terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Série: "Minha Necessidade" (+18)



Autora: Paulinha Jackson

Série Dominados - Livro III

Para quem não leu o Livro I , ele está a ser postado aqui: 

Para quem não leu o Livro II , ele está a ser postado aqui:

Sinopse:

Michael e Mabel continuam subestimando a força do amor que sentem um pelo outro. Continuam teimando que não nasceram para viverem juntos, apesar de tudo. E um fator agravou a situação, já quase sempre caótica, desse casal. Michael tornou-se um homem desconfiado e possessivo e nem a submissão de Mabel o fez confiar mais, e isso, infelizmente, levou nosso casal a um aparente ponto final...

Uma tragédia está para acontecer e só assim eles poderão enxergar que se a história não se resume a submissão ou a posse, essa história é sobre um amor forte, sobre cura, sobre descobertas, sobre a necessidade de estarem juntos.

Capítulo 1

Mabel


Nossa vida parece um eterno labirinto, e todas as vidas em algum momento encontram a saída desse emaranhado de caminhos e finalmente a partir daí conhecemos a felicidade. Infelizmente, o final desse labirinto em minha vida deu em um poço fundo e frio. Eu até achei que ‘meu caminho a seguir’ fosse o Michael, que ele era a minha felicidade personificado, e, bem, talvez até fosse, mas o destino sempre dava um jeito de nos colocar em caminhos opostos.

OK, talvez nem fosse o destino que fizesse isso, e sim nós mesmos. Eu mandei-o embora da minha vida, e estava pronta a lidar com isso. Eu ia chorar por mais uma semana ou duas, mas eu ia superar! Eu superei um canalha que me roubou, me espancou e me abandonou. Eu superei a perda dos meus pais. Superei a falta de dinheiro. Eu ia superar a falta do Michael, certo? ERRADO, eu nunca ia superar isso. Eu ia ter de me acostumar e me contentar com as lembranças, mas jamais voltaria a ser feliz novamente, por que só ele me dava isso inteiramente. E dane-se quem diz que você pode buscar sua felicidade sozinho - Foda-se, maldito filósofo solitário – Eu, Mabel Mendes, aquela que não compartilhava nada, só sei ser feliz ao lado do meu amor.

Um carro buzinou e o cara que estava dentro dele me xingou de alguma coisa. Finalmente emergi de meus pensamentos, enxuguei as lágrimas e voltei a guiar o carro até o aeroporto. 

Não me perguntem como consegui dirigir até ali, pois nem eu mesma sei responder. Estou trêmula, minha visão está turva e quero vomitar novamente, mas não vou! Preciso chegar até aquele maldito aeroporto e constatar que o Michael não estava naquele avião.

Tinha de ser uma mentira desgraçada. Eu não poderia perde-lo assim. Como eu acordaria amanhã de manhã, tomar café e sair pra procurar um trabalho, sabendo que ele, o meu amor, não  está mais vivo?

- Não, meu Deus – Implorei, apertando o volante em meus dedos.

Sua mão quente e grande se uniu a minha e ele puxou-me para seus braços, mantendo-me perto de seu corpo.

Eu amava quando ele fazia isso, quando segurava tão forte em minha mão, quando me grudava a si. Quando estávamos assim bem, sempre me odiava por perder um mísero segundo sequer brigando com ele.

- Vamos entrar ali, vem – Seus lábios repousaram em minha bochecha e ele saiu praticamente me puxando para dentro de uma loja.

- Michael – O repreendi, assim que vi em que loja ele havia me levado. Tratava-se de uma loja infantil, cheia de parafernálias de bebê.

Ele me calou com um leve beijo na boca e foi até um dos balcões trazendo consigo um sapatinho de bebê branco. Voltou todo sorridente, e sem me deixar protestar, me abraçou por trás e repousou o sapatinho em cima da minha barriga.

- Só quero que me escute, tá? – Assenti. – Não quero te assustar, nem apressar as coisas, sabe que sempre sou cauteloso, mas é que tenho pensado nisso todas as noites, enquanto fico te observando dormir – Ele me deu um leve beijo no pescoço e eu sorri – Sei que o que o maldito te fez te feriu demais, e pode até ter apagado em você o sonho de construir uma família, mas eu juro que vou fazer você mudar de ideia. – Ele pegou minha mão e entrelaçou na sua – Algum dia voltaremos a essa loja juntos e vamos escolher aqui a primeira roupinha do nosso filho. Se for um menino, se chamará Davi, e ele vai ser igualzinho ao pai. Se for uma menina, se chamará Rose, e essa vai ser igualzinha a mãe, talvez um pouco menos geniosa, por que duas Mabel’s eu não aguento – Rimos – E em uma tarde, que possa parecer boba pra muita gente, mas não para nós, vamos segurar a mãozinha dele ou dela e vamos caminhar até o final da rua, vamos leva-lo ao parquinho e enquanto ele se suja de terra, vamos sorrir orgulhosos por que ele ou ela será o fruto do nosso amor... um pedacinho de nós dois que vai andar, falar mamãe e papai, correr pela casa e nos fazer de gato e sapato, e eu vou amar essa nova vida, e vou amar ainda mais você por ter realizado um grande sonho meu.

Agora foi a vez de um caminhão buzinar, enquanto seus faróis me cegavam. Consegui desviar e voltar para a mão correta. Acabo de quase colidir com um caminhão...Mas sinceramente eu nem ligo pra isso, continuo dirigindo.

As lembranças povoavam minha mente, e eu não conseguia parar de chorar. Estava completamente desesperada.

Assim que avistei o aeroporto acelerei ainda mais. Larguei meu carro ali, de qualquer jeito, e corri para dentro. O aeroporto estava um caos total, milhares de pessoas se acotovelando, chorando, alguns apenas observando, e sem falar no mar de jornalistas, câmeras e policiais, todos negligenciando a dor estampada no rosto dos familiares das vítimas e lhes enchendo de perguntas.

Olhei ao redor e não vi ninguém com quem pudesse me informar, então sai empurrando as pessoas até encontrar uma barreira policial, na entrada do portão de onde o voo saíra.

Meu coração acelerou ainda mais em meu peito, e mais uma torrente de lágrimas desceu por meu rosto, enquanto eu ficava ali, paralisada. Eu tinha que ir até lá me informar, mas minhas pernas não me obedeciam. Estava zonza, a ponto de vomitar ali mesmo e ainda por cima estava imprensada por mais umas 100 pessoas, que estavam tentando chegar até os policiais.

Eu tinha que ser forte, eu precisava saber se Michael estava mesmo naquele voo... Mas e depois disso? O que eu iria fazer?

Consegui me forçar a ir até onde eu poderia conseguir alguma informação. Com muito esforço cheguei até um dos policiais.

- Sou parente de uma das vítimas – Consegui murmurar. O policial franziu o cenho, parecendo não me entender no meio de toda aquela balburdia. – Pelo amor de Deus, me diga que ele não estava lá – Gritei, agarrando seu braço.

- Senhora, se acalme. É parente de uma das vítimas? – O homem gritou, sobrepondo o barulho infernal dos repórteres perguntando e dos demais familiares das vítimas chorando e berrando.

- Ele não pode ter morrido – Levei minhas mãos à cabeça. Mais uma forte tontura me assolou e quase fui ao chão.

- Venha até aqui – O policial conseguiu me tirar do meio do caos – Agora me diga o nome do seu parente, para que eu possa ver se está na lista.

- Mi... Michael Joe Jackson – O policial comprimiu os lábios e conferiu a lista em suas mãos.

- Bem, há um passageiro com esse nome, mas...

- Mabel – Ouvi alguém gritar e virei-me rapidamente. Foi a última coisa que fiz antes de apagar completamente.

Capítulo 2

Mabel


Pisquei diversas vezes, até a luz branca do teto parar de incomodar meus olhos. Suspirei e voltei a fechá-los, tentando me lembrar de onde poderia estar e do que me acontecera a algumas horas, por que minha mente parecia vazia. Virei minha cabeça e reabri meus olhos, forçando mais uma vez minha mente, e finalmente flashes vieram à minha mente.

Eu tinha visto sobre a tragédia na TV, eu tinha corrido até o aeroporto e quando estava conversando com o policial... eu... eu o vi.


- Michael! – Balbuciei, levantando-me bruscamente. Uma fisgada no meu braço me fez olhar para o lugar e constatar que estava com uma agulha enfiada ali e que eu estava em um hospital. – Droga! – Resmunguei, puxando todas as restrições. Precisava ir embora dali. Se eu vi realmente o que acho que vi, então ele não morreu. Sim, também há uma grande possibilidade de estar ficando louca.

- Aonde pensa que vai, mulher? – Ouvi a voz, aquela voz e estaquei. Minha cabeça levantou hesitante até que eu estivesse olhando pra figura parada na entrada do quarto. Tudo ao meu redor girou novamente e tive que me segurar para não cair de cara no chão.

- Não pode ser – Meus olhos encheram-se de lágrimas, que rapidamente molharam meu rosto.

Ele deu as costas e gritou por uma enfermeira. Quando ele andou em minha direção, meu primeiro instinto foi me afastar.

- Mabel, não seja boba, não sou um fantasma. – Disse, com a expressão levemente divertida.

- Então eu morri? – Perguntei ainda desorientada.

- Não, você desmaiou e a trouxe pra cá. Deite-se – Ele me ajudou a voltar pra cama... E por Deus, ter suas mãos me tocando novamente foi como um bálsamo para minha alma.

- Achei que tivesse morrido – Disse em meio a um soluço.

- Shhh, precisa se acalmar. Não pode ficar tão nervosa assim. – Ele beijou minha testa e sentou-se ao meu lado.

- Como quer que fique calma? – Gritei – Você tinha sumido... pensei que estivesse no avião junto com Laile.

- Bem, era mesmo onde deveria estar, não é? Você mesma me mandou ir embora – Ele estava sério. Só agora notei que parecia mais magro, com aspecto de quem não dormira por muitos dias, sem falar na tristeza que vi em seus olhos.

- Sim, mandei... mas... Deus, se você tivesse morrido eu nem sei o que faria – Agarrei-me a ele, apertando-o em meus braços. Pouco me importava se parecia uma garota indefesa agora. Ele não retribuiu meu abraço com afinco, mas foi carinhoso.

- Com licença – A enfermeira nos atrapalhou ao entrar no quarto. Ela voltou a me conectar a um soro e anotar algo em sua prancheta – Por favor, se comportem! – Disse, antes de se retirar.

Olhei para Michael de soslaio e fiz ar de riso, ele não achou engraçado. Estava sério demais pra quem acabara de se livrar de entrar em um avião que explodiu.

Ele levantou-se e caminhou para o outro lado do quarto, onde havia um janela. Michael se prostrou ali.

- Laile estava mesmo no avião? – Perguntei. Me preocupava por ele, pois apesar de não suportá-la, sabia que era amiga de longa data de Michael e que se ela morreu mesmo, Michael estaria abalado com isso.

- Estava – Murmurou, triste.

- Eu realmente sinto muito – Ele assentiu. – E seus pais, já sabem que está bem?

- Liguei para eles – Depois de me responder ele voltou a calar-se.

O silêncio estava começando a me incomodar. E, apesar de entender sua tristeza provavelmente por Laile, e de aceitar que estivesse bravo comigo, não entendia o porquê dele estar me ignorando. Cansada daquele clima, inquiri-o:

- Qual o problema, Michael? Está bravo pelo que eu te disse quando brigamos? – Ele negou com a cabeça, enquanto sorria um tanto quanto debochado. – Pare de agir assim, converse comigo abertamente, por que essa situação está ridícula. – Me irritei.

- Estou irritado por um monte de merda que você fez – Rugiu.

- Eu? – Ri, sem humor – Você fala com se eu fosse a única culpada. Para de se fazer de vítima porra! – Me sentei na cama – Você que ficou feito um louco brigando com Deus e o mundo por conta de ciúmes bobos.

- Ciúmes bobos? – Foi a vez dele rir sem humor – Você não deixou que eu me explicasse, não deixou meu rompante passar para que pudéssemos nos entender. Foi logo me expulsando da sua vida, como se tanto fizesse pra você o que eu fosse fazer da minha. Talvez nem fosse ligar tanto assim eu tivesse me explodido junto com aquele avião – Soltou venenoso.

Meus olhos encheram de lágrimas, mas não permiti que elas descessem dessa vez. Chega dessa porra de fragilidade! Ele estava me ferindo sem aparentes motivos e não ia deixa-lo fazer isso.

- Você é um idiota, sabia? Você viu o meu estado por pensar que estava naquele avião e ainda tem coragem de dizer que pra mim estaria tudo bem se explodisse junto com ele. O que aconteceu com você nesses dias que passamos longe? Desaprendeu a ver os sentimentos das pessoas?

- Talvez tenha aprendido a controlar os meus e ignorar o dos outros. – Suas palavras me feriram mais uma vez.

- Você não pode estar assim só por causa daquele briga. Me diga de uma vez o que houve? – Ele se afastou da janela e novamente se aproximou da cama, me encarando com uma expressão estranha.

- Quando pretendia me contar?

- Hã? – Perguntei desnorteada – Do que está falando?

- Te dei todas as oportunidades pra que falasse e você se fez de desentendida. Eu iria embora e jamais pretendia voltar... Você Tem noção disso, Mabel? – Sua postura estava ereta, seus punhos fechados e sua mandíbula serrada. Era nitidamente um combate – Tem noção do que poderia ter acontecido? Como brinca assim com uma vida?

- Não estou entendendo nada, caralho! – Gritei, me desesperando.

- Não é meu, é por isso que não me contou?

- Michael, juro por Deus que se você não for claro na próxima pergunta eu te furo os olhos com essas agulhas. – Estava trêmula, chorosa e com vontade de vomitar novamente.

- Você nunca ia me contar que estava grávida? – Perguntou, seu rosto a centímetros do meu.

Oi?! Ele disse grávida? Eu, grávida? Impossível!


Capítulo 3

Michael


Eu estava uma pilha de nervos. Também pudera, em pouquíssimos dias perdi a mulher que amo, dei um definitivo não a Laile e planejei tudo para ir embora de New York. Apesar de Mabel ter jogado em minha cara que pouco se importava se eu fosse embora com Laile pra França, eu não faria isso de jeito nenhum. Primeiro por que gosto muito de Laile para enganá-la e usá-la como escape, segundo por que depois dessa experiência com Mabel não quero um relacionamento por no mínimo uns 20 anos.

Então, naquele dia em que saí de casa, eu não fui ao aeroporto pra pegar o mesmo voo que Laile, eu iria voar para o Brasil.

Bem, Laile até tentou me persuadir a ir com ela, me procurou mais de uma vez, conversamos bastante, e ela disse inclusive que as passagens estavam compradas, no seu nome e no meu, e se eu mudasse de ideia em cima da hora, ainda daria tempo de acompanha-la. Mas isso estava fora de cogitação.

Quando me sentei em uma daquelas cadeiras, nada confortáveis, do aeroporto e me pus a esperar chamarem meu voo, jamais imaginaria que devido a minha escolha estava me livrando de explodir em 300 mil pedacinhos.

Infelizmente, uma tragédia aconteceu naquele dia e o avião que ia para a França explodiu poucos segundos após a decolagem. Ninguém sobreviveu. Fiquei atônito com a notícia, muito triste por ter perdido alguém tão querido como Laile de uma forma tão trágica. Corri atrás de alguma informação, mas tudo que me disseram era que ainda estava apurando os fatos. Vejam bem se isso é coisa de se dizer a alguém desesperado. Poucos minutos depois o aeroporto estava um caos e todos os demais voos foram cancelados. O lugar lotou de pessoas ávidas por notícias de seus familiares, policiais tentavam conter a balburdia e um bando de repórter perambulava por ali. Meu celular começou a vibrar no bolso e estranhei ao ver o número de mamãe piscando na tela. Eu havia avisado a ela que estaria voando nesse horário.

Mal atendi a ligação e já ouvi sua voz chorosa perguntando se era eu mesmo quem estava falando e se estava bem, e vivo. Bem, se eu estava falando é por que, sim, estava vivo!

Ela me explicou o porquê do desespero, dizendo que meu nome aparecia como uma das vítimas da tragédia. Mamãe sabia que eu iria para o Brasil, mas pensou que tivesse mudado de ideia de última hora. Tranquilizei-a e em seguida encerrei a ligação.

Enquanto falava, uma barreia policial havia sido montada na entrada do portão do voo da tragédia, então me encaminhei pra lá, para saber de alguma coisa. Qual não foi minha surpresa ao ver Mabel, mais pálida que uma folha de papel, os cabelos desgrenhados e o rosto banhado em lágrimas, agarrada a um policial, que tentava mantê-la estável.

Droga, ela deve ter visto o noticiário!

- Mabel! – Gritei, ela virou-se para me olhar e sua ação seguinte foi desmaiar.

