quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Fanfic: " The Stranger in Moscow " (+18)







Autora: Priscila Rayane





Sinopse:


" Eu estava vagando na chuva… 
Queria que ela me deixasse ser livre, 
Qual é a sensação ? 
Quando você está sozinho ?
Eles me tratam como um estranho em Moscou… "

Ele era tratado com indiferença por todos, eles não ligavam para seus sentimentos… o olhavam com asco. Mas não sabiam que por trás daquele sobretudo e chapel fedora, existia um grande homem com sonhos, desejos e sentimentos… ele era solitário. Até que ela apareceu e mudou tudo. Transformando sua solidão em companhia, intimidade, amor… 

" Você não está sozinho, eu estou aqui com você. "


Prólogo:





Caminhando sobre as calçadas das ruas de Moscow, ele observava como aquela cidade era linda a noite, mesmo estando escura, sem um resquício de pessoas andando, chegava até a ser amedrontador… com as mãos nos bolsos do seu repetitivo sobretudo, pensava sobre a vida, sobre seu futuro, até mesmo no amor… as pessoas não queriam nem chegar perto dele, dirá uma jovem que se apaixonasse pelo mesmo. Ele tinha uma “certa” certeza de que isso seria impossível.. mas tudo é possível.

Até as coisas que achamos nunca conseguirmos superar, e conseguimos. Então porque um amor pode ser impossível ? Isso só o destino dirá…

Olhando seus pés ficarem um a frente do outro enquanto anda, escuta um barulho a metros de distância a sua frente, levanta suas vista e ver uma silhueta um pouco longe andando o mais rápido possível.

Talvez, tentando ficar longe dele… esse era o pensamento dele ao ver esses tipos de senas, parece até filmes de terror quando o monstro persegue a mocinha. Até que “a mocinha” que estava a metros a sua frente diminui os passos e olha para trás.. havia um único poste a frente da garota com uma lâmpada, a mesma refletia em seu cabelo e rosto.

” É ele ” a menina murmura para si mesma e fica parada, esperando ele se aproximar. Ela tinha medo, mas sua curiosidade era mais maior… Ele ia se aproximando, se aproximando… e só se via sua silhueta na penumbra daquela noite chuvosa, usava um chapéu fedora e sobretudo. Quando ia chegando mais perto… um barulho se fez presente atrás da garota, ela olhou para trás e viu um homem mas nem ligou. Pois queria mesmo era saber quem seria o homem por baixo de toda aquelas roupas medonhas que vinha em sua direção.

Ele aproveitou o momento de distração da pobre garota e se escondeu em um beco estreito e longo, que dava saída na estrada que ia em direção a sua residência. Nem se importando se a garota estava correndo risco ou alguma coisa do tipo, ele não tinha que se preocupar com ela, afinal, ele nem a conhecia.






Capítulo l





Clara Homes



Raiva! Esse é um dos sentimentos mais desprezíveis pra mim. Mas infelizmente, no momento é o que eu sinto… sabe quando Deus não quer permitir que seu coração fique cheio desses sentimentos ruins e faz ele transbordar todo em lágrimas? Pois bem, é assim que fico pelos cantos da casa, especialmente no meu antigo quarto. Lembrando dos momentos bons que passei ao lado de meu pai, de como ele era carinhoso, amoroso, atencioso… não só comigo, com minha mãe era praticamente a mesma coisa. Eles se amavam, mas infelizmente aquela maldita doença fez com que ele se fosse e nus deixasse aqui.. sozinhas. Só temos uma a outra, nossos familiares são de outro país distante, então vivemos praticamente sem manter contato com os mesmos. Meu pai morreu com um câncer na garganta, suas últimas palavras foram: eu amo vocês!


Me lembro copiosamente daquela sena, não foi tão fácil assim superar o que aconteceu com ele. E ainda não conseguimos, sim, minha mãe também não conseguiu por isso decidiu vender nossa casa aqui em Nova York e comprou uma em Moscou. Os negócios do papai ela decidiu deixar nas mãos do meu tio, Edward.
Os negócios do papai ela decidiu deixar nas mãos do meu tio, Edward. Ele é responsável e atencioso, ela tinha certeza que o mesmo trataria aquele lugar com competência e honestidade. E assim eu também esperava.


Não gostei muito da ideia de mudar de cidade, aqui tenho meus amigos, meus lugares favoritos, conheço basicamente todos da vizinhança, namorado… bom, namorado ? Quando tinha 15 anos, tive meu primeiro namorado e meu primeiro beijo. Tive outros casos com outros meninos mas sempre o motivo do término, era que eu não queria ir muito rápido sabe… eles queriam aquilo… o sexo. E eu não me sentia pronta com nem um deles, minha mãe sempre me aconselhou a ter minha primeira relação sexual com um homem que eu confiasse e amasse, sigo esse conselho até hoje com 19 anos. Ainda não achei meu príncipe encantado…


E aqui estou no carro indo em direção a minha nova casa, com meus fones no ouvido, escutando ac/dc. Pois é, não gosto de músicas atuais… Prefiro as antigas, elas falam menos merda. Mexia as mãos e as pernas toda desmantelada na poltrona do carro, o fone estava no último volume, não escutei minha mãe me chamando… quando ela me cutuca aí que eu me dou conta que estava pagando mico na frente dela, mas tem nada não, ela já presenciou essa sena várias, e várias vezes. Sendo que das outras foram muito mais piores.


– filha ? – minha mãe me cutucava


– sim, mãe ? – falei tirando os fones ainda toda enérgica por conta do alto volume dos mesmos.


Eu estava emburrada dês de quando ela decidiu tomar essa atitude drástica de se mudar de cidade, eu não apoiei isso, mas eu também não poderia fazer nada. Pois só tenho a ela e ela a mim.


– vai ficar chateada comigo até quando filha? Já já chegamos em nossa nova casa e você ainda vai ficar assim comigo? Vamos começar tudo de novo, só eu e você. – estava olhando em direção a estrada pois estava dirigindo, se estivesse olhando pra mim, nos meus olhos, poderia dizer que ela ficou triste quando proferiu a última frase, senti uma culpa invadir meu ser… minha mãe não estava muito bem, e mesmo assim prosseguia com sua armadura de mãe protetora e forte. E eu aqui, me lamentando e fazendo birra igual uma criança quando quer doces e os pais não dam.


– tá bom mãe, só eu e você… – parei e refleti um pouco com as últimas palavras que proferi – am… mãe?


– sim?


– assim sabe… a senhora bem que poderia arrumar um paquera… dês de que ele se foi a senhora só fica em casa, não sai mais, não tô falando pra esquecer dele, isso nunca. Mas também se solta um pouco, – fiz uns movimentos com o corpo, fazendo ela rir – arruma um namorido…


– namorido, filha? – perguntou ela gargalhando


– sim, é uma mistura de namorado com marido, eu que inventei.- falei fazendo cara de convencida


– vou pensar no que você falou, vou pensar… – falou olhando para mim com um sorriso sincero nos lábios.




(…)


Iríamos morar em uma casa um pouco longe das de mais. Ela era sim em uma rua, porém, tinha uma certa largura de distância em cada lado, isso tornava os ao redores da casa um pouco esquisitos… a casa era antiga.

Assim, que o carro dobrou a esquina minha mãe me mostrou a casa e eu fiquei intrigada com a mesma.


– mãe, essa casa parece um museu! – falei com uma feição não tão agradável


– ela é antiga, mas não chega a tanto clara. – falou desligando o carro – e você também deveria explorar e olhar os cômodos que você vai querer não julgar se ela é antiga ou não. – abriu a porta, logo em seguida saindo e eu fiz o mesmo.


– tá bom mãe – bufei


Havia um jardim um pouco mal cuidado na frente da mesma, uma trilha de pedra até chegar em uma varanda que se encontrava na frente da casa. Ao lado da casa tinha uma enorme garagem que daria pra guardar mais ou menos uns.. dois ou três carros. A casa tinha uma cor beje manchada, logo conclui que essa casa precisaria de uma reforma.


– clara, a chave! – minha mãe avisou



– obrigada. – peguei a chave que minha mãe me estendia – mãe?


– hum?!


– você não acha que eles ainda vão demorar não ?


– não filha eles estão vindo bem alí… – apontou para o fim da rua e nem um resquício de caminhão se presenciava ali


– onde? Não estou vendo, cadê? – perguntei brincando com a mesma, praticando um pouco do meu cinismo.


– bem… – avistei o carro dobrando a mesma esquina que eu passava a minutos atrás. – …alí.


Olhei pra ela com uma cara meio risonha e ela fez o mesmo só que com ar de superioridade, isso me dava uma imensa vontade de rir. Segui em frente com uma certa curiosidade para descobrir mais sobre essa casa… medonha.


Abri a porta e a mesma rangeu, isso me deu medo, confesso. Sou muito medrosa as vezes, mas quando estou determinada a tal coisa nunca paro mesmo estando cagada de medo. A casa era enorme, avia janelas grandes em estilo antigo, uma lareira enorme e no centro uma escada com corrimões banhado a ouro, olhei um pouco a sala e estava toda suja com teias de aranha e tudo. E quando subia a escadaria passei a mão no tal corrimão, olhei para minha mão e estava praticamente preta, tinha muito pueira, sério mesmo.


Havia duas entradas uma do lado esquerdo e uma no direito, acima da escada. Fui no direito e tinha um corredor muito longo, dois quartos grandes existia ali, abri o primeiro e era uma suíte, era muito grande. Não faz muito meu tipo dormir em lugares enormes sozinha. Abri o outro e era mais pequeno só que nem tanto, também era uma suíte, havia uma janela com cortinas brancas, por incrível que pareça aquele cômodo estava limpo, deve ser porque estava bem fechado, tava até com um cheirinho de mofo já… foi o maior sacrifício para poder abrir a porta desse quarto.


Ele é meu, com toda certeza. Fui do outro lado e lá tinha a mesma quantidade de quartos, só que maiores. Olhei todos os lugares daquela enorme casa e decidi que a biblioteca seria meu lugar para me acalmar.. a parte onde ficaria sem fazer nada só observando o nada.


-filha?


– quê? – gritei da escada.


– já escolhe seu quarto ? – olhou em minha direção


– sim mãe, e amei a biblioteca, ela é minha. – falei descendo as escadas, meu tênis fazia um barulho irritante na mesma


– tá bom, se você quer… – falou pegando uma caixa e indo com ela até a cozinha, e eu a segui – temos que fazer uma bela de uma limpeza aqui, já contratei umas mulheres para nus ajudar, e no jardim e todo o resto também já contratei o jardineiro e os outros.


– isso é bom, pelo menos acabamos ainda hoje.



Mas ela era muito bondosa. Assim que terminarmos o que faziamos entre risadas e brincadeiras fomos olhar como que tava a frente da casa…


– maaaaaaaaãaae, isso ficou lindo! – exclamei batendo pauminhas. Mais ainda não deixava de ter aquela aparência medonha.


– ficou mesmo filha.




(…)


Estava muito cansada, assim que todos os homens e mulheres que mamãe contratou foram embora fui comer alguma coisa na cozinha, pois é, preferi comer antes de tomar banho pois estava com muita fome, assim que terminei dona Ivy – minha mãe – ficou lavando a louça e eu subi para tomar banho. Meu quarto estava impecável! Me despi no quarto e fiquei pra lá e pra cá procurando minha roupa, mas tive a cessação de estar sendo observada… Olhei na direção da janela e não vi nada. Entrei no banheiro deixando meus pensamentos de lado, o banheiro era enorme havia uma banheira, box, e um espelho grande, também tinha uma janela que se alguém subisse em uma pedra que tinha atrás da casa bem embaixo da janela daria para me ver. Entrei na banheira e foi aí que esqueci de pegar a toalha no guarda roupas, levantei mas parei quando escutei um barulho de algo ou… alguém caindo no chão, o barulho veio da janela, talvez estava me espiando… meu Deus!


– quem está aí ?



Capítulo ll


- ...quem está aí ? - perguntei me escondendo atrás do box, havia uma toalha ali e eu nem tinha percebido. Peguei a mesma e me enrolei, me aproximei um pouco da janela e não ouvi nada, fui chegando mais perto… até que cheguei a janela, e não existia nada nem ninguém ali, estava tudo impecável igual antes. Nada fora do lugar, nem a pedra.. mas de longe, avistei uma silhueta com um sobretudo e um chapéu entre as árvores, aquilo me deu medo. Muito medo.
Atrás de minha casa havia uma pequena estrada que dava em uma mata enorme e deserta, eu não gostava daquele lugar nem um pouquinho… tinha medo.
Assim que terminei de tomar meu banho e fazer minha higiene bucal, vesti um pijama quentinho, e me joguei entre as várias cobertas que existia em minha cama. Não esquecendo, claro, de fechar todas as janelas do meu quarto. Aquele homem que acho que vi, foi amedrontador, qualquer um que estivesse em meu lugar ficaria assim, cansada de ficar olhando para todos os lados dentro do quarto, pra ver se via algo ou alguma coisa se mexendo - eu estava morta de medo - , cobri minha cabeça e assim consegui dormir.




(…)


Três dias haviam se passado, e eu não tinha ido conhecer um pouco a cidade, fazer novas amizades assim como minha mãe fala... Não estou muito interessada nisso não, durante esses dias ficava na biblioteca lendo, ajudando minha mãe nas tarefas de casa, dormindo e o melhor de tudo… comendo! Mas durante as noites, ficava observando da janela - tanto do quarto quanto do banheiro - aquela assombrosa mata escura, que parecia até que saio de um filme de terror. Na esperança de ver aquela misteriosa silhueta de novo, mas nunca mais a vi novamente, e tomara que nunca mais veja… não falei desse acontecido para minha mãe, se não, ela iria querer que eu trocasse de quarto e que poderia ter um estrupador ou assassino por aqui.
Enfim, me despertei de meus pensamentos e de minha imaginação fértil, e ao banheiro fiz minha higiene e decidi que iria andar, conhecer os meus vizinhos, a cidade… estava com um tênis hall star, calça jeans e casaco. Aqui faz muito frio, da até preguiça de levantar da cama… sai do meu quarto, desci as escadas e avistei minha mãe conversando com um homem… hum… até que fim dona Ivy!


- bom dia filha!

- bom dia mãe! - me aproximei da mesma e beijei sua bochecha

- esse é o Jhon, nosso mais novo jardineiro… Jhon, essa é minha filha a Clara. - falou olhando para mim

- olá Clara!

- olá senhor Jhon, como vai ? - perguntei educadamente

- muito bem, obrigada. E você? - ele nem era tão alto, passava de minha mãe e eu mas não era tão alto.

- também, bom.. foi um prazer conhecê-lo senhor Jhon, mas agora tenho que ir! - falei entortando a boca - tchau mãe!

- onde você vai filha?

- vou conhecer um pouco a cidade, quase não saio dessa casa ... - falei já em frente a porta, pronta para abri-la..

- cuidado! - o Jhon falou assim que peguei na maçaneta, ele tinha uma expressão estranha, difícil de indentificar o que se passava em sua cabeça e o que ele queria dizer com aquela exclamação. Ele me olhava nos olhos.

- tá bom - falei batendo continência para não ficar um clima ruim, sabe...


Abri a porta e sai, uma brisa gelada veio de encontro a minha face e eu me arrepiei dos pés a cabeça.
Prossegui andando pelas calçadas que ali havia… com as mãos no bolso para amenizar um pouco o frio nas mãos, enquanto andava pensava naquele mesmo homem que apareceu na mata a três dias atrás. Será que é só coisa da minha cabeça? Ou seria um indivíduo mesmo? Nossa, se continuar pensando sempre nisso vou enlouquecer e irei passear só se for no manicômio mesmo. Avistei uma lanchonete, estava cheio de garotas e garotos na frente e pelo que vejo, dentro também deve estar... Me aproximei, entrei e sentei em uma das mesas vazias, como tinha pensado antes, estava cheia dentro também. Só que ainda tinha mesas vazias. Um menino loiro, uma japa e uma morena do cabelo cacheado entrou pela porta. Ninguém fez muita algazarra quando entraram, acho que não eram populares. Sentaram em uma mesa próxima a minha sempre ficavam olhando pra mim e murmurando coisas que não dava pra entender, até que um se levanta e vem a meu encontro, era a morena.



- olá - fala com um sorriso enorme nos lábios

- olá. - responde prontamente

- vejo que você é nova por aqui… bom, se quiser se juntar a nós… - deixou as palavras no ar e eu me levantei indo junto dela até a mesa onde eles estavam


- oi, eu sou o Lourenço - o garoto loiro se apresentou

- sou a Yoko - a japinha fez o mesmo

- e eu a Júlia, qual seu nome? - perguntou ela com seu sorriso

- Clara Homes. - falei e eles entre se olharam

- você é a garota que chegou para morar naquela casa velha que estava caindo os pedaços - a Yoko falou me olhando nos olhos, essa fala tudo que vem na cabeça, é das minhas.

- Yoko!! - Júlia repreendeu a, e a mesma deu de ombros, comecei a rir

- nossa, que bom que está rindo… - falou o Lourenço - pensei que iria ficar com raiva do que a Yoko falou, ela é sempre assim, liga não.


A Yoko deu uma cotovelada em sua coxa e ele fez uma careta engraçadíssima.
Conversávamos sobre vários assuntos; músicas, livros, filmes … menos sobre algo íntimo, ainda não éramos muito conhecidos a esse ponto.


- e então, como era morar em Nova York ? - Júlia perguntou

- ah, era muito bom, é um lugar onde guarda muitas lembranças boas e ao mesmo tempo ruim - falei lembrando do papai, eles se tocaram que eu estava ficando triste com esse assunto, então mudaram o mesmo.

- você já ouviu a história do homem de sobretudo e fedora ? O " estranho em Moscou "- perguntou a Yoko

- isso é só uma lenda, vocês inventam tudo… - dessa vez quem falou foi a Júlia.

- mas dizem que é verdade… - completou o Lourenço

Imediatamente lembrei da silhueta que vi a dias na mata… talvez eles possam me explicar algo.

- não, - respondi ainda pensando - mas me conte.

- a muitos anos atrás… aqui, em Moscou. Nasceu um garoto bem feio e deformado. Por onde ele passava acontecia coisas sobrenaturais e todos se assustavam com sua aparência, ele era amedrontador, por esse motivo os seus pais o abandonaram em uma mata… não sabemos qual, mas sabemos que ele só fica lá. Se alguém chega perto dele ele o estripa, sem dó nem piedade. Dizem que ele ainda perambula a noite pelas ruas e calçadas com seu sobretudo preto e chapéu fedora da mesma cor. Quem se encontrar com ele nunca mais verá o sol outra vez… - fiquei perplexa com essa "história" que me contaram agora, credo! Já estava com medo, e agora sim… acho que tô toda borrada, estou trêmula. Mas isso soa um pouco ridículo e dramático… bem no fundo estou com uma vontade de rir dessa situação.

- isso não pode ser verdade… - falei mais para mim do que para eles

- tanto pode, quanto é. - terminou a Yoko

- por isso que a noite as ruas daqui são tão esquisitas, e só vive na penumbra… ele fica perambulando por aí e quem cruz… - interrompi o Lourenço

- tá, tá, já sei..


Ficamos alí conversando, até que deu minha hora e eu me despedi deles, já estava ficando tarde , eles são boas pessoas mas são meio maluquinhos… isso é bom. E combinamos de sair de novo, ganhei mais três amigos, estava feliz por isso.




(…)


Cheguei em casa e minha mãe estava na cozinha preparando algo para ela almoçar, hoje eu não a acompanharia, pois estava muito cheia comi uns três sanduíche com batatas fritas lá na lanchonete, sou magra de ruim, porque como mais que uma vaca. A tarde se passa rápido, e eu passei ela todinha na minha cama deitada pensando em diversos assuntos e problemas da minha vida.
De repente me dá uma cede e vou até a mesinha do meu Notebook pegar uma água que tinha deixado lá, caso precisasse. Mas algo me chama a atenção quando estou passando pela janela. Olho na direção da mesma e estava aberta, dava pra ver toda a mata e aquela mesma silhueta. Me deu um medo muito grande, pois se for verdade o que as meninas falaram, estou fodida… ouço um grito vindo de lá de baixo, e era minha mãe… minha mãe!


- maaãaae !!! 




Capítulo lll


- maaãaae !!! - gritei saindo do quarto, do corredor dava pra escutar barulhos de alguém batendo em algo… e gritos de minha mãe. E se aquelas história que falaram é verdade? E se ele estiver ali tentando estripar minha mãe ? Ah, não!


Desci as escadas correndo o mais rápido que conseguia, assim que cheguei na sala vi minha mãe em cima do sofá com uma sandália na mão… espera aí … não…


- mãe, por que a senhora tá em cima do sofá e com a sandália na mão ? - coloquei as mão na cintura

- é que… tem uma barata... - explicou com cara de nojo, sério já trava imaginando merda, e minha mãe vem e me fala que era uma barata.




- fala sério mãe !! Deixa de ser medrosa, é só uma baratinha não faz ma… - de repente vejo uma barata voando em minha direção - maaãaae! - me esquivei do inseto e subi na poltrona que tinha do lado do sofá em que minha mãe estava.

- e quando você acha que não poderia piorar… - disse dona Ivy toda assustada, interrompi a mesma.

- … a barata começa a voar. - falei olhando para todos os lados

- Clara, o Jhon disse que ia ficar até mais tarde aqui para poder olhar o que faltava pra comprar as coisas do trabalho dele… e… - aquela coisa estava subindo na parede, era cascuda… blèh !!!

- e…?

- e vai chamar ele, ele está no quartinho de serviços

- eu ?? - falei com os olhos arregalados - eu não.

- ou vai, ou fica aqui com a ba… barata. - nós não tirávamos os olhos de onde a barata estava

- tá, então eu vou - em um impulso só, corri até a porta e fui correndo em direção ao quartinho de serviços que minha mãe falou. Cheguei lá esbaforida e cansada - Jhon, socorro!

- o que foi ? Sua mãe tá bem ? - ele ficou preocupado com minha mãe? E eu aqui toda casada né… estranho… muito estranho, estava olhando pra ele desconfiada e com os olhos semi serrados.

- não, tem uma barata gigante voadora na minha sala e minha mãe está desesperada e sozinha lá. - ele começou a gargalhar - do que você está rindo?

- nada senhora, desculpe. - parou de rir

- oras, não me chame de senhora. Pois não sou velha. - falei brincando com ele - vamos mata aquele monstro agora - quando falei isso ele não se aguentou e riu, eu também.


Ele entrou e matou a barata, aproveitou o momento e convidou minha mãe para uma festa… hum… até que ele é bonitinho. Nossa, minha mãe vai arrumar um namorado e eu não … já ta na hora de arrumar um. Subi para o meu quarto e minha mãe foi para o dela assim que John saio, quando adentrei no cômodo fiquei curiosa em saber se aquele homem ainda estava lá, me aproximei da janela para manter um contato visual melhor e não havia nada nem ninguém , tudo escuro iluminado apenas pela luz do luar… me joguei na cama e o sono tomou conta de mim.


(…)


Sexta feira... O dia em que a maioria das garotas e garotos de minha idade sai para aproveitar o fim de semana e voltar bêbado no domingo... Queria ter uma pouco da vontade de beber aquele negocio amargoso que eles bebem, pois é, nunca bebi. E nem pretendo. A Júlia, Yoko e o Lourenço me chamaram para ir a uma festa que vai ter hoje a noite, mas acho que não vou... Melhor ficar aqui, em casa com um belo livro, umas guloseimas de lado e música, claro. E um pijama bem quentinho... Deitada entre as cobertas... Nossa isso é muito bom, é, vou fazer isso. E não tem quem me faça mudar de ideia. Desço para tomar café da manhã com minha mamis...


- bom dia mãe.. - falo meio sonolenta ainda, fui dormir tarde ontem, por conta do pequeno imprevisto que aconteceu...

- bom dia filha, dormiu bem? - sentou na cadeira da mesa de madeira, a minha frente.

- não muito... Mas como não vou sair e nem fazer nada hoje.. Descidi que vou dormir, ler, comer, e ouvir músicas. - comentei me servindo de uma torrada com geleia de morando

- ah filha... O John me convidou para ir em uma festa que acontece todo ano por aqui, pensei que você gostaria de ir comigo. - falou fazendo uma cara de tristeza só pra me comover e eu mudar de ideia (ela só esta perdendo o tempo dela) , isso é típico de dona Ivy.

