sobre o seu corpo; mas não antes de tirar as calças e sapatos dela e seus.

Os olhos paralisados naquele corpo seminu em sua frente. Ela era linda e ele a desejava - ainda rondava por sua cabeça que aquilo era errado, mas já era tarde demais para voltar atrás.

As mãos de Michael, que antes estavam encaixadas nos peitos dela, foram descendo pelo corpo de Hev, e ao tocar sua calcinha, ela foi arrancada em um só puxão; enquanto seus dentes mordiscavam o pescoço da menina que estava quase implorando para tê-lo dentro dela.

Dois de seus dedos encostaram no clitóris já inchado de Heaven. Ela o desejava assim como nunca desejou ninguém antes, e quando Michael fez isso, de bom grado ela relaxou no sofá, aceitando tudo que viesse dele a partir daquele momento.

Enxarcando os dedos com o líquido da garota, ele os movimentava cheio de precisão e intensidade por seu clitóris. Os beijos na boca não cessaram. As unhas cravadas nas costas de Jackson, e o rebolado instintivo nos dedos dele, anunciavam que aquilo era gostoso e não era a hora de parar.

Escorregando esses mesmos dedos para baixo, ele encontrou a entrada da garota, e aos poucos começou a introduzir seus dedos ali.

- Você é muito gostosa. - sussurrava em meio aos beijos, sentindo Heaven mover-se, tentando se levantar.

- Por favor, vamos acabar logo com isso. Já não consigo esperar.

Ela levantou-se, e de frente para Michael, puxou sua cueca, revelando seu pênis já rígido, molhado, grande e pronto para recebê-la. Com as instruções do diretor, ela foi até uma gaveta que estava trancada e tirou de lá uma camisinha. Tentando ser o mais sexy possível, ela a abriu, e o ajudou a colocá-la.

- Heaven, você me deixa louco. Não parava de pensar nas loucuras que eu poderia fazer com meu pau dentro de você. - falou, ajudando-a a sentar em seu colo. Suas palavras lhe davam frio na barriga, de uma maneira muito gostosa.

Lentamente ela se encaixou em Michael, o recebendo de bom grado. Os gemidos já não se continham, com toda a fricção de ambos os corpos. Lawrence esfrega os peitos no rosto do parceiro, que os suga, enquanto ela começa a acelerar seus movimentos.

Com as mãos grudadas na bunda de Heaven, Michael a ajudava com os movimentos de sobe e desce, que a cada momento eram mais rápidos e intensos.

- Vamos Hev, abra os olhos e olhe para mim. Me diga o que você quer. - sorria, querendo provocá-la ao máximo.

Ela o obedeceu, achando aquilo sujo, safado, sexy... Seu tesão apenas aumentava. Segurou em seu rosto, tentando se manter de olhos abertos, enquanto quicava e rebolava em seu colo.

- Seu pau é tão gostoso e grande, senhor Jackson... - tinha dificuldades em falar em meio aos gemidos que ecoavam por todo cômodo - Nunca senti tanto tesão assim... Apenas me faça gozar, eu necessito de um orgasmo e depois me coma de novo.

Suas últimas palavras saíram fracas, então ela o beijou, agarrando ao cabelo dele. O suor escorria; estavam desesperados de prazer, a cada vez mais ansiando pelo corpo um do outro.

Não mais se importavam se alguém iriam lhes escutarem ali. O barulho dos corpos se encontrando com rapidez só eram abafados pelos gemidos. Heaven não conseguia se segurar, e a cada vez mais sua voz aumentava um grave, ficando cada vez mais alta.

Os minutos se passavam e ela não se cansava de estar ali, quicando e rebolando no colo daquele homem que ela poderia considerar perfeito. O tempo corria, mas para os dois parecia paralizado.

Ela abraçou seu diretor, encaixando seu rosto no pescoço dele e mordendo os lábios com força, sentindo-o dar um tapa em sua bunda e agarrá-la com mais força que antes. Alguns movimentos bastaram para Heaven apertá-lo ainda mais, sentindo deliciosas sensações tomarem conta de seu corpo. Aquela excitação incontrolável de seu espírito alcançou o ponto máximo do prazer, dando-lhe o melhor orgasmo de sua vida, e como consequência a melhor transa que já tivera.