Corri para socorrê-la. Expliquei a situação ao pobre policial e ele deixou que eu a levasse. Observei sua tez pálida e frágil durante todo o caminho para o hospital. Ela parecia mais magra, com olheiras e desleixada, mas ainda assim, essa maldita morena conseguia ser a mulher mais linda que já vi.

Era impressionante como sua presença, simplesmente isso, tornava meu mundo melhor. Sorri, alisando sua perna e inclinando-me para depositar em seu rosto frio um beijo cálido. Eu a amo tanto! E pela sua reação ao pensar que havia morrido, ela me ama na mesma proporção. Somos apenas dois idiotas turrões que insistem que podem viver longe um do outro.

Ao chegar no hospital ela foi prontamente atendida. E alguns minutos depois uma enfermeira veio em minha direção dizer que ela estava bem e me dar parabéns pelo bebê.

- Mas que bebê, senhora? – Perguntei rindo nervosamente.

- O que a sua mulher carrega na barriga.

- Mas, Jesus... não pode... como ele foi parar lá? – Era uma pergunta idiota, eu sei, mas não estava raciocinando em meu estado de choque.

Porra, eu quase entro em uma avião que explodiu, perdi uma amiga, encontrei Mabel desmaiando nos braços de um policial e agora sei assim que vou ser pai. Vamos cooperar, colega, meu cérebro não está funcionando muito bem.

- Bem, senhor, creio que deva saber perfeitamente como colocou-o lá – A mulher escondeu o sorriso – Ela está no quarto 200, com licença – Ela saiu à passos rápidos, e antes dela cruzar o corredor ouvi-a rindo.

Ora, é claro que sei como coloquei aquele bebê dentro de Mabel. Mas... por que ela não me falou sobre a gravidez? Por que me mandou ir embora?

Cacete, eu poderia estar morto, ou ter ido de vez para o Brasil, e o que? Eu nunca ia conhecer meu filho, era isso?
Só se... será que esse bebê não era meu e Mabel fez toda aquela cena, me mandou embora por isso?

Ela ia ter que me explicar essa merda toda direitinho. Caminhei para seu quarto e me prostrei lá, esperando ela acordar. Toda a ternura que senti a minutos atrás, dando lugar a uma raiva filha da puta.

Havia acabado de sair para ligar para um amigo meu da polícia e saber se ele tinha notícias sobre a tragédia. Ele me dissera que claro, estavam todos mortos e que era provável que uma das turbinas do avião tivesse provocado o acidente. Cai sobre a cadeira e me permiti chorar, pondo parte das minhas tensões para fora.

Pobre Laile, pensar que jamais voltaria a vê-la era doloroso. Ela não merecia uma morte tão terrível quanto essa. 

Ouvi um barulho vindo do quarto e corri para lá, encontrei Mabel livrando-se das restrições do soro. Ela pareceu absolutamente chocada quando me viu, quase desmaiou novamente.

O clima entre nós estava pesado, tenso. Até tentei ser um pouco mais carinhoso, ela estava frágil, droga! Mas eu queria sua resposta, aquilo estava me corroendo. E quanto mais conversávamos e ela não me contava nada, mais agoniado eu ficava.

Não aguentei mais toda aquela palhaçada e finalmente perguntei-a.

- Você nunca ia me contar que estava grávida? – Perguntei, meu rosto a centímetros do dela. Mabel arregalou os olhos.

- O que você disse?

- Não se faça de desentendida, Mabel. Por que não me contou?

- Eu não sabia, seu idiota – Me respondeu brava. – Oh, meu Deus, eu estou muito fodida! – Ela levou as mãos à cabeça e meneou-a uma dúzia de vezes.

Um sorriso de puro alivio se espalhou em meu rosto. Todas as caraminholas desanuviando meu cérebro e o deixando pensante novamente. Então ela não sabia?!

- Então não há outro... essa criança é mesmo minha? – Ela franziu o cenho e me fuzilou. Tirou sua almofada de apoio e jogou em mim.

- Por quem me toma, seu maldito caipira? – Rugiu. Essa era minha morena perigosa! – É claro que é seu... – Ela olhou para o teto e suplicou em desespero – Isso não pode estar acontecendo comigo... Não quero esse bebê.

- Não diga isso – Disse sério. – Se você não quer, eu quero!

- Ótimo – Ela riu debochada – Então o transfira pra sua barriga e passe nove meses carregando ele e depois mais seis meses amamentando.

- Infelizmente não é algo que posso fazer, mas você fará muito bem – Me aproximei dela e depois de levar alguns tapas e um arranhão, consegui abraça-la. – Shhhh, sei que está nervosa, mas vou estar aqui.

- É culpa sua, Michael – Ela tentava me empurrar – Você tinha que enfiar esse negócio enorme em mim e me engravidar? – Ri disfarçadamente. Sabia que sua crise era bem séria.

- Você bem que gostava, morena – Ela me estapeou mais uma dúzia de vezes.

- Quero ir embora daqui – Murmurou. Assenti.

- A enfermeira disse que está bem, que poderá sair de manhã. – Ela resmungou algo incompreensível. Os remédios estavam começando a fazer efeito.

- Estou com medo – Disse antes de se acomodar em meu peito.

- Eu vou cuidar de vocês – Beijei seus cabelos e ela finalmente dormiu. – Eu prometo.


Capítulo 4

Michael


Me mexi na cadeira, tudo em mim estava dolorido por ter dormido ali, mas não pude impedir-me de sorrir quando me lembrei do que soube ontem à noite. Antes que eu pudesse me atinar para qualquer outra coisa meu celular começou a tocar, e para não acordar Mabel, saí do quarto as presas.

- Oi mãe – Disse em meio a um bocejo.

- Você desligou depressa ontem e não voltou a entrar em contato. Fiquei preocupada.

- Estou bem, mãe, ou melhor, ótimo – Sorri abobalhado, olhando em direção ao quarto. – Claro que tirando a morte de Laile.

- Sinto muito por sua amiga, Michael – Suspirei. – Deveria desistir dessa ideia insana de ir para o Brasil e voltar para Iowa, pelo menos por um tempo, por que sei que aqui não é tão fácil assim pra arrumar um emprego a sua altura.

- Estou mesmo indo pra Iowa. Mãe, vou levar Mabel comigo.

- Ahh meu Deus, que bom, querido, se acertaram?

- Bem, ainda não, mas vou levar aquela teimosa nem que seja arrastada. No momento ela precisa de paz e descanso, coisa que sei que ela vai conseguir ai.

- Algum problema com ela? – Perguntou preocupada.

- Pelo contrário, mas não vou falar por telefone. Pode mandar papai nos buscar no aeroporto na sexta. Ainda tenho que ficar aqui nos próximos dias pra saber sobre Laile e dar alguma assistência à família dela que vai aparecer.

- Faz muito bem, meu amor. Pegará o primeiro voo da sexta, sim?

- Sim, mãe, acho que chego aí por volta de meio dia. Se não ligar até lá é por que provavelmente estarei tentando amansar a fera, chamada Mabel. – Mamãe riu.

- Boa sorte, filho. Um beijo.

- Beijo – Desliguei o telefone e antes de voltar para o quarto decidi ir até o restaurante do hospital e buscar um café. Enquanto o bebericava aproveitei para ligar para Leyla, mãe de Laile, ela me disse aos prantos que já estava Em Nova York e que queria me encontrar.

Ao voltar para o quarto de Mabel, encontrei uma enfermeira retirando seu soro.

- Ela está de alta, senhor – A mulher dirigiu-se a mim, ignorando Mabel completamente.

- Ohh, querida, a paciente sou eu e até onde eu sei o meu problema de ontem não afetou minha audição, então você pode falar comigo, OK? – Mabel disse naquele tom de cordialidade que só ela tem. Ri.

- Claro senhorita – A enfermeira respondeu – Só achei que seu acompanhante deveria ser informado também.

- Claro, florzinha, meu MARIDO – Enfatizou a palavra – Precisa mesmo ser informado, mas pode deixar que nós falamos a mesma língua, então não há problema algum de eu mesma falar. – A enfermeira contraiu o rosto em uma careta e saiu pisando duro. Assim que ela fechou a porta desatei a rir.

- Você é terrível, Mabel – Disse entre risadas.

- Não achei graça alguma. Você se sente o gostosão quando essas gatas no cio ficam miando pra você, né? – Ela levantou-se e caminhou para o banheiro. Até tentei acompanha-la, mas ela bateu a porta em minha cara.

Esperei-a pelo que pareceu ser uma eternidade. Quando ela saiu de lá, tão bem humorada quanto antes, fingiu que eu nem estava ali, saiu do quarto sem olhar na minha cara.

Mas que porra é essa?! Essa mulher é o diabo de saia.

Saí correndo atrás dela, feito um pateta, no qual eu realmente me transformei nos últimos tempos.

- Pare de ser infantil, Mabel. Vai ficar me ignorando agora? Pensei que tivéssemos nos acertado ontem – Ela me lançou um olhar fulminante – Ou pelo menos entrado em um consenso.

- Jamais entrarei em um consenso com você – Bradou, apontando o dedo em minha cara – Você foi o idiota que meteu esse pinto gigante em mim e me fez um filho, que volto a dizer, eu não queria. – As pessoas que passaram ao nosso lado, nos olharam de cenho franzido, absolutamente desaprovando o palavreado doce de Mabel.

- Não seja hipócrita, você bem que gostava... Ou não era você que gritava “-Ai, Michael, mais forte” – Imitei sua voz na última frase. Mabel estava vermelha de raiva agora. Abriu e fechou sua boca meia dúzia de vezes, mas nada disse, voltou a caminhar.

- Pare de me seguir – Grunhiu.

- Pare já com isso, porra! – Gritei mais alto que ela – Se você vai voltar a ser a mimadinha de sempre ótimo, mas não vou deixar que esse seu gênio de cão prejudique meu filho – Segurei sua mão, apertando-a contra a minha. E, cara, a sensação de tê-la assim novamente era boa demais – Vamos andar devagar. – Ela continuou emburrada, mas nada disse, me seguiu até meu carro silenciosamente.

Apenas quando saímos do estacionamento ela voltou a falar.

- Podemos ir buscar meu carro? Eu abandonei-o no aeroporto.

- Claro. Peço pra alguém ir busca-lo lá, não é bom que dirija.

- Urghh – Resmungou.

- Você deve estar com fome, vamos pro meu apartamento, lá preparo nosso café. – Disse apaziguador.

- Não pense você que voltamos, OK?! Nossa história acabou naquele dia em que armou aquela confusão e foi embora. – Suspirei, impedindo-me de me irritar.

- Corrigindo, você me mandou embora. Mas essa conversa teremos em outra oportunidade. E só pra que fique sabendo, iremos para Iowa sexta.

- O que? – Gritou.

- Você ouviu. Não vou deixa-la aqui em meio a esse caos, precisa de tranquilidade e lá será o lugar ideal. Por tanto, vamos na sexta, ponto.

- Nem fodendo!

- Te carrego nem que seja nos ombros até lá. E agora pare de torrar minha paciência, Mabel, já disse que estou me cansando do seu ataque de mimo, estou fazendo isso pelo nosso filho, você aceitando ou não. – Voltamos a nos calar.

Definitivamente algo muito precioso entre eu e Mabel havia se quebrado naquele briga e achava cada vez mais difícil de colocarmos tudo em seus eixos novamente.  

Capítulo 5

Mabel


O resto da semana passou em um borrão. Praticamente vegetei durante todos esses dias apenas comia, vomitava, chorava, dormia e comia de novo. Era definitivamente um ciclo vicioso.

Michael parecia cada vez mais preocupado com meu estado, e nem adiantou que visitássemos um médico a 2 dias atrás. O pobre homem repetiu um milhão de vezes para o Michael que isso era normal para os três primeiros meses de gravidez.

Gravidez... Só falar nisso já me deixava agoniada. Não achava mesmo que algum dia fosse aceitar essa gravidez indesejada. Estava amedrontada com a possibilidade de ser mãe, de me responsabilizar por um ser humano pelo resto da vida.

Sem falar que o Michael estava me sufocando com toda aquela atenção e preocupação exagerada... Bem, as vezes era engraçado vê-lo assim, mas ele não precisava saber que achava isso  adorável. Estamos brigados e estou com muita raiva dele, principalmente por querer me arrastar pra Iowa sem que eu queira ir.

OK, sim, eu amo perdidamente esse homem, sinto falta de seus beijos, seus abraços, dos seus toques e com certeza, de ser fodida por ele, mas não vou voltar atrás, nossa história não tem volta e se estou o aturando é por causa dessa criança. Apesar de estar imensamente aliviada por não tê-lo perdido, é assim que vai ser.

(...)

Michael havia sumido hoje. Não estava aqui de manhã preparando nosso café da manhã quando levantei. Não estava em nenhum dos quartos, a única coisa que achei no quarto de hospedes, onde ele estava ficando, foi duas malas pequenas. Fiz careta quando as vi. Não tinha engolido a ida para Iowa, mas ele não voltou atrás, fez a mala dele e a minha, por que obviamente me recusei a colaborar.

Estava péssima quando desci novamente para a cozinha, para comer algo. Encontrei fixado na geladeira um bilhete com palavras breves: “Fui a homenagem que prestarão a Laile, volto assim que puder”

Encarei o bilhete e uma tristeza enorme me assolou. Quando havíamos criado esse enorme precipício entre nós? Estávamos tão frios, distantes, impessoais. Nem parecíamos os mesmos.
Sei que nós dois procuramos por isso, e sei que ele até está tentando uma reaproximação, mas me sinto tão temerosa e frágil com essa bomba de gravidez que meu único impulso no momento é afastá-lo.

Tomei um copo de suco e subi para meu quarto. Depois disso apenas dormi, dormi e dormi, quando voltei a mim mesma tudo já estava escuro e estava com uma cólica incômoda, sem falar na ânsia de vômito terrível.

Me levantei ao tombos e consegui chegar ao banheiro, me ajoelhei em frente o vaso e coloquei pra fora tudo que não havia comido. Depois de tomar um banho rápido, desci para ver se Michael tinha voltado.

Droga, eu não estava bem. E justo agora onde ele foi se meter?

Me joguei em uma das cadeiras da cozinha e encostei minha testa no tampo frio da mesa. Estava em um estágio de quase inconsciência novamente quando ouvi a porta ser aberta, Michael caminhou diretamente para a cozinha, mas não entrou, ficou me observando de olhos arregalados.

- Meu Deus, Mabel, você está verde – Ele largou as sacolas que trazia, em cima da mesa e voou em minha direção – O que está sentindo?

- Nada demais, só vomitei e dormi mais que deveria – Menti. Ele segurou meu rosto com ambas as mãos e me analisou por um segundo.

- O que comeu hoje? Não minta pra mim – Perguntou sério.

- Tomei suco de manhã...só.

- Mabel – Ralhou – Te deixo sozinha um único dia e você faz algo como isso – Qual seu intuito, perder esse bebê? – Foi minha vez de arregalar os olhos. A menção de perde-lo me deixou mais apavorada do que a de ganha-lo.

- Desculpe... eu só estava com muito sono – Minha voz saiu trêmula, mesmo que eu não quisesse. 

Malditos hormônios!

Michael suspirou e levantou-se.

- Desculpe por falar assim. – Ele voltou para as suas sacolas e tirou de lá alguns recipientes de comida. – Trouxe comida natural. Vamos jantar.

Ele serviu a nós dois e passamos a comer em total silêncio. Me levantei para tirar os pratos da mesa e lavá-los, mas Michael não deixou.

Voltei para a sala e coloquei uma filme qualquer, enquanto me encolhia no sofá.

- Posso sentar aqui? – Michael perguntou. E novamente sua formalidade me partiu o coração. Apenas assenti.

- Que horas saímos para Iowa amanhã? – Ele me encarou, parecendo surpreso por minha pergunta.

- No primeiro voo, 8 da manhã – Assenti, voltando a atenção para o filme. Pouco tempo depois o cansaço excessivo que sentira durante todo o dia me assolou e caí no sono.

(...)

Acordei no dia seguinte com uma terrível dor nas costas e a cólica havia voltado. Não era forte, mas me incomodava.

Seguimos para o aeroporto em silêncio, e assim que pus meus pés no avião dormi novamente, sendo acordada apenas quando estávamos aterrissando.

- Eu sabia que mulheres grávidas dormiam bastante, mas você está exagerando. – Ele segurou minha mão e afagou-a.

Uma dor mais forte fez meu baixo frente se comprimir e as palavras de Michael anuviaram meus pensamentos “Qual seu intuito, perder esse bebê?”

- Estou bem – Menti novamente. Estava com medo de verbalizar qualquer coisa que fosse e que isso acontecesse de verdade.

Era só uma dor boba! Toda mulher grávida sente! Repeti pra mim mesma uma dúzia de vezes.

(...)

- Estou tão feliz de tê-la novamente aqui, filha – Kathe me abraço forte. Meu ventre doeu novamente e me senti tonta, mas consegui me recompor antes que percebessem.