- pensou errado mãezona, a noite é sua. Pode ir, eu vou ficar bem... - não tenho tanta certeza disso... - hum... Vai ter um encontro é ?

- não Clara, não é um encontro. Todos vão estar lá, então não é um encontro.

- ta bom, se a senhora Homes esta falando quem sou eu para interferir? - falei descontraída, brincando.


E nossa primeira refeição seguiu assim... Feliz e engraçada... Terminei meu café da manhã, ajudei minha mãe nas tarefas de casa e fui dormir.



13:09 PM


Quando acordo, lavo meu rosto e vou comer algo. Hoje tenho certeza que vou madruga, e isso é bom.. Vou ficar lendo. Quando estava saindo da cozinha passei na biblioteca e peguei o livro de um dos meus autores favoritos;

Nickolas Sparks, " uma longa jornada "." A vida - entendeu - era bem parecida com uma música. No começo há mistério, e no final, confirmação, mas é no meio que reside a emoção e faz com que a coisa toda valha a pena. (...) Finalmente, havia entendido que a presença de Deus está em todo lugar, em todos os momentos e é sentida, em um momento ou outro, por todas as pessoas. (...) Deus - entendeu subitamente - era o amor em sua mais pura forma."

Nossa, esse homem sabe o que é amor... Suas frases é muito profundas, e eu gosto disso. Ele é muito perfeccionista naquilo que faz. Essa é uma das qualidades que admiro nele, não só nele como em todos os outros que tem essa vantagem. Ele é um verdadeiro pensador... Experiente no amor... Tudo de bom.
Já era de noite eu estava em casa sozinha, minha mãe saiu acompanhada do John, ela estava segura. Não tinha com o que me preocupar... Fiquei terminando de ler meu livro.
Por uns minutos sai de meus pensamentos no mesmo e direcionei meu olhar até a janela.. Levantei da cama e cheguei perto dela.
Se caso eu ver ele de novo, não vou ficar com medo ou algo do tipo, tenho que enfrentar isso e saber o que ele é, mesmo sendo perigoso tenho que ver ele. Sou muito curiosa, e uma crise de curiosidade agora não é uma coisa muito boa não... Enquanto estava em meus pensamentos, observei novamente a janela, que por sua vez estava aberta. Ele estava parado lá.





Eu posso vê-lo. Com seu chapéu fedora, e seu sobretudo que ia até quase nos pés voado atrás do mesmo com o vento forte que dava, será que ele esta olhando pra mim? Será que ele sabe quem eu sou? Será que ele quer me matar? Nossa, tantas perguntas... Preciso de respostas urgentemente. E não vai ser aqui parada observando ele de longe que vou conseguir. Estava com um pijama de calça, casaco, e meias. Vesti uma sandália e saí descendo as escadas, como minha mãe não estava em casa sai correndo fazendo barulho, e mesmo se não quisesse fazer, do jeito que sou desastrada acordaria todo mundo - caso alguém estivesse em casa, claro. -, abri a porta e sai correndo em direção aquela mata, olhei o lugar em que vi a tal silhueta, e ele ainda estava lá. Um arrepio percorreu toda minha espinha, e meu coração se encheu de medo e curiosidade, onde que eu tava com a cabeça pra sair do meu conforto e ficar atrás de uma coisa que eu nem sei o que pode fazer comigo, parei de correr.
Ele ainda estava lá, não tinha feito movimento algum. Aquela situação era amedrontadora... Comecei a da passos pequenos e devagar, mas logo parei quando vejo que ele estava andando também, e estava vindo em minha direção. Olhei pra trás com esperança de ver John ou minha Mãe para me salvar daquela emboscada que me meti, e quanto mais eu pensava parada ali, ele se aproximava. Me despertei de meus pensamentos, mas ele já estava correndo, rapidamente, virei nos calcanhares e corri, corri o máximo que podia. Ele estava chegando perto, só se escutava o barulho dos matos e arvores se mexendo e as botas dele que ficava cada vez mais próximo, meu deus!! Onde que eu fui me meter ??
E foi com esses pensamentos que senti uma mão grande e gelada segurando meu braço, fazendo com que eu parasse de correr, mesmo contra minha vontade. Com uma mão em meu braço, ele ergueu a outra... Ele vai me bater ??






Capítulo lV



Ele vai me bater? Esse foi o único pensamento que me veio em mente naquele momento de desespero, pelo menos de minha parte sim.
Ele ergueu a mão e fez um gesto com a mesma, parece que estava chamando algo... - acho que meu pensamento estava errado... Mas não devo tirar conclusões precipitadas, vai que ele tente fazer algo comigo? - ouço um relinchar de cavalo, e deduso que ele estava chamando o mesmo, será que ele quer me sequestrar?
O animal saio de entre as árvores e vinha correndo em nossa direção, o homem segurava com força em meu braço, tava machucando. Eu estava desesperada, com uma vontade imensa de chorar, não sabia o que ele iria fazer comigo... E se ele me matasse e depois viesse atrás de minha mãe? Não, isso não!! Pelo amor de Deus!


- o que você vai fazer comigo? - perguntei berrando, ele não respondeu nada, eu estava com medo de seu silêncio. Ele ficou me encarando, infelizmente ou felizmente... Não dava para ver seu rosto, estava escuro e mesmo com a luz da lua cheia, não dava pra ver, pois seu chapéu cobria toda iluminação que poderia atingir seu rosto. - não faz nada comigo... Por favor... - sussurrei e abaixei minhas vistas, uma lágrima caiu de meus olhos, no mesmo instante senti dedos longos enxugarem minha face.


Quando levantei meu olhar, senti sua mão saindo de meu rosto e ele montou seu cavalo deixando com que seu sobretudo cobrisse o mesmo. Em sua cintura havia uma foice que era refletida pela luz do luar... Aquilo fez com que minhas pernas ficassem bambas, e um arrepio percorresse todo meu corpo.
Não pensei duas vezes, virei meu corpo e sai correndo por entre as árvores, sem nem olhar para trás. Quando chego na porta de minha casa olho para lá, e não o vejo mais ali, deve ter ido embora, ou... É melhor eu entrar, abri a porta fechando a mesma rapidamente, subi para o meu quarto e tranquei todas as portas e janelas, bom, nem todas... Faltava a do meu quarto... Fui até a mesma e olhei para onde estava a minutos atrás, a mata. E ele estava lá, em seu cavalo. Olhei uma última vez e fechei o vidro da janela cobrindo o mesmo com a cortina que estava alí. Me deitei em minha cama e tentei dormir, mas o sono não veio me satisfazer...
Oh meu Deus, será que o senhor poderia me fazer dormir só um pouquinho...? Prometo nunca mais deixar que minha curiosidade me leve até um homem de capa e chapéu, com uma foice na cintura, montado em um cavalo, com um perfume abaunilhado que me faz delirar... " pare de pensar isso, sua sem miolos! " - repreendi a mim mesma por conta de tais pensamentos. - enfim. Sono, sono meu... Venha até mim que eu prometo que meu coração é seu. - nossa, que bosta! Sei que não sou boa em poemas ou rimas, mas essa... Essa passou dos limites! AFF, preciso dormir... - estava perdida em meus pensamentos.
Depois de muito pensar - merdas, nesse caso. - o sono veio até mim...


(...)


Acordo com a claridade do sol que vinha da janela... Ué, da janela? Eu não tinha fechado...? Deve ter cido minha mãe que abriu, quando eu ainda estava dormindo. Me cento na cama, e corro meus olhos pelo cômodo a procura de minha sandálias, assim que as vejo vou até ela e as visto... Faço minha higiene matinal e vou tomar meu café da manhã.


- mãe? - chamo a mesma e nem sinal dela na cozinha... Mas ela sempre esta aqui. - mãezona? - subo até seu quarto e abro um pouco a porta. Mas me arrependi no mesmo instante... Fechei-a rapidamente sem nem ela perceber.


Por que eu tinha que ver isso? Alguém me empresta um pouquinho de ácido...? Preciso lavar minha mente, vistas, lembranças...
Minha querida Mamãezinha estava deitada com o John por cima dela... Fazendo aqueles movimentos lá, sabe... Estavam enrolados, ainda bem! Eles estão indo rápido demais, não? Mas ainda não deixa de ser escroto e constrangedor.
Descido então, que quem irá fazer minha refeição é eu mesma, mesmo eu sendo um desastre na cozinha.. Pelo menos sei fazer miojo... Peguei uma panela e botei água, liguei o fogo e coloquei o macarrão. Pronto, agora é só esperar... Escutei uns barulhos vindo da escada e fui até um corredor que dava na direção da sala, me escondi atrás de uma parede que havia alí. E observei o John saindo porta a fora, mas antes disso ele deu um selinho em minha mãe. Assim que ele saio corri para a cozinha, tinha esquecido do miojo... Sorte que estava no ponto certo que eu gostava.


-bom dia filha - fala minha mãe assim que entra na cozinha mais sorridente que o normal.

- bom dia dona Ivy... - olhei pra ela com um sorriso cínico nos lábios - dormiu bem? - perguntei cinicamente e ela percebeu.





- como nunca... Sabe filha você já se apaixonou logo de cara quando viu uma pessoa? - me veio o tal " estranho em Moscou " em mente, não sei porque. - já?

- não que eu saiba, porque? A senhora está? - perguntei me fazendo de desentendida

- acho que sim... Sabe, eu dormi com o John hoje, não sei se foi a coisa certa a se fazer filha... Só deixei rolar... - falou agora de cabeça baixa

- mãezona, se o seu coração mandou a senhora fazer tal coisa, é porque a senhora esta se apaixonando por ele... - falei a abraçando - apenas siga seu coração, deixe que ele lhe guie. - ela me deu um abraço forte - eu sei que é um pouco difícil para a senhora por conta do papai, mas eu sei.. Sei que de onde ele está, está abençoando tudo isso que a senhora esta fazendo. Ele esta feliz por a você, pode ter certeza.

- eu não sei o que eu faria sem você... - deu um sorriso largo

- ainda bem que a senhora tem eu. - falei me gabando

- garota convencida... - passou o dedo na ponta do meu nariz de forma divertida.


Nos sentamos nas cadeiras e comemos nossa comida, e é claro que minha mãe ficou rindo da minha cara por conta de meu miojo, enquanto comia deixei meus pensamentos irem longe... Até chegar na noite anterior, decidi que não iria contar nada pra ninguém, nem mesmo para minha mãe. Sei que isso é errado mas é melhor deixar pra lá, afinal eu não vou ver mais ele, não é mesmo?


(...)


E aqui estava eu sentada em frente a minha casa, no ultimo degrau da escada. Fazendo rabiscos na areia com uma pedra qualquer que encontrei por ali... Ficava pensando em como seria o rosto daquele homem... Será que era bonito? Era desfigurado, assim como Lourenço falou? Queria poder ver sua face... Por que ele não fez nada comigo ontem? A Yoko havia falado que ele era um estripador... Porque ele enxugou minha lágrima? Com aqueles seus dedos... Ah, seus dedos.... Dedos grandes, imagina o que eles podem fazer? Nossa. Acho que 19 anos virgem esta começando a ficar meio difícil de aguentar...
Estava escrevendo meu nome no chão quando vejo duas patas de cavalos... Espera! De cavalos? Corri meus olhos para cima lentamente e me assustei com a imagem de um belo e grande cavalo preto, era um friesian...





Ele era lindo mas... Eu conheceria esse cavalo até de longe! É o cavalo dele, então isso significa que ele esta aqui por perto. Eu preciso ver o rosto dele... E já sei o que tenho que fazer com esse belo friesian... Dei um sorriso com as idéias que vinha em mente.




Capítulo V


Dei um sorriso com a ideia que vinha em mente.
Será que é a coisa certa a si fazer...? - sabe aquela vozinha que fica em nossa mente agindo na hora em que a gente menos precisa? Pois bem, ela estava em ação. - deixei meus pensamentos de lado e me levantei ficando bem na frente do cavalo. Ele era lindo, sua crina chegava quase até suas patas, sua calda era do mesmo tamanho. Cheguei um pouco mais perto dele, para ver se ele era manço... Ele relinchou e eu me afastei. Tentei chegar perto de novo e ele dessa vez não exitou em deixar que eu fizesse carinho em sua crina, fiquei encantada, toda boba... Aproveitei o momento e montei-o, estava sem sela, não sei como vou o guiar...
De repente, o cavalo começa a correr em direção aquela mata, tentei para-lo puxando suas orelhas mais nem isso fez com que ele parasse. Eu estava assustada, não queria ver aquele homem de novo... Ou queria... A única coisa que fiz foi fechar os olhos e me abraçar no pescoço do animal deixando que o mesmo me levasse para onde ele quisesse.


(...)


Quando senti que ele estava diminuindo a velocidade, abri meus olhos e me deparei com uma casa branca, enorme. Parecia até assombrada, sei lá... Só sei que me causa arrepios e eu não gosto disso, desço de cima do cavalo e olho em minha volta e vejo que estava em uma floresta rodeada de galhos... Querido cavalinho, onde você me trouxe? E pra melhorar, começou a chover. Olhei para o friesian e ele saio cavalgando lindamente como um lorde, e eu? Fui atrás dele tentando parar só que isso é meio idiota, eu sei.
Perdi o cavalo de vistas, e me praguejei por isso. Estava nublado e chuviscando... Isso fazia com que a casa desse mais medo ainda. A chuva, que antes estava fraca, agora tava forte ao ponto de deixar ensopada. A única alternativa que tinha naquele momento, era entrar na casa mal assombrada ou ficar aqui me molhando junto dessa floresta macabra... Talvez aquilo que eu chamava de mata era um floresta.
Vou caminhando devagar até chegar na grande porta, tento abrir a mesma e por incrível que parece ela estava aberta, adentro com minhas pernas trêmulas e olhos fechados, não queria ver qualquer coisa que estivesse lá dentro. Imaginava tudo de ruim naquele momento, quando finalmente abro meus olhos a casa estava impecavelmente limpa, não havia nem um resquício de sujeira ali. Dou mais alguns passos até chegar no centro daquela enorme sala, repleta de móveis antigos e quadros grandes. Mas um porta retrato de vidro com uma foto de um casal de idosos e um garotinho, chamou minha atenção, fui até o centro que a foto estava depositada em cima e a peguei para ter uma visão melhor...


- você sempre costuma entrar na residência dos outros sem permissão e ainda ficar mexendo nas coisas? - uma voz um tanto grossa e delicada soou pela casa... A mesma que antes estava na penumbra, agora estava sendo iluminada pelos lustres que havia alí. Olhei em volta e não vejo ninguém, mas quando mirei minhas vistas para as escadas lá estava ele, com sua costumeira roupa... O homem que eu disse nunca mais querer ver. - o gato comeu sua língua, gracinha? - eu estava paralisada, não sabia o que fazer. Seria bom responder né sua anta?

-vo... Você é... - fui interrompida por ele

- ah, o "estranho em Moscou" ? - fez aspas com as mãos

- é assim que eles me chamam, então... - deixou as palavras no ar

- des... Desculpa ter entrado em... Em sua casa, eu juro que nunca mais volto... - falei já me virando e indo até a porta, mas...

- espera! - ele gritou, quando ele fez tal coisa deu um trovão muito forte, e eu morro de medo de trovão.. Eu MORRO de medo de tudo! - cuidado com o medo gracinha, ele adora roubar sonhos... - engoli em seco

- sim senhor. -tentei ser educada e simpática mas estava receosa, se caso ele estiver pensando em fazer algo comigo quero que ele mude de idea.

- o que você veio ver em minha casa? - ele desceu um degrau e eu dei um passo para trás. - ninguém nunca vem aqui... - falou e percorreu seu olhar por todo o cômodo.

- é que estava chovendo e eu pensava que essa casa era abando... Pensava que ninguém morava aqui - tenho que tomar mais cuidado com o que falo, não posso falar tudo que vem em minha cabeça.

- pensou errado, como pode ver eu moro aqui. - desceu mais um degrau e eu recuei mais um pouco -e já parou de chover, então pode sair da minha casa. - desceu mais um e eu fiz a mesma coisa que antes só que dessa vez me virei na direção da porta. -mas antes.

- olhei para trás - como você veio parar aqui?


Droga! Se eu falar do cavalo ele vai me achar louca, e ira ficar furioso por eu ter montado seu friesian sem sua autorização. O que eu faço agora? O que eu falo? Merda! Merda! Merda!


- me perdi quando estava indo para casa e vim parar aqui - confessei sabendo que ele não iria acreditar no que falei.

- impossível, ninguém nunca vem por essas bandas. - me olhou desconfiado

- acredite se quiser, se não quiser foda-se! -virei meu rosto e proferi tais palavras em um sussurro um tanto audível, me praguejei por isso.

- o que disse? - dessa vez ele desceu todos os degraus rapidamente nem me dando o tempo certo de recuar. Ficando a minha frente. - se me provocar mais um pouquinho, quem vai ser fodida aqui é você. - maldito chapéu que não me deixa ver sua face... O que que eu fui falar, onde estava meu cérebro naquele momento? Eu preciso sair daqui, urgentemente!

- sabe, tá ficando tarde... Eu vou para casa! - falei saindo de sua frente

- você sabe o caminho de volta? - afirmei com a cabeça, merda! Eu não sabia. -tem certeza? - fiz o mesmo gesto de antes - então tchau, e por favor não mostre o caminho de minha casa para ninguém, nem mesmo fale que você esteve aqui ou você ira sofrer as consequências - se eu falar, ele vai me estripar!


Saí daquela casa o mais rápido possível, já não chovia mais e eu não sei pra onde eu vou. Não sei o caminho e essa floresta me dar medo... Eu poderia ter pedido para ele me trazer, mas ele não iria eu sei... Caminhei para dentro daquela floresta e segui adiante receosa de que algo possa acontecer. Escutei um arbusto se mexendo e olhei o mesmo, mas nada saio de lá eu devo estar paranóica... Escutei de novo, dessa vez comecei a correr mas paro assim que vejo que não sei onde estou. Quando olho para trás vejo o estranho, agora ele só estava com uma capa enorme e um capuz sem seu chapéu, ainda não podia ver seu rosto.


-esta perdida? - ele perguntou sem mover um músculo

- nã... não. - eu não quero ficar com ele nem mais um segundo

-olha, eu não vou fazer nada com você, me deixe apenas lhe levar até sua casa... - pediu se aproximando, ele era tão grande que eu parecia uma anã perto dele.

- não precisa... -escutei um barulho estranho vindo de detrás de unas árvores e me assustei - é... Pensando bem, você pode me levar sim.


Vi o mesmo fazer aquele mesmo gesto que ele fez outro dia com a mão, logo aquele belo e treissoero cavalo saio de entre os galhos, o animal já estava com a sela e tudo, ele montou o mesmo e estendeu a mão me chamando para fazer o que ele fez, subir no cavalo. Recuei um pouco mas logo cedi e peguei em sua mão grande e gelada.


- se eu for rápido você tem medo? - mas é claro que não!

- não.

-então segura!


Estávamos indo muito rápido, acho que aquele cavalo tem um motô ou algo do tipo... Chegamos naquela área que eu pensava ser uma mata, e ele me desceu do cavalo subindo no mesmo em seguida.


- adeus, gracinha! - virou o cavalo.

- não me chame disso. - falei, ele começou a cavalgar lentamente com seu cavalo

- certo gracinha...! - nem deu tempo de dar outra resposta pois o cavalo começou a correr igual antes, quando perdi eles de vista foi que comecei a correr em direção a minha casa. Minha mãe deve estar preocupada.




Capítulo Vl



Paro de correr assim que chego na porta de minha casa, preciso recuperar o fôlego e pensar em uma desculpa convincente para falar a minha mãe. Como falei antes, deve está preocupa. Ela sempre fica preocupada. Mas tem vezes que ela aceita tal coisa na boa.
Abro a porta devagarinho para não chamar a atenção da mesma, quando adentrei todo meu corpo em casa me deparo com minha mãe sentada no sofá com uma grande vasilha de pipoca e na tv, passava um filme romântico...





Ela era tão linda, por mim passaria o resto de meus dias observando sua beleza. Pena que meu momento de admiração foi interrompido pela mesma que percebeu minha presença e se levantou de onde estava para vir até mim, ela veio praticamente correndo.


- filha, onde você estava? Porque não veio almoçar comigo? Porque está toda suada e com os olhos arregalados? - nem percebi que estava do jeito que ela me descreveu... É da minha natureza humana, sou idiota.

- ãh... É... - droga! - estava exercitando... É, estava exercitando. Tentando manter a forma sabe?! Ando comendo muito ultimamente... - falei entortando a boca

- mas pra quê, Clara? Você come por dois e é magrinha magrinha. - falou rindo de meu peso.

- avá! A senhora nem se fala também né?! - disse debochando de seu peso também, ela não era muito diferente. Tinha meu peso, minha altura, minhas medidas... Começamos a rir de nossa conversa.

- filha... - me olhou com um olhar de desconfiança - você estava fazendo o que acabou de mim falar mesmo ou estava com um namoradinho? - estreitou os olhos de forma engraçada, fazendo-me rir novamente.

"Ah dona Ivy, a senhora nem em sonho sabe com quem eu estava... Antes fosse com um namoradinho. " meu subconsciente gritou e cossei a cabeça constrangida.






- não mãe, que isso! - disse - preocupa não, dia de são nunca quando eu encontrar um namorado a primeira a saber vai ser você. - falei a ela e a mesma me olhou com aquele mesmo olhar de desconfiança

- aham, sei...

- a única que tem namorado aqui é a senhorita, dona Ivy! - disse e a mesma soltou uma gargalhada boa de se ouvir.

- sei de nada... - levantou do sofá indo até o corredor e percorrendo o mesmo para poder chegar na cozinha.

- me engana que eu gosto! - falei ficando apoiada e de joelhos em cima do sofá, a mesma adentrou a a cozinha em meio a gargalhadas, era muito satisfatório ouvir aquilo.


Fiquei assistindo filmes a tarde toda, ou melhor, fingindo assistir. Pois meus pensamentos estavam naquele sinistro homem, o estranho... Porque que ele me trouxe até me casa? Pensei que ele iria me matar. Sem falar naquele cavalo que corre mais que qualquer coisa que não sei falar o nome agora, como será o rosto do estranho? E com esses pensamentos dormi com a cabeça no colo de minha mãe.


(...)


Abri meus olhos vagarosamente e percebi que minha mãe não se fazia mais presente alí, minha cabeça estava apoiada em uma das várias almofadas que havia nos sofás e poltronas da sala de minha casa. O filme ainda rolava na tv, eu amava aquele filme... Era tão entusiasmante. "Como eu era antes de você " esse é o nome do ilustre filme que ganhou meu coração. Pena que já estava no fim... Estava prestes a levantar e ir tomar um belo banho, mas minha querida mãe entra no cômodo com um sorriso em seus lábios que seria capaz de chegar na orelha!


- filha, o John me convidou para jantar com ele e sua família. Ele disse que ira me apresentar para eles como namorada... - falou em um suspiro só e eu fiquei muito feliz com a noticia que acabei de escutar, isso é muito bom! Ela precisa renovar seu coração...

- que bom mãe, tomara que dê tudo certo! - disse abraçando a mesma. - estou na torcida por vocês!

- ainda bem que você pensa assim e aceitou ele. Pensava que você iria ficar com raiva dês de quando te falei de nosso primeiro imprevisto... - falou sorrindo.

- claro que não iria ficar mamãe, todo que mais quero é sua felicidade. - falei me levantando do sofá de onde estava e indo até ela que estava na poltrona e sentei em seu colo, abraçando a mesma.

- te amo filha... - me abraçou

-também te amo mãe!


Depois de tudo que conversamos fomos até o quarto dela para poder escolher uma roupa bem bonita e um tanto básica, seria um jantar em família. E do jeito que minha Mamãezinha gosta de usar roupas formais... Provavelmente iria com um vestido daqueles cafonas, mas como ela tem sua honey aqui, irá como uma verdadeira princesa de 40 anos.


(...)


Estava em minha cama agora olhando para o teto e pensando em porque ainda não arranjei um namorado, também, não faço muita questão mesmo... Namoro acaba, mas amizade é para o resto de nossas vidas. Então fico com a opção amizade, não machuca tanto quanto um namoro.
Meus pensamentos agora estão naquele homem, queria saber onde é sua casa... Poderia ir até lá explorar, saber mais sobre a vida dele... Nossa, eu só penso merda, da última vez que fui fazer uma coisa do tipo quase que me dei mal. Então é melhor ficar com essa minha bunda em um lugar quieta, esse meu medo também não me ajuda em nada e a curiosidade pior.