Michael sentiu ser apertado por ela, diminuindo os movimentos para lentos e curtos, esperando que ela se recuperasse, enquanto beijava sua boca de maneira suave e calma. Ele chegou em seu êxtase, gozando de prazer por ter transado com a garota que ele tanto sentia-se atraído.

Alguns movimentos continuaram até pararem completamente. Espalhando beijos pela boca um do outro, estavam ofegantes tentando encontrar em algum lugar, o ar que lhes faltavam. Lawrence desceu de seu colo, encostando-se no sofá, vendo Michael levantar-se e recolher sua calça e cueca do chão. E ao olhar no relógio de parede, constatou que passaram-se quase quatro horas desde que chegara ali.

The take my breath, and never let it go 

Então tire meu fôlego, e nunca mais solte 

Something bigger than us and beyond bliss 

Isso é algo maior do que nós, mais forte do que êxtase

And if in the moment, you bite your lip 

E se no momento, você morder seus lábios 

When I get you moaning, you'll know it's real 

Quando eu te fizer gemer, você saberá que é verdade 

Ariana Grande feat. The Weekend - Love me Harder

Capítulo X

Amarrando o cabelo em um coque alto, Heaven lembrava de todos os detalhes da transa de minutos atrás, com o parceiro que nesse momento estava no banheiro se livrando da camisinha.

Ela já não sabia o que fazia ali, mas sem se mover, ela apenas apreciava o nada, ainda se recuperando de seu maravilhoso orgasmo. Sua garganta estava seca, sua respiração ofegante e um pouco de suor ainda escorria por seus seios nus. Sem conseguir pensar, a única certeza que pôde ter era que as sensações sentidas ali com seu diretor, eram bem mais gostosas do que com qualquer outro homem com quem já se deitara.

Michael Jackson a tirou de seus pensamentos quando voltou do banheiro, apenas vestido com sua calça, pés descalços e seu cabelo solto. Ambos como de costume se encararam, dessa vez como duas almas íntimas de anos, e sem muito saberem o que dizer um para o outro, apenas continuaram com o silêncio.

Eles juntos eram como pólvora misturada ao fogo, formando uma explosão de sensações e sentimentos, e sabiam que bastavam apenas algum impulso para se entregarem mais uma vez; mas Jackson pegou sua camisa e a vestiu, contendo a vontade que ainda era presente. Heaven tirou a almofada que estava sobre suas pernas, levantou-se e recolheu suas roupas.

- Preciso ir arrumar minhas coisas - lembrou da conversa que tivera com ele, sobre sua expulsão do colégio.

- Se quiser não precisa ir. Apesar de tudo ainda tenho objetivos. Pode continuar estudando aqui. - sem olha-la, falava indiferente, fingindo não se importar se ela iria ou ficaria.

- Não transei com você implorando para ficar aqui. Fiz porque quis, Michael. - falou autoritária, indignada com o diretor e seus próprios pensamentos.

- Sei que não é por isso, Lawrence. Estava apenas irritado quando falei que te expulsaria, por isso digo que você pode continuar os estudos - sorriu achando graça da súbita raiva dela.

Quando ia respondê-lo, Heaven foi interrompida com batidas na porta. O diretor acabou de calçar os sapatos, tentando imaginar quem poderia ser, até lembrar-se que havia marcado uma importante reunião naquela data e hora.

- Eu tinha marcado reunião para agora - olhou no relógio fixado na parede - Pode ir para o banheiro? Acho melhor essa pessoa não te ver aqui.

O entendendo e sem reclamações, ela pegou seu tênis e em segundos se fechou no banheiro; enquanto Michael abria a porta, recebendo sua visita.

Em questões de segundos, pela fresta da porta, ela pôde ver um pouco de quem estava ali: um homem mais velho, de pele e traços negros, cabelo e bigode quase todos grisalhos e mais alto que Jackson, o olhava sério, pronto para entrar. Agora sem poder ver nada do que se passava do lado de fora, ela apenas tentava escutar o que falavam, já que aquilo talvez pudesse ajudar ela e o namorado com o plano.