- Bem vinda de volta, Mabel – Foi a vez de Joe me abraçar apertado.

Michael abraçou a mãe e o pai e em meio a um sorriso lindo iniciou seu discurso para anunciar o que estava acontecendo entre nós.

- Bem, mãe, pai, voltamos a Iowa por um motivo muito especial...

- Vão se casar! – Kathe bradou, radiante. Michael riu.

- Não, mãe – Ele me estendeu a mão e fui sem hesitar, nesse momento precisava mesmo me apoiar em algo, pois estava tonta e trêmula. Michael me puxou para seus braços, enlaçando minha cintura, ainda com certa formalidade. – Mabel está grávida. – Ouvi alguém bater palmas, braços me apertarem, e gritos de euforia, mas não conseguia discernir nada com certeza. A dor no meu ventre se acentuou e senti algo molhado em meio as minhas pernas.

- Michael – Chamei em um fio de voz. Sem saber ao certo se ele estava ainda atrelado em minha cintura – Nosso bebê... estou perdendo ele – Choraminguei, levando a mão até minhas coxas, constatei em meio a visão turva que era sangue... e enfim desmaiei.

Capítulo 6

Mabel


Eu caminhei sorridente até o quarto da pequenina Rose. Ainda não havia me acostumado com aquela coisinha pequena e risonha, sugando meus seios. Eu, que tive tanto medo de ser mãe, era agora uma babona, que amava incondicionalmente esse pequeno serzinho.

Ao abrir a porta, estranhei, não havia deixado a janela aberta, e agora ela estava. Corri para fechar, já que Rose poderia pegar uma friagem assim. Janela devidamente fechada, voltei para o berço, pronta para dar sua mamada matinal, porém a única coisa no berço era um pedaço de papel, escrito:

“Vou matar essa maldita bastarda... Você verá, Bel”

- Nãoooooo – Gritei, sobressaltando-me da cama. A agulha do soro provocou uma fisgada no meu braço.

Meu Deus, eu conhecia aquela caligrafia... conhecia aquela forma doentia de falar. Esse pesadelo personificado não poderia voltar pra minha vida, ainda mais agora.

Estava tão tomada pelo pesadelo que nem vi Michael ao meu lado, de olhos arregalados e segurando minhas mãos firmemente.

- Não deixe isso acontecer, Michael – Agarrei-me a ele. Estava trêmula, suada e com o rosto banhado de lágrimas.

- Shhh, foi só um pesadelo, querida – Balbuciou, alisando meus cabelos. – Tente ficar calma, ou isso fará mal ao bebê.

Ficamos em silêncio por algum tempo. Não queria soltá-lo por nada nesse mundo. Está de volta ao seus braços era uma sensação plena.

- Quer falar sobre o pesadelo? – Perguntou, voltando a me deitar na cama. Suas mãos agora acariciando meu rosto.

- Não...Estou bem – Garanti – Michael, eu não perdi o bebê, não é?

- Graças a Deus, não. Mais precisa de repouso absoluto por 10 dias, você não levantará daquela cama por nada nesse mundo. Te carrego pra onde for preciso – Ele sorriu, eu apenas assenti, ainda perturbada demais pelo sonho pra sorrir.

(...)

10 dias depois...

Os 10 dias do repouso foram uma verdadeira droga. Michael não mentiu quando dissera que não me deixaria levantar pra nada. Até para ir ao banheiro, que ficava a uns 20 passos do quarto, ele me carregava e ficava do lado de fora esperando que eu terminasse. Me fez comer coisas horríveis,  tomar milhares de vitaminas e ler um livro sobre “Mãe e pai de primeira viagem”

Eu já disse que ele estava adorável assim?! Se disse, repito, ele está.

Claro que não deixa de ser um pé no saco, sufocante pra cacete, mas no fundo eu curto esse zelo em excesso, só o tive quando meus pais estava vivos. Ah, e sem falar em Kathe, que me mima de todas as formas, e Joe, que mesmo mais na dele, não deixa de vir no quarto pelo menos duas vezes por dia pra saber se preciso de algo.
Porém, apesar de tudo isso ainda não me sentia segura com essa gravidez. Queria minha vida de volta, pois fui arrancada dela muito depressa. Queria o estresse e correria da NY Publicit, as broncas de MacCartney, a lerdeza das minhas secretárias... Voltar a fazer planos de marketing, analisar custos... Rebolar em minhas saias lápis e meus saltos, dirigir meu posher. Estava com saudades de tudo, e também estava odiando a ridícula e frágil mulher que venho me tornando. Choro com tudo, me irrito com muita facilidade, me acho feia e estou carente.

(...)

Me levantei na pontinhas dos pés, não queria acordar ninguém. Mas precisava ir ao banheiro e depois comer alguma coisa. Outro detalhe, estava comendo feito uma draga. Dizem que mulher grávida come por dois, eu estava comendo por uns cinco, no mínimo. E isso por que estava no primeiro mês de gravidez.

Pelo menos os enjoos diminuíram consideravelmente, e as tonturas também.

- Mabel, onde pensa que vai? – Revirei os olhos. Até essa gravidez acabar eu conseguiria dar um passo sem que esse homem ouvisse?

- Você tem algum tipo de radar? Por que não é possível uma coisa dessas – Murmurei rabugenta. Virei-me para encará-lo e a imagem me deixou estática por alguns segundos. Michael estava vestido apenas com uma calça de pijama, de seda, preta. Tudo nele estava do jeitinho que eu me lembrava, lindo!

- Estava indo ao banheiro? – Perguntou cruzando os braços. Um sorriso matreiro em seus lábios. Ele notara meu olhar.

- Também, e vou até a cozinha comer algo.

- Não vai não – Disse imperativo. Isso vez meus hormônios aflorarem ainda mais. Minha vontade agora era de agarrá-lo, encostá-lo nessa parede e transar com ele aqui mesmo.

- Então vou ficar com fome, tudo por causa da sua paranoia?

- Não é paranoia, a médica prescreveu 10 dias de repouso. E os 10 dias só se vencem amanhã.

- Grande diferença – Fiz uma careta.

- Vá ao banheiro, eu vou descer para preparar um lanche pra você. – Assenti, resignada. Não ia nem tentar discutir com ele.

10 minutos depois ele entrou no quarto com uma bandeja. Só o cheiro da comida já me deu água na boca.

- Sanduiche de pão integral, com frango desfiado e salada, e para acompanhar, suco de limão. – Fiz careta pra comida. Se eu tivesse conseguido chegar até a geladeira sem que aquele fiscal me barrasse, com certeza comeria uma fatia de torta de chocolate, mas isso era tudo que tinha...

Michael riu ao me ver atacar o sanduíche, como se tivesse passado uns 3 dias sem comer.

- Não ria de mim, estúpido! Não é você o grávido da história – Ele deu de ombros, ainda rindo e sentou-se no final da minha cama.

- Tem estado bem melhor, não é? 

- Sim – Disse de boca cheia – Apenas com uma dorzinha incomoda na lombar, mas não se preocupe – Me adiantei em dizer – Liguei para a médica e ela disse que era pela falta de movimentação dos últimos dias. – Michael assentiu.

- Terminou? – Apontou para o prato. Lhe entreguei a bandeja vazia, ele colocou-a em cima do criado mudo e voltou a me encarar. – Deite de bruços. – Arregalei os olhos diante de seu comando.  Ele não percebia o quão apetitoso estava assim apenas de calça e me ditando ordens.

Obedeci-o, por que obedecê-lo virara extremamente excitante pra mim. Quem diria, Mabel Mendes, a arrogante e metida publicitária, dona de um coração de pedra e uma dominatrix convicta, estava agora uma maldita chorona, grávida, futuramente gorda e adorando ditar ordens de um homem.

Sem que eu esperasse, Michael me cavalgou e levantou minha blusa, o toque firme de suas mãos pesadas enviou fagulhas de excitação por todo meu corpo. Ele pressionou minha lombar com precisão e eu gemi.

- Doeu? – Perguntou preocupado.

- Não – Respondi em um fio de voz. Ele continuou sua massagem deliciosa por todas as minhas costas. Suas mãos tornando-se cada vez mais urgentes, nossas respirações começando a descompassar. Eu já sentia todo meu corpo pulsar, antecedendo o que viria a seguir... sentir sua boca novamente pelo meu corpo, me chupando, me dando prazer, suas mãos hábeis me apertando em pontos certos, seu pau encaixando-se em mim até o fundo...

Antes que pudesse concluir meus pensamentos, Michael virou-me e nossos olhos finalmente se encontraram. Ele inclinou-se e espalhou beijos por meu pescoço e queixo, enquanto eu o puxava para mim, desesperada por uma fricção mais precisa. Ele beijou o canto dos meus lábios, e suas mãos envolveram meus seios, apertando-os e me fazendo arquear.

- Michael – Implorei e foi como se minha voz tivesse o despertado. Ele parou imediatamente e desceu da cama.

- Não podemos, Mabel, o repouso – Passou as mãos nervosamente pelos cabelos e ajeitou o membro, que já estava ereto.

- O que? – Praticamente gritei – Você só pode estar brincando.

- Em breve nós poderemos e... – Catei uma almofada do meu lado e atirei nele.

- Em breve eu não irei querer mais. Dá o fora! – Rugi.

- Mas, entenda...

- Fora! – Gritei novamente.

- Amanhã conversaremos – Ele saiu do quarto batendo a porta.

Bem, eu tive que deitar e me contentar com a enorme frustração que fora aquela noite. Eu queria mesmo ter dormido, mas um milhão de questões surgiram em minha cabeça.

Ia ser assim daqui pra frente? Nunca mais o tesão que sempre nos moveu ganharia a parada? Imagine só quando eu estivesse parecendo um hipopótamo, ele nem me olharia!

Capítulo 7

Michael


3 Meses depois...

É amigo, três meses sem saber o que é transar não é coisa desse mundo. Acho que você nem se lembra mais como é sentir o calor de uma vagina te apertando...

Me arrumei na cadeira e olhei ao redor. Estava ficando tão louco que acabara de bater um papo com meu pau! A falta de sexo estava atrofiando ainda mais meu cérebro.

Se a Mabel não parasse de birra eu ia acabar enlouquecendo de vez. Ela ficou com tanta raiva por eu ter parado tudo naquela noite, que desde então não me deixa chegar muito perto nem para tocar sua barriguinha.

Por falar nisso, ela está tão linda assim, como mãe do meu filho. Ainda mais linda do que sempre fora. Não me interpretem mau, eu amo aquela mulher incondicionalmente, e absolutamente nada desse sentimento mudou, e quando falo que sinto falta de nossas transas, não é somente disso, mas  principalmente dos carinho que sempre compartilhávamos, dos beijos, abraços, de simplesmente andar de mãos dadas com ela... Se citei principalmente o tópico ‘sexo’ é por que sinceramente estou de bolas roxas. É um inferno, um verdadeiro inferno resistir a ela.

Consegui arrumar um emprego em uma pequena empresa de publicidade em Iowa o salário perto do que eu ganhava na NY Publict era simbólico, mas eu gostava da empresa, das poucas pessoas que trabalhavam ali, e afinal era mais um passa tempo, por que odiava passar o dia inteiro em casa sem fazer porcaria nenhuma. Ademais era um bom refúgio para encher minha cabeça com outras coisas. Não iria admitir pra ninguém, nem voltaria a ser um bêbado, mas continuava sofrendo pra caramba.

(...)
Mabel


Estou definitivamente me tornando uma baleia! – Constatei, assustada.

Deveria ser por isso que o Michael não tentava mais transar comigo. OK, eu não tenho aberto muito a guarda, mas estou insegura. E se ele quisesse realmente fazer amor comigo outra vez tentaria com mais afinco, mas ele não parece estar nem aí. Deve ter achado uma mulher muito mais gostosa, pra satisfazer seus desejos, enquanto a gorda aqui ficava ainda mais feia.

Engoli o choro e ergui minha cabeça. Não ia chorar mais!

- Vamos, minha filha – Ouvi Kathe gritar. Borrifei um pouco de perfume e deixei o quarto.

Conversamos amenidades por todo o caminho, que nos levaria até o centro de Iowa, estava dirigindo devagar – Recomendação de Michael, claro -.

- Quer mesmo fazer tudo isso, Kathe? Tenho preguiça só de pensar – Ela riu, meneando a cabeça.

- Pode me deixar no supermercado e depois poderia chamar o Michael para darmos uma volta no shopping todos juntos. Temos que começar a pensar no quarto do bebê – Disse doce – Sei que não ficarão o resto da vida aqui, mas quero que meu neto tenho um quarto lindo em minha casa. – Sorri.

- Obrigado, Kathe – Segurei sua mão e sorrimos uma para a outra. Ela havia se tornado uma mãe para mim nesses meses tão difíceis.

Deixei-a no mercado e dirigi rumo ao prédio onde Michael trabalhava agora. Achei uma bobagem ele ter aceitado esse emprego muxoxo, mas aquele teimoso disse que não aguentava mais ficar sem fazer nada, então não quis aprofundar a discussão.

Parei o carro em frente ao prédio e desci, mas antes mesmo que eu pudesse atravessar a porta uma cena me fez paralisar. Michael estava conversando com uma loira... com a tal Maria, e estava... sorrindo pra ela. Meus olhos encheram-se d’água e voltei para o carro correndo. Não queria que ele me visse naquela situação e muito menos que aquela mulher risse de mim, mas minha saída silenciosa foi impossível, pois aturdida como estava bati no carro atrás de mim quando manobrei para sair da vaga. Michael e Maria olharam em minha direção e vi quando ele arregalou os olhos. Pisei no acelerador e saí dali o mais depressa possível.

Cheguei no sítio em menos de 20 minutos. Caminhei para a casa me segurando nas paredes, era como se o restinho de chão que ainda havia embaixo dos meus pés, estivesse acabado de ser arrancado.

Joe apareceu na sala, sorridente e para disfarçar fiz o mesmo.

- Tudo bem, querida? – Me olhou de cenho franzido.

- Tudo sim, Joe – Pigarrei para clarear a voz – O senhor pode ir buscar a Kathe? Fiquei de pegá-la no mercado, mas acabei me sentindo cansada e voltei.

- Está sentindo alguma dor? – Ele se aproximou.

- Não – Menti. Doía em meu coração.

Ele relutou um pouco mais, mas finalmente foi embora. Subi as escadas e corri para o banheiro, a primeira coisa que fiz foi vomitar feito uma condenada, lavei meu rosto e minha boca e estava pronta para voltar pro meu quarto e me trancar lá quando Michael entrou no banheiro.

- Graças a Deus – Ele me abraçou apertado, mas não retribui seu gesto – Pensei que tivesse ido embora quando não te achei em lugar nenhum.

- Como se onde eu estivesse te importasse – O empurrei e passei por ele. Michael me seguiu.

- Não vamos voltar pra essa discussão envolvendo Maria, não é mesmo?

- Não, nós não vamos, por que tudo já está bem claro pra mim – Gritei.

- Tudo o que, Mabel? Você não viu nada, estávamos apenas conversando, como da outra vez. Quer dizer, aquela louca estava conversando e tentando me arrastar pra um café, mas estava mandando-a embora.

- Claro que estava – Ri debochadamente. – Chega, Michael. Tudo pra nós parece mesmo ter acabado. Olhe só para o que nos transformamos. Brigamos por banalidades, conversamos feitos velhos amigos e você perdeu o tesão por mim... acabou! – Decretei, tão abalada que tudo que queria era me encolher na cama e chorar sozinha.

- Eu... Perder o tesão por você? – Michael gargalhou. Parti pra cima dele e lhe estapeei, sem me importar se o machucaria ou não.

- Como pode rir de mim assim, me tornei uma palhaça pra você agora? – Rugi, ainda lhe batendo. Michael ficou sério, e sem que eu esperasse me derrubou na cama, em questão de segundos vi minhas mãos amarradas no espaldar da cama, por sua gravata.

- Eu te amo, idiota – Sussurrou á centímetros do meu rosto – Quantas malditas vezes eu vou precisar repetir para que saiba que nada nem ninguém vai mudar isso. Quantas vezes vou ter que repetir que não quero nenhuma outra mulher, que quero você, seu corpo, seus beijos, seu calor... Aguento seu gênio de cão, respeito seus momentos de insegurança, por que te amo e não tem a menor ideia da saudades que estou de você, do quão eu quero foder você... – Ele roçou sua pélvis em mim e pude senti o quão duro estava – Veja como perdi o tesão por você.

- Eu não aguento mais, Michael, faça amor comigo – Pedi, perdendo todo o resto do meu orgulho. Ele sorriu torto, seus olhos brilhando de luxúria.

- Prefiro a Mabel boca-suja – Sussurrou em meu ouvido. Sorri, sabendo exatamente o que ele queria que eu falasse. 

- Me coma! 