Toc Toc Toc...

Escuto alguém batendo na porta de meu quarto olho na direção da mesma e vejo a cabeça de minha mãe, do um sorriso e a mesma entende como um "pode entrar", e realmente era.


- filha, já estou indo.. - veio até mim e me deu um beijo na testa

- tchau mãe e boa sorte! - vi a mesma saindo de meu quarto e logo em seguida sair de casa também.


Estou com a minima coragem de ir tomar banho agora, depois tomo... Não que eu seja uma grudenta, credo! Isso não. Mas esta um pouco frio, chovendo... Estou com preguiça como sempre, pra variar... Estou sozinha em meu quarto, na casa... Ouvi tiros e falas que não soube identificar o que seria pois estava longe. E foi justamente nessa hora que minha curiosidade me atacou, levantei fazendo o menor barulho possível e fui até a janela afastando um pouco a cortina para ter uma melhor visão, claro. Percorri meu olhar por toda mata que havia atrás de minha casa e avistei o cavalo dele...
Me assustei com o barulho irritante da campainha de minha casa, deve ser minha mãe que ouviu os tiros e voltou, mas ela saio de carro.. Já deve estar chegando na casa do John. Ou se não, voltou porque esqueceu das chaves como sempre. Sai de meu quarto correndo toda desengonçada esbarrando em tudo que vinha pela minha frente. Desci as escadas o mais rápido que podia chegando até a porta abrindo a mesma e não me dando a chance de olhar quem estava a minha frente e desinbestei a falar.


- mãe, já falei que era para você colocar as chaves na bols... - parei e me assustei com a imagem que via em minha frente - aaaaaaah!



Capítulo VII


- aaaaaaah...!


Eu sabia que era ele, só tive medo da figura que via em minha frente. Qual o ser humano, em sã consciência que não vai ficar assustado com um homem, com uma paca maior que o normal, ela era tão grande que o capuz cobria todo seu rosto, estava chovendo e ele estava ensopado. Ele estava me assustando... Baixei minhas vistas para suas mãos e na direita havia uma foice, que brilhou com a luz do raio que deu. Ele quer me matar... Estava cagada de medo (como sempre), e meus pensamentos não ajudavam em nada. Talvez, ele esteja aqui porque mais cedo eu descobri onde era sua casa. Na verdade, eu não sei onde é a casa dele... O caminho todinho tanto indo quanto vindo, estava de olhos fechados. O estranho quer me matar por que entrei em sua casa... Só pode ser.
Rapidamente empurrei a porta na tentativa de fechar a mesma, mas um pé com mocassins preto me impediu de prosseguir. Ele empurrou a madeira com brutalidade fazendo-me cair de bunda no chão, logo em seguida trancou a porta muito rápido. Eu me afastei ainda sentada no chão, me encostando na parede e encolhendo lá mesmo. O homem fez um chiado com a boca dando a entender que era para eu ficar calada, e assim o fiz. Com medo mais fiz. De repente escuto outro homem do lado de fora de minha casa, claro. Provavelmente na floresta.


"Cadê você? Seu amaldiçoado, você não pode se esconder de mim. Onde você estiver eu vou atrás, nem que eu tenha que ir até o inferno." essas sinistras palavras foram proferidas pelo tal homem que estava lá fora, gritando igual louco.

- você poderia por favor, me deixar ficar aqui até esse louco ir embora? -perguntou estendendo a mão para me levantar do chão gelado. Mas eu não peguei na mesma, me encolhi mais ainda onde estava. -vamos, eu não vou te fazer mal. Se quisesse teria feito a dias atrás, quando você foi na floresta. - pensando bem... Ele estava certo, mas como eu iria conseguir pegar na mão de uma pessoa que eu nem tinha visto sua face e ainda por cima estava com uma foice em sua outra mão? Apoiei minhas duas mãos no chão, fazendo com que tivesse impulso para poder me levantar. Ele percebeu que eu não queria sua ajuda e abaixou a mão. - tudo bem, mas você vai me deixar ficar aqui? - me afastei dele mantendo um metro de distância.

- ãh... -olhei para sua mão que estava ocupada com aquela coisa e voltei a olhar para seu "rosto". Ele soltou a foice no cão e empurrou a mesma com o pé. - eu não sei, vo... Você me dá medo. -me afastei dele, e ele deu alguns passos a frente mas antes que ele desse mais alguns, estendi minha mão fazendo um sinal para que ele parasse com o que fazia.

- você não deveria ter medo de mim, eu nem fiz e nem vou fazer nada com você. - vai ver ele tá mentindo.

- será? - perguntei me afastando mais um pouco dele. - você é sinistro.

- eu sei, mas eu não vou fazer nada, pode ter certeza.

- falou agora mexendo suas mãos enquanto dialogava comigo.

- e como posso ter essa "certeza"? - fiz aspas com as mãos - eu nem te conheço, só sei una história sobre você. E é um tanto macabra. Não vi seu rosto, pois não tem como e não sei seu nome. - parei de andar ficando muito longe dele.

-apenas confie em mim.

- confiar em um homem todo coberto por uma capa preta? - falei fazendo cara de medo.

- é. - recuei mais alguns passos, chegando até a escada. - meu nome é Michael, Michael Jackson. Sobre as historias... Não acredite nelas, são iguais a tablóides, só falam mentiras. E quanto a minha face... Você vai continuar sem vê-la.

- tudo bem Michael. Vo... Você pode ficar, mas bem longe de mim. E por que aquele homem estava falando aquilo?

- ele insiste e diz jurar de pés juntos que fui eu quem roubei suas ovelhas... Por isso estava me perseguindo, e como não tinha onde eu me esconder, sem que ele me visse... Vi sua casa e tive a brilhante ideia de me esconder aqui. Mas mesmo assim, não roubei nada. - senti suas palavras o mais sinceras possíveis.

- Tudo bem, eu acredito em você. Mas por que eu não posso lhe ver, digo, porque não me deixa ver seu rosto? - perguntei curiosa.. Tenho que segurar essa curiosidade um pouco.


- não gosto de minha aparência, e você também não iria gostar de ver. Então é melhor assim. - durante todo esse tempo ele não tinha feito um movimento si quer, será que não da cãibra nele não?

- mas e se eu quisesse ver.. Você me mostraria? - perguntei já sabendo a resposta, ele levantou sua mão fazendo um movimento em seu dedo indicador, e era não. - não da cãibra em você não? Quando ficar velhinho vai sofrer hein?

- mas por que?

- você nem se mexe... Senta aí no sofá... Pode fazer o que você quiser... - parei e pensei nas palavras que meu cérebro acabou de processar -... No sofá. - sorri pra ele

- certo. - ele tirou os sapatos para não molhar a casa e sentou na poltrona... Ele é muito desaforado, eu falei SOFÁ!

- vou pro meu quarto, e se precisar de alguma coisa saiba que a porta esta trancada e que eu não irei responder. - falei em um suspiro só e corri para o meu quarto, nem dando a oportunidade dele responder.

Chego no mesmo cansada de tanto correr pelos corredores daquela enorme casa antiga. Abro a porta o mais rápido possível e adentro o cômodo fechando trancando-o com a chave. Vou até o banheiro e tomo um rápido banho, visto um baby-doll com um shortinho curto e a blusa também. Estava calor, e eu falei pra ele não vir me chamar pra nada, quando for na hora dele ir embora ponho um Robby e vou fechar a porta, simples. Me jogo na cama e fico lá, pensando...
Será que a família do John gostaram de minha mãe, ela é tão doce, meiga e adorável... Sem falar que é linda também. Será que... E se ela já viu o Michael algum dia, entre as árvores? Acho que não, a Júlia outro dia me falou que era difícil de alguém ver ele mesmo ela não acreditando naquela história. Quando minha mamis chegar pergunto pra ela. Quanto aquela história... Já não tenho tanta certeza se é verdade ou não, queria saber mais da vida dele... Queria que ele fosse meu amigo, mas eu tenho medo dele... Melhor não. Será que ele tem amigos? E namorada? Impossível. Família...? Tantas perguntas sem respostas... Porque ele..
.
Toc Toc Toc...

Eu falei que não era pra ele vir aqui, o que ele quer? Só respondendo pra saber né anta... Ou escutando.


- oi, eu sei que você falou que não era para eu vir até aqui, mas... - como ele sabe que aqui é meu quarto? Será que ele me seguiu?



Capítulo Vlll


- oi,  eu sei que você falou que não  era para eu vir até aqui, mas... - como ele sabe que aqui é  meu quarto?  Será  que ele me seguiu? -... Mas você  poderia me falar onde é  o banheiro?  Necessidades sabe... 


Ele bem que poderia sair procurando um banheiro lá  embaixo, havia um bem no corredor a frente da poltrona onde ele estava sentado. Mas a irresponsável foi eu,  deveria ter ensinado pra ele antes de sair de lá correndo.  E agora?  Como faço  para sair daqui?  "Abre a porta,  mongolóide! " pensei ofendendo a mim mesma.  Abri um pouco a porta e novamente me assustei com aquela figura parada ali em minha frente, sinto que devo me acostumar com isso...


- nossa. - me recuperei do pequeno susto - você  pode ir no banhe... - Droga! Droga! Droga! Só  agora vim me lembrar que no andar de cima só  tem banheiros dentro dos quartos e tem dois ocupados,  nesse caso o meu e o de minha mãe, mas o dela fica do outro lado da escada e os cômodos que não estão sendo ocupados,  estão  fechados. As chaves só quem sabe onde está é minha mamãe querida. Ou seja,  vou ter que mostrar pra ele o banheiro de lá  de baixo... Mas pra isso tenho que sair do meu quarto. E eu não  quero  isso...  Já  sei! Vou mandar ele ir no meu e eu vou ficar bem longe dele. Abri toda a porta e terminei de falar o que eu tinha parado. - no meu banheiro, só  espere um segundo. - ele já  estava se contorcendo,  que engraçado.

-certo. - fechei a porta e fui para detrás da cama

-pode entrar. - ele abriu a porta e procurou onde eu estava,  me achou a alguns metros de distância e me olhou dos joelhos a cabeça ( meus pés estavam sendo cobertos pela cama.). Merda, esqueci do robby, e ele esta me vendo com essa pequena roupa.

- é  aqui?  -perguntou apontando para a porta branca,  era o banheiro.

- sim,  pode entrar. - ele entrou e passou uns 3 minutos lá,  quando saio estava vindo em minha direção  só  que eu recuei. - já  pode sair do meu quarto,  obrigado. 

- certo,  obrigado por me deixar usar seu banheiro. - passou pela porta de meu quarto e eu rapidamente  assim que ele saiu tranquei  a mesma.  Me deitei na cama e liguei a tv. Dormi ali mesmo, de novo com a tv ligada...


(...) 


Me acordo mais preguiçosa que o normal essa manhã, estou parecendo uma lerda. Mas despertei assim que Michael veio em minha mente,  nem escovei dentes nem nada, apenas calcei minhas pantufas e corri até  chegar a sala,  mas não  encontro nada nem ninguém. 
Olhei na direção em que estavam seus sapatos e eles não  se faziam presentes ali.  Fui até  a cozinha e encontro minha mãe  preparando o almoço...  O almoço?  Acho que dormi de mais.


- bom dia filha! - fala minha mãe  me olhando dos pés a cabeça.

- mãe,  a senhora não  viu ninguém por aqui andando não?  Sabe,  de capa preta...  - minha mãe  começou a gargalhar alto - por que esta rindo?  E que horas a senhora chegou? 

- filha acho que você  sonhou de mais. - parou de rir - cheguei unas 08:00 horas,  por aí...  - deu um sorriso malicioso. 


Acho que ele já  deve ter ido embora...  Que pena... 


- hum...  Dormiu com ele de novo é?  - perguntei chegando mais perto dela

- sim,  mas não aconteceu nada.  A família dele estava presente.

- ah, tá.


Fui até  meu quarto e fiz minha higiene bucal,  desci e me juntei com minha mãe  para tomarmos café.


(...)


Quando termino minha primeira refeição,  vou até  a sala e me sento na poltrona que antes estava o estranho...  Digo, o Michael. Eu ainda estava de  pijama, mas sinto algo furando, me levanto para ver o que era...  E ês que encontro um colar masculino com as iniciais - PJ - de alguém. Acho que o Michael deixou cair, vou guardar e depois quando ver ele de novo,  devolvo.
Mas eu deveria nem pensar na hipótese de chegar perto dele de novo. Só  que eu tenho uma coisa chamada CURIOSIDADE,  e a minha é  nível extremo.
Queria saber de quem é  essas iniciais... Queria saber se é dele mesmo. Mas eu não  posso chegar perto dele...  AFF!  Mas, mas, mas... Sempre tem que ter alguma coisa me impedindo de chegar perto dele,  de ver seu rosto... Ah, deixa isso pra lá. Vou arranjar um jeito de perguntar pra ele se esse colar é dele mesmo,  e se for, arranjo outro jeito de entregar pra ele sem que eu veja o mesmo. E se essas iniciais for de algum parente dele...?  Talvez a mãe  dele sei lá.
Sou obrigada a deixar meus pensamentos de lado quando minha mãe aparece na sala,  escondo o que estava em minha mão rapidamente sem que ela perceba, claro. Ligou a tv em um canal que não  sabia bem qual era, mas falava de coisas sobrenaturais.
" - ...E também existe aquelas entidades que só algumas pessoas podem vê-la, geralmente elas pedem ajuda ao indivíduo falando que precisa de ajuda ou se escondendo de algo... E ficam fazendo isso repetidas vezes, até que chega uma hora em que elas se enjoam da pessoa e mata a mesma. "
Fiquei paralisada com o que acabei de ouvir, já minha mãe... Ficou falando que isso tudo era mentira,  que nada disso era verdade. E se ele for uma entidade que...  Ai não! Isso não  pode estar acontecendo comigo,  não  pode. Eu já  estava até  pensando em ser amiga dele... 
Dei uma desculpa para minha mãe, alegando estar com dor de cabeça e fui para meu quarto. Chegando lá, sentei-me na cadeira da mesinha de meu notebook e fui pesquisar mais sobre "entidades", lá  explicava que sal, ferro e água benta fazia com que elas se afastassem por um tempo... Ele parecia tão  real. 


(...) 


Estava sentada, olhando o sol se pôr quando vejo o Lourenço vindo em minha direção.


- olá Clara. - falou ele se apoiando na madeira que era feita a varanda.

- olá - respondo tentando ser simpática,  ficava olhando o tempo todo os ao redores. Vai que ele aparece aqui.

- você  esta bem? - pergunta olhando em volta também

- esta procurando algo? 

- ãh...  Nada,  só estou observando mesmo. - falei dando um sorriso para tentar soar convincente - ah,  estou bem sim,  e você?

- estou melhor agora,  mas só irá ficar melhor ainda se você aceitar sair comigo domingo que vem. - perguntou sorrindo de lado

- ãh...  Não  sei. - eu não  sabia mesmo,  o que ele queria comigo?  Até  que ele era bonitinho.






- vai por favor?  - implorou fazendo cara de triste - aceita?

- tá bem, eu vou. - aceitei já  vencida por ele. - mas pra onde vamos? - fiz a pergunta mais ele já  estava saindo do gramado que havia em frente a minha casa.

- acampar na floresta... - QUÊ ???  Não,  não.

-Lourenço, Lourenço volta aqui !! - me levantei da cadeira aos berros - eu não vou...  - falei em um sussurro caindo sobre a cadeira de novo


E agora?  Com essa coisa solta aí...  Mas eu vou ver se é  uma entidade ou não  hoje a noite, hoje eu vejo se é  de carne ou não!


(...)


O sol se foi,  dando lugar a lua... A linda lua... 
Assim que o Lourenço foi embora mais cedo, fui até  a igreja pegar água benta,  o padre ficou com uma cara de desconfiança... Mas nem liguei,  falei que era pra colocar em minha casa,  e ele caiu direitinho. Hoje minha mãe  não  iria sair,  isso dificultava mais as coisas,  se eu abrir a porta ela vai escutar.  Tenho que pensar em um jeito para sair sem fazer barulho.
Estava deitada em minha cama pensando em como sair de casa...  A luz estava apagada,  o quarto estava na penumbra, a janela estava aberta, mas a cortina branca cobria a mesma deixando só  uma leve claridade adentrar ao cômodo.





A pouca claridade foi tampada com uma famosa silhueta conhecida por mim, ele estava ali. Me levantei devagarinho e peguei a água benta que estava em cima de meu criado mudo,  abri a cortina e sem pensar duas vezes, joguei todo o líquido que havia dentro do recipiente em seu sobretudo preto.




 Capítulo IX

Joguei todo o líquido que havia dentro do recipiente em seu sobretudo preto. Aposto que se pudesse ver seu rosto não seria uma das melhores expressões de se ver não. Ele passou uma perna para poder ter acesso a meu quarto e depois a outra, e eu me afastei, claro. Não sei o que ele vai fazer agora comigo... Mas o lado bom disso tudo, é que, ele não é alguma entidade ou demônio.


- garota, porque me molhou? - não respondi, apenas me afastei mais indo até a porta do banheiro - aposto que essa água era "benta" - fez aspas com as mãos - achou o quê? Que eu era um demônio? - soltou um risinho baixo, primeira vez que vejo ele rindo... Confesso que no princípio, pensava que era uma risada mais, mais diabólica sabe...

- nã... Não, eu nunca pensaria isso do senhor.

- mas então, porque me molhou? - se afastou um pouco.

- porque... Porque... Porque queria ver se seu casaco é a prova d'água. - falei dando um sorriso falso
- aham, sei. - cruzou os braços - você é doidinha, doidinha...

- eu sei, mas o que você quer aqui em meu quarto? -perguntei

- vim pegar meu colar, e tenho certeza que esqueci ele aqui. - falou convicto.

- esse aqui? - tirei o mesmo de dentro do bolso de meu short

- sim. - Afirmou vindo até mim, mas antes que podesse chegar me tranquei dentro do banheiro - abre isso aqui, e me dá meu colar! - ordenou tentando me passar medo, mas por incrível que pareça não senti não.

- não antes de você me mostrar seu rosto. - falei encostada a porta.
- como você vai me ver se está aí dentro, trancada? - perguntou. É, até que ele tinha um pouco de razão, na verdade, ele tinha muita razão.

- mas se eu sair você vai pegar o colar de minhas mãos e não vai me mostrar nada. - já estava começando a ficar com medo de novo, ele esta irritado, se eu sair ele pode fazer alguma coisa comigo. Ou não.

- confie em mim. - não vou confiar nele!

- você já me falou isso antes.

- pois bem, você confiou e eu fiz do jeito que nós combinamos lembra?


Meu deus, estou conversando com um homem sinistro que não sei nada dele e ainda por cima está dentro do meu quarto, vê se pode?!


- mas agora é diferente. - falei encostando minha cabeça na porta

- não, não é. Se você sair daí você vai me ver, pode ter certeza. - aquelas palavras PARECERAM sinceras. Como eu sou muito sem noção, abri a porta e quando estava saindo sinto mãos grandes pegando meus dois braços e os prendendo atrás de meu corpo, ele segurava os mesmos com apenas uma mão. - onde está meu colar? - sussurrou em meu ouvido, aquilo me fez arrepiar.

- você é um mentiroso, não gosto quando me enganam. - falei e o mesmo apertou ainda mais suas mãos em meus pulsos.

- e eu não gosto de meninas enxeridas, nem tão pouco aquelas que não me devolvem o que é meu, gracinha. - ele apertava cada vez mais, e já estava começando a doer. Infelizmente, eu já estava com medo dele novamente.

- você esta me machucando.

- é só me dar o que é meu que eu te solto e você nunca mais me ver. - eu não queria parar de vê-lo.
- tudo bem, está no bolso de trás de meu short. - ele desceu sua mão livre, pela minha cintura até chegar no bolso, pegou o colar e apertou minha bunda.


Mas que filho da mãe, queria esta com minhas duas mãos livres para ele ver o que era uma bela de uma boa bofetada que ele iria levar, ainda fiz força para poder me soltar do mesmo mas foi em vão, ele era mais forte, óbvio.


- seu... Seu, idiota! - tentei me soltar novamente, mas falhei igual antes - me solta! Ou eu vou gritar.

- grita, mas grita com força - apertou ainda mais meus punhos

- me solta por favor - implorei e o mesmo me soltou.

- eu nunca vou fazer nada com você, pode ter certeza. - falou tais palavras e pulou da janela me deixando lá, assustada. Mas com uma certa raiva dele, qual é? Eu odeio ser enganada principalmente por pessoas que eu nem se quer conheço. Isso não vai ficar assim.


Fui até a janela ver se ele ainda se encontrava por ali mas ele já ia bem lá na frente montado em seu cavalo. Abri a porta do meu quarto observando o corredor para ver se via minha mãe em algum lugar, e nada. Vou até o outro lado da escada e paro em frente a porta do cômodo em que minha mãe dormia, lá ouvi vozes e risadas de minha mãe e do John, nem sabia que ele estava aqui. Sai dalí e desci as escadas, indo até a porta abrindo a mesma tentando não fazer barulho, assim que a abro escuto vozes vindo do corredor de cima e rapidamente saio fechando a porta. Do um suspiro, e começo a correr mas paro assim que vejo o cavalo do Michael ali.
Ué, ele não tinha ido embora com o cavalo? Nem queria saber se ele foi com o cavalo ou não, só sei que eu é que não vou ir a pé! Montei o cavalo esperando que o mesmo andasse, mas nem saiu do lugar. Bati na "bunda" dele e ele não fez nada só relinchou, desci do mesmo e decidi que iria de pé mesmo. Mas quando estava indo, o mesmo vinha atrás de mim.


- cavalinho, será que você poderia me levar até seu dono? - o animal entronchou a cara como se estivesse dizendo não. - tudo bem, então não me siga. - adiantei meu passo e o friesian ainda estava atrás de mim, me seguindo. "É igual o dono" pensei comigo mesma.


Eu já havia falado várias vezes o quanto essa floresta me dá medo, mas é que ela é realmente macabra.

Avistei um caminho muito escuro, não sabia onde dava então fui em sua direção, mas o cavalo que antes estava me seguindo agora estava a minha frente me impedindo de passar. Olhei para o mesmo emburrada e bati o pé, é melhor eu fazer o que ele quer... Afinal, não sei nem o que é que tem naquele lugar. Virei em outra entrada e aquele friesian, que eu ainda não sabia o nome estava atrás de mim, igual antes.
Estávamos seguindo nosso caminho quando escuto um barulho de algo vindo de longe... Parecia mais de alguém chorando... Mas quem seria? Fui adiante, mas parei assim que o barulho se fez mais audível. Olhei ao redor procurando de onde o choro vinha especificamente, avisto uma pedra e olho para o cavalo que estava a minha frente, ele nem hesitou em me deixar ir até lá, estranho... Dou alguns curtos passos até chegar na pedra, chegava a tremer as pernas de tanto medo. Mas encontro o Michael, e ele... Ele estava chorando? É isso mesmo produção? O Michael Jackson, aquele homem forte, que todos temiam vê-lo por perto estava chorando?
Chego um pouco mais perto ao ponto de ficar em sua frente, ele levanta sua cabeça lentamente acho que estava me olhando.. O chapéu não me deixava ver.


- o que você esta fazendo aqui? - perguntou ele com a voz chorosa

- eu vim... - iria despejar uma chuva de ofensas em cima do mesmo, mas na situação em que ele se encontrava não iria fazer isso. - é... Porque você esta chorando? - perguntei me agachando, eu já não sentia tanto medo dele.

- isso não te interessa, agora volte pelo mesmo caminho que você veio. -ordenou, mas quem ele pensa que é para me dar ordens? Calma Clara, calma.

- eu... Eu não quero. - suspirei - vamos, fale porque esta chorando, eu juro que não falo pra ninguém que te vi assim - falei e percebi que ele estava com aquele colar em suas mãos.

- porque você está confiando em mim? Eu poderia te bater ou até mesmo fazer coisa pior. - sua voz saio embargada.

- você já teve várias chances de fazer isso, mas não fez. E também falou que nunca iria fazer nada comigo, eu acho que confio em você. - ele chorou mais ainda e eu me sentei ao seu lado - agora se abra comigo.

- você é muito boa garota, queria ser assim igual você. - falou ele com a cabeça apoiada em seus joelhos

- assim como?