- Dezoito de maio é o aniversário do colégio. - falou em um ótimo inglês, que Heaven pôde entender por ser uma amante da língua - O dia está chegando.

- Eu tenho certeza disso, Fontaine. Tudo aqui está bem, da forma que eu quero.

O respondeu também em inglês. Talvez Michael seria americano, imaginou; já que o diretor possuía sotaque e pronunciava seu nome de maneira maravilhosa, diferente da grande maioria.

- Vim aqui avisar que seu pedido para o prazo de mais um ano será impossível. Você precisa realizar seus feitos ainda esse ano, senão ela... - falou agora em francês.

- Sim, tudo bem, eu compreendo - Michael o cortou, sentando em sua cadeira e ele a sua frente.

- Onde está? - o homem falou mais baixo que devia.

- Em seu devido lugar, Roy. - as frases eram curtas e enigmáticas de ambos, mas de total sentido para ambos, deixando Hev por vezes mais curiosa.

Michael estava definitivamente cansado de todas suas responsabilidades. Por quanto tempo mais ele iria aguentar aquela pressão? Roy Fontaine estava sempre no colégio, questionando e vigiando o que Jackson fazia. Ele estava irritado. Sabia que ao aceitar a oferta de trabalho, dali em diante sua vida iria mudar. O maior desafio não era apenas morar e cuidar de uma escola. Michael Jackson tinha segredos pra proteger, histórias para contar... perigo constante ao seu redor.

- Seu pedido de mais seguranças será aprovado. Concordo com você que a escola precisa disso, pois os que temos não são suficientes. - enquanto falava, ele estendeu sobre a mesa uma pesada maleta e a abriu, mostrando seu conteúdo. - Ainda não sei se permitirão seguranças armados, mas neste caso creio que irão aceitar. Tentarei fazer de tudo.

- Eu agradeço. - suspirou, checando um dos bolos de dinheiro à sua frente. - Estou ficando louco com isso, a cada dia que passa tenho mais certeza que existe alguém infiltrado no colégio.

Fontaine levantou, indo até a estante de livros, abrindo a passagem e revelando o cofre. Jackson apenas observava o homem destravar o cofre, com a senha que já havia decorado, vendo o que desejava, analisando com atenção.

Quando escutou o mesmo barulho que soou quando revelou o cofre, teve certeza que Michael compartilhava de muitos segredos com o homem. Heaven sem conseguir ver nada, estava surpresa com tudo que ouvia, tendo ainda mais dúvidas, achando as coisas ali bem mais misteriosas e interessantes.

- O dinheiro será muito bem-vindo ao Collège Courtney. Às vezes me aborreço com suas cobranças mas sei que preciso de você, meu amigo. - sorriu, vendo Roy agora fechar o cofre.

- Marque nossa próxima reunião para daqui um mês. Continue a me manter alerta de tudo. Estou tentando ao máximo conseguir tudo que você precisa.

- Obrigado mais uma vez por confiar em mim. Não vou decepcioná-lo. - o diretor levantou e o abraçou.

Ambos se despediram de mais uma das curtas reuniões que mantinham. Sozinho mais uma vez, Jackson escondeu a maleta, e pegou uma água do seu frigobar, antes de pedir que Heaven saísse do banheiro.

- Pensei que iria ficar a tarde inteira presa ali dentro.

- Me desculpe por isso; não deve se repetir - arrumava sua mesa, sem querer saber mais da presença da garota.

Lawrence já não tinha o que fazer ali, por isso sem conversar com ele, apenas foi embora. Não sabia se era certo contar o que havia escutado para Louis, mas estava entorpecida e envolvida demais com suas loucuras. Contar talvez seria a melhor opção.

Maio 2; terça-feira - 2017

Sem nenhum resquício de arrependimento era como Heaven estava desde que se deitara com seu diretor. Não voltaram a conversar, mas quando vez ou outra se cruzavam pelos corredores da escola, o clima ficava estranho.

A menina havia tomado coragem e sentada na cama de Louis, ela terminava de contar tudo que havia escutado na diretoria. Inibindo alguns detalhes, ela inventou ter sido chamada no escritório e ter ficado escutando atrás da porta após ter sido dispensada.