No segundo seguinte sua boca tomou a minha, em um beijo tão intenso que pensei que fôssemos arrancar a boca um do outro. Suas mãos hábeis, trataram de apertar meus seios com uma pressão deliciosamente dolorosa. Ele não desatou minhas mãos para me livrar da minha blusa, ele rasgou-a, e impacientemente livrou-me da saia e calcinha. Livrou-se rapidamente de suas roupas também, ajoelhando-se entre as minhas pernas em seguida.

- Linda – Murmurou, passeando seus longos dedos, desde minha clavícula, até minha púbis. Seus dedos escorregaram para o meu clitóris e ele rodeou-os.

- Michael – Arqueei meu quadris, louca para ser preenchida por ele.

Michael inclinou-se e tomou um dos meus seios em sua boca, sugando-o com força, atiçando os mamilos, já turgidos. Ele continuou sua trilha de beijos por minha barriga e parou exatamente em meu clitóris, abocanhou o pequeno nervo sensível enquanto seus dedos passaram a me estocar.

Gritei e me contorci pelo que pareceu horas, enquanto ele continuava incansável entre minhas pernas. Estávamos suados, extremamente ofegantes, mas ele continuou, me dando o terceiro orgasmo da noite. Segurei seus cabelos e fechei minhas pernas, numa luta interna entre afastá-lo ou puxá-lo mais pra mim. Ainda estava envolvida pelo torpor quando sua boca cobriu a minha, sua língua varreu minha boca, fazendo-me provar meu gosto.

Senti seu membro alargando-me, preenchendo-me aos poucos. Minhas pernas o puxaram para mais perto. Gememos em uníssono.

Quando ele começou a se mover contra mim, rápido, certeiro e incansável, prazer espalhou-se por meus poros. Michael segurou minhas pernas e apoiou-as em seus ombros, tornando a penetração ainda mais profunda e prazerosa. Ele beijou o dorso de meus pés, segurando-os com uma delicadeza incrível – O que contrastava com todo o resto, já que nos movíamos um de encontro ao outro com uma fome incontrolável – Joguei minha cabeça pra trás, quando a sensação tão boa passou a apertar meu baixo ventre. Michael apertou meus seios e aumentou ainda mais as estocadas e eu me rendi ao orgasmo, deixando espessas lágrimas de satisfação e felicidade descerem por minhas bochechas.

- Amo você – Ouvi-o gemer em meu ouvido, liberando seu prazer dentro de mim.

Michael desfez as amarras que prendiam meus pulsos na cama, caiu ao meu lado e puxou-me para seus braços. Não queria dormir e ter que perder um minuto sequer desse pós coito, mas estava tão exausta pela descarga de adrenalina, que assim que me aninhei em seus braços, dormi.


Capítulo 8

Michael


Acordei no dia seguinte com o barulho do Carmelo em baixo da minha janela. Galo filha da puta, passa o dia comendo meia dúzia de galinhas e ainda se acha no direito de vir acordar esse pobre cidadão antes mesmo do sol raiar totalmente.

Antes de me levantar e iniciar meu dia, me dei ao luxo de ficar alguns minutos observando minha dominatrix mais linda. Mabel estava esparramada na cama, os cabelos em completo desalinho e seu corpo descoberto da cintura pra cima. Não, eu não a cobri. Sou tarado demais por ela pra perder a chance de vê-la nua.

Sua mão estava espalmada sobre a barriga, já saliente, e isso me fez sorrir... Eu li ainda ontem no livro, que isso é puro instinto maternal e mesmo que a Mabel ainda não tenha aceitado completamente essa gravidez, ela se sente tão mãe quanto eu pai.

Me inclinei sobre ela e beijei sua barriga uma dúzia de vezes, balbuciando um “bom dia filhote” – Ri novamente – Meu filho provavelmente está no primeiro soninho e eu estou enchendo seu saco.

Me levantei e corri pro banheiro. Depois de um bom banho, desci para a cozinha e preparei um café reforçado para a Mabel, claro, sem me esquecer de exercer meu lado um tanto quanto romanesco, e colocar uma rosa em sua bandeja, acompanhada de um bilhete cheio de frufrus.

Ela não costuma gostar muito disso, mas sei que está numa fase mais sensível, e fui omisso por tempo demais.
Antes de sair pra trabalhar, recomendei um milhão de vezes a minha mãe para ficar de olho nela, e só assim segui para o centro de Iowa.

O dia correu como sempre, e ao final do expediente estava louco para correr pra casa e encontrar minha família.
Encontrei a casa silenciosa, o que me deixou intrigado, já que a essa hora deveria ter alguém aqui.

- Mabel? – Chamei assim que despontei no corredor.

- Estou aqui – Gritou em resposta.

Segui para o quarto e encontrei-a parado bem próximo a janela...

- Morena perigosa – Balbuciei, ao nota-la apenas de lingerie.

- Ei, caipira... estamos sozinhos sabia? – Ela sorriu torto e me encarou maliciosamente.

- Mesmo? – Arqueei a sobrancelha. Ela assentiu – Mamãe e papai? – Enquanto falava me livrava da gravata e camisa.

Perder tempo não era com a gente!

- Foram ao centro e só voltam por volta das 7 da noite – Ela me devorou com os olhos. Me livrei dos sapatos e da calça.

- Tem certeza que posso te fazer gritar e não vão nos ouvir? – Ela mordeu o lábios e assentiu.

Mabel se aproximou, suas unhas longas passearam por meu peitoral, enquanto seus lábios pintados de vermelho, beijavam meu pescoço. Ela esticou um pouco o cós da boxer e olhou dentro da cueca, me encarando em seguida.

- Temos aqui algo que estive desejando durante todo o dia – Murmurou em meu ouvido, Fechei os olhos, louco diante de sua provocação. Ela se ajoelhou aos meus pés e livrou-me da minha cueca. Ela soprou levemente meu pau e eu estremeci.

- Você está me matando, Mabel.

- Desculpe amor, prometo melhorar agorinha mesmo – No segundo seguinte sua boca me tomou por inteiro, com fome. Agarrei seus cabelos e sem delongas estoquei em sua boca com a mesma precisão que faria em seu sexo.
Ela parou meus quadris por um momento, para recuperar o fôlego e espalhar beijos em minhas coxas e testículos.

- Quero que me dome – Sussurrou, olhando-me de cima. Seus lábios abertos passeando pelo meu pênis.

- Mabel, não posso bater em você, está grávida, pode fazer mal ao bebê.

- Então não bata, mas mande em mim, faça o que quiser... – Ela sorriu devassadoramente. Sorriso esse que espelhei.

- Seu desejo é uma ordem! – Inclinei-me para beijá-la rapidamente e logo voltei a minha postura. – Coloque suas mãos para trás – Ela obedeceu – Você não vai tirá-las daí, entendeu?

- Sim, senhor.

- Abra sua boca e olhe pra mim – Ela o fez – Vou foder sua boca e depois vou empinar bem essa sua bunda perfeita, e só então vou fazê-la gozar, certo, Mabel? – Ela apenas assentiu.

Quando meu membro deslizou no calor de sua boca, apertei os olhos e gemi guturalmente. Passei a mover meus quadris, dessa vez sem presa, apreciando a maciez de sua língua, a quentura de sua boca. Segurei as laterais de seu rosto e empurrei-me até o fundo de sua garganta, três vezes seguidas... parei, ofegante e trêmulo, se eu fizesse aquilo mais uma vez eu gozaria.

Ajudei-a a levantar-se e tomei seus lábios em um beijo ávido. Minhas mãos exploraram seus seios fartos, sua cintura, agora menos curvilínea por conta da gravidez, e me detive exatamente onde amo, agarrando suas duas nádegas com uma pegada firme, que a fez arfar. Meus lábios encostaram em seu ouvido para que eu pudesse falar.

- Você vai caminhar até a cama e vai deitar seu tronco no colchão, deixando sua bunda bem empinada pra mim, acha que consegue?

- Sim, senhor.

- Então vá – Ela fez exatamente como pedi... E, porra, que visão era aquela!

Em questão de segundos estava atrás dela, penetrando-a e arremetendo com toda a fome selvagem que estava sentindo naquele momento.

Nem Mabel nem eu poupamos gritos e gemidos, estávamos completamente alheios do mundo, a nossa busca focada no orgasmo espetacular que nos engolfava. Mais algumas estocadas e ela finalmente gozou, agarrada aos lençóis e gritando por mais. Estapeei sua bunda, uma única vez – Só pra não perder o costume – E deixei-me levar pela sensação maravilhosa que estava controlando.

(...)

2 Meses depois...

Ver essa mulher passando gel frio na barriga de Mabel, me deixou ainda mais angustiado. Estava inseguro, com medo que ela me dissesse que meu filho não estava bem. Mas não havíamos descumprido regra nenhuma, Mabel parou de engordar, já que a médica havia recomendado, pois até o final da gravidez ela poderia passar do peso ideal. Enfiava suas vitaminas goela abaixo, mal deixava ela caminhar pelo sítio e inclusive maneiramos no ‘sexo selvagem’. Mabel odiou essa parte, até tentou contestar a Doutora Rachel, mas se calou quando apertei sua mão. Prometi a ela que daríamos um jeito e estamos dando.

Acabamos de pintar o quarto do bebê e trouxemos o berço e uma cômoda. Tudo branco, já que até agora o neném não quis abrir as perninhas.

- Então doutora, tudo bem? – Mabel perguntou, apertando minha mão. Beijei seus dedos e sorri, tentando tranquiliza-la.

- Tudo ótimo com o bebê – A mulher sorriu, ainda encarando aquela tela cheia de borrões. – Basta continuarem seguindo minhas recomendações e essa menina vai crescer firme e forte.

- Menina? – Mabel tentou se levantar, mas a médica impediu-a.

- Sim, vocês terão uma menina. – Sorri feito um bobo.

- Era por isso que não queria abrir as pernas – Pensei alto – Veja só, minha menininha já orgulhando o pai – Uma gargalhada irrompeu o lugar e só então percebi que não estava pensando e sim falando.

- Você me mata, Michael – Acompanhei-a na risada.

A doutora limpou o aparelho e deu alguns papéis para Mabel limpar a barriga e saiu para perto de suas parafernálias.

Tomei os papéis toalha de Mabel e eu mesmo limpei sua barriga. Ela estava sorrindo, me observando fazer aquilo. Dei um suave beijo em sua barriga e ajudei-a a levantar.

- Aqui está a ultrassom – A médica nos entregou a foto borrada. Era assim que eu chamava as ultrassons que colecionávamos. Porém ao abrir essa vi que era bem mais nítida. – Nos vemos no próximo mês. – Nos despedimos da médica e saímos do consultório de mãos dadas, com sorrisos escancarando nossos lábios e com a certeza silenciosa de que essa menina veio para fortalecer nosso amor.

Capítulo 9

Mabel


4 meses depois...

Estava sentada na praça da alimentação do shopping, observando com um tédio absurdo um bando de gente passar pra lá e pra cá, enquanto devorava meu sorvete de 3 bolas. Se o Michael voltasse antes de eu acabar esse troço calórico ele me mataria, mas poxa, ele nunca me deixa fazer nada parecido e preciso de um pouco dessa coisa gelada pra me acalmar. Estou gorda feito uma orca, meus pés estão inchados, minhas costas doem, por causa do peso da barriga, não consigo dormir em posição nenhuma e saber que estou prestes a empurrar uma criança para ela sair de um lugar onde mal passa o pênis do pai dela, está me corroendo os nervos.

Afastei a taça do sorvete, já satisfeita. Apanhei dentro da sacola o vestidinho rosa que Michael e eu acabamos de comprar para Rose, e devo confessar que estou babando feito uma boba por ele.

Até que me acostumei com a gravidez, e quase tive um troço quando esse serzinho mexeu em minha barriga. Estou morrendo de curiosidade para ver a carinha da minha filha... minha filha, essas palavras ainda pesam toneladas pra mim, o fato de ser mãe ainda me aterroriza, mas sei que também irei me acostumar com isso.

Meu celular vibrou em cima da mesa e apanhei-o para ver de quem se tratava.

“Nunca pensei que te veria assim tão gorda... está horrível, nem te comeria mais”

Mas que mensagem de mal gosto é essa? 

Olhei ao redor completamente irritada. Quem era o desgraçado que estava me incomodando a essa hora?
O celular vibrou novamente.

“Talvez te dê uma nova chance quando colocar esse pequeno lixo pra fora.”

Como assim, pequeno lixo? Esse imbecil agora me ouviria. Retornei a ligação.

- Olha aqui não sei de quem se trata, mas pare de encher meu saco, OK?! Não tenho tempo pra perder com um ser doente que chama uma criança de lixo. – Tudo que ouvi do outro lado da linha foi uma risadinha abafada – Idiota! – Desliguei.

Provavelmente é algum ex, filho da puta, que deve ter me visto por foto, sei lá, e agora está querendo tirar minha paz, mas definitivamente não irá conseguir.

- Demorei, amor? – Michael apareceu, todo sorrisos. – Tudo bem? – Me encarou de cenho franzido.

- Tudo – Sorri falsamente. – Vamos embora? Estou com dor de cabeça e cansada.

- Claro, querida – Ele me ajudou a levantar e caminhamos de mãos dadas até o carro.

O estacionamento estava quase deserto e escuro e isso estranhamente me assustou.

- ... Mabel, o que foi? – Indagou, quando me viu olhar para trás pela segunda vez – Você está estranha!

- Nada demais, só estou com uma sensação estranha... deve ser mais um efeito desses hormônios loucos. Vamos logo – Puxei-o para caminharmos mais depressa.

(...)

As mensagens não pararam nos dias que se seguiram, elas pioraram. Estavam cada vez mais agressivas, vis, e não importava o quanto eu ligasse e ameaçasse a pessoa do outro lado da linha nunca falava nada.

Pensei em contar para o Michael, mas não queria importuná-lo com uma bobagem como essa. Era apenas um desocupado querendo me colocar medo, mas não iria conseguir. Michael acabara de pedir demissão do trabalho, acabou se desentendo com o dono da empresa, e por isso já estava suficientemente estressado.

“Essa criança não passa de um monstrinho.”

Desliguei o celular e joguei-o na mesinha. Já sei o que fazer, jogaria esse aparelho fora e compraria outro assim que conseguisse ir a cidade sem ser escoltada por Michael.

Me virei na cama e voltei a tentar dormir.

Não sei ao certo se consegui, ou por quanto tempo consegui dormir, mas quando me acordei senti algo molhado entre minhas penas e uma dor muito incomoda no baixo ventre e nas região lombar. Tirei o braço de Michael de cima da minha barriga e me levantei, acendendo a luz do abajur.

- Ohh meu Deus – Gritei.

Michael sentou-se em um pulo, ainda mais dormindo do que acordado.

- O que foi, Mabel, está passando mal? – Ele coçou os olhos e também acendeu seu abajur.

- A bolsa – Murmurei de olhos arregalados.

- Que bolsa, amor? Diga, que irei buscar pra você – Bocejou.

- A bolsa estourou, idiota, Rose está nascendo.

- Ohh meu Deus – Ele levantou-se e ascendeu a luz do quarto, abrindo a porta em seguida – Mãe, pai – Gritou do corredor e voltou correndo para o quarto – Então, as contrações, estão espaçadas demais?

- Michael, você não é o médico – Gritei, trincando os dentes, quando mais uma pontada de dor me assolou.
Kathe e Joseph apareceram no quarto.

- Ahh que alegria, querida, finalmente veremos Rose – Kathe disse feliz – Michael vá se vestir e traga um robe pra Mabel. Ahh, sim, e a bolsa dela e do bebê também, está tudo no quarto da Rose. – Michael assentiu, agarrou uma roupa qualquer no armário e saiu do quarto voltando 2 segundos depois.

- Faça a respiração cacho...

- Cala a boca, Michael! – Michael saiu quase correndo.

- Fique calma, filha – Joseph se aproximou e tocou minha mão – Vou preparar o carro. – Em seguida saiu. 

- Sei que está nervosa, e é compreensível que fique, mas deve lembrar de que não está sozinha, sua família vai estar esperando por você quando sair da sala de parto. Eu, Joseph, e o Michael não te abandonaremos, confie em mim, sim? Não tenha medo, tudo será recompensado quando pegar sua filha nos braços – Ela enxugou minhas lágrimas e me abraçou.

Michael voltou a aparecer no quarto, trocado, com um robe em mãos e duas bolsas penduradas em seus ombros.

- Me dê isso, vou levar para o carro e me trocar. Ajude Mabel – Ela pegou as bolsas e saiu do quarto.

- Consegue se levantar ou prefere que eu dê um jeito de vesti-la assim? – Ele estava com o cenho franzido e tão pálido e assustado que morri de pena dele.

- Venha aqui – Ele se aproximou, um tanto hesitante – Se te xingar e bater em você nas próxima horas, não leve a mal, só estou nervosa, mas não esqueça que te amo – Ele sorriu e me deu um leve beijo nos lábios.

- Também te amo, muito – Ele segurou minha mão bem na hora de mais uma contração.

- Maldita dor – Grunhi, apertando seus dedos. Michael fez uma careta, mas não reclamou.