- livre, falar com as pessoas sem que elas saiam com medo, ter amigos, ter uma namorada... - ele falou que queria ser igual a mim, mas eu não tenho namorado.. - uma família, uma...

- espera! - enterronpi - eu não tenho namorado.

- e aquele moleque loiro que estava conversando com você em sua varanda? - aí, credo! Nem morta que eu namoraria o Lourenço.

- o Lourenço? Não, ele não é meu namorado e também nunca vai ser. - falei convicta - mas afinal, porque você estava chorando?

Capítulo X

- o Lourenço? Não, ele não é meu namorado e também nunca vai ser. - falei convicta - mas afinal, porque você estava chorando?

- porque eu me sinto só, eles acham que eu não tenho sentimentos... Porque eu estou com saudades...

- foi interrompido pelo seu próprio choro, que dessa vez veio mais forte que o normal. Eu não sabia o que fazer, quer dizer... Eu sabia, o problema era ele. Mas mesmo assim passei meus braços pelo seu corpo e o mesmo ficou sem reação, parecia até que não ganhava um abraço a vários anos.

- você não está sozinho, eu estou aqui com você. Mesmo com medo mais estou, não sei nada sobre você, mas sei que não ganha carinho a muito tempo. Por mim você ira ganhar sempre, e de mim. Confie em mim. - me surpreendi com as palavras que eu mesma falei, quem falou foi eu? Senti ele se ajeitar onde estava e retribuir o abraço, me envolvendo em seus braços longos e fortes. Passamos alguns minutos que pareciam mais uma eternidade abraçados ali, mas assim que me toquei que ainda não havia visto seu rosto, soltei o mesmo. Ainda surpreendida com as palavras que falei, mas de uma coisa tinha certeza, aquelas palavras vieram de meu coração.

- você nem me conhece, assim como você falou, não deveria falar tais coisas tão bonitas assim para um estranho. Principalmente para mim. - falou com a cabeça baixa

- você é igual todos os outros, só é um pouco diferente, mas não deixa de ser como eles. E se eu não te conheço, posso passar a te conhecer. Posso até ser sua amiga. - falei agora sorrindo.

- como, se você tem medo de mim? - me perguntou, e ele estava certo.

- é, mas é porque você não me deixa ver seu rosto, usa esses sobretudos enormes e esses chapéis que não me deixa manter um contato visual com você, mora em uma floresta de galhos com uma única casa sinistra que é sua e também fica me dando sustos.

- não gosto de minha aparência, gosto de minhas roupas, principalmente meus chapéis. E já me acostumei a morar aqui... E é muito hilário te ver com medo. - soltou um risinho baixo.

- avá! Você que é muito sinistro e fica me dando medo aí... - falei e parei para pensar um pouco - espera aí... Como você sabe que eu estava conversando com o Lourenço em minha varanda? Estava me espionando?

- eu? - falou indignado - não. Eu não te observo...

- tem certeza? - perguntei.

- bom, na verdade... Eu venho te observando desde o dia em que você chegou aqui. - falou dando de ombros.

- desde quando chegue... Não, pera... Quando eu tava... - ele me interrompeu

- sim, quando você estava tomando banho e escutou alguém caindo foi eu, desculpa. - falou ele agora com a cabeça baixa.

- mas... Mas como você pôde? - falei dando um leve tapa em seu ombro - você não me viu não é?

- sim, eu te vi nua. - falou ele rindo - desculpa falar, mas você é muito bonita.

- oh meu deus! - falei colocando as mãos em meu rosto - que vergonha!

- não deveria, você é linda. - falou e eu encostei meu tronco na pedra. Mas uivos se fez presente em toda floresta, e alguns arbustos se mexeu. Fiquei assustada, claro.

- melhor irmos embora. - ele levantou e caminhou até o cavalo montando-o, eu fiz o mesmo. Quando já estava em cima do animal foi que me toquei que a direção de minha casa era para o outro lado, e ele estava me levando para o oposto.

- pra onde você esta me levando? - os uivos se faziam mais audíveis agora. - e o que é que esta uivando?

- são lobos. E você esta indo para minha casa, pois não poderíamos ir para sua, os uivos vinham daquela direção. - disse ele enquanto eu segurava forte sua cintura por conta da velocidade que o cavalo ia. Logo pensei em minha mãe, e se ela estiver correndo perigo? - pode ficar despreocupada, eles não vão para aquelas bandas só ficam na floresta mesmo. - UFA!


Chegamos em frente a sua casa e ele me desceu de seu cavalo fazendo o mesmo em seguida. Levou o friesian até um curral com uma porta enorme que havia ao lado de sua casa, e veio ao meu encontro me puxando para dentro de sua casa assim que entrei, ele trancou a porta.


- eu preciso avisar para minha mãe, você tem um celular? - perguntei

- não. Não uso celulares, não tem pra quem ligar. - falou dando de ombros.

- como assim? Você não usa celular? Em que século você vive? - interroguei indignada

- no mesmo século que você, a única diferença é que eu prefiro a moda antiga para todas as formas. - falou subindo as escadas

- hey! Vai me deixar aqui sozinha nesse escuro? - ele subiu toda a escadaria e sumiu, de repente as luzes se acende revelando aquela casa limpíssima de móveis antigos que eu já tinha visto.

- que escuro? - ele agora estava com uma capa que cobria todo seu rosto e uma mão atrás de seu corpo.

- nem um. Porque você não ficou com aquele fedora? - perguntei e o mesmo veio até mim.

- porque eu não quero que você veja meu rosto. - AFF! Ô homenzinho chato!

- mas agora nós somos amigos sim? Isso quer dizer que eu posso ver seu rosto. - falei convencida

- somos amigos é? E se eu te pegar de noite? - falou ele andando lentamente em minha direção.

- Michael, pare! Isso não tem graça. - ele não parou e tirou a mão que estava atrás dele e nela havia uma foice, aquela mesma foice que me causava arrepios. - Michael, por favor, para! - estava com medo, fechei meus olhos. Será que ele fez tudo aquilo para me trazer pra cá e depois me matar? Estava já chorando quando sinto braços se entrelaçarem em meu corpo.

- eu não vou fazer nada com você, nunca. - me abraçou mais forte - você é minha amiga, a única pessoa que eu tenho. - ele estava triste, dava para perceber pelo seu jeito de falar.


Naquele momento me veio uma ideia a cabeça, que eu denominava brilhante. Em um impulso só puxei o capuz de sua capa, revelando sua face assim, para mim.



Capítulo XI


Em um impulso só puxei o capuz de sua capa, revelando sua face assim, para mim.
Ele era tão lindo, seus olhos eram grandes em um tom tão escuro... Seu queixo era quadrado, e aquele furinho em seu queixo o deixava ainda mais atraente. Parecia até que foi esculpido por mãos de anjos... um verdadeiro deus grego. E foi assim observando sua bela face que percebi que estava com o queixo travado e os punhos fechados. Ele chegava até a bufar de tanta raiva, a raiva era um dos sentimentos que refletia em seus olhos, ele me olhava com desprezo.


- porque você fez isso? - berrou me assustando - eu deveria ter te deixado no meio da floresta para os lobos te comerem viva, te deixei entrar em minha casa, me abri com você e é isso que você faz? Você não tinha o direito! - ele gritava tão alto que chegava a ficar vermelho, estou com mais medo dele agora do que quando ele tapava todo seu rosto.

- eu... Eu só pensei que... - o mesmo me interrompeu

- pensou errado, só deixarei você dormir aqui hoje por conta dos malditos lobos, mas assim que se acordar amanhã levarei você até sua casa e nunca mais irá me ver! - falou subindo as escadas.


Onde que eu estava com a cabeça para fazer aquilo? Mas eu não sabia que essa seria a reação dele, se soubesse com certeza não teria feito. As palavras dele me machucaram, como ele teve coragem de falar tudo aquilo? Hoje eu tirei o dia pra fazer merda. Não deveria ter saído de casa, não deveria ter puxado o capuz dele... Não deveria nem ter o conhecido. E assim com esses pensamentos adormeci, a noite estava fria e eu só estava de short e regata, sem nem um lançou e chorando.


(...)


Acordei com a luz do sol em meu rosto, estava preguiçosa na mesma proporção que ontem quando acordei. Estava tão quentinho que eu nem queria abrir os olhos, dirá mexer algum músculo. Espera... Quentinho? Me sentei na cama olhando para a mesma para ter certeza se estava sonhando ou não. Que eu me lembre estava deitada no sofá, chorando. Não em uma cama enorme com vários travesseiros e cobertores brancos, em um quarto enorme e com um pijama de homem. Pijama de homem? Espera, eu devo estar sonhando, só pode! "Acorda, acorda, acorda! " murmurava tentando acordar... Mas como eu sou idiota e não percebi alguém centrado em uma poltrona...

- você não esta sonhando Clara. - falou uma voz firme e ao mesmo tempo doce. Reconheceria aquela voz em qualquer lugar.

- ah não? Então porque estou de pijama e em uma cama? - perguntei ainda pensando que estava em um sonho

- porque te trouxe ontem para cá, esta muito frio lá em baixo. E eu que troquei você, como acabei de falar, estava muito frio para você ficar com aquela roupa. - falou despreocupado, ele estava com aquele capuz de novo. Porque ele esconde algo tão bonito?

- não precisava, eu estava bem lá. - falei orgulhosa

- claro que você não estava, e além do mais, parece até uma pena de tão magrinha e pequena. Não foi esforço algum. - falou cruzando as pernas

- melhor parecer uma pena do que ser gorda, e eu não mandei você trocar minha roupa. - falei fazendo bico

- porque você não deixa de ser orgulhosa e agradece um pouco? - perguntou - pode ficar despreocupada, não vi nada.

- ah, claro que não! - falei sarcástica - acho até que você já sabe minhas medidas. - Cruzei os braços
- não seja sarcástica garota.

- preciso ir pra casa. - falei ficando de pé, mas me arrependi quando vi que a roupa que estava usando era bem mais maior que meu corpo. - preciso de minhas roupas.

- suas roupas estão bem ali - apontou para um sofá que se fazia presente no cômodo. Fui até o mesmo e peguei minha roupa, estava prestes a tirar a roupa mas quando olho para a poltrona, ele ainda estava lá, do mesmo jeito.

- você não vai sair? - me virei em sua direção - já falei que preciso pôr minhas vestes.

- bom, a casa é minha... - deu de ombros - e eu não mandei você fazer o que fez ontem, então pode tirar, eu já vi tudo mesmo.

- a casa pode até ser sua, mas o corpo é meu e eu o mostro a quem eu bem quiser e entender. E já que você não quer sair, não tiro seu pijama. - falei e voltei a ocupar a cama espaçosa que antes estava dormindo tranquilamente.

- como você pode ter tanta certeza de que essas vestes são minhas? Pode ser de alguém que eu tenha matado... Ou até mesmo daquele homem que estava atrás de mim outro dia... - falou tentando me passar medo, e conseguiu mas não igual a antes.

- você pode até me dar medo, mas não é igual antes. E eu sei que você não mataria ninguém. - falei não tanto convicta quanto esperava.

- se eu fosse você não tiraria conclusões precipitadas... - falou se levantando e se pondo em minha frente.

- mas você não é eu. Então, eu no seu lugar não falaria muita merda. - falei ficando de ponta de pé em sua frente - e eu vou levar seu pijama comigo.

- leve, mais saiba que eu irei buscar. - falou se afastando.

- Ué, e você não falou que eu nunca mais iria ver você? - perguntei

- é, mas mudei de ideia. - abriu a porta mas antes de fechar a mesma - tem uma escova de dentes dentro do banheiro, quando terminar desça para tomar café. - avisou e fechou a porta.
Fui até o banheiro e fiz minha higiene bucal, quando saio do mesmo, faço o que ele me falou e enquanto ia ao sei encontro observava toda aquela casa antiga. Havia quadros de mulheres e homens em posturas de lordes e reis, estava quase descendo as escadas quando um quadro no fim do corredor chama minha atenção, nele havia a foto daquele mesmo garotinho que vi outro dia na sala. Quem será esse menino? Bom... Só perguntando para saber.


Desci as escadas correndo, com minhas mãos segurava a calça folgada, não queria que a mesma caísse. Não sabia onde o Michael estava, avistei um corredor e o mesmo dava na enorme cozinha, mas antes de chegar na mesma passei direto por uma sala que desuso ser a sala de jantar. Voltei e encontrei ele na cadeira tomando café,


- porque você passou direto? E porque estava correndo? - perguntou pondo a xícara que antes estavam em suas mãos, agora na mesa.

- porque eu não sabia onde você estava e porque eu preciso te fazer uma pergunta - falei em um suspiro só, estava cansada.

- pois bem, você já me encontrou agora faça a pergunta.

- eu sei que eu já fui enxerida de mais... Mas, assim... Você poderia me falar quem é aquele garoti... - me interrompeu

- não. - respondeu seco - e não me faça mais perguntas do tipo.

- certo, mas porque você ainda esta com esse troço cobrindo seu rosto? Eu já vi ele. - eu ainda estava de pé.

- acontece, que eu não quero saber se você já viu. Apenas quero que você sente e coma - já ia abrindo minha boca pra falar quando fui interrompida - calada. - olhei pra ele com os olhos serrados e fiquei em pé onde estava, eu não queria comer mesmo. - vai ficar ai parada? - acenti com a cabeça - não vai comer?

- não costumo comer perto de estranhos. - falei e o vi soltando o pão que estava em suas mãos deixando o mesmo cair no prato.

- então vamos embora, não costumo deixar estranhos por muito tempo em minha casa - levantou-se abruptamente da cadeira, estava irritado.

- claro, ninguém nunca vem aqui. - falei rindo deixando-o mais irritado que antes

- garota, não queira me ver com raiva novamente. - falou baixo, quase que em um sussurro.

- hahaha, eu não tenho mais medo de você Michael. - falei ainda rindo

- ontem não foi isso que você deu a entender com suas atitudes.

- suas atitudes também não são das melhores. - o encarei - é um bipolar que só sabe reclamar de sua aparência e viver escondido, longe de todos. Assombrando todos.

- você não sabe o que diz, nem sempre falar tudo que vem na cabeça é uma boa ideia. Pense duas vezes antes de falar algo sobre mim, você não sabe o que eu sofri e sofro. - gritou

- ah, então desculpa senhor sensível. - falei debochando do mesmo, eu sei que o que ele falava era verdade e que também ele era muito sozinho, literalmente. Mas não vou demonstrar para ele algum sentimento que estou sentindo, não mesmo. - será que poderia me levar embora?

- poderia deixar você ir só. - perguntou indo até o corredor que dava na sala

- mas porque? - perguntei seguindo o mesmo.

- você é muito malcriada, e sem falar que me deixou de mal humor no café da manhã, ou seja, o dia todo.

- porque você não tira isso? - perguntei olhando para seu capuz.

- isso o quê? - se fez de desentendido

- esse capuz - apontei para o mesmo. - olha, prometo que nunca mais vou ser malcriada com você...

- promete?

- se...

- sabia. - revirou os olhos

- se você prometer que quando estiver comigo, não usar nada tapando o rosto. Sim?



Capítulo Xll


- sabia que tinha que ter algo em troca... - falou descendo a pequena escadaria que havia afrente de sua casa. 

- mas o que é que tem de mais? - perguntei ainda seguindo o mesmo - além de tudo,  eu já vi mesmo... Então, não faz mal continuar vendo. 

- não, já falei que não gosto de minha aparência. 

- mas porque? - parei de segui-lo - és tão belo... Se eu tivesse um quarto de tua beleza, seria perfeita. - falei e ele parou de andar, virou e "olhou" pra mim.

- você só esta falando para me convencer, mas eu não vou fazer o que você quer,  gracinha. - falou me encarando. 

- pare de me chamar assim.  

- não gracinha, gosto de te chamar assim... - sussurrou as últimas palavras. 

- mas eu não gosto que me chame assim. - parei de falar e pensei um pouco - bom... Já que o senhorio gosta tanto de me chamar de "gracinha" - fiz aspas com as mãos - eu gosto de manter contato visual com as pessoas enquanto converso, sendo assim, se quer me chamar disso, deixe que eu o veja sempre. 

- mas você vai me ver sempre. - afirmou.  

Espera,  eu vou ver ele sempre? É isso mesmo,  sempre?  Aí que felicidade, não sei porque estou assim, não deveria. Por fora eu estava séria mas por dentro...  Por dentro era bem mais que o contrário. Era inexplicável, estava esplêndida. 

- não seja hipócrita! - não poderia demonstrar o quanto estava eufórica. - estou falando de ver seu rosto. 

- ah, tudo bem gracinha...  Mas só você, e nem pense em falar de mim para outra pessoa. - uhuuu, eu consegui !!! 

- então tá - fui até ele e puxei seu capuz. - assim é melhor. 

Ele subiu em seu cavalo e depois me ajudou a subir no mesmo. Fomos cavalgando devagar, observando aquela floresta que agora estava começando  a nascer ALGUMAS folhas em seus galhos. 

- Michael, qual o nome desse cavalo?  Sei que ele é um friesian, mas não sei o nome. - perguntei me tocando que ainda não sabia o nome do animal. 

- é zorro. 

- zorro? Não é o nome daquele filme do homem mascarado? - perguntei 

- isso,  mas quem deu esse nome pra ele não foi eu, foi meu pai. 

- seu... Pai? - perguntei ficando curiosa - pensei que você morasse só, quando vier aqui de novo me apresenta ele? - perguntei amigável 

- eu moro só, meu pai morreu... - se eu soubesse não teria nem comentado. - eu sou só. - abracei o mesmo por trás pois estávamos no cavalo

- você não esta só, agora você tem a mim. - falei com seus grandes e lisos cabelos voando sobre meu rosto

- você não existe, é tão doce... 

- cuidado posso dar diabetes - falei e começamos a rir.


Seguimos o caminho conversando sobre amenidades, coisas sem importância. Ele era tão legal, extrovertido... A mulher que algum dia se casar com o Michael será feliz pelo resto de seus dias,  ele é tão amável. Quando chegamos no devido lugar onde não daria para ninguém nos ver,  desci do cavalo e ele fez o mesmo.  

- tchau Michael. - falei indo até ele. 

- tchau é...  Qual seu nome mesmo? - ih! Tinha esquecido de falar meu nome para ele...  

- Clara Homes. 

- então, tchau senhorita Homes. - abracei o mesmo e senti seus longos braços me apertarem,  quando fui dá um beijo em sua bochecha ele virou o rosto e o beijo foi bem em sua boca, se transformando em um selinho. Fiquei igual um tomate de tão vermelha. 

- desculpa Michael, eu não...  Desculpa. - tentei me desculpar mas o mesmo colou dois de seus longos dedos em meus finos lábios impedindo que eu proferisse quaisquer palavras. 

- não precisa pedir desculpas... - ele deu o sorriso mais lindo do mundo, senti algo entre minhas pernas e uma sensação boa percorrer todo meu corpo, como uma carga elétrica. O que é isso? Ele tirou seus dedos de meus lábios e assim que ele fez isso dei um sorriso retribuindo ao que ele acabará de me dar. - saiba que estarei de olho em você. - sussurrou em meu ouvido. 

- não é necessário. - falei já indo embora - tchau Mike! - eu já estava correndo quando me despedi novamente. 

- Mike?  - ele gritou mais não daria para eu responder estava muito longe. 

Quando chego na porta de minha casa, tento fazer o menor barulho possível, pois como falei antes, sou muito desastrada. Mas felizmente consegui o que eu queria: entrar sem fazer barulho, por incrível que pareça. Subi para meu quarto, iria tomar um banho. Ainda era 10:14, minha mãe deve esta dormindo, com o John claro. Bléh!!!!  

Por mim, vestiria esse pijama grande e quente de novo, mas minha mãe pode ver e me interrogar.  E isso não seria bom.  Tiro a roupa que agora pouco estava em meus pensamentos, dobro a mesma e coloco dentro do meu guarda-roupas.  Ainda estava com sono,  então deitei na cama e fui dormir um pouco. 


(...)  


" -aah, não para! - gemia manhosa sentindo aquela língua aveludada fazendo movimentos circulares em meu clitóris. Ele acelerou ainda mais suas lambidas, fazendo com que eu me contorcesse em sua boca, até que não aguentei mais e gozei enlouquecidamente em sua boca. Logo após tomar todo meu líquido fez uma trilha de beijos até meus seios, subindo até minha boca e devorando a mesma com gana e luxúria. 

- você é minha, só minha. - sussurrou em meu ouvido logo após mordendo o lóbulo de minha orelha. " 

Acordei no momento em que pensei estar escutando ele proferindo tais palavras, era só um sonho...  Estava igual uma tampa de chaleira de tão suada. Sem falar que estava tão molhada que dava para sentir a lubrificação pelo meu short de seda curto, onde estava com a cabeça para ter um sonho erótico com o Michael?  Eu nunca tive sonhos eróticos, essa é minha primeira vez. E infelizmente foi acontecer justo agora e com ele. 

Levantei e fui até o banheiro precisava tomar um banho. Já dentro do banheiro estava observando aquela garota toda descabelada, com as bochechas avermelhadas e com a boca seca. Sem falar que estava com uma ansiedade infernal, sem falar nesse calor que não passa. Mudei a temperatura da água para fria, precisava desse banho urgentemente. 

Saio do banheiro já um pouco mais aliviada. Vou até minha cama e encontro lá, uma camisola branca...  Transparente. Visto a mesma e me jogo na cama irei dormir até  noite,  se for possível. Mas não aconteceu bem o que eu queria...  

Virei pra lá, virei pra cá e nada não conseguia essa ansiedade não me deixava fazer nada e o por de tudo era que eu não parava de pensar no Michael, será que aconteceu alguma coisa com ele? Melhor não pensar nisso, irei deitar e dormir.  E assim o fiz.  


 (...)


Assim que desperto de meu sono, me levanto da cama e vou a procura de minhas sandália, agachei ficando de quatro para ver se elas estavam embaixo da cama. Mas não sabia que poderia haver alguém encostado na parede me observando. 

- sabia que faz anos que não tenho relações sexuais? - escutei a voz do Michael soa pelo quarto,  fiquei paralisada. - e você nessa posição não esta ajudando em nada. 

- não olha. - ordenei e me levantei rapidamente olhando para o mesmo, ele não usava nada tapando seu rosto. - o que você esta fazendo aqui? - perguntei olhando para a ereção enorme que se fazia presente entre suas pernas, aquilo fez com que eu voltasse a ficar daquele jeito. 

- vim te ver... E vi tudo. - falou e deu um sorrisinho sacana. 

- e por onde entrou? - perguntei revirando os olhos. 

- pela janela. - ele não parava de olhar meus peitos

- seria mais fácil pela porta da frente, porque não me chamou?  A quanto tempo esta aqui?  E para de olha para meus peitos. - desembestei a interrogar ele. - como você entra por essa janela?  É muito alta, você pode cair. 

- não quero que sua mãe me veja e ela deve esta com o John agora, não iria atrapalhar o momento deles... Não queria acordar você e fiquei aqui velando seu sono e olhando para sua bunda que estava descoberta. E não consigo parar de olhar para eles. - Cruzei meus braços na tentativa de esconder meus seios mas foi em vão, eles ficaram mais espremidos para cima.  Que bosta!!! 

- ah, eu subo em cima do zorro e entro aqui. 

- você é muito cara de pau... Me empresta isso aqui - fui até ele e peguei a capa que antes estava em seus braços e agora eu estava vestindo. E nossa, aquilo era enorme - pronto não vai mais me olhar. 

- tira isso garota. - falou rindo de mim - isso só te deixa mais sexy. - se aproximou de mim e eu requei - porque quando tento chegar perto de você, você sai? - ele deu mais alguns passos e eu fiz o mesmo a cama estava atrás de mim e eu cai deitada nela - viu?  Você sempre recua. - falou e se deitou por cima de mim.  

Ai, o que será que ele quer?  Aquilo??  Eu não sei fazer... Não sei como é, não sei o que se sente quando está com vontade. Ai meu deus,  me ajuda?!!


Capítulo Xlll

Pensava enquanto sentia ele passar sua língua pelo meu pescoço dando leves mordidas, aquilo me arrepiava, me deixava mais molhada do que já estava e sentir aquele membro roçando em minha intimidade, aaaah!  Dá vontade de dar um gemido bem alto.  Mas eu não posso esquecer que não tenho experiências com isso e sou virgem...  

- Michael... - tentei empurrar o mesmo mas não consegui - Michael... - adentrou um de suas enormes mãos por baixo de minha camisola, encostando na delicada renda da minha calcinha - Michael, para! - ele parou e saio de cima de mim, ficando com cara de frustrado e constrangido em minha frente. 