- Roy Fontaine... Nunca ouvi falar... Essas informações são de extrema importância para nós. - andava de um lado para o outro, surpreso com tudo que escutava.

- Tentei ver o que havia dentro do cofre, pela fechadura da porta mas não consegui.

- Não tem problema. Preciso de você o mais perto de Jackson possível. - ele anotava tudo em um caderno em sua mão; parecia animado com as notícias. 

- E como vou fazer isso? A única aproximação que tenho com ele é quando está quase me expulsando.

Lembrando das gostosas cenas vividas com o diretor, ela não tinha vergonha e nem se sentia culpada de mentir descaradamente.

- Não sei, arrume um jeito. É dessa forma que você precisa me ajudar. - ajoelhou-se na frente da menina; com seu olhar louco.

Ela apenas acenou concordando. Estava assustada com toda aquela obsessão. Levantou-se, olhando em sua volta o quarto pouco arrumado do namorado e do colega de quarto.

- Michael mencionou achar que têm pessoas infiltradas aqui. Talvez a escola esteja passando por algum perigo. Não acha arriscado demais essas suas ideias?

Louis sentou-se no chão, pensativo. Sem encarar a namorada, ele absorvia suas palavras, tentando criar alguma resposta. Olhando fixadamente pra algum lugar qualquer, ele se concentrava em seus próprios pensamentos. 

- Não. Fique tranquila - ele sorriu, com o objetivo de acabar com a tensão que acabava de ser criada ali.

Indiferente, Heaven apenas queria correr dali. Não estava se sentindo confortável mais com o assunto, e admitiu para si mesma que precisava se acostumar com a possível insanidade de Pellegrini. Afinal, ela também estava ficando louca sempre que o escutava...

- Nunca perguntei antes, mas... alguém mais sabe sobre isso? - com seriedade ela abriu a porta do quarto e não o olhou. Estava assustada.

- Só você - demorou para responder, e foi menos convincente do que queria.

Ela foi embora sem se despedir. Já quase na saída do primeiro andar, Hev se encontrou com quem ela menos queria. Senhor Jackson veio em sua direção, com o mesmo olhar que carregava quando estava irritado com a menina. 

Nada falou, ela já sabia o que fazer. Ele deu meia volta e ela começou a segui-lo para fora da casa dos meninos, preparada para receber alguma nova punição nas salas de aula ou na cozinha. O diretor não era alguém carrasco, onde tudo era errado e não sabia se divertir; mas como Hev sabia, ele não gostava de ser contrariado.

Tentou se explicar, mas rapidamente foi cortada e impedida de falar. Guiada por ele, ao invés de virarem o corredor em direção a escada do segundo andar, o diretor a levou para a enfermaria. Lugar onde encontrou Elizabeth Günther deitada em uma das macas, totalmente entregue.

Heaven assustou-se ao ver a amiga naquela situação, e correu até ela. 

Em seu braço direito estava posicionada uma agulha, onde o soro pingava a cada segundo para dentro de seu organismo. Estava óbvio que Michael estava procurando por Lawrence para levá-la até a amiga doente. Mas como não a encontrava, resolveu perguntar ao seu namorado. 

Abraçada a Liz, Heaven escutava tudo que havia acontecido. E segundo a mesma, ela estava sentada na arquibancada da quadra de esportes com uma colega, começou a vomitar e simplesmente desmaiou. Por causa do tombo, bateu a cabeça, fazendo seu cabelo sujo de sangue, assim como os braços e pernas ralados.

Seus olhos estavam inchados e fundos, como se tivesse acabado de acordar. Algumas de suas veias estavam mais visíveis que o normal; sua pele estava muto pálida. Frágil, em seu físico e mental. Elizabeth tentava segurar o choro com suas últimas forças. O olhar baixo e triste a deixava com aparência fúnebre, melancólica. Os dedos finos e compridos afagavam o cabelo da amiga deitada em seu colo; seus lábios rachados e secos se abriam aos poucos tentando proferir algo.

Heaven segurou suas mãos, que estavam tremendo. Ela tentava perguntar o que havia acontecido, mas estava assustada demais.