Ele me ajudou a colocar o rebe e finalmente encontramos Kathe e Joseph no carro. O pai de Michael dirigiu a 120 nas estradas íngremes da zona rural de Iowa. Consequentemente o balanço aumentava a dor e por conseguinte a minha irritação.

Apertei as mãos de Michael mais uma vez até ouvir o barulhinho de seus ossos estalando.

- Aiii, Mabel – Reclamou.

- Não reclame, seu filho da mãe, você tem que senti dor de alguma forma, ou acha que vou passar por isso sozinha. A culpa é sua!

- Minha? Não banque a santa, você gostava tanto quanto eu... – Lhe dei um beliscão.

- Parem vocês dois de brigar, parecem duas crianças. Estamos quase chegando!

Assim que cheguei no hospital Doutora Rachel me esperava na recepção. A pobre estava com uma cara de sono e dar dó, mas ainda assim sorridente.

- Vamos lá, Mabel, trazer Rose ao mundo?

E ela dizia isso com esse sorriso? Não era ela que estava com uma dor tão terrível como aquela.
Me levaram para um quarto, onde trocaram minhas roupas e a médica apareceu para fazer a primeira avaliação.

- Está em trabalho de parto avançado. Vou preparar a sala e venho busca-la. Sempre que a contração vier, respire e pense que ela vai passar em breve.

- É tudo que mais quero – Murmurei, entre uma careta e outra.

Quando a doutora saiu, Michael entrou, vestindo uma bata azul, com uma toca cobrindo seus cabelos e com uma cara mais pálida do que a alguns minutos atrás.

- Mabe...

- Não converse comigo, não quero – Lhe apontei o dedo, ele assentiu.

Ficamos em silêncio, enquanto os minutos se arrastavam e as dores aumentavam. As lágrimas começaram a banhar meu rosto quando a coisa toda começou a ficar insuportável.

- Respire cachorrinho Mabel, Cachorrinho...

- Se me mandar fazer essa merda de respiração mais uma vez, eu mesma amarro o fio do abajur no seu pescoço e te mostro como é o cachorrinho – Michael riu, pela primeira vez na noite.

-Não ria de mim... está doendo – Reclamei manhosa.

- Já chega, vou chamar essa médica – Levantou-se determinado, mas antes de sair a doutora entrou no quarto.

- Vamos lá!

(...)

Não sei se se passaram horas ou minutos desde que deitei naquela máquina. Lembro de fazer muita força, lembro da mão do Michael atrelada a minha, lembro da médica gritando coisas como “a cabecinha Mabel”, lembro de uma dor lancinante seguida de um choro, de lábios encostando em minha testa suada e por fim e escuridão.

(...)

- Ei, mamãe, é hora de acordar – Alguém murmurou em meu ouvido. Eu conhecia aquele voz, aquele cheiro. 

Abri os olhos para ter a visão mais linda de toda a minha vida, Michael estava com pequeno embrulho nos braços, de onde estava só dava para ver a mãozinha dela, agarrando firmemente o dedo grande do pai. Ele estava sorrindo pra ela, tão entretido que não notou que eu havia acordado.

- Posso ganhar um pouquinho dessa atenção? – Balbuciei. Michael me olhou imediatamente e veio ao meu encontro.

- Se sente bem?

- Melhor do que antes – Sorri – Deixe eu pegá-la, sim?

Michael colocou o pequeno embrulho nos meus braços.

- Ei, Rose, eu sou a mamãe – Sorri para ela, abobalhada de como era pequena e cabeluda.

Tudo que me disseram que eu ia sentir quando pegasse minha filha nos braços eu senti. É simplesmente indescritível o tamanho do amor que nasce ali, naquele momento. É um ele eterno. Você só quer cuidar daquela criaturinha, protege-la, amá-la.

A bebê mexeu-se em meus braços e abriu sua boquinha, procurando por meu peito.

- Ela está com fome, a enfermeira veio trazê-la para a primeira mamada – Michael sentou-se ai meu lado e acariciou a cabecinha de Rose – Quer que eu chame alguma enfermeira pra te ajudar ou lembra bem da aula?

Eu fizera algumas aulas para mães de primeira viagem. Aprendi sobre amamentação, banho, fraudas e todas essas coisas que farão parte da minha vida agora.

- Não precisa.

- Então vá em frente, mamãe – Ele beijou meus lábios e sentou-se ao meu lado.

Quando aquela boquinha pequena sugou meu seio e suas mãozinhas me agarraram, como se eu fosse seu tudo, um antigo muro que eu construíra dentro de mim se quebrou e não digo que a ‘antiga Mabel renasceu’, mas uma Mabel nova e muito melhor passou a existir a partir dali.


 
Capítulo 10

Mabel

Eu havia voltado pra casa 2 dias depois do parto. Segundo a doutora Rachel tanto eu quanto Rose estávamos muito bem. E minha recuperação completa não demoraria a acontecer.

Os dias que se passaram desde então, 30 dias para ser mais exata. Foi um completo caos. Rose chorava toda as vezes que estava com fome, ou suja, ou com calor, ou com frio, ou com cólica... resumindo, ela chorava a cada 2 horas.

Dormir uma noite inteira? Era praticamente impossível. Mas apesar de tudo isso eu estava cada vez mais encantada com minha princesa. Amava a hora da mamada, o jeitinho fixo que ela me olhava com aqueles enormes olhos negros, iguaizinhos ao do pai.

Por falar em pai, Michael tem sido um papai exemplar. Baba por Rose muito mais que eu, faz questão de niná-la quando ela acorda de madrugada e exibiu a menina todo orgulhoso quando seus amigos e as mulheres vieram visitar-nos por esses dias.

Kathe e Joseph nem se fala. Chegam até a brigar para pegar a menina. Kathe adora leva-la para a cozinha e Joseph vive passeando com ela pelo sítio. Segundo ele minha pequena vai ser uma garota da roça. Eu sempre rio quando ele diz isso.

Michael e eu estamos nos organizando para voltar para New York, pedi a ele que fizéssemos isso depressa, pois queria voltar pra minha vida. Eu amo estar em Iowa, mas já passei tempo demais por aqui. A cerca de uma semana ele foi até NY para tratar da venda de nossos antigos apartamentos. Acabamos de comprar uma casa linda e espaçosa, em um bairro muito bom. Decidimos que seria o melhor para Rose, afinal crescer em um apartamento é meio sufocante pra uma criança. Só vi a casa por catálogo, mas me encantei por ela assim que a vi. E a decoração deixaríamos para quando estivéssemos lá.

Recebi a ligação de MacCartney ainda essa semana, o velho arrogante quase me implorou pra que eu e Michael aceitássemos voltar para a empresa, o que me chocou, já que ele não é de se dobrar. Disse-lhe que aceitaria voltar com duas condições, que Dennis fosse posto o mais longe possível de mim e Michael e que ele esperasse 6 meses até que minha licença maternidade fosse concluída. Ele aceitou minhas propostas, prometeu esperar os 6 meses e mandar Dennis para outra filial da empresa. Michael hesitou em voltar a princípio, mas convenci-o usando o motivo “Pense em Rose”. Sério, se você quisesse qualquer coisa desse homem de agora em diante, colocasse Rose no meio.

As mensagens ridículas em meu telefone haviam cessado, a última que recebi foi no dia do meu parto e depois disso a pessoa sumiu. Como pensei, era só um desocupado.

Minha vida estava perfeita, certo? Claro que não estava, oras. Eu estou a um mês sem transar com meu marido dominador, sexy, gostoso e detentor de todos os demais adjetivos excitantes que conheçam, não tem como estar tudo bem assim. E, como já não sou uma pessoa muito fácil de lidar, a falta de sexo está me deixando mal humorada pra cacete.

(...)

- Ainda acordada, amor? – Michael sentou-se ao meu lado na cama e me deu um casto beijo nos lábios. Virou-se e pegou seu livro.

- Estou sem sono – Murmurei irritada. Ele não notou meu tom de voz irritado, continuou sua leitura normalmente.
Encarei-o fixamente, aquele desgraçado tinha de ser tão lindo, ainda mais assim vestido só com essa calça de moletom, esses cabelos molhados e esse óculos de leitura. Suspirei alto e tomei o livro de suas mãos.

- O que foi, Mabel? – Perguntou de cenho franzido.

- Está me provocando, cacete – Ele pareceu ainda mais confuso.

- O que eu fiz?

- Você nasceu, cresceu, desenvolveu um pinto enorme e agora ele está a alguns centímetros de mim e eu não posso usá-lo. Quer provocação maior? – Michael deu uma sonora gargalhada – Não ria de mim, isso é sério. – Fiz bico.

- Ohh, desculpa minha diminatrix favorita – Ele me puxou para seu colo e me deu um longo beijo. O que só fez ascender ainda mais meu fogo. – Eu também estou louco de saudades, mas sabe que não podemos ainda.

- Eu sei, mas e se brincássemos um pouquinho – Sorri maliciosa. Remexendo-me provocativamente em seu colo. Ele fechou os olhos e gemeu baixinho.

- Vai aguentar saber que não posso enfiar meu pau em você – Foi a vez dele provocar. Ele sabia que amava quando falava assim.

- Desesperada como estou, fico satisfeita com sua língua.

Michael me jogou na cama, levantou minha camisola, arrancou minha calcinha e se enfiou no meio das minhas pernas... tudo exatamente nessa sequência.

Minhas mãos voaram para sua cabeça assim que sua língua rodeou meu clitóris e pressionou-o, do jeito que só ele sabia fazê-lo. Minhas pernas abriram-se mais para ele e meus quadris ganharam vida própria, enquanto sua língua incansável fazia-me cada vez mais louca de prazer.

- Isso, Michael, não pare – Gemi ofegante. Meu corpo foi tomado por aquele prazer tão conhecido, e enquanto me desfazia em gritos e tremulações, ele não parou um minuto sequer.

Já recomposta, foi minha vez de empurrá-lo na cama. Ataquei seus lábios em um beijo faminto, enquanto minha mãos trabalharam com rapidez para livrá-lo parcialmente da calça e da cueca. Desci meus beijos por seu pescoço, levantei um pouco sua camisa para provocar, mordendo sua barriga e finalmente fiquei de frente para seu membro ereto. Ele estava tão duro que as veias de seu pênis estavam salientes e a glande estava molhadinha. O que me deixou com água na boca e uma vontade atroz de montá-lo.

- Temos um grande problema aqui, senhor dor... um enorme problema, eu diria – Ele sorriu torto.

- Tem algo que a senhora dor pode fazer pra me ajudar? – Perguntou cheio de malicia.

- Com certeza tem – Peguei seu membro, manuseando-o delicadamente. – Temos aqui três opções, minha boca, peitos – Me inclinei para sussurrar em seu ouvido – E minha bunda. A escolha é sua? – Michael sugou o ar entre os dentes.

- Não sei se podemos, Mabel...

- Vamos lá, garotão, você faz com calma – Incitei-o, esfregando-me nele. – Só falta poucos dias até que estejamos liberados...

- Eu não aguento você, mulher – Ele segurou-me pelos ombros e tomou minha boca em mais um beijo faminto, enquanto livrava-se da minha camisola. – Fique de quatro – Ordenou. Obedeci-o prontamente, antes que ele desistisse.

Michael ajoelhou-se atrás de mim, ajustou meus joelhos para ficasse com a bunda na altura de sua pélvis e apertou minha bunda com força, com a gana que esperava que fizesse. Separou minhas nádegas e senti algo quente escorrer entre elas, provavelmente sua saliva. Segundos depois ele estava me penetrando, espaçando meus músculos, entrando naquele lugar extremamente apertado, e para muitos intocável.

Foi incomodo no começo, mas quando ele alojou-se completamente dentro de mim, agarrei-me aos lençóis e institivamente comecei a mover-me para frente e para trás, incitando-o a iniciar os movimentos. Ele começou a arremeter contra mim, não com a força que eu queria, mas sabíamos que teria de ser devagar. Seus dedos começaram a massagear maravilhosamente rápido meu clitóris e tudo em mim começou a virar prazer.

- Gostosa – Michael rugiu, segurando-se nos meus ombros para tornar a penetração mais profunda.

- Isso, Michael, me coma! – Ele deu um tapa na minha bunda e voltou a acelerar o movimento de seus dedos em meu clitóris – Vou gozar...

Antes que eu terminasse de proferir a frase meu baixo ventre se contraiu e metade do meu corpo desabou sobre a cama, enquanto os gritos que eu soltava eram abafados pelos lençóis. Michael continuou penetrando-me até que ouvi um grito gutural e seu sêmen molhou minha bunda.

- Ainda tarado por ela? – Perguntei, entre risos e ofegos, enquanto ainda nos recuperávamos.

- Sempre serei – Nos olhamos por longos minutos, minhas mãos passaram a acariciar seus cabelos macios e suas costas largas até ver suas pálpebras pesarem e ele cair no sono.

Aproveitei para tomar um bom banho e logo depois fui até o quarto de Rose. Minha princesa estava no bercinho, impressionantemente estava acordada mais não havia chorado. Parece até que sabia que atrapalharia os pais. – Ri.

Peguei meu embrulhinho no colo e sentei-me com ela na enorme cadeira que colocaram ali. Rose fartou-se em meu peito, coloquei-a pra arrotar, conversei um pouco com ela e finalmente minha Rosinha dormiu. Beijei seus bracinhos gordinhos e voltei a coloca-la no berço.

Ao voltar pro quarto encontro tudo na mesma, Michael não havia movido um musculo sequer. Um  sorriso despontou em meus lábios ao olhá-lo. Eu tinha tanto a agradecer a Deus, eu passara por tantas adversidades em minha vida e agora finalmente tudo havia se encaixado. Eu tinha uma filha saudável e linda, um marido – Acho que é isso que somos – atencioso, carinhoso, lindo e como sempre digo, um fodedor perfeito.

Meu celular vibrou e um estranho arrepio novamente perpassou meu corpo. Fui até o aparelho e vi que uma cartinha indicando mensagem piscava na tela. O número era desconhecido.

“Sua filha é mais bonita do que pensei que fosse. Mas não pense que sua vidinha perfeita vai continuar assim... eu a quero de volta e eu vou ter... Bel”

Um grito ficou preso em minha garganta, enquanto o aparelho escapava de minhas mãos.

Capítulo 11

Michael

Acordei em um sobressalto, depois de ouvir o barulho de algo quebrando.

- Mabel? – Em menos de 2 segundos estava de pé, ao lado dela – O que aconteceu, amor? – Ela estava pálida e visivelmente assustada. Agarrei seus ombros e balancei-a – Fale, Mabel!

- N.. Não foi nada – Ela piscou algumas vezes e finalmente seus olhos voltaram a me focalizar – Só me assustei com um animal na janela e acabei derrubando o telefone. – Encarei-a de cenho franzido.

- Tem certeza?

- Claro – Disse, ainda nervosa. – Vamos dormir, estou exausta.

Ela se aninhou em meu peito quando nos deitamos.

- Quero ir embora ainda essa semana, Michael.

- Por que decidiu adiantar a viagem?

Estranhei sua aflição para ir embora dali.

- Precisamos voltar para Nova York, quero organizar nossa casa, e ainda tenho que contratar uma boa babá antes de voltar ao trabalho.

- Tudo bem, compraremos as passagens para daqui a dois dias, certo? – Ela assentiu, apertando-se ainda mais em meus braços.

- Obrigado.

Depois disso não ouvi mais sua voz, mas sabia que ela não estava dormindo. Mabel estava estranha, muito estranha. E quando agia assim era por que estava escondendo algo de mim.

(...)

2 dias depois...

- Mãe, já perdi as contas de quantas vezes fui e voltei, e a senhora ainda chora? – Disse, rindo.

- Deixe estar – Ela fungou, limpando as lágrimas – Deixe só Rose crescer e ir para a faculdade, quero ver só como vai ficar.

Não gosto nem de pensar nisso. Minha Rosinha no meio de um monte de marmanjo, todos doidos pra transar. Só de pensar nisso já me arrepiava.

- Nem entre nesse assunto mãe – Pedi.

- Cuide bem de sua família, moleque – Foi a vez de papai me dar um longo abraço.

- Pode deixar. Aprendi com o melhor – Rimos.

Mabel me entregou Rose, que dormia tranquilamente e foi sua vez de se despedir de meus pais.

- Quando voltam? – Joseph perguntou.

- Voltaremos assim que conseguirmos um feriado longo na empresa.

- Isso vai demorar – Mamãe fez uma careta – Vou morrer de saudades de vocês – Ela fungou novamente.

- Ahh não, mãe! Vamos, Mabel, antes que o drama de mamãe me faça desistir – Nos abraçamos rapidamente mais uma vez e meus pais beijaram Rose. Só assim partimos para a sala de embarque.

Já dentro do avião, com Rose acomodada em uma cadeirinha específica, colocada entre Mabel e eu, olhei para minha filha e minha mulher e constatei com uma felicidade inenarrável que dali pra frente seria vida nova.