- Clara me desculpa, eu não queria...  Quer dizer, eu queria sim, quero!  Mas não a força. - ele era tão engraçado com as bochechas avermelhadas. 

- Michael... - fui interrompida 

- você não vai querer mais chegar perto de mim não é...? - perguntou com as mãos na cintura 

- Michael... - fui interrompida novamente 

- me desculpa Clara, eu sei que não sou o homem certo mais...  Você deve ficar com o Lourenço, ele é mais bonito e novo. - falou agora me fazendo rir - do que esta rindo?  

- eu sou...  Sou virgem - vi a face do mesmo mudar de preocupado a incrédulo. - e eu já falei que não gosto do Lourenço, você poderia até ser o homem certo,  mas...  É que eu não sou experiente com isso não sei nem qual a sensação ao se sentir prazer, vontade... Não sei. - disse e ele ainda me olhava incrédulo 

- mas,  mas uma moça tão bonita, delicada como você... Isso é lindo sabia? - perguntou e eu não sabia o que responder 

- o quê? 

- você ser virgem, desculpa perguntar,  mas porque você ainda é virgem? - acho que minha curiosidade extrema e contagiosa. 

- não achei o homem certo... - falei e olhei para minhas mãos, estava sentada na cama. - sabe, minha mãe sempre falou que eu deveria ter minha primeira relação com alguém que eu amasse...  Mas até agora não me sinto segura com nem um. 

- se você esperar um dia ele irá chegar..  E em um cavalo, com capa... - falou e olhou para cima como se não quisesse olhar pra mim por pura vergonha. 

- hum... Deixa eu ver, por acaso você estar se descrevendo senhor Jackson? - perguntei brincando e com uma alegria enorme em meu coração. 

- Ué,  todo príncipe tem uma capa e chega em um cavalo não é mesmo? - falou fazendo cara de espertão e convencido - mas não estou falando de mim 

- ah não?  - ele fez que "não" com a cabeça. - tem certeza? - fez o mesmo jeito que antes e eu ri 

Toc Toc Toc

 - Clara, posso entrar? - minha mãe falou quase abrindo a porta, mas gritei antes.

- espera mãe, já vou! - maldita hora que esqueci de fechar a porta. 

- e agora? - Michael perguntou entortando a boca

- vem - o puxei até meu guarda-roupas - fica aí e não sai para nada. - ele assentiu com a cabeça. Em seguida fui abrir a porta. 

- filha? - perguntou sorridente, como sempre. 

- eu. 

- o seu amigo... O...  Lou, Lourenço esta te esperando lá fora. - falou e sorriu cinicamente, nesse momento escutamos um barulho vindo de dentro de meu guarda roupas. - o que foi isso? - perguntou indo até o mesmo prestes a abrir,  mas felizmente é impedida por mim. 

- não é nada mãe, vai avisar ao Lourenço que já estou indo lá. - falei empurrando a mesma até a porta, e trancando-a assim que ela saio. Quando me viro dou de cara com o Michael. 

- você vai ver aquele moleque? - perguntou com o semblante fechado 

- sim, mas já volto. 

- se você for eu vou embora. - falou sério. 

- Michael, eu não vou deixar ele me esperando lá,  Isso não se faz. - falei com o cenho franzido - espera, você esta com ciúmes?  

- não! - respondeu de imediato dando a entender o contrário. 

- e se eu disser que vou sair com ele no domingo?  - assim que proferi tais palavras vi raiva percorrer toda extensão de seus olhos. 

- você não irá. - como é que é?  

- vou sim,  e nem você nem ninguém vai me impedir.  Você é só um amigo, não meu pai,  minha mãe  ou até mesmo meu namorado. - falei e ele me olhou espantado com meu tom de voz e a resposta que dei. 

- sou seu amigo sim,  mas não confio nesse tal de Lourenço. 

- não é você que tem que confiar. 

- tá, tá. Eu vou embora. - falou ameaçando sair pela janela - tchau 

- tchau, você ainda vai vir aqui? - perguntei e o mesmo não respondeu

- não. - gritou quando já estava no chão. 

Vesti um hobby e desci até a sala para ver o que o Lourenço queria comigo, tenho que falar com ele sobre esse passeio. Eu não vou... Ou melhor, eu vou,  mas só para provocar o Michael. Antes não queria ir pois estava com medo do "estranho em Moscou" mas descobri que o mesmo era tímido, bonito, amigável e gentil. Então, é de certeza absoluta que irei com o meu amigo. 

Encontro o Lourenço em pé ao lado do sofá branco de minha sala. Estava com um enorme sorriso. 

- oi - o cumprimentei com um abraço. 

- oi Clara, como vai? - fez a costumeira pergunta 

- bem, obrigada. - sentei-me no sofá convidando ele a fazer o mesmo - e você?  

- também. Bom, vim aqui saber se você ainda irar ir comigo 

- hum... - pensei mais de duas vezes antes de falar a resposta,  estava indecisa. Se eu falasse sim e o Michael não falar nunca mais comigo? Mas por outro lado... Se eu falar não o Lourenço irá ficar com raiva de mim. Mas também se eu aceitar poderei provar para o Michael que ele não manda em mim, ele não manda!  - sim, eu irei. - falei convicta - mas em que lugar específico nós iremos? 

- ah, nós vamos naquela floresta que tem por trás de sua casa, dizem que tem lobos... Sem falar no estranho, mas eu não tenho medo. - disse se achando o corajoso 

- irei te proteger. 

Ah mais não vai mesmo! Não vai mesmo, não preciso de ninguém para fazer isso. Posso até ser medrosa mas sei me defender... Bom, nem tanto...  Mas sei. E EU sou amiga do "estranho" então, nada pode me botar medo naquela floresta, exceto os lobos e todos aqueles bichos...  

- muito obrigada Lourenço, mas não preciso que ninguém me proteja. 

- tudo bem Clara, - disse ele soltando um risinho - domingo passarei aqui as 15:00 horas para nós irmos. - levantou do sofá - tchau. 

- tchau. - dei um beijo em sua bochecha e ele fez o mesmo. Não sei porque o Michael não confia nele, ele é tão educado, amigável... Acho que posso confiar nele de olhos fechados. 

Levei o Lourenço até a porta e fui até a cozinha ver se minha mãe estava lá. Adentro o cômodo e deparo com o John e mamãe juntos,  cada um em suas respectivas cadeiras bem próximos um do outro. Pigarreio para que percebam minha presença ali pois estavam ocupados se beijando... 

- filha? - perguntou minha mãe se afastando de seu parceiro. - o Lourenço já foi? - ela me olhava de um jeito estranho... 

- já sim. - sorri pra ela - não quero incomodar os pombinhos, vou só pegar uma fruta mesmo. - meu "padrasto" estava vermelhinho, vermelhinho. - ah,  oi John. 

- olá Clara! Com... - disse ele,  interrompi o mesmo não deixando ele terminar de falar 

- vou bem sim,  obrigada. Você também, eu sei. - pisquei para minha mãe - agora tchau. - passei correndo pelos dois e fui para meu quarto chegando lá me joguei na cama, fiquei olhando para o teto e comendo a maçã que havia pego na cozinha. 

Porque será que o Michael não confia no Lourenço? Quando ele vier aqui... Ah é mesmo, ele não vai vir aqui. Também, eu não queria que ele viesse mesmo. 
Na verdade, eu queria. 

Virei minha cabeça e rolei meus olhos por todo meu quarto, procurando algo para fazer. Desviei meu olhar para a poltrona e lá vi o pijama e a capa preta do Michael, por incrível que pareça ele esqueceu... Ou não? Vou esperar ele vir pegar, se não vir irei levar. 
Escuto alguém dar três leves batidas na porta e desuso ser minha querida dona Ivy.  

- entra! - estava deitada de bruços na cama ainda de camisola. 

- filha,  preciso falar com você. - disse minha mãe

- também preciso falar com você mãe. - ela estava encostada a porta e eu naquela mesma posição, a preguiça me dominava. 

- filha, quem era aquele homem que pulou a janela depois que eu sai do quarto?


Capítulo XlV 


 Como que ela soube?? Ah não, agora terei que falar pra ela que sou amiga do Michael, e acho que ela não irá gostar nem um pouquinho... 

- mãe, calma... - falei agora me levantando e ficando em sua frente 

- mas eu estou calma filha, só quero que você me fale quem é ele. - disse ela. 

- ah... Tá, esta bom. - se eu falar pra ela do Michael será que ele vai ficar com mais raiva? - mas a senhora tem que me prometer que não vai ficar com medo, preocupada nem nada, ele é uma pessoa boa. 

- Clara, é melhor você falar logo. - ela já começava a se preocupar. Merda!!! 

- sabe o "estranho em Moscou"? - falei e ela ficou pensativa 

- sim, sei. - seu semblante não era mais de preocupação e sim de curiosidade. 

- então, é ele. - disse e ela arregalou os olhos - mas ele não é como os outros falam. Ele é bom. 

- filha, você gosta dele?  Ele dormiu aqui?  Vocês já... Sabe né? - pensava que minha querida mamãe iria ficar preocupada e ia fazer todo aquele vexame, mas... 

- maaaãae! - repreendi a mesma - nos só somos amigos e eu sou virgem ainda 

- quero conhecer ele. - iih, a parte mais difícil chegou... 

- depois eu apresento a senhora pra ele. - bem depois mesmo!  

- você falou que queria falar comigo sobre alguma coisa..  E o que era? - perguntou passando seu dedo indicador na ponta do meu nariz.  

- mãe, - comecei a andar pelo quarto - a senhora já sentiu um calor enorme, principalmente na... Entre as pernas? E porque eu fiquei molhada? - perguntei toda ingênua 

- ãh...  Sim. Todas as vezes quando o John me instiga e me deixa com vontade de transar. -  arregalei os olhos pela forma que ela falou. - isso é normal, você só ficou excitada. 

- sério mãe? - eu fiquei excitada pelo Michael? 

- sim, mas por quem hein? - deu um sorrisinho de lado 

- ninguém mãe - ela vai ficar me enchendo agora. - o John esta esperando a senhora não é?  Pois bem vá lá e aproveite bem muito. 

- vou,  mas depois você vai me falar quem é! - disse e saio logo em seguida  

Eu preciso ver o Michael, mas ele esta com raiva de mim... Ah, irei lá de qualquer jeito. 

Visto uma roupa adequada, calço meus tênis, pego a capa, o pijama e desço rapidamente as escadas de minha casa chegando até aporta numa velocidade só. Observo para ver se minha mãe estava na janela e ela não estava, ainda bem!!  Corro até a floresta, estava um pouco frio desdobrei a capa do Michael e a vesti. Ela era quente e tinha o cheiro dele... Suspirei ao sentir o mesmo. 


(...) 


Aqui estava eu, no meio de uma floresta de galhos entre dois caminhos, olhei em direção aquele que o zorro não me deixou passar outro dia e olhei para o certo, o que eu sabia que daria na casa do Michael. Mas como minha curiosidade fala mais alto que tudo... 

Dei alguns passos até aquela sinistra entrada, mesmo de dia aquilo era assombroso. Parei os passos assim que escuto um barulho vindo do fundo daquela medonha estrada, tive medo,  mas... Se bem que o Mike ama me fazer medo. Vai que seja ele?!  Fui adiante e ouvi aquele mesmo barulho de novo só que dessa vez preferi não continuar com aquele trajeto e dei a volta, comecei a correr mais escutei passos de alguém correndo atrás de mim, olhei para trás sem parar de correr, e me deparei com um homem; a roupa do mesmo era toda branca, mas estava suja de sangue. 

Acelerei os passos e segui uma estrada que dava até a casa do Michael, olhei para trás e não vi ninguém. Ainda bem, falei em pensamento parando e colocando as mãos nos joelhos em uma tentativa de amenizar o cansaço,  mas infelizmente escutei aqueles malditos passos e comecei a correr de novo, ele agora corria mais rápido e isso estava fazendo com que ele se aproximasse mais e mais de mim.  

Será que é o Michael? Virei minhas vistas de novo e o homem agora estava com uma faca... Quando ele estava quase me alcançando sinto mãos segurarem minha cintura e me levantar, colocando-me em cima do cavalo, era o Michael. 

Zorro corria igual o relâmpago, nem bala pegava. O cavalo parou em frente aquela casa branca que ainda me transmitia medo, e fui pega nos braços para poder descer do grande friesian. Entramos na casa e ele me olhou sério. 

- onde você estava com a cabeça para vir até aqui? - perguntou repreendendo-me com o olhar. 

- eu só queria te entregar suas roupas, você esqueceu. - falei tirando a capa e entregando-a para ele. 

- eu ia pegar, não precisava vir até aqui. 

- Michael, quem era aquele homem e porque ele estava com uma faca e sujo de sangue? - perguntei com os olhos cheios de lágrimas. 

- ele não é ninguém, eu nunca irei deixar ele se aproximar de você. - falou ele com receio de alguma coisa,  parecia que estava com medo. 

- porque ele estava correndo atrás de mim?  - deixei as lágrimas caírem agora. 

- porque... Porque ele é louco, ele não vai fazer nada a você. - disse e me abraçou, aquele abraço apertado... Levantei meu rosto e cuidadosamente, colei meus lábios aos dele, transmitindo carinho, delicadeza, amor... Logo sinto sua língua pedindo passagem para adentrar minha boca, abri a mesma de bom  grado. O beijo se intensificava a cada segundo que se passava, o que antes era cheio de delicadeza agora estava repleto de luxúria, fome. Ele parecia um leão dominando sua leoa. 

E eu sedia com todas suas carícias e mãos bobas. 
Logo sinto suas mãos descerem até chegar em minha cintura,  apertava a mesma com força e aquilo fazia com que minha intimidade se contorcesse de expectativas, e vontade. Paramos o que antes fazíamos por falta de ar, mas ele ainda continuou com suas investidas em meu pescoço, mordendo e lambendo o mesmo. 

- seja minha Clara. - pediu sôfrego. - deixe-me cuidar e faze-la gritar de tanto prazer. - ao proferi tais palavras sinto minha calcinha ser molhada por aquele famoso líquido. Olhei para ele, sorri e beijei-o.  Dando a entender que a resposta seria sim, ele foi me deitando delicadamente no sofá, ficando por cima de mim. Devorava minha boca com maestria, enquanto descia uma de suas mãos até minha intimidade fazendo movimentos ainda por cima de meu short que foi desabotoado e atirado longe, o mesmo aconteceu com minha blusa agora estava só de lingerie. 

- melhor subirmos. - sussurrou em meu ouvido.

- sim. - ele fez questão de me levar em seus braços até o grande quarto. Era lindo, uma cama king se fazia presente bem no centro do quarto, criados mudos dos lados da mesma poltronas e um sofá marrom. Me colocou delicadamente em sua cama e se pôs delicadamente por cima de mim. Me beijava e acariciava enquanto eu não fazia nada...  Não sabia o que fazer. Ele pegou minha mão e colocou em cima de seu pênis rijo e grande, apertava minha mão por baixo da sua dando prazer a si mesmo. 

- aaah, assim... - tirou sua mão de onde estava deixando que eu fizesse aqueles movimentos sozinha. Sua boca estava aberta e com os olhos fechados, aquela era a imagem dos deuses...  Parou meus movimentos com sua mão e levantou-se ficando de pé em minha frente, tirou suas vestes e as jogou em um lugar qualquer do grande quarto. 

Veio até mim e em um impulso me levantou fazendo com que eu entrelaçasse minhas pernas em sua cintura, sentou-se na cama e desabotoou meu sutiã, imediatamente cruzei os braços tentando esconder os mesmos, são cheios de sardas - não os esconda, preciso vê-los. - disse e tirou meus braços de onde estava, tendo uma visão plena de meus seios fartos. 

Se aproximou e abocanhou o direito, fazendo movimentos circulares com sua língua aveludada em meu seio, não aguentando tanto prazer, soltei um grito fino e irritante mas para o Michael foi como uma música boa. Desviou sua boca para o outro e eu puxei seus cabelos delicadamente, parou o que fazia e me beijou. 

Novamente ele me deitou na cama, só que dessa vez desceu suas vistas até minha vagina. Minhas pernas estavam fechadas não dando a ele a visão completa da mesma, abriu minhas pernas e eu fechei-as novamente, estava com vergonha...  

- vamos, me deixe ver. - disse e novamente abriu minhas pernas passando sua mão na mesma - hum... Molhadinha. - pôs uma mão de cada lado da barra de minha calcinha e a rasgou. Arregalei os olhos com sua atitude, ele iria me dá outra! Deu um sorriso safado ao ver minha intimidade inchada e pulsante. Antes mesmo de poder repreende-lo senti sua língua e seus movimentos em meu clitóris me fazendo enlouquecer. 

- aaaah - gritava gemendo enquanto ele chupada, mordiscava e lambia com forca e agilidade. - mais rápido! - e assim ele fez, seus movimentos em meu clitóris aumentaram, fazendo com que uma carga elétrica percorresse todo meu corpo e jatos saíssem de minha vagina, assim que o Michael tomou todo meu líquido, não deixando uma gota se quer escapar. Subiu com uma trilha de beijos por minha barriga,  seios até chegar em minha boca,  me beijando fazendo eu sentir meu próprio gosto. 

Tirou sua box branca e se posicionou entre minhas pernas, me assustei com o tamanho de seu membro, era enorme... Como que aquilo tudo iria entrar em mim?  Já imaginava a dor que iria ser. 

Senti o mesmo colocar sua glande em minha entrada e só com aquele contato gememos de prazer. Fez força para que seu pênis pudesse entrar e soltei um grito pela insuportável dor que senti naquele momento. 

- calma, vai passar princesa - passou o dorso de sua mão em meu rosto e aquele simples gesto me deixou segura com suas palavras doces. Deu mais uma estocada fazendo meu hímen se quebrar. Uma lágrima de dor saio de meu olho e foi limpada com um beijo carinhoso do Michael.. 

- tá doendo... - choraminguei com a voz chorosa. 

- vai passar. - deu mais uma estocada, e mais uma,  e mais uma e a dor foi diminuindo se transformando em uma prazer enorme. Fazenda a cama ranger por conta dos movimentos que eram feitos, aprecia até que ele estava sem transar a anos...  E estava.  Suas estocadas eram fortes, atingindo meu ponto mais sensível. Ele gemia enlouquecidamente e eu não conseguia parar de gritar,  até que ele segurou em minha cintura me girando sem sair de dentro de mim, me pondo de quatro. 

Suas estocadas eram tão fortes que chegavam a doer, estava pensando em pedir para ele ir mais devagar mas cheguei ao clímax antes disso,  ele deu mais algumas estocadas e gozou dentro de mim, logo em seguida caiu deitado ao meu lado. O cansaço nos dominava, deitei em seu peito nú e dormi. Ele fez o mesmo.
                                                           
Capítulo XV

Acordei mas não queria abrir meus olhos, não sabia com que cara olharia para o Michael depois de ter feito aquilo com ele...  Vou agir naturalmente. Abri meus olhos lentamente, procurei por Michael e não o achei, levantei e percebi que estava nua. " meu deus, eu não sou mais virgem! " gritei em pensamento e um sorriso largo brotou em meus lábios. Avistei a roupa que eu estava usando ante de acontecer tudo aquilo, peguei minha blusa curta, a calcinha, não vesti o sutiã pois não sabia onde o mesmo estava. Rolei meus olhos por todo o quarto e encontrei a blusa que o Michael usava antes, vesti a mesma e sentei em uma cadeira próxima a janela.
Estava olhando como aquele lugar estava ficando agora, na primavera com as folhas dos galhos que antes me davam medo,  crescendo. Ih, esqueci de avisar para minha mãe!  Quando chegar em casa explico... Acho que já era por volta das 16:30, aquela tarde estava fria e chuvosa, caia uma fina chuva lá fora. Será que o Michael estava lá fora?

 Enquanto meus pensamentos iam longe, observava aquela florestas... Desviei meu olhar para a estrada que dava na entrada da casa onde estava e vi o Michael com uma capa preta em cima de seu cavalo, desceu do mesmo e entrou dentro da casa. Rapidamente sai de onde estava ficando de pé olhando para a porta. Mas meu celular tocando me distraiu e desviei meu olhar da porta até  a poltrona onde o aparelho estava, como ele veio parar aqui?  Acho que foi ele quem trouxe.

Fui até a poltrona e peguei-o, na tela piscava uma foto de minha mãe sorrindo e o nome dela em baixo. Isso fez com que eu deixasse o mesmo onde estava nem chegando perto, não queria escutar aquela surra de perguntas da parte dela. Provavelmente iria me perguntar porque não fui para casa dês de cedo e coisas do tipo, depois,  antes de ir para casa ligo para ela e vou o caminho todo conversando com ela. Fora que quando chegar em casa ela vai querer saber o que eu estava fazendo esse tempo todo na casa do homem que falei que era meu amigo...

Meus pensamentos iam longe quando ouso a porta sendo aberta e vejo a imagem de um homem lindo segurando a maçaneta da mesma. Aposto que em seus pensamentos estava me achando uma boba por estar ali parada observando-o com cara de retardada...  Mas vejo que estava errada, ele não olhava para meu rosto e sim para meus seios...

- quem disse que você poderia usar minha blusa, gracinha? - perguntou com uma sobrancelha arqueada.

- ninguém, mas porque, não pode? - perguntei com um pequeno sorriso nos lábios.

- claro que sim, ficou muito sexy com ela. - disse vindo até mim e me abraçando - mas prefiro quando esta sem. - sussurrou e selou nossos lábios em um beijo quente e doce. Logo foi me colocando na cama e ficando por cima. Nossa tarde foi resumida nisso, fazendo amor até nossas energias se esgotarem.

(...)

Acordei e estava tão quentinho... Dessa vez o Michael estava ali, dormindo igual um anjo. Nunca tinha visto ele dormindo e era adorável... Se pudesse ficaria assim, do jeito que estou observando ele dormir. Salpiquei beijinhos molhados por toda extensão de seu peitoral e ele foi despertando vagarosamente. Abriu seus olhos grandes e um sorriso inocente surgiu em seus lábios cheios e rosados que se destacavam com sua pele clara.
- daria tudo para ser acordado assim todos os dias. - levantei mais meu rosto para poder chegar até  o dele e nossos lábios se chocarem um no outro de forma romântica naquela noite. Noite? Parei o beijo e ele me olhou com cara de reprovação.

Minha mãe, preciso ligar para ela! PRECISO IR PARA CASA!

- Michael, preciso ir para cara. - falei me levantando e olhando como o tempo estava pela janela, senti mãos tocarem minha cintura e me prender a seu corpo.

- você não poderá ir hoje, esta chovendo muito e...  - parou e refletiu sobre o que iria falar, parecia até que não queria falar algo -...e é melhor você ficar.

- mas eu preciso ir pra casa, minha mãe deve está preocupada - disse em um suspiro só.

- Clara, não posso sair com o zorro na chuva! - exclamou virando de costas para mim - amanhã assim que o sol nascer te levo. - passou a mão em seu cabelo grande e molhado, aquela sena deixou minhas pernas bambas. - prometo. - fui até ele colocando meus braços ao redor de seu pescoço.

- promete? - perguntei e dei um selinho em seus lábios, ele afirmou com a cabeça - sabe o que eu estou pensando em fazer agora...? - perguntei migrando meus lábios até seu pescoço e salpicando beijinhos molhados no mesmo.

- hum... Não sei... Mas o que minha gracinha gostaria de fazer?  - disse ele mordendo os lábios.

- gostaria de brincar... - falei e fiz carinha de criança pidona - brincar de sentar no cavalinho... - desci uma de minhas mãos até seu membro já ereto, apertando o mesmo entre meus dedos e vendo sua boca ficar aberta e seus olhos se fecharem rapidamente.

- ah... Não me provoque gracinha... - tirou minha mão de seu membro e me fez entrelaçar minhas pernas em sua cintura - quer brincar de cavalinho é?  - perguntou e me jogou na cama.

- quero sim! - sentei-me vendo-o se despir em minha frente, quando tirou sua box branca pude perceber o tamanho de seu enorme membro novamente. Aquilo só ajudou a deixar ainda mais molhada minha calcinha, mordi os lábios com água na boca.