De todas as pessoas naquele colégio, Elizabeth era a que ela tinha mais afinidade. Sentia-se acolhida, amada e importante perto da melhor amiga. Liz era uma das pessoas mais gentis e amáveis que já conhecera, e vê-la naquela situação não era nada fácil. Agora culpava-se por não ter alertado nenhum funcionário desde o dia em que a encontrou vomitando no banheiro.

- Vamos levá-la a cidade, para fazer alguns exames. - a enfermeira cortou o momento, assustando Liz que ainda era amparada.- Seus pais estão voltando de uma viagem que fizeram para a Holanda e já sabem de todo problema - com as mãos no bolso, Jackson lidava com calmaria e profissionalismo da situação. 

Os olhos de Günther se enxarcaram; parecia uma criança com medo do monstro que via pela televisão. Apertou Hev em seus braços, procurando proteção de algo que a deixava aflita. Sem conseguir falar, ela tentava se mover, desinquieta, triste, preparada para fugir de sua realidade. Ficou fora de si, totalmente desesperada. Puxou a agulha do soro e jogou-a fora com total violência, fazendo seu braço sangrar.

Michael aproximou-se para acalma-la. Mergulhada em seus próprios pensamentos, estava desligada do mundo, delirando em seu eu. Tentou gritar, fazendo todos se afastarem, menos o diretor que a segurava pelos braços, vendo Lawrence se debulhar em lágrimas.

Heaven começou a conversar com ela, perguntando coisas aleatórias do seu dia a dia; Michael a acompanhou, afagando os cabelos de Günther, demonstrando ternura, enquanto a enfermeira repunha o soro. Respondendo algumas perguntas, a menina voltou a deitar, e com as mãos no rosto, chorou como um bebê. 

- Tudo vai ficar bem, Elizabeth! Estou sempre do seu lado, não se preocupe - enxugava as lágrimas, falando. 

A menina de cabelo negro à sua frente segurou em seus ombros, a encarando. O medo continuava evidente, lutava para se manter firme.

- Meu pais não podem saber... - desabafava em forma de súplica - Não posso sair da escola agora... O que vão pensar de mim, Hev? - sua voz estava embargada com o choro e muito fraca.

Sem entendê-la, Heaven apenas repetia que continuaria ao seu lado idependente da situação. Jackson achava estranho tudo que ouvia, e estava determinado em questionar Elizabeth, assim que ela melhorasse.

Dos anos que ele estava administrando o colégio, alguns casos como aquele atormentavam sua vida, e hora ou outra ele se encontrava na enfermaria, vendo algum aluno delirar em seu leito.

Mesmo possuindo seguranças vinte e quatro horas por dia rondando a escola, Michael ainda se sentia inseguro e considerava aquilo insuficiente. Em sua gestão ali, ele começou a proibir que os alunos que fossem a Lyon aos fins de semana, levassem ou trouxessem qualquer bolsa ou sacola; mas mesmo assim alguns alunos iam para a enfermaria por causa de bebidas alcoólicas ou drogas, que traziam escondias junto ao corpo.

Aquilo não acontecia fazia quase dois anos mas mesmo assim era um grande ploblema, que por sorte conseguia ser abafado por causa de toda fama e boas notas do Collège Courtney. 

Por causa de toda sua experiência ali, Jackson desconfiava que aquilo poderia ser culpa de algum entorpecente; porém calou-se, preferindo esperar todo aquele mar turbulento se acalmar, para depois agir. 

Ele aprendera a esperar, e era o que queria fazer. A vida o ensinou a ter paciência e agir no momento certo, em qualquer circunstância. Daquela vez não seria diferente, ele não podia deixar a garota naquela situação e pretendia ajudá-la. Afinal, como ele mesmo sabia, aquele desafio não era nada comparado ao que estava por vir...

Quem dera eu não precisar usar palavras

Pra explicar o que tenho em meu coração

Não vou desistir

Sei quem sou e, hoje, o chão é muito pouco

Adeus à Lua guia

Sincera rebeldia

Deixe-nos a sós

Bob|Mv Bill|Froid|Djonga|Azzy|Delacruz - Poesia Acústica #4 Todo Mundo Odeia Acústico