(...)

Quando o carro finalmente estacionou em frente a nossa casa e descemos de mãos dadas, foi impossível não sorrir.

- Ela é ainda mais linda pessoalmente, Michael – Mabel disse, sorrindo amplamente. – Veja princesa, nossa casa – Ela dirigiu-se a Rose com aquela vozinha de retardado, que sempre fazíamos quando íamos falar com um bebê. Rose apenas abriu ainda mais os olhos negros e balançou os bracinhos. Ela deve ter gostado da casa.

- Vamos entrar, amor – Entreguei as chaves a Mabel, mas ela parou antes mesmo de alcançar o início do jardim. Vi quando sua expressão mudou consideravelmente, enquanto ela abria a bolsa e tirava o celular. Tão logo ela olhou para a tela, ela jogou-o dentro da bolsa, como se o aparelho queimasse em suas mãos.

- Vamos? – Tentou me puxar, mas foi minha vez de parar.

- Você vai me dizer o que está me escondendo? – Perguntei irritado.

- Por que acha que estou escondendo algo, Michael? Vamos voltar para aquela merda de discussão sobre confiança?

- Vamos, por que sei que está me escondendo alguma coisa a algum tempo e já que não quer me contar, só posso deduzir que não confia em mim – Arqueei a sobrancelha.

- Não torra minha paciência, Michael – Ela abriu a porta e finalmente entramos na casa.

Claro que o clima depois disso ficou péssimo. Falamos sobre a casa, até discutimos onde poríamos cada móvel, mas foi só isso.

(...)

Um mês depois...

A casa já estava completamente montada. Tudo em seu devido lugar. Minha Rosinha parece ter adorado tudo, por que suas crises de choro haviam diminuído consideravelmente. Acabara de voltar para a NY Publicit. Contratamos uma ótima babá e uma senhora que ficaria responsável pela organização da casa. Segundo Mabel estávamos gastando uma fortuna... Ela reclamou uma semana disso e palestrou por horas o quão caro era casar e ter filhos. Só consegui calá-la amordaçando-a e amarrando-a na cama, e depois, claro, passamos horas nos amando.

Ahhh, lembram que sempre ressaltei que depois que conheci Mabel virei um completo bundão?! Agora definitivamente eu tinha um diploma oficial desse cargo. Eu fazia tudo que aquela mulher queria, e com Rose então, nem se fala.

O único problema que tem nos assolado desde que chegamos é a estranha reação de Mabel a algumas coisas. Seu celular simplesmente sumiu do mapa, e ela se recusa a comprar outro. Diz sempre estar sem tempo, mas sei que não é isso. Me corroo pra saber o porquê de tanto mistério, e sei que tem um, mas ela não me diz nada... Talvez seja um dos seus ex’s, e ela não queira me dizer pra não brigarmos. Mabel raramente sai de casa, com Rose então, nunca sai. Nem mesmo deixa a babá levar a menina para tomar sol. Mabel mesmo faz isso, sempre nos jardins do fundo. Ela fica nervosa com frequência, olha demais para os lados quando saímos e me recomenda cuidados mil vezes antes que eu saia pro trabalho... Deve mesmo ser algum ex dela, e esse infeliz deve estar a ameaçando, mas se ela não se abre comigo, como posso ajudar?!

(...)

Estacionei meu carro na garagem da casa, entrei, já jogando a chave, a maleta e meus sapatos pelo caminho. Mabel se irritaria quando visse a bagunça, mas eu contornaria ela. Estava acabado hoje.

- Mabel? – Chamei.

- Aqui – Ela gritou e deduzi que estivesse na cozinha. Tomara que não esteja tentando cozinhar.

Encontrei-a colocando alguns pratos na máquina de lavar louças. Não me passou desapercebido o cheiro de comida, muito menos o short curto que Mabel usava.

- Hummm que delícia – Murmurei, abraçando-a por trás, beijando seu pescoço.

- Você ainda não provou, como pode saber se está bom? Sabe que sou um desastre na cozinha.

- Mas é perfeita na cama – Dei de ombros – Um homem não pode querer tudo. - Ela me deu um beliscão e caímos na gargalhada – Mas não me referia a comida e sim a você – Mordi sua orelha e contemplei sua pele se arrepiar. Virei-a para mim e beijamo-nos longamente.

- Estava com saudades, sabia?! – Murmurou, enlaçando meu pescoço – Poderíamos sair amanhã, o que acha?

- Uma ótima ideia, e pra onde iríamos?

- Que tal para o clube? – Um sorriso malicioso tingiu seu rosto.

- Ahh morena perigosa – Agarrei sua bunda e puxei-a pra mim – Vou onde você quiser, mande e eu obedeço! – Ela riu. – Agora é minha vez de mandar. Suba, vá tomar um banho, amamentar Rose e descansar um pouco, quando o jantar estiver pronto eu chamo.

- Não Michael, você acabou de chegar da empresa, deve estar cansa...

- Shhh – Beijei seus lábios, calando-a – Apenas vá, subo depois para tomar banho e ver Rose.

- Você não existe – Ela saltitou pela cozinha, até sumir de minhas vistas.

Virei-me para o fogão, era hora de pôr a mão na massa, literalmente. Sim, estava morto de cansaço, mas cuidar de uma bebê também não é fácil, e hoje que a babá não veio, Mabel deve ter corrido feito uma louca. Não me custa nada ajuda-la um pouco.

A campainha soou e Mabel gritou um “Eu atendo, amor”. Ouvi a porta ser aberta, logo após fechada e só o silêncio. Estranhei.

Desliguei o fogão e fui até a sala ver o que estava acontecendo. Encontrei Mabel, branca feito uma folha de papel, sentada no sofá, com o olhar perdido.

- Mabel, o que houve? – Sentei-me ao seu lado. Estava cada vez mais preocupado com ela.

- Nada – Disfarçou, sorrindo.

- Já chega, Mabel! – Me exasperei – Ande, me fale o que porra está te deixando assim? Qualquer dia desses encontro você desmaiada por aí e nem mesmo sei o motivo. Há alguém te ameaçando, é isso?! Diga, por que se for eu caço esse desgraçado e mato ele...

- Não – Ela também levantou-se – Pare de gritar, perguntar e exigir, já disse que não é nada, custa acreditar em mim e parar de me encher. O único que tem tirado minha paz é você, com toda essa desconfiança – Gritou. Ri, sem humor algum.

- OK, se sou o único a tirar sua paz, vou deixa-la sem esse martírio por algumas horas – Passei por ela, calcei meus sapatos e peguei a chave do carro.

- Michael não – Me acompanhou – Desculpe pelo que disse, só estou nervosa e...

- Não quer me contar o motivo, já entendi – Ela tomou as chaves da minha mão, com uma ferocidade que chegou a me machucar.

- Pare de pití, vamos entrar e conversar.

- Não quero falar com você... agora sou eu que não quero. Me dê essa chave!

- Uma porra – Rugiu.

- Ótimo, se vai se comportar como criança vá em frente. Eu vou a pé – Dei a volta e marchei rua a fora. Mabel não desistiu, correu atrás de mim.

- Por favor, vamos conversar, Michael. Sabe que sempre que sai assim sem conversarmos, demoramos uma vida pra superarmos nosso orgulho e nos entendermos. – Ela segurou meu braço e eu finalmente parei, já quase no final da rua. – Vou te contar, prometo.

- Vamos, então – Suspirei vencido.

Antes mesmo de darmos meia volta um barulho de um carro arrancando dali nos chamou a atenção.

- Meu Deus, não – Ouvi Mabel gritar e sair correndo para a casa. Acompanhei-a, sem entender nada do que estava acontecendo.

- Mabel, espere, o que houve? – Gritei, também correndo.

Só consegui alcança-la já no corredor da nossa casa, que daria para os quartos. Mabel entrou feito um furacão no quarto de Rose, correu desesperada até o berço de onde tirou um papel, que leu, entre lágrimas.

“Levei seu monstrinho, Bel, vou cuidar do pequeno lixo. Assim que me der vontade apareço com ela.

Seu R...”


O que?


Capítulo 12

Michael


Mas que brincadeira de mau gosto era aquela?! – Foi a primeira pergunta que meu cérebro atordoado fez.

Em um momento eu e Mabel estávamos nas nuvens, fazendo planos para irmos ao clube e no momento seguinte estávamos ao gritos e agora isso...

- Mabel, onde está Rose? O que porra está acontecendo aqui? – Perguntei, minha voz tremendo miseravelmente. Ela continuou lá, estática, olhando para aquele pedaço de papel e chorando. Agarrei seus ombros e sacudi-a – Onde está a Rose, Mabel? – Gritei.

- Ele levou-a, Michael... Meu Deus – Ela levou as mãos à cabeça – Foi culpa minha, eu nunca deveria ter deixado Rose sozinha, nunca!

- Quem é ele? De quem você está falando, mulher? – Perguntei desesperado.

Aquilo só poderia ser um pesadelo!

- O Romeo, ele levou-a, Michael - Gritou, tão desesperada como nunca a vi antes.

- Como ele sabia... Como conseguiu entrar aqui tão rápido e... – Minha palavras morreram. 

Era isso! Mabel estava me escondendo as ameaças desse tal Romeo, e pelo jeito já fazia muito tempo que elas aconteciam.

Seu rosto sempre firme e decidido, estava com uma expressão de desespero e culpa latentes.

- Me desculpe – Pediu em um fio de voz – Sei que deveria ter contado, mas tive medo.

- Medo? – Gritei com uma ira descomunal. Mabel encolheu-se, afastando-se de mim – Viu só em que deu isso tudo. Agora esse louco está com nossa filha sabe-se lá onde.

- Não queria que fosse atrás dele, Michael. Romeo é perigoso, poderia fazer algo com...

- Cala a boca, Mabel – Calei-a – Não há desculpas para o que fez – Me aproximei dela, apontando meu dedo trêmulo em seu rosto – Se alguma coisa acontecer a Rose a culpa será sua, SUA! – Saí do quarto feito um louco. Precisava ligar para a polícia.

Alcancei o telefone e consegui chamar a polícia. Liguei também para um amigo meu detetive, e diante de todo meu desespero, eles apareceram em minha casa em menos de 10 minutos.

A casa estava lotada de policiais, todos tentando reunir provas, pistas que nos levassem até o homem. Descobriram que ele atualmente morava num hotel, a alguns quarteirões de distância da minha casa, claro que mandaram imediatamente viaturas até lá, mas não encontraram nada. O monstro não iria ser tão óbvio.

Me fizeram dezenas de perguntas, mas eu não soube responder nenhuma delas. Até por que minha confiável esposa me escondeu toda essa história sabe-se lá por quanto tempo.
Não ouvi a voz de Mabel em meio a toda aquela balburdia, nem me dei ao trabalho de procurar por ela.

- Podemos fazer algumas perguntas a sua senhora, Michael – Tales, meu amigo investigador, perguntou cautelosamente.

- Provavelmente saberão mais dela do que de mim. Fui mantido às cegas quanto a isso. – Ele assentiu e caminhou para a cozinha. Só assim notei a presença de Mabel, estava sentada na cozinha, uma senhora, que reconheci como a vizinha da casa ao lado, estava a amparando, oferecendo-a um chá, enquanto ela se debulhava em lágrimas.

Não tive pena nenhuma dela, nem das palavras que proferi. Por uma idiotice dela minha filha, meu pequeno tesouro, estava nas mãos de um louco, que poderia fazer qualquer coisa com ela. Se Mabel tivesse me contado desde o início das ameaças, eu teria descoberto o paradeiro desse filho da puta e conseguiria que ele fosse preso e nunca mais saísse da cadeia.

Encarei-a com uma raiva crescente. Eu jamais a perdoaria se algo acontecesse com Rose. 

Limpei as lágrimas que caiam em abundância pelo meu rosto e me levantei do sofá. Ficar parado estava me matando. Então me juntei a um grupo de policiais que estavam analisando os dvd’s das câmeras de segurança que conseguiram juntar dos prédios do quarteirão.

- Não tem noção de outro lugar para onde ele possa ter ido, senhora Jackson? – Tales perguntou.

- Não tenho – Mabel disse com a voz esganiçada.

- Então essas ameaças começaram a mais ou menos 4 meses? – Olhei para a mesa onde ela estava. Mabel apenas assentiu – Por que não avisou a alguma autoridade?

- Por que não as levei a sério no início... e, bem, elas pararam e depois ele voltou a se comunicar.

- Quando foi sua última mensagem, antes do sequestro de hoje?

- Antes de voltar de Iowa, há cerca de um mês atrás – Respondeu, entre um soluço e outro.

Fazia 4 meses que ela escondia de mim isso?

- Senhora Jackson, deveria ter contado a alguém. Seu marido saberia o que fazer – Tales aconselhou.

- Mas ela é uma covarde – Murmurei aproximando-me – Se tivesse me contado nada disso teria acontecido – Acusei-a, fora de mim.

- Michael, acalme-se – Tales interveio, se colocando entre Mabel e mim.

- Não é hora pra acusar sua esposa, senhor Jackson – A vizinha se intrometeu.

- Ela não é minha esposa! – Gritei – E se algo acontecer com minha filha, faço de sua vida um inferno.

- Michael, por favor, não me olhe assim – Implorou, mencionando se levantar e vir até mim.

- Não chegue perto de mim – Vociferei. – Você não queria mesmo essa menina, não é?! Sempre fez questão de ressaltar que não queria ser mãe, que era uma filha indesejada... Não deve estar sentindo a dor que eu, que amei essa criança desde o primeiro dia, estou sentindo. – Mabel arregalou os olhos e sua expressão tornou-se mil vezes mais triste.- Como pode dizer isso? – Seus soluços ecoaram pela sala – Eu amo a Rose... eu a gerei, trouxe-a ao mundo... Você nem pode imaginar o tamanho da minha dor.

- Venha, Michael – Tales me puxou – Estão de cabeça quente, não é bom que falem assim.
Deixei-me ser guiado por ele de volta a sala.

- Nós vamos encontrar sua filha, eu prometo – Tales me entrou um copo d’água.

- Obrigado, amigo.

(...)

Mabel
Eu estava dilacerada. Não posso explicar o tamanho do desespero que estou sentindo agora. Enquanto minha filha, meu pequenino bebê está nas mãos daquele louco, eu estou aqui parada, sem poder fazer outra coisa que não seja chorar.

Michael tem razão em estar com tanto ódio de mim. É minha culpa que a história tenha chegado a esse ponto. Se eu simplesmente tivesse contado a ele, nada disso estaria acontecendo. Se eu não fosse uma maldita covarde que se amedronta com a simples menção desse homem, minha filha estaria sã e salva. Eu fui uma covarde desde sempre. Me acovardei quando meus pais morreram, entregando de mão beijada tudo que eles me deixaram para um homem, simplesmente por não ter coragem de enfrentar o mundo sozinha. Me acovardei quando Romeo começou a me bater, nunca o denunciando. Me acovardei quando ele fugiu com meu dinheiro, nunca tendo coragem para ir atrás dele, muito menos denunciá-lo. Me acovardei quando encontrei Michael, impedindo meu coração de amá-lo como ele merecia, de reconhecer que ele é tudo que preciso, que necessito. Me acovardei ao descobrir que ia ser mãe, insistindo em levar aquela gravidez como se realmente não me importasse com ela. Mas eu não ia mais me acovardar!

Eu amo incondicionalmente minha filha e meu marido. E por mais que Michael esteja me odiando agora, ele sabia do tamanho e da força desse amor.

Eles são minha necessidade e se não tenho nenhum deles comigo, não tenho motivos para existir.

Se algo acontecesse com Rose, Michael jamais me perdoaria... eu jamais me perdoaria e eu perderia os dois em uma tacada só.

Vamos lá Mabel, onde está a dominatrix de sempre? A mulher auto suficiente, forte e determinada? – Meu subconsciente gritou com ironia. Ele próprio sabia que essa mulher jamais existiu, que ela sempre foi uma fachada muito bem construída para esconder a submissa, sensível, fraca e covarde Mabel.

- Não leve em consideração o que seu marido falou, filha – A voz acalentadora da senhora Moraes, me trouxe de volta do transe. – Ele está nervoso, depois se desculpará com você – Assenti, apenas para tranquiliza-la, pois sabia bem que Michael não me pediria desculpa.

- Preciso ir até meu quarto, senhora – Ela assentiu. Me levantei da mesa e caminhei até o quarto.

Lá encontrei o que queria. O celular que havia escondido no fundo do armário. Não sei se Romeo ainda estaria com o mesmo número, mas iria tentar.

Com as mão trêmulas e o rosto banhado de lágrimas, fiz o que deveria ser feito. Ele me atendeu na segunda chamada.

- Olá, Bel – Disse com um sorriso de escárnio na voz – Se está ligando para me rastrear, desista, jogarei esse telefone assim que desligar.

- Não é isso – Me apressei em dizer – Traga Rose de volta, eu vou com você. – Ele riu, em alto e bom som.