Ele veio até mim e se deitou por cima, começou a me beijar loucamente como um animal selvagem. Sai de onde estava ficando de pé em sua frente, o mesmo se estirou na cama e cruzou os braços atrás da cabeça tendo assim, uma visão plena de meu corpo. Tirei a blusa dele e joguei-a em qualquer lugar do quarto, logo em seguida foi a vez de minha blusa... Não tirando a calcinha, fui até ele e me sentei em seu colo, deitei sobre ele com uma perna de cada lado de seu corpo e comecei a beijar, morder e lamber seu pescoço. Ouvia seus pequenos gemidas e sentia suas grandes mãos tentando me tirar de cima dele, ele queria mandar, só que hoje quem manda sou eu!

- vamos gracinha, deixe-me comandar... - falou ele virando-me e ficando por cima mas antes que tentasse qualquer  coisa saí de debaixo dele, o mesmo me olhou bravo. Fui até o guarda roupas dele e de lá tirei duas gravatas - pra quê essas gravatas? - sem responder nada, sentei-me em seu colo novamente e comecei a amarrar suas mãos no espelho da cama.

- gracinha, gracinha... O que esta pensando em fazer? - perguntou e tentou se soltar mas o nó que fiz era forte.

Depositei um beijo quente e cheio de malícia em seus lábios, desci com os mesmos por seu pescoço, barriga e enfim seu membro. Chegando lá, coloquei sua glande inchada e rosada em minha boca, olhei para cima e vi que ele mordia tanto os lábios que seria capaz de cortar. Fui descendo meus lábios até seus testículos e lá chupei-os com vontade, novamente subi até sua glande e dessa vez introduzi todo seu membro em minha boca comecei com movimentos de vai e vem mas parei assim que percebi que ele iria gozar. Me repreendeu com o olhar.

- porque parou? - perguntou cansado - me solte. - ordenou, mas eu não iria soltar mesmo.

- não quero! - falei e me sentei sobre suas pernas.
- vamos, me soltei, preciso lhe tocar! - pediu e eu dei um sorrisinho safado nem ligando sobre o que ele falava.

Levantei-me e tirei minha calcinha, subi novamente nas pernas dele só que dessa vez de costas, dando a ele uma visão plena de toda minha bunda. Sentei em seu membro devagar, não colocando-o todo dentro de mim, só sua glande.

- gracinha, se você não sentar totalmente irei dá um jeito de me soltar daqui e você irá ver que não se deve brincar comigo... - ameaçou e eu desci mais um pouco colocando-o todo dentro de mim, suspirei e parei por breves segundos - não me torture mais...  - pediu sôfrego e eu atendi a seu pedido começando assim, movimentos de sobe e desce em seu membro, eu gemia loucamente... Não aguentando segurar mais acabei gozando naquele momento. O Michael também ESTAVA prestes a gozar mas como sou uma menina má parei com os movimentos e saí de cima dele.

- Hey! - estava indo na direção do banheiro quando escuto-o me chamando - onde pensa que vai?  Vai me deixar aqui assim? - perguntou indignado.

- vou ir tomar banho e depois... Hum... Depois vou dormir. - falei e virei indo até o banheiro mas quando chego na porta sinto o Michael me pegar e colocar-me em seu ombro.

COMO QUE ELE CONSEGUIU SAIR DALI?  ELE ESTAVA AMARRADO, SÓ EU CONSIGO DESAMARRAR AQUELE NÓ!

- me coloca no chão! - ordenei - e como conseguiu soltar aqueles nós? - perguntei e senti ele me jogar na cama brutalmente e me colocar de quatro.

- oras... Conseguindo! - depositou um forte tapa em minha bunda - agora empina essa delícia pra mim, gracinha! - ordenou e eu obedeci de bom grado.
Senti seu membro entrar em mim de forma violenta e gostei daquilo... Suas estocadas eram fortes e fundas, fazendo com que eu soltasse vários e vários gritos de prazer.

- aaah... - gemi quase chegando a meu ápice, senti dois dedos pressionando meu clitóris com força e só foi ele ter feito alguns movimentos e eu me desmanchei caindo na cama, mas do jeito que ele é insaciável... Pegou em minha cintura e me colocou do mesmo jeito novamente, suas investidas agora eram mais selvagens, escutei um longo e alto gemido vindo dele e sente seu líquido quente dentro de mim. Caí sobre a cama e ele por cima de mim.

- nossa, por mim faria isso todas as vezes que te visse... - falou e eu só conseguia ouvir, não mantinha o contato visual pois já estava de olhos fechados. - boa noite princesa!  - senti um beijo ser depositado em minha testa e adormeci...

                                          (...)

Acordei com a luz do sol em meu rosto, e uma preguiça enorme de me levantar. Passei minha mão do outro lado da cama e não senti ninguém, levantei de imediato pensando eu que já era tarde...

- bom dia, gracinha! - saldou o Michael adentrando o cômodo com uma bandeja recheada de comidas saudáveis.

- bom dia meu amor! - enrolei-me no lençol e sentei na cama vendo-o vir até mim e fazer o mesmo, cheguei mais próxima dele e depositou um longo selinho em seus lábios carnudos e rosado. - que horas são?

- 05:10 - UFA!  Pensava que já era umas dez da manhã... - coma logo pois a senhorita precisa ir para casa!

- infelizmente. - falei ficando triste.

- não fique assim, irei em sua casa ainda hoje e... - parecia que ele estava com medo e preocupado com algo -...e nem pense em vir até aqui sozinha, quando ver o zorro em frente a sua casa saiba que foi eu que mandei ele ir te buscar. - esta me escondendo algo... me esconde várias coisas.

- tudo bem. - comemos calados.

Assim que terminei fui até o banheiro tomei um banho rápido e desci a procura do Michael pela casa, encontrei o mesmo ajeitando a sela do zorro no curral. Assim que ele terminou subimos no cavalo e íamos devagar sobre o caminho que daria até minha casa mas uma coisa que vi a nossa frente me fez ficar desesperada e com medo.

NÃO PODE SER, QUEM FEZ ISSO ??



Capítulo XVl


O que eu via em minha frente era tão amedrontador e aterrorizante que não consegui manter minhas lágrimas em meus olhnão escorreram por minha face assim que fomos nos aproximando do corpo que estava ale. 

Era uma mulher ruiva, seu tom de pele era pálido e magra. Logo veio a imagem de minha mãe em meus pensamentos, não pode ser, minha mãe não!

Envolvi meus braços ao redor do tronco de Michael e encostei minha cabeça em suas costas largas, se aquela for minha mãe o que irei fazer sem ela? Não posso pensar no pior, terei de olhar primeiro. O que estava meio difícil, ao pouco que pude observar aquela pessoa ali, jogada entre os galhos, pude perceber que ela estava com sangue entre suas pernas, ou seja, fora estuprada por um covarde. 

- Clara... - escuto o Michael me chamando e levanto um pouco minha cabeça, estávamos chegando perto de onde o corpo estava. Já seria possível ver de quem se tratava a pessoa. 

Olhei para o lado em que ela estava lá, e não pude manter o controle de forma alguma. 

Era ela, minha mãe! A pessoa mais importante da minha vida estava ali jogada entre os galhos. 

Desci do cavalo o mais rápido que pude sem nem me importar se havia mais alguém ali ou não, tudo ficou em câmera lenta, o corpo de minha mãe nú jogado no chão, minhas lágrimas que não cessavam, a voz do Michael me chamando repetidas vezes e suas mãos segurando em minha cintura para que eu não chegasse mais perto de minha mãe. Um vazio se fazia presente dentro de meu ser, parecia que uma parte de mim havia morrido e sem essa parte eu não sabia como viver... Lágrimas que pareciam mais fogo escorriam sobre meu rosto e meu cabelo grudava no mesmo, fazendo-me ficar descabelada pulando para poder sair dos braços do Michael e poder chegar até o corpo de minha mãe para poder ver se ela estava viva, ela não pode morrer! 

- me deixa tocar nela, deixe-me ver se ela esta viva! - pedia aos berros, e cada vez sentia mais seus braços apertarem minha cintura. 

- Clara, você não pode! - gritou ele enquanto eu me debatia em seus braços. 

- porque? Ela é minha mãe, minha mãe... - as últimas palavras que proferi saíram comi um eco em minha cabeça, aquilo tudo era muito para mim, eu não conseguiria. 

Olhei para o Michael e o vi olhando para um lugar da floresta que parecia não ter nada, direcionei meu olhar até lá e não vi nada, ele estava com medo de alguém fazer o mesmo comigo. Seu olhar transparecia medo e ao mesmo tempo proteção, lágrimas também se fazia presente em seu rosto. Como seu olhar estava parado em um lugar só, aproveitei e me desvencilhei de seus braços e corri até onde minha mãe estava. Caí ajoelhada diante de seu corpo e a abracei, encostando meu ouvido em seu peito. Escutei leves batidas e um sorriso se formou em meus lábios, levantei minha cabeça para poder manter um contato visual com ela e poder chamar o Michael, mas quando ia fazendo tal coisa senti sua mão segurar meu braço levemente e parei assim que senti seu toque. 

- mãe? Por favor, mãe... - vi aquele líquido indesejado que ninguém nunca queria derramar por algum motivo ruim, cair de seus olhos azuis. Sua boca foi aberta e ela queria proferir algumas palavras mas não conseguia, sua voz não saia... Até que suas pálpebras foram ficando pesadas e seus olhos se fecharam lentamente, ela havia morrido... Me afastei de seu corpo ainda no chão, só que agora sentada com os braços em volta de minhas pernas, chorando copiosamente. Ela não poderia ter ido... Meu pai já se foi, agora ela...? 

É tudo culpa minha, se eu não houvesse sumido por todo esse tempo, talvez ela ainda estaria aqui comigo, talvez ela estivesse me abraçando ou com o John... Só queria que ela estivesse aqui...  Será que ela ficou preocupada comigo e veio atrás de mim aqui, na floresta? Mas, ela nem sabia que eu estava aqui. Isso tem que ter uma justificativa, se não vou acabar enlouquecendo, sozinha...  

Michael... Onde ele esta? 

Levantei-me o mais rápido que pude e direcionei minhas vistas até onde a poucos minutos estava com ele. Mas novamente me decepcionei, e aquelas lágrimas que antes estavam fortes, agora duplicou. Ele... O meu Michael, estava jogado no chão, corri até lá e me agachei novamente e pude perceber que ela havia sido golpeado com alguma coisa que fez um corte enorme em sua testa, deixando-o desacordado. Quem poderia ter feito isso? Uma das milhares de perguntas que rondavam meus pensamentos seria essa. 

A pessoa que esta fazendo isso comigo, deve me odiar com todas as forças, eu nunca fiz mal para ninguém... Nunca faria. 

Um barulho mais parecido com o de uma faca passando em algum lugar não específico se fez presente em meus ouvidos, eu não estava só naquele lugar, o indivíduo, que agora sinto um ódio mortal estava ali, comigo. Levantei-me de onde estava e passei o dorso de minha mão em meu rosto, na tentativa de limpar minhas lágrimas que não paravam de sair. Acabei sujando o que eu queria limpar com lama, pois minhas mãos estavam no chão a poucos minutos, não liguei para aquilo, isso não me importava. 

- porque você esta fazendo isso? - gritei para alguém que houvesse feito aquilo com eles pudesse ouvir e aparecer, eu não queria saber se estava desprotegida e ele poderia me matar também, estava sega pelo ódio e raiva. - porque com eles? - olhei para os lados, com a esperança de o ver sair de onde de escondia. - porque não a mim em vez deles? - novamente escutei aquele barulho de faca arranhando algo, parecia uma árvore. 

O barulho vinha do lado oposto de onde eu estava, na direção da casa do Michael, pensava em seguir o barulho, e assim o fiz. Mas parei quando escutei um gemido e rapidamente olhei para trás. 

- Cla... Clara... - Mike me chamava com os olhos fechados e uma mão na barriga, fui até ele depressa e agachei para poder ouvir o que ele tinha a dizer. - pegue o zorro... Saia daqui. - balancei minha cabeça em sinal de não e novamente minhas lágrimas voltaram. 

- não Mike... - proferi tais palavras com uma mão em sua face - vou ajudar você a levantar, e você vai comigo. - já estava pegando em seu braço e colocando-o em volta de meu pescoço, mas ele puxou com força seu braço logo em seguida fazendo uma careta por causa de seu corte. 

- mandei você ir! - me empurrou, e eu ia me aproximar dele novamente, até que aquele barulho infernal estava de volta de novo e estava se aproximando. - vai...! - gritou fazendo-me assustar com seu tom de voz. 

- eu não vou sem você! - disse e o vi levantar sua mão com esforço e fazer aquele mesmo sinal de quando ele chama o zorro, e foi isso que aconteceu, o friesian saio de entre aquelas árvores que mais pareciam galhos e veio até nós. - não Michael... - pedi chorando. 

- por favor... Vá! - ele estava chorando. - não volte! 

Aquele barulho estava se aproximando cada vez mais e não tive escolhas, subi no cavalo e o mesmo correu pela estrada olhei para trás e pude perceber que aquele homem havia chegado lá e estava chegando perto do Michael, queria voltar e trazer ele comigo, mas aquele cavalo não parava e estava correndo muito rápido. Em mesma velocidade minhas lágrimas também desciam, as pessoas mais importantes de minha vida estão indo embora e me deixando... Queria que nada estivesse acontecendo assim, porque que eu não nasci morta? Seria muito mais melhor do que viver sofrendo desse jeito!



(...) 



Havia se passado dois dias... Dois dias de pura solidão e tristeza! 

Já se passava em minha mente a possibilidade de ir até onde tinha acontecido todo aquele terror e ver se o Michael ainda estava lá, mas quando olhava pela janela todas as noites, avistava um homem de estatura baixa, com uma faca em sua não. O corpo de minha mãe... Ela não merecia isso, não merecia! E se o Michael... Não... Não irei suportar! 

E esses pensamentos pairavam sobre minha mente enquanto olhava o sol se pôr, sentada em uma cadeira na varanda... Esperava o Lourenço chegar para avisar que eu não iria para o passeio e que ele também não poderia ir, mas não vejo ele desde aquele dia em que veio aqui. A Yoko até me perguntou se eu o vi em algum lugar, e a resposta foi a óbvia, não. 

Assim que o sol se pôs, entrei para dentro de minha casa e pensei até em amarrar o zorro, mas ele não me deixa o fazer. Então prefiro deixa-lo solto, parece até que esta esperando o Michael chegar. Durante esses dois dias, não sai de casa, apenas na varanda mesmo. Tentei ligar para o John e nada dele atender, nem veio trabalhar mais. Hoje cedo, o telefone tocou e quando fui atender ninguém falou nada, era possível apenas ouvir a respiração da pessoa. Perguntei mas não respondiam nada, então preferi deixar para lá, por um momento pensei que poderia ser meu tio, Edward. Por conta de seu número ser semelhante ao que me ligou mais cedo, eu devo está delirando. 

Durante a noite não conseguia dormir, pois o medo me cercava e as lembranças daquele dia não saiam de meus pensamentos. E hoje era uma dessas, só que isso já começou a acontecer antes mesmo de ir para a cama tentar dormir.



Capítulo XVll



Ainda estava cedo, com muito sono, mas não conseguia dormir sabendo que minha mãe não esta mais nessa casa, o Michael pode não esta mais vivo também - só de pensar nessa questão meu coração aperta. - , e que tem um psicopata com uma faca matando gente. Por todo esse tempo o homem denominado "estranho em Moscou", era o mais inocente da história mas também o mais massacrado. O julgavam sem ao menos saber nada dele, são uns verdadeiros escravos da sociedade pessoas que acreditam em qualquer asneira que passa por seus ouvidos, mesmo não sendo verdade. Revolta, raiva, ódio, medo, culpa...  Sentimentos que não gostaria de sentir e também não queria que habitasse em meu vazio coração, por isso expulso eles de pouco a pouco por minhas lágrimas, que até tudo isso acabar não irá cessar. 

E como costumo fazer minha repetitiva rotina antes de dormir, irei faze-la mais uma vez. Sei que para muitos não é hora de dormir, mas acontece que não tenho nada para fazer a não ser deitar na cama e chorar, minhas animações para ler; assistir, até mesmo comer, se foram.

 Acho que devo ter perdido uns 2 quilos depois de tudo aquilo, não estou comendo nada, só vomitando e ficando tonta frequentemente. Sai do banheiro e fui até a poltrona, onde estava um pijama para que eu vestisse, vesti o mesmo e avistei minha escova em cima da penteadeira, peguei-a e passei a escovar meus finos cabelos ruivos. 

Assim que acabei o que fazia, fui até minha janela que estava com sua costumeira cortina branca e a abri, fazendo-me ter uma visão plena da floresta que mais parecia não ter segredos igual a todas outras. Rolei meu olhar por toda extensão e não vi nada, nem ninguém, o que me deixou bastante intrigada e surpresa. "Mas sempre, por essas horas, ele esta ali a observar. Porque não esta agora? " várias perguntas giravam em cima de minha cabeça como aqueles pássaros de desenho animado, mas a única diferença é que isso é bem real. Onde será que aquele ser esta...? 

Acho que já fazia uns dez minutos que estava ali sem mexer um músculo, apenas a observar e prestar atenção em tudo aquilo. Minha curiosidade sempre bate a porta em momentos assim, ela me faz ter atitudes e fazer coisas que eu não pretendia. Olhava atentamente, até que uma sombra se fez presente por trás de todas aquelas árvores, ela corria. E eu tinha certeza que não poderia ser o Michael, ele é mais alto e magro, parecia até o... Lourenço...  Meu deus!  

Perdida em meus pensamentos, sou acordada dos mesmos quando ouço a campainha e fortes batidas na porta principal, olho novamente pra janela para poder ter certeza de que não era aquele louco batendo em minha porta, poderia ser outro alguém querendo fugir dele ou até mesmo o Michael. Abri a porta branca de meu quarto e sai correndo pelo corredor, dobrando a curva que dava até as escadas e descendo-as até chegar a porta e encostar meu ouvido na mesma para poder ouvir se havia alguém ali, a pessoa que antes se fazia presente ali, agora creio eu que não estava mais lá. Barulho algum era feito ali, até que... 

-por favor... Abra... - aquela voz eu poderia identificar  de longe se possível, era o Michael, eu tinha certeza.  Novamente abri outra porta para poder deixar que ele entre e quando a abri, vi ele jogado no chão, estava com o rosto inchado e roxo, seu corte agora estava mais feio, se eu não o conhecesse não deixaria ele entrar. - socorro... - sei que não poderia esta fazendo isso, mas um sorriso largo se formou em meus lábios e passei a chorar, como sempre. 

- Mike, meu amor... - me agachei e tentei passar um de seus braços por meu pescoço, mas mesmo mais magro ele ainda era pesado. Fiz mais um esforçinho e por fim consegui o puxar até dentro de casa, trancando a porta em seguida. A poltrona que antes estava ao lado do sofá agora estava em frente a porta, não poderia deixar sem algum escoro, sei que a madeira é forte mas não posso arriscar. - consegue ficar de pé? - seus olhos estavam tão inchados que ele mal podia abri-los, sem falar que necessitava de um banho urgentemente. - vamos, é só as escadas. - falei tentando levanta-lo. 

- só as escadas...? - perguntou com dificuldade, pude perceber um pouquinho de deboche em suas palavras. 

- sim, as escadas. Você vai ficar em meu quarto. - com muita dificuldade, consegui ajuda-lo a subir as escadas e chegar até meu quarto. Quando falo muito dificuldade, eu digo muita mesmo. Oras, não sou o ruck! 

Cheguei em meu quarto e o coloquei na poltrona para pode ir até a janela, ele estava lá como todas as outras vezes. De longe dava para ver a luz da lua refletir em sua faca, aquela mesma faca que já deve ter matado outras pessoas inocentes. 

- o que você tanto olha aí? - perguntou. 

- nada não. - falei desviando meu olhar da janela. - vamos, você precisa de um banho! - disse chegando perto do mesmo, seus olhos minimamente abertos me olhavam com ternura. Ficamos um bom tempo trocando olhares mas como eu sou muito chorona, comecei a chorar novamente. 

- porque choras? - perguntou levantando uma mão e me chamando, fui até ele. - não precisa chorar... - abracei o mesmo não ne importando se ele estava sujo ou machucado, devo ter o machucado. 

- desculpa. - pedi e desfiz o abraço, abaixando minha vistas logo em seguida. Senti seus dedos tocarem minha face levantando-a para voltar a olhar seus olhos e ele os meus. Foi aproximando meu rosto do seu, e delicadamente nossos lábios se chocaram um no outro. O beijo era calmo e sereno e não como aqueles que dávamos de acabar nossas energias, não estávamos no clima, claro. Desfiz o beijo. - você precisa de um banho mocinho! - sorrimos com nossas testas ainda coladas. 

- eu sei, só não sei como você conseguiu chegar perto de mim no estado em que me encontro. - soltou um leve risinho. 

- oras, não me importo. - falei já entrando no banheiro para poder ligar a torneira da banheira. Quando estava cheia a quantidade certa que seria para ele tomar seu tão esperado banho, chamei ele e o ajudei a entrar no banheiro. Deixei tomando seu banho e fui até o quarto de minha mãe ver se havia alguma roupa do John ou um roupão para que o Michael usasse. A cada segundo em que se passava era uma lembrança de minha mãe, aquilo era muito para mim! - eu não vou chorar! - falei para mim mesma em baixo tom. Engoli o nó que se formava em minha garganta e adentrei totalmente o quarto para fazer o que pretendia. 

- Clara...? 

- sim. - gritei de onde estava pois seria impossível não gritar para ele poder ouvir. 

- pode vir aqui? - perguntou. Acho que já sei para o que é, peguei uma calça e uma blusa que encontrei do John e levei para ele. - o que irei... - observou o que eu estava segurando em minha mão. - vestir. Onde conseguiu isso? 

- é do John, ele deixou aqui. - expliquei.

Ele pegou as vestes que antes segurava em minha mão e as levou para o banheiro, trancando a minha porta em seguida. De repente senti uma tontura muito forte, ao ponto de me fazer segurar na parede. 

" Eu preciso ficar bem... 

É só porque eu ainda não comi... 

Isso irá passar! "

Queria afirmar para mim mesma que isso não era nada de mais, apenas alguma coisa rotineira que acontecia com qualquer um em quaisquer lugares. Mas eu sabia muito bem que isso não era normal, a um dia mais ou menos venho sentindo esse sintoma e não sei o que é. Já até cheguei a questionar a mim mesma se o nome disso é gravidez, mas creio que seria impossível! Só tive relações a três dias e foi minha primeira vez. Possibilidade descartada! 

- você está bem? - minhas vistas ficaram turvas e ouço uma vozinha bem lá no fundo, tão inaudível que seria incapaz de identificar quem seria, mas só havia eu e o Michael dentro daquela casa, então tinha de ser ele. Tudo começou a girar e não conseguia manter o equilíbrio de minhas roupas pernas, quando estava pra cair senti mãos me segurarem as laterais de meu corpo. - Clara! - era o Michael. Sua voz agora ficava cada vez mais clara e audível, a vurtez já não se fazia presente em minhas vistas, e uma forte dor de cabeça me fez fazer uma careta horrível... - por que esta fazendo essa cara? - perguntou sorrindo. - vamos, estou fraco! Se não voltar ao normal ira cair eu e você. - falou agora rindo ainda mais, o acompanhei. 

Sai de entre suas mãos e sentei-me na beira da cama com uma mão em minha cabeça e outra na barriga. Ainda não me sentia muito bem!  

- o que você tem...? - perguntou novamente. - não vai falar nada? - percebi que ele já começará a perder sua paciência. 

- não me sinto bem, acho que estou passando mal... 

- acha? Você está comendo normalmente, não esta? - perguntou me olhando com olhar de reprovação, baixei minhas vistas dando sua resposta com minha atitude. - clara, você precisa comer! Está fraca! -se agachou em minha frente e passou a alisar meus cabelos. 

- você também precisa. - afirmei tirando sua mão de meu cabelo - também esta fraco, muito mais que eu. 

- nas isso será resolvido logo logo! - disse - onde que fica a cozinha mesmo? - questionou com olhar de pura euforia. 

Mostrei para ele onde que ficava a cozinha e o mesmo foi até lá não me deixando ir com ele, pois deu a desculpa de que não poderia fazer muito esforço. Besteira! 

Eu estava realmente preocupada com o que eu tinha ou não, isso não é normal. Vários pensamentos invadiam minha "caixola" por enquanto que ficava deitada em minha cama esperando a comida ficar pronta. Onde será que aquele verme está? A alguns tempos atrás me questionava assim sobre o Michael, mas agora é sobre outra pessoa que nem ao menos sei quem pode ser.



 Capítulo XVlll



Onde será que aquele verme está? A alguns tempos atrás me questionava assim sobre o Michael, mas agora é sobre outra pessoa que nem ao menos sei quem pode ser. 

Só sei, que essa pessoa sente algo por mim que eu não queria que ninguém sentisse. Sempre faço coisas boas para os outros, ajudo ao próximo, nunca fiz nada de mal a ninguém... Pelo meu ponto de vista é isso mesmo. Tirou meus pais, e quase fora tirando o amor da minha vida. Isso mesmo, eu o amo com todas as minhas forças! Se esse estrume matar o Michael ele irá ver o que é uma mulher com ódio mortal em sua frente, ele não sabe do que sou capaz. Posso ser muito medrosa e chorona as fezes - sempre - , mas não encoste o dedo em quem eu mais amo, ele fez isso... E agora a minha única vontade é de mata-lo com todas as minhas forças. Vou... 

- esta pronta para comer o melhor miojo de sua vida...? - perguntou Michael, interrompendo meus pensamentos. 

Espera, ele fez miojo? 

- isso mesmo, eu fiz o macarrão que você tanto ama! - disse puxando meu braço para que eu saísse da cama. Como ele sabia que eu amo lámen? 

- como você sabe que amo miojo? - perguntei levantando uma de minhas sobrancelhas. - e acha que isso irá nos alimentar sem ficarmos com mais fome depois? 

- eu sei de muitas coisas, e essa é uma delas. - disse me puxando novamente, só que dessa vez me tirou da cama. - e sim, o meu lámen dá consistência! 

- ah, muito obrigada! - falei - explicou muito o que eu queria saber, continue assim, irá se tornar um professor! - debochei dele. 

- não faça isso! - há estávamos no corredor - tá, como você já deve saber, eu andava espiando você. E eu vi pela janela da sua cozinha quando você estava fazendo e sua... – exitou antes de falar -... Sua mãe rindo de você. - o clima ficou um pouco pesado entre nós dois, um silêncio se formou entre nós. 

- sabe, eu sinto muita falta dela... - disse abaixando minha cabeça e vendo meus pés ficarem um a frente do outro. - mas não quero pensar no passado agora. - senti seus braços me abraçarem de lado e fizemos o caminho até a cozinha em silêncio, igual antes. 

Chegamos no cômodo e direcionei meu olhar imediatamente para dois pratos super cheios que tinha em cima da mesa, estava recheado de legumes e verduras. Nunca havia comido miojo com essas coisas, apenas macarrão e o caldo mesmo... Sentei-me na cadeira e Michael fez o mesmo, só que ele comia sua comida normalmente, já eu...  

- você não vai comer? - perguntou depois que engoliu a comida que estava em sua boca. 

- sim, só estou esperando esfriar. - afirmei na tentativa de engana-lo a comer sua comida e sair da cozinha para que eu pudesse colocar o prato intacto na pia. Até que ele acabou... E ficou ne olhando. - quê? 

- estou esperando você comer, já deve esta frio. - falou despreocupado. 

- pode ir para o quarto, depois irei quando acabar! 

- não, vou subir quando você for. - ele ainda estava com expressão de despreocupado. 

- ãh... Acho melhor não... Vou demorar. - falei olhando para os lados não tentando manter um contato visual com ele, se não ele iria descobrir o que eu pretendia fazer. 

- eu espero. - disse - você não quer comer, não é? - perguntou. Só que dessa vez ele levantou de onde estava. - porque não quer comer? Você esta fraca! 

- não sinto fome, esse cheiro me enjoa! - falei olhando para o lámen e fazendo careta. 

- Clara, se você não comer irá pegar uma fraqueza muito forte, e eu não quero te ver doente... - seu semblante de preocupado me fez olhar para a comida e depois para ele novamente, eu precisava comer! Não porque ele estava me pedindo, e sim porque eu sabia que precisava! 

- tudo bem, eu como! - um sorriso nasceu em seus lábios, sem nem porque ele ficou tão feliz só porque falei que ia comer. - mas... 

- sabia! - revirou os olhos. 

- mas não garanto que irei comer tudo. 

- tá, se você deixar só um pouquinho de nada... Eu deixo passar! - oras, eu não iria comer quase tudo! 

- uhum... - peguei o garfo e passei a comer aquele macarrão que tanto amava, ele cozinha muito bem! Mas não consegui a quantidade certa, tudo. - acabei! 

- mas já? - perguntou. E olhou para o prato. - você tem certeza que comeu tudo? Porque esta quase tudo ali dentro ainda... - apontou para o prato. - só mais um pouquinho? 

- eu não quero... Estou cheia... - falei manhosa. 

- tá, suba.. Irei lavar a louça que sujei. - disse indo até a pia. 

- Hey! - chamei e o mesmo olhou para trás - deixe que depois lavo. 

- não mesmo! - falou pegando um pano de prato e colocando-o em seu ombro, aquela sena estava engraçada - você esta fraca, não vou deixar que faça isso. 

- então faz nós dois. - falei me sentindo vitoriosa. 

- não, pode ir para o quarto ou assistir! - ordenou se achando superior.

- quem você pensa que é para me passar ordens ??? - perguntei estreitando os olhos. 

- oras, seu namorado...?! - para ele pode ter sido uma afirmação, mas para mim fira uma pergunta. 

- sua namorada? - Cruzei os braços - dês de quando? 

- dês de que eu decidi que você é minha! - falou vindo até mim e me abraçando por trás. - Clara Homes, a senhorita gostaria de namorar comigo? - perguntou próximo a meu ouvido. 

Aaaaah, ele está me pedindo em namoro!!! Como que vou responder essa pergunta...? Sei que a resposta é muito clara, mas é que nunca namorei um homem que eu amasse verdadeiramente, respira, inspira... E responde! 

- sim!! - respondi meio eufórica, com um sorriso maior que o normal, seria possível chegar as orelhas!  

Suas mãos tomaram vida e foram para seus devidos lugares, minha nuca e cintura. Já as minhas... Não paravam quieta, hora estava em sua nuca deixando-o arrepiado, outra hora estava em seu rosto. Nossas línguas duelavam em uma verdadeira guerra de um lado para o outro... Até que o ar nos faltou, infelizmente tivemos que parar. 

- eu te amo... - sussurrou ele olhando nos fundos ne meus olhos. 

- eu te amo mais! - exclamei ainda mais feliz por saber que ele nutria o mesmo sentimento que eu sentia por ele, isso era tão bom e aliviador. Até que tudo foi ficando escuro... 



(...) 



" Lá... Lá longe... Podia se ver uma pequena garotinha de olhos grandes e cabelos pretos, assim como o Michael. 

Ela batia suas mãozinhas como se estivesse feliz por algo ter acontecido, seus lindos olhos transmitiam uma certa ingenuidade que meu coração se enchia de felicidade. Era possível ser sua aura pura através de seus pretos olhos... Ela era tão linda...

Suas mãozinhas pararam de se chorarem uma com a outra, e seus olhos ficaram arregalados. Ela olhava para todos os lados, parecia procurar alguém... Mas ela para sua vista olhando em apenas um lugar. 

Olha para a direção em que ela olhava e lá, podia se ver aquele mesmo homem baixo, só que não estava com sua faca. Não conseguia ver seu rosto, minha visão estava ficando turva. 

Infelizmente, ele se aproxima da menina e a pega. Ela passa a gritar e chorar, sua pequena mão se direcionava a mim, ela estava me chamando, me pedindo ajuda. Entrei em desespero e minha face já se encontrava inundada por minhas lágrimas. 

- não!!! - gritei - por favor, não faça isso! - ele olhou para trás, mas eu ainda não conseguia ver seu rosto. Continuou andando sem nem se importar com meus pedidos, até que ele passa a correr e fica impossível de poder alcança-lo. 

Sentia um aperto em meu coração... Todos aqueles sentimentos que sentia quando aquele anjinho estava em minha presença, agora sinto o oposto deles. Sinto alguém me observando, olho para todos os lados e não tem ninguém... Um vazio me dominava ao ponto de me fazer correr de onde estava, por puro medo. 

Até que sinto uma mão pairar sobre meu braço... "

- Clara... Acorda! - meus olhos foram se abrindo devagar e se fechando logo em seguida. Não conseguia ne acostumar rapidamente com a luz que estava bem acima de minhas vistas. - Hey...? 

- hum. - resmunguei. 

Ele me levantou e colocou no meio de suas pernas, não conseguia mover um músculo. Mas estava acordada e ouvindo tudo, ainda estava em transe... Seus dedos agora estavam em meus cabelos, ele parecia preocupado e triste...  Pedia copiosamente para que eu acordasse. 

- acorda, por favor! - pediu com voz chorosa. 

Não queria vê-lo chorar, não quero ninguém chorando! Quem é ele..? Fiz um certo esforço para poder abrir meus olhos e vi que se tratava do Michael, claro. Mas como vim parar aqui? Não me lembro de nada, só que estávamos conversando e ele lavando a louça. 

- graças a deus! - exclamou - você teve um pesadelo, falava coisas desconexas... - me abraçou, senti proteção com esse abraço. 

Como assim, será que eu narrei todo meu sonho enquanto dormia...? 

- e o que eu falava? - perguntei 

- repetia várias vezes a palavra "não", em tom de desespero e...  - parou antes de continuar respondendo minha pergunta. -...e pedia para que o indivíduo de seu sonho não fazer alguma coisa...  "Por favor, não faça isso!", você repetiu essa frase umas três vezes. 

Pelo que me lembro de meu sonho essas foram as únicas palavras que proferi no mesmo. É, acho que meio que narrei o que estava acontecendo lá, que estava mais para pesadelo no final. O silêncio estava entre nós dois, ele queria falar, mas aquele momento de puro silêncio seria necessário para nós dois. Assim poderíamos raciocinar melhor. 

- você não quer falar sobre... Sobre seu sonho? - perguntou. 

- tudo bem... - abaixei minha cabeça. - havia... Havia uma garotinha de olhos escuros e cabelos pretos, tão linda...  

- mas isso não é motivo para você ter agindo daquela maneira! - exclamou me interrompendo. Eu odeio quem me interrompe! 

- talvez, se você me deixasse terminar de falar iria agradecer! 

- adiante. 

- bom, como falei antes, tinha essa menina. E ela me transmitia uma felicidade que não se é possível explicar! Mas... Aquele abutre, aquele mesmo homem a levou... E ela chorava muito, - eu já chorava - sentia como se outra parte de mim tivesse ido embora também...  

- calma gracinha... - disse carinhosamente - foi só um pesadelo, nada foi real... - me protegeu entre seus braços longos.

- como que eu vim parar aqui...? Não lembro de ter subido para meu quarto. - interroguei curiosa. 

- você desmaiou e só acordou hoje de manhã. - disse ele. Fiquei espantada, por que isso estava acontecendo comigo?...  Primeiro as dores de cabeça, depois os enjoos e tonturas e agora desmaio? - você não esta bem, precisa ir a um médico. - tenho pavor de hospitais! 

- não é necessário Michael! - disse levantando-me - e eu estou bem. 

- não está, você irá comigo próxima semana! - afirmou. 

Espera, ele que vai me levar...?  Como se ele não quer se mostrar para ninguém? Olhei para ele espantada. 

- isso mesmo, eu irei ir. - afirmou novamente - não me importo em mostrar meu rosto para as pessoas se o assunto for você, você é mais importante. Não quero te perder. 

- não vai me perder! - exclamei sorrindo e o abraçando. 



(...)



Já estava a tarde, e eu estava no sofá assistindo a um filme de comédia com o Michael. Que por sinal, só o Mike ria mesmo, não via graça em nada... Não conseguia. 

Ouvimos o barulho da campainha e não ligamos para quem quer que fosse não nos interessaria, mas a pessoa era insistente e não parava de pressionar aquele botãozinho. Cheia de tudo aquilo, levanto-me de onde estava e vou até a porta abrindo-a em seguida. 

Não havia ninguém ali... Rolei minhas vistas por todo o terreno da frente de minha casa, e estava um deserto até na rua não tinha ninguém. Quando abracei a cabeça vi uma caixa parecida com aquelas de correio, talvez tenha sido o homem do Sedex.... Sei lá. Peguei-a e entrei  ne de casa. 

- o que é isso? - perguntou Michael. 

- não sei, estava no chão da varanda quando abri a porta - falei olhado ao redor na caixa, não tinha remetente. - vamos ver o que tem aqui... 

Mandei o Michael pegar um estilete que estava em cima do centro e comecei a tirar o papelão que cobria o objeto que estava escondido dentro da caixa. Ficamos surpresos quando abrimos e vimos que a caixa estava repleta de isopor e no meio de todas aquelas bolinhas brancas estava um DVD, sem capa. 

- quem pode ter mandado isso? - perguntei com uma sobrancelha arqueada 

- não sei, vamos ver o que tem nesse DVD? - perguntou. 

- vamos, estou muito curiosa! - falei olhando para o DVD. 

- como sempre...

- eu ouvi isso! - ele ficou rindo e foi por o DVD no aparelho. 

 Quando começou a passar aquelas senas na TV, fiquei desesperada e o Michael estava parecendo uma estatua olhando para a televisão. Não pode ser, como ele fez isso?


                                                             
 Capítulo XlX


Estava tudo gravado... Enquanto dormimos, ele estava aqui o tempo todo, como pode isso? 

Nas cenas que eram transmitidas na TV, eu e o Michael estávamos na cama dormindo, nunca gostei de dormir no escuro... Mas o Mike do jeito que é acostumado com tudo isso de escuro e coisas do gênero, me fez apagar todas as lâmpadas da casa! Podíamos ver claramente o que fizemos ou não durante a noite, e lá mostrava eu falando algumas coisas e mexendo os braços po conta de meu pesadelo. A câmera que ele usava era noturna, claro... Mas como que ele entrou aqui? Estava tudo trancado! 

Olhei para todos os lados desconfiada de que poderia ter alguém nos olhando nesse exato momento, mas nada nem ninguém estava ali, ou pelo menos era o que eu via. Acho que o Michael estava em estado de transe... Não mexeu um músculo! 

- Michael? - chamei, e não obtive resposta. - Mike?! - gritei. 

- sim? - respondeu mais para um sussurro. 

- você está bem? 

- nós temos que sair daqui. - afirmou me deixando nervosa. Como assim temos que sair daqui, é minha casa não posso deixa-la abandonada. 

- como? 

- nós vamos sair dessa casa! - disse. 

- não vou sair da minha casa só porque você quer. - gritei, e o mesmo se assustou com meu tom de voz e a forma que respondi, nem eu esperava responder assim. 

- porque está gritando? - perguntou calmamente, mas era possível ver pela sua feição que ele já não estava tão calmo. - não irei te deixar aqui com esse louco solto por aí, até entrar aqui ele entrou! 

- mas eu não quero sair daqui... - falei chorando, já. 

Não sei o que esta acontecendo comigo, ultimamente estou muito sensível, choro por qualquer coisa. Acho que estou ficando louca! 

- não chora gracinha... É que aqui não é seguro, entende? - me abraçou.

- e onde vou ficar? - perguntei - não tenho onde ficar, a não ser aqui. 

- em minha casa! 

Claro que não!  Se aqui já esta assim, imagina lá que é no meio do mato... Não mesmo! Com todos aqueles bichos, louco, uivos... Credo! 

- não. - falei confiante. 

- sim, você vai. - afirmou - você tá doente, não esta em condições de decidir nada! - como que ele conseguia manter aquela calma..? 

- tudo bem, eu vou. - perdi a vitória... - mas só por o enquanto em que eu estiver doente.
- tá, Clara! - falou revirando os olhos. - ah, e respondendo sua pergunta... Estou bem sim. - roubou um Celinho meu. 

- ah, seu... Seu... 

- "seu" o que? - perguntou ele tacando uma almofada em mim. 

- seu idiota! - revidei com duas almofadas em sua cara. 

- hahaha, gracinha... - falou mordendo os lábios,  jogando as almofadas para um lado e vindo até mim. - vá fazer suas malas, irei procurar o zorro. 

- tá, senhor mandão! - sussurrei em seu ouvido, logo em seguida subi as escadas sentindo seus olhos me despiram enquanto fazia meu trajeto até o quarto. 

Quando estava no corredor, senti a presença de alguém me observando olhei para trás e não vi ninguém nem nada. Adiantei meu passo para poder chegar mais rápido no cômodo e pegar o que precisava, chegando na porta de meu quarto, entrei rapidamente e a fechei atrás de mim, eu realmente estou ficando louca. 

Enquanto olhava meu guarda roupas, vi um foto de minha mãe e não pode conter as lágrimas... A saudade é enorme!  Enfim, guardo tudo o que preciso em duas malas digamos que, um pouco grande. Entro no banheiro e tiro minha roupa em frente a um grande espelho que havia alí, estava mais magra... E sentia uma leve dor em minha barriga. Deixando esses pensamentos de lado, sai de em frente ao espelho e fui até a banheira para poder tomar meu banho. 

Estava com espuma até meu pescoço, sempre gostei de brincar com elas... Sou meio criançona mesmo, tava com um monte de espuma em minha mão, já pronta para assoprar e vê-la voar e cair no chão. Mas aquele mesmo barulho que ouvi na floresta, de faca passando em árvores estava se fazendo presente de novo, só que dessa vez era na parede. E vinha da janela do banheiro, aquela mesma que tem uma pedra e o Michael caiu dela. Cada vez mais ficava próximo, e eu não sabia o que fazer! Poderia sair da banheira e me enrolar em una toalha, sair correndo. Mas não conseguia... Até que vejo a ponta da faca encostar na janela... Ai meu deus!!! 

- Michael! - gritei. Meu coração estava tão acelerado que podia escutar os batimentos de longe. - Michael? 

Escutei a porta sendo do banheiro sendo aberta em um baque direciono meu olhar medroso para a mesma e vejo a figura de Michael adentrar ao banheiro e vir até mim. 

- o que esta acontecendo? - perguntou-me ofegante. 

- eu vi... - as palavras saiam meio cortadas por causa do choro. - eu vi a faca, Michael. Ele estava alí. - disse olhando para a janela. 

- mas é de dia... - estranho... - temos de sair daqui. 

Ele me ajudou a sair da banheira e trocar de roupa, sei que poderia muito bem fazer isso sozinha mas é tão bom ver o quão cuidador e protetor ele é...  Mesmo sendo velho... Qual seria a idade do Michael?

                                           (...) 

O cavalo cavalgava devagar indo na direção de minha mais nova casa, durante todo o trageto mantive meus olhos fechados, caso alguém aparesse e fizesse mal a nós. Também não queria ver o local que a alguns dias aconteceu aquelas tragédia... Muitas duvidas rondam minha cabeça, é impossível fazer meus pensamentos pararem um pouco, acho que sou movida por eles. Minhas lembranças iam longe, mas foram interrompidos por uma forte pontada em minha barriga, fora tão forte que me encolhi onde estava. 

- você esta bem? - perguntou não obtendo resposta - esta com dor? 

- minha barriga dói muito... - falei com a mão na região em que doía. Mas eu comi hoje, essa maldita dor esta me torturando dês de mais cedo, "tem como fazer isso parar não? Por favor... Nunca te pedi nada... " tinha esse costume de "conversar com Deus" quando precisava de alguma coisa, idiota é meu segundo nome. 
Quando menos esperava, senti Michael me pegar em seus braços e descer-me de seu friesian, me colocando no chão. Não aguentando o meu próprio peso, ia quase caindo no chão mas o Mike novamente me pegou. 

- temos que ir a um médico, você não pode ficar assim sempre! - disse. 

- eu já falei que não gosto de hospitais, nem médicos, agora me leve para dentro! - pedi sôfrega. Ele não médio distâncias, pegou-me em seus braços e entrou comigo em sua residência me levando até seu quarto. 

- você está muito estressada ultimamente, faz tempo que sente essa dor? Ainda está doendo? Sabe um remédio que posso te dar...? - interrogou-me. 

Essa chuva de perguntas não me deixou mais tranquila, ele bem que poderia ter guarda-las para me fazer depois né?!  

- dês da hora que fui tomar banho... - virei meu rosto e revirei meus olhos. - claro que esta doendo, eu naoegosto de remédios. - fui rude, e ele só esta preocupado...  

- e porque não me falou antes? - perguntou com suas mãos na cintura, ele estava em pé a minha frente. 

- porque não estava muito forte. 

- olha, vou te levar no hospital... - interrompi. 

-... Não quero! - as vezes tenho essas atitudes de criança birrente, sei que já estou bem velhinha para esse tipo de coisa mas ele não me deixa escolha. 

- então vai ficar guardando doença em casa? - seu tom de voz agora estava mais alto. 

- eu não estou doente, é só uma cólica! - gritei 

- cólica? Você bem esta em seu período menstrual. Sem falar que esta vomitando tudo que come, já desmaiou, e fica tonta direto, acha mesmo que isso é uma simples cólica? - gritou.

Esses sintomas são de mulher grávida, e eu não estou grávida... Ou... 

- tudo bem, eu vou no médico com você. 

- deixa eu só preparar o carro que nós vamos. - falou ele se virando mas o chamei antes que saísse. Carro...? Ele não só tinha um cavalo? 

- você tem carro? - perguntei. 

- sim, porque? 

- nada... É só que, pensei que você saísse só de cavalo... - ouvi sua risada estérica e engraçada e o vi saindo do quarto sem rresponder minha pergunta. 

Enquanto ele ia tirar seu carro da garagem, eu ficava ali pensando em o que poderia ser essas dores e todas essas outras coisas que venho sentindo. Será que estou grávida? Aff!  Eu já falei para mim mesma que não estou, e que isso é só mais alguma daquelas viroses... 

Onde será que o Mike guarda esse carro que ele falou? E onde fica a garagem...?  Nunca nem vi uma garagem por aqui, só o curral do zorro e aquele monte de galhos mesmo. Se ele não tivesse carro iria oferecer o que tem lá em casa... E essa dor do inferno não passa nunca! 

- pronta? - perguntou o Michael adentrando o quarto. 

- sim, vamos logo não aguento mais! - falei levantando-me daquela cama alta. 

- acho que terei de colocar escadas nessa cama... - disse debochando da minha altura. 

- e eu acho que você poderia calar essa boca! - fui curta e grossa. 

- eita! Mulher agressiva... - falou levantando suas mãos em sinal de rendição. 

Ele me ajudou a descer até onde o carro esperávamos - uma caminhonete branca, pensei que seria um Chevette... - e ficou na direção, claro. Pegou uma estrada que eu ainda não conhecia, ficava atrás de sua casa e pode ver também onde que era sua garagem... Durante todo o caminho o incomodo e minha barriga cada vez ficava pior, até que houve uma hora em que ela parou de doer mais um pouco. O hospital ficava longe, se estivéssemos em minha casa não ficaria tão longe. Ainda não gostei muito da ideia de mudar de casa... 

                                            (...) 

Estávamos dentro do carro com os vidros fechados, o Michael estava receoso de mostrar seu rosto para mais alguém, queria entender o porque de ele não querer se mostrar desse jeito... Ele é tão bonito! Mas tudo bem, acho que entendo ele. 

- Mike... Se você não entrar, pode ficar aqui esperando... 

- não! - me interrompeu - eu quero entrar, é só que... Vamos! - falou abrindo a porta do altomóvel, eu fiz o mesmo. - precisa de ajuda para andar? 

-não, eu consigo.. - falei isso mas acho que não estava tão confiante, a cada passo que dava eu segurava mais forte em Michael. Ele sempre perguntava se eu não queria que ele me levasse em seus braços ou pegasse uma cadeira de rodas, mas eu sempre falava a mesma coisa, sou orgulhosa até em momentos como esse. 

Chegamos na recepção e umas pessoas se faziam presente naquela sala, ninguém estranhou o Michael ou alguma coisa do tipo, na verdade, nem ligaram se a gente chegou. Uma loira estava atrás de um balcão mascando chiclete, fazendo um barulho irritante... E ainda, olhava para o meu namorado com uma cara de insinuante que eu poderia dar uns belos tapas em sua cara se essa dor ainda não estivesse presente. 

- posso ajuda-lo em alguma coisa..? - tenho certeza que essa pergunta fora direcionada ao Michael, não a nós. Nunca que eu iria deixar que ele falasse com essa coisinha insignificante! 

- claro, poderia pôr meu nome nesse fichário - apontei para o fichário que estava em suas mãos - e avisar que meu caso é urgente, querida? - perguntei sem esbossar nem um tipo de reação em minha face. 