- Acha mesmo que cairei nessa?

- Estou falando sério, Romeo. Nunca arriscaria brincar com você e pôr a vida de Rose em jogo. Deixe-a na praça que fica atrás da minha casa, eu o esperarei lá.

- Tem plena consciência de que se isso for uma emboscada sua filha morre, certo?

- Sim. Eu irei sozinha, não demore ou darão por minha falta.

- Ok, meu amor, nos veremos em breve então... – Ele desligou.

Joguei o celular sobre a cama e me preparei para sair. Antes fechei a porta do quarto, peguei um bloco e uma caneta.

“Desculpe por tê-lo feito passar por tantas coisas, meu amor. Sei que fui errada tantas vezes, mas também não posso deixar de lembrar o quão felizes fomos. Talvez nunca mais nos veremos, mas estou feliz em saber que ficará com um pedacinho de mim. Rose estará na praça, na rua de trás da nossa casa.
Cuide de nossa filha e nunca deixa ela esquecer que a amo mais que tudo. Amo você também.
Para sempre sua, Mabel”

Deixei o papel em cima do criado-mudo e me preparei para pular a janela. Era alta, mas nada que pudesse me machucar drasticamente. E seria perfeita, pois daria exatamente na rua onde ficava a praça.

Quando meus pés atingiram o chão, tudo em mim doeu, e talvez eu até tivesse dado um jeito no pé, mas ignorei tudo que estava sentindo. A rua estava escuro e a única coisa que avistei foi um carro negro. Era ele!

Quase corri até lá.

Romeo desceu do carro em um sobressalto e jogou Rose displicentemente no banco da praça.

- Meu Deus, minha filha – Ajoelhei-me ao seu lado e beijei-a como pude. Rose começou a chorar alto.

- Vamos com isso, idiota, ou nos pegarão – Romeo segurou meu braço com força, erguendo-me do chão.

- Deixe que eu me despeça dela – Implorei, incapaz de tirar os olhos de minha neném.

- Seja rápida – Exigiu, sem largar meu braço.

- Eu amo você pequena, desculpe por não ter demonstrado como deveria – Beijei sua mãozinha, que estava roxinha, provavelmente de frio. Tirei meu casado e enrolei-a com ele. – Cuide do seu papai – Minhas lágrimas molharam seu rostinho quando inclinei-me para lhe dar mais um beijo.

- Já chega, vamos! – Romeo me arrastou até o carro, onde jogou-me e fechou a porta. – Vou cuidar direitinho de você, Bel – Sorriu maliciosamente. Deu partida no carro e saiu dali a toda velocidade.  


Capítulo 13

Michael


Rose já estava desaparecida a quase duas horas e nada de encontrarem nem a mínima pista de onde ela pudesse estar. 

Se não encontrassem minha filha nos minutos seguintes, eu ficaria louco, com certeza!

Alguns policiais continuavam ali, principalmente os conhecido de Tales, ajudando-o na busca por pistas. Os demais haviam ido embora, fazerem rondas e fecharem algumas das saídas da cidade.

- Senhor Jackson – Senhora Moraes chamou, baixinho. Me virei para encará-la, encontrando-a pálida – Mabel trancou-se no quarto já faz uns bons 20 minutos e agora subi para chama-la e ela não me responde.

- Não é grande coisa – Dei de ombros – Deve estar trancada no banheiro chorando.

- Mas ela pode ter cometido algum despautério – A mulher falou de olhos arregalados – Precisa subir e tentar fazê-la abrir a porta. – Assenti rigidamente. Essa não era a hora pra Mabel ser mimada como sempre fora.

Tales se aproximou quando me encaminhei para as escadas.

- Algum problema, Michael?

- Mabel trancou-se no quarto e não responde – Balbuciei nervoso. Ele me encarou de cenho franzido.

- É bom que eu vá com você, vamos – Ele me seguiu escada acima.

O corredor estava silencioso e a porta do quarto continuava fechada.

- Mabel, abra a porta – Bati, sem paciência alguma – Pare de mimo, Mabel, não é hora pra isso.

- Se acalme – Tales interveio mais uma vez. Ele me afastou da porta e bateu ele mesmo – Senhora Jackson, está tudo bem? Se quiser ficar sozinha é só dizer que está bem e sairemos. – Nada foi ouvido como resposta.

Um arrepio ruim me fez estremecer.

- Vamos arrombar a porta – Disse a Tales.

Segundos depois a porta estava no chão. Entrei feito um louco no quarto e não encontrei Mabel em lugar nenhum. Temi acha-la caída no chão do banheiro, mas ela também não estava lá.

Meu Deus, mais essa agora! – Suspirei.

- Senhor Jackson, venha aqui – Senhora Moraes gritou. Ela estava tremendo, sentada na cama, em mãos estava um pedaço de papel – Pobrezinha – A mulher murmurou horrorizada. 

Antes que eu pudesse chegar até o papel Tales o pegou e leu, assim que o fez agarrou seu telefone e deu ordens aos seus homens para irem até a praça atrás da casa.

Eu não estava entendendo nada.

- O que houve? Onde está Mabel?

- Sua mulher foi levada pelo tal Romeo – Senti o mundo ao meu redor girar.

- Mas, não... ela também não!

- Tome, leia – Tales me estendeu a carta, a caligrafia sempre bonita de Mabel, estava borrada.

“Desculpe por tê-lo feito passar por tantas coisas, meu amor. Sei que fui errada tantas vezes, mas também não posso deixar de lembrar o quão felizes fomos. Talvez nunca mais nos veremos, mas estou feliz em saber que ficará com um pedacinho de mim. Rose estará na praça, na rua de trás da nossa casa.

Cuide de nossa filha e nunca deixa ela esquecer que a amo mais que tudo. Amo você também.

Para sempre sua, Mabel”

Lágrimas espessas molharam o papel quando acabei de ler. Ela não poderia ter feito isso, não poderia!

- Isso não pode estar acontecendo... Esse pesadelo não pode ser real – Gritei, transtornado. Agarrei a mesinha que ficava no canto do nosso quarto, e virei-a, quebrando tudo que estava em cima dela.

Nunca teríamos paz, era isso?! Sempre havia uma maldita coisa pra nos separar de alguma forma. Inferno!

- Michael, sei que é complicado, mas tente manter a calma – Tales segurou-me – Estão chegando com sua filha. – Me soltei de Tales e desci as escadas correndo, assim que cheguei na sala encontrei um dos policiais com Rose nos braços. Corri até lá, peguei minha filha em meus braços, beijando-a e analisando algum possível machucado. Ela não tinha nada, parecia muito bem, nem sequer chorava mais.

- Graças a Deus, meu amorzinho – Beijei sua barriguinha e Rose fez um arzinho de riso adorável. – Você está bem.

- Deixe eu cuidar dela, Rose deve estar com fome e sujinha. – Assenti, demorei um pouco mais de tempo que o normal para conseguir entregar ela a senhora Moraes, mas o fiz.

- E Mabel? – Observei senhora Moraes subir com minha filha, acompanhada de um dos policiais.

- Mabel é esperta, deixou o telefone que ligou para Romeo em cima da cama, estamos o rastreando e já sabemos que o carro está na estrada sul da cidade.

- E o que estamos esperando para irmos atrás desse desgraçado?

- Estão chegando com as viaturas. Nós vamos pegar esse cara, Michael, pode ter certeza. – Assenti, enxugando as lágrimas.

(...)

Mabel


Romeo estava dirigindo feito um louco pelas ruas, ele continuou sem me olhar nem me dirigir uma palavra, mas ela não precisava, eu podia ver no brilho dos seus olhos azuis a maldade estampada, a falta de sanidade, o ódio.
Um ódio gratuito já que não fiz nada contra ele, nunca nem sequer o denunciei pela série de atrocidades que ele fez comigo. Ele continuava como me lembrava, bonito, charmoso e descontrolado. Eu deveria estar com medo dele, mas não estava. Eu já havia salvado minha filha e tirado Michael dessa história, agora seria somente eu e Romeo, o acerto de contas que deveria ter acontecido a muito tempo atrás.

Eu poderia até não sair viva dessa história, mas Romeo também não sairia ileso. Eu iria mostrar a ele que não me machucaria mais como antes.

O carro saiu da rodovia e entrou em uma estrada de terra, parecia escura, deserta e rodeada de árvores.

- Senti tanta saudades de você, Bel – Ele murmurou com a voz doce, diminuindo minimamente a velocidade do carro.

- Vá se danar, seu desgraçado – Disse irritada. Ele continuou sorrindo.

- Meu Deus, onde está minha Mabel? Você nunca falava assim antes – Ele agarrou minha perna possesivamente. Eu tive vontade de vomitar com o simples toque.

- Você matou a antiga Mabel... matou ela de porrada – Afastei sua mão e ele soltou uma sonora gargalhada.

- Tome cuidado, por que posso matar essa Mabel também – O sorriso sumiu do seu rosto. Engoli em seco. Eu não tinha chances contra ele.

O carro parou bruscamente no meio da estrada e ele desceu, rapidamente rodeando o veículo e me arrastando de lá de dentro. A estrada estava escura, sendo iluminada apenas pelas luzes dos faróis ligados.

- Deixe-me vê-la direito – Ele me imprensou contra o carro e me analisou de cima a baixo – Continua muito linda, Bel... talvez a gravidez tenha a estragado um pouco, mas acho que dará para concertar.

- Você é patético – Rugi – Acha que o que, vai conseguir fugir pra sempre, que vamos constituir uma família linda e vivermos felizes? – Ri debochadamente – A essa altura estão atrás de você, e conhecendo meu marido como conheço, ele vai achá-lo desgraçado, e pode dar adeus pra esse seu pinto miseravelmente pequeno, por que ele vai arrancá-lo fora. – Ele me deu dois tapas, um de cada lado do meu rosto, fortes o suficiente para me deixarem tonta. 

- Vou comer você pela última vez, tão forte que você vai gritar e implorar para que eu pare. Depois  vou mata-la de uma forma tão lenta e dolorosa que vai me implorar mais uma vez, mas para que eu a mate em um só golpe. – Ele apertou meu pescoço com força e encarou-me – Você não nasceu para ser de ninguém além de mim mesmo. Se não tivesse bancado a ciumenta eu nunca teria quebrado sua cara, e estaríamos juntos até hoje. Aquele monstrinho seria minha filha – Me remexi desesperadamente eu seus braços e ele soltou meu pescoço. A primeira coisa que fiz foi cuspir em sua cara nojenta.

- Nunca mais fale da minha filha, nojento – Recebi mais um tapa, esse me fez cair no chão. Senti nitidamente o gosto ácido de sangue em minha boca e uma dor lancinante em minha cabeça quando cai de costas no chão.

Romeo prostrou-se em cima de mim, já arrancando sua calça e subindo meu vestido.

Me debati o quanto pude, meus braços estavam perdendo as forças, minhas pernas não conseguiam atingi-lo, e sentia-me cada vez mais apta a ser tomada pela escuridão que queria me tomar.

Uma solução meu Deus, me ajude! – Pedi em silêncio.

- Socorro! – Gritei tão alto que minha garganta ardeu – Pelo amor de Deus, socorro! – Recebi mais uma sucessão de tapas, que fizeram minha cabeça doer ainda mais.

Olhei para os lados desesperada e encontrei um pedaço de pau a mais ou menos um braço de distância de mim. Eu precisava conseguir pegar aquilo.

Romeo agora estava atacando meu pescoço com beijos nojentos, enquanto erguia minha perna. Consegui esticar meu braço sem que ele percebesse, no exato momento em que ele me penetrou, usei todo resto de força que eu tinha e lhe dei um golpe certeiro na cabeça. Romeo cambaleou e eu pude me levantar.

Estava tonta, fraca, quase nua, mas consegui me arrastar até o carro, estava prestes a entrar no veículo... Eu iria consegui dirigir até achar ajuda, mas antes que conseguisse entrar completamente no carro dois impactos nas costas me fizeram cair e dessa vez não conseguir fugir da escuridão e ela me tomou. 

Capitulo 14

Michael

Tales insistiu para que não fosse com os policiais, segundo ele, eu estava nervoso demais e poderia atrapalhar, mas nada do que em dissesse me faria ficar ali. Eu precisava encontrar Mabel.

Deus, pensar que em vez de apoiá-la em um momento de desespero eu a crucifiquei, a abandonei, me mata. Eu fui um idiota, cretino... Eu repeti, me redimi e voltei a repetir uma dúzia de vezes coisas idiotas com ela, mas agora com a iminência de perde-la tudo ficou tão claro pra mim, que era quase ofuscante. Eu amo aquela mulher mais que tudo, e tudo que temos feito é perder tempo com brigas... e agora me odeio pelo que fiz.

Foi um custo conseguir deixar Rose depois de pensar que iria perde-la, mas sabia que a senhora Moraes e os 5 policiais que ficaram com ela, cuidariam muito bem dela. Eu precisava agora trazer sua mãe sã e salva pra casa.

(...)

O carro onde Tales, eu e mais 2 policiais estávamos, ganhava cada vez mais velocidade, havia mais 5 viaturas nos seguindo e ele disse que mais 2 estavam bem a nossa frente. O carro estava relativamente silencioso, salvo o barulho da sirene, que estava me deixando ainda mais angustiado.

“ – Veja só Michael, ela tem seus olhos, são idênticos – Mabel sorriu tão amplamente, que naquele instante tive a certeza do amor incrustado que ela sentia por Rose.

- E seus cabelos negros – Alisei os cabelinhos sedosos de Rose e ela remexeu-se no colo da mãe, choramingando.

- Acho que ela quer um pouco o colo do papai mais lindo, sexy e dominador do mundo – Mabel colocou Rose cuidadosamente em meu colo, inclinando-se em seguida para me dar um beijo nos lábios. – Vou tomar banho e já volto – Ela saiu da cama, mas antes que pudesse se afastar totalmente, segurei seu pulso.

- Eu amo você – Murmurei, sentindo todo meu corpo ser tomado de uma paz inexplicável.

Li em alguns livros que o amor não é como pensam, uma sensação de inquietude, de frenesi e luxúria. Amar significa estar em paz, tranquilo ao lado de quem se ama... E agora eu tinha certeza disso.

- Quero que saiba que me faz a mulher mais feliz do mundo – Ela riu um pouco – Sim, estou usando essa frase clichê. Dane-se! – Eu ri, minhas mãos puxaram-na para perto de mim e eu beijei-a com intensidade.”

Só me dei conta de que estava chorando quando o gosto salgado de minhas lágrimas molharam meus lábios.
O rádio de Tales fez um ruído que prendeu minha atenção, ele atendeu-o de imediato.

- Investigador, encontramos a mulher – Alguém disse do outro lado da linha.

- Graças a Deus – Murmurei. Inclinei-me no banco para chacoalhar Tale pelos ombros – Diga a Mabel que fique calma, que estamos chegando – Disse dois tons mais alto para que o outro homem me ouvisse.

- Sinto muito, investigador – O homem disse pesaroso. E aquele arrepio ruim tomou conta de mim mais uma vez – A mulher está muito ferida, mas já chamamos uma ambulância.

Voltei a cair contra o banco do carro, minha mão em frente a boca numa tentativa de abafar os soluços de dor.

- E o homem? – Ainda ouvi Tales perguntar, mas não cheguei a ouvir a resposta, algo dentro de mim se desligou completamente do mundo e eu continuei assim, sem falar, sem focalizar ninguém a minha volta... até Tales me chacoalhar pelos ombros.

- Seja forte, nós chegamos – Olhei para ele e ao redor, para a escuridão mal disfarçada a nossa volta. De início eu não vi Mabel e isso de alguma forma fez minha mente ilusionar que a situação não estivesse assim tão ruim com ela, que aquele homem falando com Tales só poderia estar exagerando.

Foi bom enquanto durou meu momento de irrealidade... eu a vi, estava deitada de bruços em uma maca, duas grandes manchas de sangue manchavam as costas de sua blusa, não podia ver seu rosto, e agradeci por isso... ver seus olhos espertos, fechados, sua boca perigosa, muda... iria me arrebentar de vez.

Uma onda irracional de ódio se apoderou de mim. O desgraçado que fez isso com Mabel pagaria, eu não esperaria uma segundo para mata-lo com minhas próprias mãos. Eu ao menos sabia se ela estava viva, e talvez esse devesse ter sido meu primeiro impulso, mas a raiva falou mais alto.

- Onde ele está? – Agarrei pelo colarinho o primeiro policial que vi. – Pegaram ele? – O homem me olhou de cenho franzido.

- Ele está na outra ambulância – Soltei-o imediatamente e caminhei para onde ele havia apontado.

Empurrei cegamente quem estava na minha frente, entrei na ambulância e sem pensar duas vezes soquei a cara do maldito Romeo, soquei-o sem parar uma única vez. Meus dedos doeram, uma camada de suor formou-se em minha testa, mas eu não parei. Senti mãos me puxarem, pessoas gritarem comigo, mas eu não iria parar.

- Chega, Michael, ele está morto! – Alguém gritou e finalmente conseguiu me arrancar de cima do homem.

Arregalei meus olhos, só assim notando que o desgraçado estava com a marca de uma bala no meio da testa.

- Ele matou a Mabel, Tales – Gritei, entre soluços. Não conseguia respirar – Como vou viver sem ela agora, como?

- Ela não morreu – Tales me sacudiu novamente pelos ombros – Levaram-na para um hospital. Levante-se daí e vá dar forças a sua mulher – Encarei-o por um momento, ainda estarrecido com a notícia.

Ela não tinha morrido!

Ergui-me rapidamente e entrei no primeiro carro que vi, Tales deu ordem para que seguissem a ambulância e assim o homem o fez.

Uma fagulha de esperança ainda estava acessa e eu me agarraria a ela.

(...)

Mabel


Dor... Foi a primeira coisa que senti quando abri os olhos. As luzes extremamente brancas me cegaram nas 3 vezes que tente abrir meu olhos. Não conseguia me mover, nem respirar direito, sem falar em minha garganta seca e irritada.

Não lembrava como havia ido parar ali e nem onde era ‘ali’. Onde estava Michael? Rose?

Com muito custo movi minha cabeça em busca de alguém no quarto, mas não havia ninguém. Tudo que consegui encontrar, como prova de que não havia morrido e que ali não era o céu, foi uma folha de papel, que estava em cima da minha barriga, presa entre minhas mãos.

Consegui trazer o papel até perto do meu rosto e forcei-me a lê-lo.

“Talvez eu não consiga estar ao seu lado 24 horas por dia, então decidi deixar aqui com você um pouquinho de mim, para que não se sinta só nem quando eu tiver que sair pra ver Rose.

Estive pensando... e eu pensei muito nesse tempo em que só tenho te visto dormir... Sabe que nunca fui do tipo romântico, nem soube dizer com palavras mais elaboradas o quanto te amo, mas como estive com tempo esses dias consegui bolar algo bem interessante.

Ah, Mabel Mendes, minha morena perigosa... eu diria que te amar pode ser definido como meu paraíso... Te amo pura e simplesmente por que não consigo sorrir sem saber que você também não está sorrindo, por que todos os dias pela manhã você é a primeira imagem que me vem à cabeça e a última antes de eu fechar os olhos... Você foi a única mulher quem desejei, não apenas corpo, mas alma e coração. Eu vi crescer dentro de você um pedacinho do nosso amor, e até hoje não sei se consegui expressar o tamanho da felicidade que isso me causou.

Com você eu quero o simples, o trivial, mas por outro lado quero o proibido, o incerto. Você me instiga, me irrita, me fascina, me completa... Deixei que fizesse comigo o que nunca nenhuma outra fez, e nem estou falando naquele dia no clube, é mais profundo, muito mais... Com todas as literalidades romanescas femininas, você entrou em meu coração, e agora ele é seu. E essa foi a melhor escolha que fiz na minha vida.
Erramos um monte, mas no fim dessa história a única certeza que carregaremos é que de algum modo nos pertencemos, com submissão, possessão... com necessidade.

Volte pra mim, morena. Mostre pra mim e sua filha a mulher forte que é, e me desculpe por ter dito um dia que não é assim.

Se não estiver por perto para te dizer essas palavras quando acordar, você as lerá, com certeza.

Nós te amamos,
Michael & Rose”

Quando acabei de ler, o papel estava parcialmente manchado pelas minhas lágrimas, mas eu ria feito uma boba.
Nem poderia descrever tudo que senti lendo tudo isso... bem, talvez pudesse... eu senti amor, muito amor.

Ouvi passos no corredor e ouvi a voz de Michael. Minha vontade foi de arrancar aquele monte de fios e me jogar em seus braços, mas queria lhe fazer uma surpresa, então coloquei o papel na mesma posição de antes e fechei meus olhos.

Ouvi quando ele se despediu de alguém na porta do quarto e sentou-se ao meu lado.

- Bom dia, amor – Sussurrou, beijando meus lábios – A enfermeira virá lhe ver em breve, parece que há evolução em seu quadro... quem sabe não está perto de abrir esses lindos olhos pra mim...

- Tipo assim – Murmurei, arregalando os olhos.

- Mabel – Michael perguntou pálido. Parecia que estava de cara com um fantasma.

- Bom dia, amor... – Disse, a voz embargada – Eu li isso – Lhe apontei o papel – Te amo tato, meu Shakespeare do século XXI. Agora venha aqui me dar um beijo.

Michael saiu do seu estado de choque e me abraçou pelo que pareceu uma eternidade. Sua testa encostou-se a minha.

- Você voltou... voltou, meu amor – Enxuguei seu rosto e colei meus lábios no seu.

- Pra você. Minha necessidade de te amar me trouxe de volta.

Capítulo 15

Mabel


Michael me disse que passei 3 meses em coma. Me contou, com lágrimas nos olhos, o tamanho do seu desespero quando o médico lhe disse que não havia previsão para minha volta.

Michael sempre brincou comigo de que eu nunca estava dormindo realmente, desde aquela cena que fiz no avião com a aeromoça, mas disse que quando uma enfermeira deu em cima dele e eu não me acordei, só assim seu mundo ruiu de vez e ele soube que realmente aquilo não era um pesadelo. Eu exigi que ele contasse quem foi a engraçadinha, mas ele se recusou veementemente.

Depois que chegaram todos os aparelhos, me encaminharam para uma sala de exames. Segundo Doutor Alfred, ele precisava saber se estava tudo bem. Ora, claro que estava, poderia me levantar agora mesmo daqui ir para casa. Antes de entrar na bendita sala de exames exigi que Michael fosse buscar Rose, sei que não é aconselhável que ela fique aqui, mas precisava ver minha filha. Pelo pouco que Michael conseguiu me falar ela estava tão grande e esperta.

Malditos exames, nem sequer pude me despedir direito do meu Michael.

Foram quase duas horas naquela sala. Graças a Deus tudo estava ótimo comigo. Quando saí Michael ainda não havia voltado, então uma das enfermeiras me ajudou com o banho e me ofereceu uma sopa sem sal, que comigo de bom grado, já que estava faminta.

Ainda estava acabando de comer quando a porta do meu quarto se abriu e entrou por ela Kathe, Joseph. Os dois emocionadíssimos, me abraçaram e me encheram de perguntas, respondi feliz a todas elas. Saber que eles estavam ali por mim, como minha família me deixava além da felicidade.

Eles me relataram brevemente o que eu até já desconfiava, Michael quase nunca saia daquele hospital, exceto para ver Rose. Kathe disse que teve de se mudar temporariamente para cá, para ficar de olho na babá, e babar em Rose também. Joseph continuou no sítio para cuidar dos animais, porém vinha a Nova York uma vez por mês para me ver e dar forças ao filho. Kathe ainda me relatou a tristeza do filho, que raramente comia, raramente sorria... Ele parou de viver enquanto eu estava aqui, e ela me disse que não sabia o que poderia ter acontecido se eu não tivesse acordado. Nem eu queria pensar nessa possibilidade.

Perguntei a ela o que havia acontecido com o maldito Romeo - Só de pronunciar esse nome meu corpo estremeceu – Kathe me disse que não sabia de detalhes, mas Romeo havia se matado, a perícia contatou que o fez logo após me dar os tiros. Ele estava mesmo mais louco do que pensara, por que de todas as possibilidades que passaram por minha cabeça de como seria seu fim, nunca achei que ele fosse capaz de se matar.
Bem, finalmente estava livre desse tormento.

Ouvi gritinhos infantis vindo do corredor e uma risada sexy acompanhando-a, sabia bem quem era. Me empertiguei na cama, meu coração acelerou e meus olhos encheram-se de lágrimas. Nem tive tempo de ter uma reação tão elaborada quando vi Michael assim que acordei, ainda estava desnorteada, mas agora estava tudo ali, os tremores, o suor frio, o aperto no peito.

Michael abriu a porta e entrou no quarto segurando Rose nos braços. Assim que a vi meus olhos se encheram de lágrimas.

- Meu Deus, como ela cresceu – Murmurei rindo, em meio ao choro.

Michael sorriu amplamente, também me olhando com os olhos cheios de lágrimas.

- Olá de novo, amor – Sussurrou, beijando meus lábios.

- Olá, amor – Sorri.

- Hey, Rose, diga olá para a mamãe – A garotinha. Que continuava com os olhos ainda mais idênticos ao do pai, soltou um gritinho e estendeu seus bracinhos pra mim.

- Ohh, meu amor – Agarrei-a contra meu peito, abraçando-a, beijando-a, gravando seu cheirinho maravilhoso de bebê... meu bebê, minha filha – Perdoa a mamãe por fazer tanta bobagem. Você está tão linda!

- Bahhhh – Rose gritou – Bahhh – Seus bracinhos se agitaram e ela começou a pular freneticamente em meu colo. – Estava rindo, maravilhada com a evolução da minha filha. Pensei tanto que jamais voltaria a vê-la.

- Filha, a mamãe está doente – Michael tentou tirá-la do meu colo, mas não deixei.

- Deixe-a aqui mais um pouco – Pedi, completamente encantada.

- Só mais um pouco, querida, aqui não é lugar para ela – Assenti.

Rose continuou pulando e gritando “Bahhh’s” em meu colo por alguns minutos, até que Kathe teve de leva-la de volta pra casa. Foi um tormento ter de me despedir dela novamente, mas agora eu sabia que dali a alguns dias eu estaria em casa, junto dela.

Me despedi com um abraço apertado de Kathe e Joseph, e dei uma sucessão infindável de beijos na minha pequena antes de todos finalmente saírem, deixando apenas Michael e eu sozinhos no quarto.

- Agora somos só eu e você – Sibilou sacana. Neguei com a cabeça, rindo de seu jeito – Está se sentindo bem, certo?

- Muito bem – Apontei para meu lado – Venha aqui, garanhão, agora já posso te dar um trato, já tomei banho e escovei os dentes. Nada mais de selinhos – Exigi. Michael não se fez de rogado, estava ao meu lado na cama no momento seguinte, seus lábios esmagando os meus numa fome saudosa. Nossas bocas permaneceram conectadas por longos minutos, minhas mãos apertavam seus cabelos e as dele a minha cintura.

- Senti tanto a sua falta – Encostei minha testa na sua, para recuperar o fôlego – Você está tão lindo, pena que não possa dizer o mesmo de mim, estou um desastre – Seus olhos negros se abriram e me fitaram.

- Você não consegue ser feia, mas nem com muito esforço – Ele voltou a me beijar, dessa vez com menos urgência, o beijo foi mais carinhoso. – Sinto tanto tudo por tudo que lhe disse – Balbuciou e pude notar a tremulação em sua voz.

- Shhh – Calei-o – Vamos esquecer do que foi dito pra nos machucar, tenho certeza que depois de tantas lições nós finalmente aprendemos, não foi? – Ele assentiu, voltando a sorrir.

- Tenho algo pra você – Vi-o hesitar por um ínfimo instante, mas logo se recompôs – Bem, talvez nem queira mais tanto assim esse presente. Deveria mesmo ter lhe dado quando o comprei, assim que voltamos de Iowa, mas... OK, isso vai parecer uma frescura – Ele respirou fundo, eu ri – Mas estava inseguro... Tentei encontrar um momento especial para fazer esse pedido, e adiei tanto que ele quase não aconteceu – Vi angustia em seus olhos ao dizer isso – Agora não quero e não posso mais adiar, aprendi que nunca é bom – Ele deu de ombros e puxou de dentro do bolso uma caixinha preta – Mabel Theodore Mendes, você aceita se casar comigo? – Eu sorri abobalhada, parece que isso era tudo que eu sabia fazer depois que acordei, mas... espera aí.

- Hey, eu já te pedi em casamento uma vez – Ele riu, fazendo um gesto adorável com as mãos.

- Nos separamos depois daquilo e bem, não valeu. Vamos, me responda?!

- Adoro quando me manda – Sussurrei próximo aos seus lábios – É claro que me caso com você, que viro sua eterna submissa e nos finais de semana sua dominadora... Quero passar o resto dos meus dias com você, até estarmos tão velhos que nem vamos mais lembrar como usar um chicote – Michael me tomou em seus braços e me beijou intensamente, entre risos e lágrimas.


Epílogo

Mabel voltou para casa duas semanas depois. Bem, não propriamente para sua casa, já que Michael havia vendido a antiga e comprado uma nova em outro bairro. Segundo ele a antiga casa não trouxe sorte e estava carregada de más lembranças.

3 Meses depois Rose falou ‘papa’ pela primeira vez, deixando Michael todo orgulhoso e Mabel toda ciumenta. Ciúme esse que não durou tanto, por que três dias depois Rose chamou ‘mama’. Michael já havia voltado para a New York Publicit aquela altura, e Mabel teve de voltar também. O que não lhe desagradou, já que estava morta de saudades de fazer alguma coisa. Nenhum dos dois teve notícias de Dennis na empresa.

1 anos depois Michael e Mabel casaram-se, numa singela capela, em Iowa. Decidiram plantar ali as raízes do seu amor... Já que para eles a pacata cidade era um paraíso.

Eles não pararam de frequentar o clube, e prometeram uma para o outro de que só fariam aquilo quando a coisa toda não tivesse assim tanta graça. O que convenhamos, demoraria muito a acontecer.

Michael e Mabel viveram juntos por toda a vida. Brigaram um monte de vezes, se xingaram, até chegaram a se separar uma vez, mas o amor deles era mais forte que qualquer outro empecilho. Eles tiveram mais um filho, Michael JR. Tiveram 3 netos e um bisneto. 

E sim, eles ficaram juntos até esquecerem como usar um chicote...




Fim.


25 comentários:

  1. Cheguei meninas \o/
    Bem, espero que curtam mais essa temporada desse casal difícil dificílimo. rsrs
    Muito obrigado pelos comentários.
    Bjs amores :*

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  2. Cheguei com mais meninas \o/
    Será mesmo que é o Michael? E a Mabel está mesmo grávida?
    Bem, se ela tiver mesmo algo me diz que ela não ficará muito satisfeita com essa gravidez não.
    Muito obrigado pelos comentários.
    Bjs amores :*

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  3. Cheguei com mais meninas \o/
    A Mabel parece não ter gostado nada da ideia de ter um filho, e agora o Michael que aguente a chatice dela, tadinho. rsrs
    Muito obrigado pelos comentários.
    Bjs amores :*

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  4. Cheguei com mais meninas \o/
    A Mabel está enchendo o saco, né?
    Esse seu comportamento tende a afastá-la cada vez mais do Michael.
    Muito obrigado pelos comentários.
    Bjs amores :*

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  5. Cheguei com mais meninas \o/
    Será mesmo que a Mabel perdeu o baby?
    Deixem vossos comentários gente :(

    Bjs :*

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  6. Cheguei com mais meninas \o/
    Essa Mabel torra a paciência do pobre Michael. rsrs
    Mas ele a ama e ainda vai aguentar um bocado desse gênio dela.
    Muito obrigado pelos comentários na page do face, gostava de ter aqui tb
    Bjs amores :*

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  7. Continue baby , sua ficou é uma de minha favoritas haha *----*

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  8. Esses dois finalmente fizeram as pazes, mas uma certa pessoa vai começar a dar sinal de vida na história, e isso pode atrapalhar a reconciliação do casal.
    Muito obrigado pelos comentários.
    Bjs amores :*

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  9. Cheguei com mais meninas \o/
    A Mabel está cometendo um enorme erro em não contar das ameaças ao Michael, e essa omissão pode se virar contra ela.

    bjs até mais

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  10. Continua pleaseeeeee ..... #Anciosa ^^

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  11. Capítulos 11 e 12 já postados:) comentem pfv

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  12. |JÁ ENTROU NA FASE FINAL|

    Série: "Minha Necessidade" (+18) , Capítulo 13 já postado, Deixem comentário aqui

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  13. Capítulo 14 já postado meninas <3
    Lembrando que a fic já está na reta final...
    Tenham uma boa leitura *-*

    bjs :*

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  14. Oii...Cap novo, mais uma fic que chegou ao fim :( Deixem vosso comentário sobre que acharam pfv ... Boa leitura :)

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  15. Amei essa Serie ..., Perfeita ❤❤

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  16. Muito bem escrito e emocionante!! Parabéns! sensacional!

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  17. Bem bacana a serie curti muitão! Parabéns ;-)

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  18. eu já falei que essa fanfic é a maravilhosa??? eu amo demais, sinceramente já perdi as contas de quantas vezes eu li, eu li quando ela foi lançada e leio diversas vezes até hoje, e já estamos em 2020

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  19. eu queria muito que vocês postassem mais fanfic's, queria ler algo novo, nao que as que tem sejam ruins, longe disso!! mas eu iria amar muito uma nova história nesse site💖

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  20. podia mudar esse final é fazer uma parte 4 né hehehe👁️👁️

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