- qual seu nome? - perguntou com cara de deboche. 

- Clara Hom... 

- completo. - fuzilei-a com o olhar. 

- Maria Clara Homes. 

- e o de seu... - olhou para o Michael de cima a baixo -... Acompanhante? 

- namorado, meu namorado. - dei ênfase nas últimas palavras. 

- Michael Joseph Jackson. - Mike se pronunciou. 

Oras, não fale com ela seu... Seu... Aaaaaaah! 

- podem sentar-se na quarta cadeira, por favor... - não irei aguentar esperar. 

- moça, tem como você passar ela na frente dessas pessoas? - perguntou Mike - está com essa dor desde de manhã... Por favor! - enquanto ele pedia, eu me contorcia de dor... Estava voltando, e estava muito forte.

- tudo bem, irei comunicar ao Senhor Rick. - ela saiu de onde estava e foi na direção de um vasto e largo corredor cheio de salas. 

                                           (...) 

- senhores, podem entrar! - a moça insinuante foi para seu devido lugar e nos indicou a porta que iriamos entrar, a penúltima do corredor. 

Três pequenas batidas foram dadas na porta e a mesma foi aberta por um coroa muito bonito e elegante. Nos deu espaço para que podecemos entrar em sua sala e veio atrás de nós. 

- vejo que minha assiente aqui é... 

- Clara, Clara Homes. 

- bom senhorita Homes, quais são seus sintomas? - perguntou sentando em sua grande cadeira de couro e logo em seguida, estendendo a mão em aviso para que centacemos nas respectivas cadeiras a seu frente. 

- tudo que ela come não sustenta em seu estômago... 

-... Estou vendo, ela esta magra e meio amarelada. - imterronpeu o Michael, sei que ele não gosta disso.

- fica tonta frequentemente, e passou a sentir uma dor em sua barriga. - explicou o que eu deveria ter falado. 

- já desmaiou alguma vez...? - perguntou colocando seus óculos de grau. 

- sim. - fui mais rápida e respondi, não quero pagar de tapada.. 

- seu período menstrual está normal? 

- sim, a data normal é no fim do mês e ainda estamos no meio. - falei. 

- terá de fazer exames de sangue e vai ter que tomar soro. - disse folheando uns papéis. 

- e sua dor na barriga, é por causa da força que você faz para botar toda a comida para fora, quando vomita. E também por outra coisa que irei ter certeza assim que seu exame ficar pronto. Pode se retirar e esperar uma enfermeira lhe chamar. 

Esse médico é bem direto hein... Poderia ser um pouco mais delicado!  Saímos do escritório e fomos esperar a enfermeira chegar. 

Ele falou que suspeitava o que eu tinha... Será que é algo grave? Nossa, tantos "serás" habitam minha mente que acho que seria possível minha cabeça explodir!... Até que a enfermeira chega e me chama para poder tirar o sangue, eu tenho medo de tudo, menos de agulha. Fic até olhando ela entrando em meu braço... Não sei quem eu puxei, meus pais odiavam agulhas. Ah, meus pais...

                                        (...) 

Fazia exatamente trinta e sete minutos que esperávamos meu exame e o doutor chegar até nós, por enquanto conversava amenidades com o Michael, eu estava tomando soro...

- Mike, quantos anos você tem? - nem sei a idade se meu namorado... Sou tonta, eu sei. 

- quantos eu pareço ter? - perguntou. Olhei bem para seu rosto.

- sei lá, acho que uns...  28? - perguntei com um dedo no queixo. 

- acrescenta mais 8 anos. 

- 36? - não parecia. - tem certeza? 

- sim, e você? 

- 19... 

- sério? Pensei que tinha uns 23.

- eita! Poço te fazer perguntas?... 

- sim, só não sei se irei responder. - ele estava receoso. 

- tá, lá vai... - e minha curiosidade mais uma vez batia a porta! - você já foi casado? Quem era aquele garotinho loiro no quadro de sua casa? Como seus pais morreram? Porque não gosta de se mostrar para os outros e mora naquela casa sinistra? Porque... 

- Clara Homes? - maldita hora em que esse homem de jaleco metido a medico rabugento foi interromper minhas perguntas, agora irei ficar sem respostas, odeio isso! 

- sim? - tentei soar o mais natural possível. 

- você está grávida. 

Acho que esse coroa não foi com a minha cara... Nem um parabéns ele sabe dá pas suas pacientes que recebeu uma noticia dessas sem ao menos está preparada... Não... Espera... Eu estou grávida? É isso mesmo...?  

Olhei para o Michael e ele estava igual uma estátua, como sempre. 

- Michael... - chamei, e ele me olhou. - não vi falar nada? 

- eu vou ser pai novamente... Vou ter outro filho... - um sorriso largo se formou em seus lábios e o vi levantar-se e começar a dar pulinhos, até fez um passinho pra trás, desconhecido por mim. 

Mas como assim, " novamente ", " outro " ?



Capítulo XX


Talvez se esse médico não houvesse aparecido na hora em que o Michael iria me responder aquelas perguntas eu soubesse a resposta, mas como aconteceu aquele ocorrido... Eu não sei quase nada sobre ele, quando ouso se quer perguntar sobre um quadro ele fica bravo ou muda de assunto, não sei praticamente nada a seu respeito. Bom, e ele só sabe quase tudo sobre mim, menos algumas coisas que não costumo conversar com ninguém. 

- como assim? - perguntei 

- preciso conversar com vocês. - doutor Rick apareceu me atrapalhando novamente. Aff. 

Adentramos o consultório olhando um para o outro receosos, tenho quase certeza de que ele vai falar sobre aquelas dores em minha barriga. Preciso saber outras coisinhas também, quando o assunto é gravidez sou uma tapada. Nos sentamos novamente nas poltronas e esperamos o doutor proferi alguma palavra. 

- bom, pode deitar aqui por favor? - perguntou olhando para a maca, fiz sinal positivo com a cabeça e deitei na mesma. Logo ele me manda levantar a blusa na altura dos seios, o fiz e esperei para ver o que ele iria fazer depois. Fechei meus olhos e fiquei pensando naquele sonho, por que ele veio em meus pensamentos justo agora? Estava em um momento tão confuso, mas também muito bom. Aquela menina, era tão parecida com o Michael...  

- seus batimentos cardíacos estão ótimos. - afirmou com um eletroscópio em uma região abaixo de meu seio. 

- e quanto as dores? - perguntou Michael. Ele estava de braços cruzados. 

- ela vai continuar sentindo-as até o fim da gestação, a gravidez é de risco. Principalmente por ela está grávida apenas de uma semana, isso é raro mas é muito perigoso. - disse 

- então eu corro riscos de perder o bebê? - certo, eu ainda estava confusa sobre tudo isso, mas não queria ficar sem meu filho - ou filha. -, é só uma criança... Não pode partir tão cedo. 

- no momento, não posso afirmar nada. - falou indo de novo para sua mesa. - irei passar alguns remédios para aliviar sua dor e terá que ficar de repouso. 

Assentimos com a cabeça e esperamos ele nos dar a receita dos remédios que precisarei tomar, bom, e sobre o repouso... Acho que não vai ser cumprido da maneira correta, quando quero saber de alguma coisa, mesmo sendo assustador, não costumo ficar parada. E quando eu estiver em casa sozinha, não poderei mais colocar meus fones no último volume e começar a dançar? 

- pode deixar, ela irá tomar os remédios certinhos e vai ficar de repouso. - afirmou sem meu consentimento. 

- assim espero. - disse levantando de sua poltrona, e estendendo uma mão para que o Michael apertasse. 
Saímos do hospital e fomos para o carro, Mike me perguntou se queria comer alguma coisa, mas não estava com fome. Já podia me sentir um pouco mais forte devido o medicamento que ingeri, só me sentia um pouco tonta. Já estava ficando cheia de tanto ficar doente, eu sabia que isso estava acontecendo por uma boa causa, mas não dá! Terei de aguentar isso por mais alguns meses. 

Estava tão feliz em saber que tem uma criança crescendo dentro de mim, soa até um pouco estranho, mas estou rodeada de pessoas e coisas estranhas, então não posso reclamar. 

Por um momento tentei puxar conversa com o Michael mas ele falou que não queria alegando esta dirigindo. Na verdade, eu queria mesmo era pedir as respostas das perguntas que fiz mais cedo... Se ele não me responder de maneira civilizada, irei descobrir sozinha!

                                            (...) 

Três meses depois... 

- a garotinha do papai está acordada...? - perguntava o Michael com suas mãos fazendo carinho em minha barriga, já estava um pouco grandinha. 

- garotinha? E se for um menino? - tentei contraria-lo. 

- irei brincar com ele de futebol, mas tenho quase certeza que será uma menina. - disse

- quem deveria ter certeza de algo era eu. - gargalhei. 

- eu também, sou o pai... E vai ser uma garota. - afirmou confiante. - a garotinha do papai! - nunca imaginaria ver "o estranho em Moscou" nas situações em que se encontra, hilário! 

- mas sou a mãe, eu que vou esperar nove meses! 

- eu também vou esperar nove meses. - parecia até que as respostas não eram direcionadas a mim, ele respondia olhando e sorrindo para minha barriga. 

- é, só que eu vou esperar com ela dentro de mim.

- então, eu espero ela aqui fora mesmo. - disse me fazendo rir. 

E nossas tardes se resumiam a isso, Michael parecia uma criança conversando com o bebê, chegou até a gravar histórias e músicas - que eu não sabia que existia, mas são muito lindas. - em um gravador caso aconteça de ele sair e demorar a voltar. Quando não tínhamos nada para fazer ficávamos na cama, ou no sofá, as vezes em frente sua casa... Mas não confiamos muito, preferíamos ficar dentro de casa, é mais seguro. Bom, aquele ser... Nunca mais apareceu em lugar algum, é um pouco estranho mas não quero pensar em coisas negativas agora que estou feliz e quase realizada com meu bebê e meu namorado. 

O Michael falou que terá de sair mais tarde, não sei onde vai... Não me falou nada, também não perguntei. Mas já sei o que irei fazer quando ele sair, tem cômodos que ainda não conheço dentro dessa casa,  um deles é a biblioteca. 

- amor, já vou indo... - entrou dentro do quarto. Eu estava em frente a janela sentada em uma cadeira, é um ótimo lugar para pensar e também ter vários pesadelos olhando para essa floresta. - você precisa de algo, quer que eu compre algo? 

- não, não estou precisando de nada. - falei levantando e indo até ele lhe dar um beijo. - tchau! - sussurrei e o beijei novamente, só que dessa vez mordendo seu lábio deixando-o escorregar entre meus dentes. 

- não me faça mudar de ideia sobre isso... Se eu ficar você não irá aguentar... - disse serrando os olhos. 

- tchau safado. 

- até mais tarde gracinha! - falou mordendo os lábios e apertando minha bunda. 

Depois dessa nossa pequena despedida, ele fora embora e me deixou ali, mais uma vez curiosa. Quando ouvi o barulho da porta principal se fechando sai de onde estava - detrás da parede, no fim da escada. - e fui direto para o corredor que dava na biblioteca e em várias outras portas que estavam trancadas, enquanto dava pequenos passos e olhava para aqueles quadros antigos e raros, rezava para que a porta da biblioteca não estivesse trancada também. Estava quase chegando a tão esperada porta, mas o mesmo quadro daquele garotinho loiro de bochechas rosadas chamava minha total atenção para ele. Queria muito saber quem é, pretendo saber brevemente. Poderia ser só mais algum parente do Michael... Ou não.





Capítulo XXl


Desviei meu olhar para a enorme porta da biblioteca, e decidi que não iria entrar pois se o fizesse sem a autorização do Michael, ele poderia ficar uma fera depois, e eu não quero isso. Mas aquele maldito pedaço de madeira parecia que estava me chamando, era muito tentador... É como colocar uma barra de chocolate na frente de um chocólatra e dizer que ele não poderia comer, isso é muito angustiante! Ir ou não ir...? 

" oras, é só mais uma biblioteca com variados livros igual todas as outras, essa não tem diferença! " - sabe aquela vozinha do mal que sai de sua imaginação? Então, ela esta em ação. 

Pressionada por minha curiosidade, continuo dando meus pequenos passos até a porta, só que irei chegar lá sem unhas! 

Quanto mais minha mão ia se aproximando da maçaneta de prata, mais eu suava. Eu sei que isso não é nada de mais, mas não tenho autorização para fazer tal coisa, se pensar por um lado... Eu já fiz muitas coisas sem a autorização de uma pessoa... Só que agora é diferente, sinto que estou invadindo a privacidade dele, como se muitos outros já houvesse feito o que estou prestes a fazer. 

E mais uma vez me meti em uma situação muito tensa,  deixei meus pensamentos um pouco de lado e decidi adentrar no cômodo, não posso ficar me martirizando por um lugar cheio de livros! Tranquei a porta atrás de mim e olhei para todos os lados, não deu para ver nada pois a penumbra que se instalava no local não me permitia. Eu ainda segurava na maçaneta caso alguma coisa fora do normal estivesse ali só seria eu dar um giro que já estava fora da biblioteca, subo minha mão esquerda sobre a parede pra poder sentir algum interruptor para ligar a luz, e achei. Quando tudo já se encontrava em plena clareza observei todo aquele lugar com atentamento e curiosidade, aquelas prateleiras, aqueles inúmeros livros... Poderia sentar-me e ler, mas quero aprofundar mais isso, quero ver se encontro algo a mais. Só pode ter alguma coisa de suma importância para ele não querer que eu colocasse os pés aqui dentro. 

Havia um grande quadro posto na parede acima da lareira com suas barras douradas e preciosas, mas o que poderia me chamar mais atenção não fora isso, e sim a imagem que estava na tela. Uma jovem extremamente linda com seus cabelos cor de mel e olhos azuis junto daquele mesmo menino estava lá, será que ela fora alguma namorada do Michael, ou até mesmo esposa? Essa pergunta só será respondida quando ele decidir fazer a caridade de matar minha curiosidade e vontade de saber um pouco mais sobre sua vida. A lareira era grande, havia cinzas... Isso significa que alguém estava aqui, e esse alguém só poderia ter sido o Michael, claro. 

Rolos de madeiras se fazia presente ao seu lado, uma poltrona como aquelas da sala e um centro também ocupava o grande espaço que ficava em frente a lareira, era um ótimo lugar para ler um bom livro. A luz do ambiente era um pouco opaca, meio apagada. E esses quadros antigos pareciam ter algum tipo de imã com meus olhos, sempre que os via parava e ficava durante uma boa parte de meu precioso tempo olhando, pareciam hipnotizador... Parei um pouco de ficar observando aquelas molduras e virei para poder observar mais aquelas estantes, enquanto fazia isso sentia o quanto era bom ficar com a barriga um pouco avantajada e fazer carinho na mesma, tenho que pensar em qual será o nome de minha pequenina, isso mesmo, também acho que poderá ser uma menina.

 Como estava atrás de alguma coisa para fazer em toda aquela imensidão de biblioteca, decidi assim, que iria procurar um livro de significado de nomes, vai que eu encontre um bem bonitinho?! 

Já havia se passado alguns minutos desde que eu estava procurando o bendito livro, e até que enfim achei! Só que o único problema é que ele está um pouco no alto, acho que estou pesadinha para subir em escadas... Sem falar que meus pés já estão começando a ficar inchados, se fizer qualquer esforço eles doem, mas eu quero!

Apoiei meu pé no primeiro lastro da escada, pensei que iria cair de principio, mas não aconteceu nada, eu estava muito próxima do chão... Subi mais alguns e já estava com o livro em mãos, fiz o mesmo percurso para poder descer. Sei que aquilo poderia me causar dores mais para frente, mas eu precisava ler esse livro, agora se tornou uma obrigação o ler! Mas preciso tirar essa escada daqui e coloca-la em seu lugar de antes, preciso deixar tudo isso impecável entes dele chegar. Quando a escada já estava em seu devido lugar, sentei-me na cadeira e coloquei o livro na mesa - que mais parecia ser de algum escritório. - e passei a folhear suas páginas enquanto lia o mais rápido que conseguia. Quando cheguei a cadeira não havia percebido em nada na organização e decoração da mesa, aquilo já havia se tornado um vício meu. Parei de ler linhas atrás de linhas e passei a ver detalhadamente cada pedaço daquele móvel; folhas de ofício, pastas, canetas, documentos... Tudo, menos computador, telefone, ou alguma coisa do tipo, nada tecnológico. Como que ele consegue viver assim? Eu sobrevivi esse tempo todo porque ainda estou com meu celular. 

Mas de que adianta ter o telefone-celular e não ter internet? O aparelho se torna inútil! 

A mesa mais parecia aquela da sala oval, na casa Branca. Cheia de gavetas e nem uma abria, todas estavam trancadas... Mas uma coisa que me rendeu muita experiência com esse tipo de coisa foi ter assistido séries e filmes, e neles, os atores usam alguma presilha para poder abrir a devida porta que quiser. Eu sei que é só filmes, mas eu gosto de passa-los para a vida real... Tentei e tentei, não deu em nada. Meu corpo estava inclinado em cima da cadeira a qualquer momento poderia cair de bunda no chão, e isso não seria bom para ninguém, estava quase conseguindo abrir a gaveta, quanto mais forçava a presilha na fechadura mais ela dava sinal que iria abrir e me deixar ter acesso ao que tinha ali dentro. Até que escorreguei da cadeira e como previ, o que tanto temia aconteceu...  As duas únicas coisas em que eu pensei foi em minha filha, que por sorte minha barriga não bateu em lugar algum e em um barulho de alguma coisa caindo no chão, baixei minhas vistas e percebi que algo brilhava próximo ao pé da mesa. Agachei e estiquei o braço para poder pegar aquela coisa, e ês que encontro o que eu queria... Chaves! 

Havia cinco chaves, algumas maiores que as outras, outras menores. Baixei minha cabeça na altura da gaveta para ver se o buraco da fechadura era grande ou pequeno e voltei a minha postura novamente, olhando para o maço de chaves e procurando a menor. Encontrei-a e a pressionei na fechadura, mas não entrou... Fiz o mesmo procedimento com as outras e achei a chave correta. As laterais da gaveta eram de ferro, por isso estavam emperrando. Fiz mais uma força e consegui puxa-la totalmente, dando-me a visão completa do que tinha ali dentro. E não acredito, tanto trabalho para ver alguns envelopes amarelados e...  Levantei os variados papeis que ali estavam e pude perceber que tinha fotos ali, só que estavam cortadas. Observando bem todos aqueles cortes era como se fosse um quebra cabeça, peguei o monte de fotos e passei a ver e as pessoa que estavam nas fotografias, quando acabei de encaixar todos os pedaços vi que pareciam uma família feliz e unida, principalmente a parte em que aquela mesma moça que vi no quadro em cima da lareira, estava ao lado do Michael, sorrindo e aquele garotinho loiro estava no colo dele, parecia até ser seu filho...



Capítulo XXll


E aquele garotinho loiro estava no colo dele, parecia até ser seu filho... Uma senhora muito parecida com o Michael estava atrás deles junto de um senhor que mais parecia esta com raiva naquele momento, bom, acho que me enganei quando disse que "pareciam até uma família feliz.", eles pareciam sim, só que não tanto. Já o Michael... Estava com sua feição de satisfeito com o que tinha, a mesma cara de quando ele recebeu a noticia de que eu estava grávida. Acho que...  

Parei um pouco mais de observar aquela foto e foquei minha atenção nos envelope que parecia se muito antigo, assim como aquela fotografia. O que mais me chamou atenção foi o grande, o peguei e abri devagar, não posso correr o risco de amassar e ele perceber alguma coisa, dentro só havia alguns jornais. A primeira manchete daquela folha era a foto de um carro de modelo antigo todo amassado e quebrado, ele havia batido em alguma árvore. "família Jackson morre em acidente trágico de carro" essa era a frase em letras grandes e na primeira linha que colocaram naquele jornal velho. As letras já estavam se apagando, o papel já queria se rasgar, estava quase ilegível, mas ainda era possível ler os nomes de algumas pessoas que estavam dentro do automóvel que ocorrera aquela tragédia. Brookie Jackson e Michael Jackson, os únicos nomes que era possível ler, o outro nome não dava, estava apagado. Vejo que à muitas coisas que ainda tenho que saber sobre o Michael...  

Peguei outro envelope e vi que aquele se tratava de uma carta, e estava em nome daquela Brookie. 
- gracinha, cheguei! - escutei a voz do Michael e passei a  guardar as fotos e o envelope que estava o jornal o mais rápido que poderia fazer. Só não guardei a carta, aquela iria ficar comigo porque depois irei ler e ninguém vai me impedir! Fechei a gaveta e deixei o maço de chaves próximo ao pé da mesa, vai que ele não desconfie de nada e pense que caiu no cão só porque ele não a guardou direito?! Sai de onde estava correndo e quando estava quase chegando, olhei para trás pra me certificar de que estava tudo em ordem, como ele havia deixado, tranquei a porta atrás de mim e passei a dar passos rápidos pelo corredor até que dou de cara com o Michael. 

- onde você estava...? - perguntou - parece assustada. 
E agora?? 

- ãh... Estava... - olhava para todos os lados a procura de algo para dar uma desculpa e me safar dessa -... Estava observando os quadros, é, só observando! - falei com um sorriso sem graça nos lábios. 

- tem certeza? - ele olhou para a última porta do corredor, droga, a biblioteca! 

- sim! - respondi tentando soar confiante. 
- tá bom. - ele não parava de me olhar com desconfiança. 

Estávamos indo para a sala, nossas mãos estavam coladas uma na outra, ele sempre apertava e minha mais forte, não era seguro em nada, sempre desconfiando de tudo e de todos. As vezes chego até a me perguntar se ele confia em mim... Se realmente me ama, porque que nunca me fala nada do seu passado, e se ele for aquele estranho que todos falam? Se for ele quem faz todas aquelas atrocidades com as pessoas e me assustava frequentemente? Essa possibilidade não está fora de questão, durante todo esse tempo aquele monstro não vira me atormentar, e foi durante esse período que o Michael não saiu para lugar algum. Só esses dias que ele vem saindo frequentemente as tardes... Esses pensamentos me fez soltar a mão rapidamente da sua. 

- porque soltou minha mão? - perguntou me olhando. 

- nada, é só que estou com calor. - respondi tentando não olhar para seus olhos, passei alguns segundos calada pensando se seria melhor ou pior fazer a pergunta que estou prestes a fazer. - Michael? 

- quê? - sua voz saiu um pouco grave, acho que é melhor pensar mais um pouco...  

- para onde você foi? - perguntei temendo sua resposta, nem deveria está temendo tal coisa, talvez tenha ido só tomar um ar ou alguma coisa do tipo. 

- lugar nenhum.

- não vai falar? - olhei para ele, ele olhava para frente. 

- eu já falei. - disse despreocupado. 

- então tá. - falei e andei um pouco mais rápido, passando a sua frente e indo até a porta. 

- você não vai sair. - gritou firme

- você não manda em mim. - respondi o olhando nos olhos. 

- é minha namorada, mãe do meu filho, claro que mando. 

- não, você não manda. - gritei com raiva. 

- pare de gritar, sabe que não pode fazer esforços! - gritou ameaçando se aproximar, me afastei chegando cada vez mais perto da porta. 

- pare você de gritar, não tem o direito! - falei em tom mais baixo. 

- tenho mais direito que você, poxa, eu só saí... Não é motivo para tudo isso, está se comportando igual uma criança birrenta. - gritou. Sempre quando fico com raiva costumo chorar, e estou com raiva de tudo! 

Abri a porta e saí correndo, não sei como não caí daqueles degraus, são poucos, mas são altos. Enquanto corria por entre aquelas árvores sinistras protegia minha barriga com uma mão embaixo da mesma e outra encima, podia ouvir o Michael me chamando desesperado enquanto corria, ele poderia ter pensado muito bem antes de me fazer raiva e não me falar nada sobre ele, ele teve uma esposa e nunca me falou... Nunca me fala nada, sempre parte para outro assunto! Até que ele para de correr atrás de mim e me chamar. 

Já estava escurecendo, a brisa gelada já se fazia presente em toda a floresta e eu não sabia para onde ir... Minha casa ainda está longe, só tenho lá para ficar. Poderia ir para a casa da Yoko ou da Julia, mas não tenho intimidade o bastante com elas, então não seria muito legal chegar lá e pedir para ficar com elas alguns dias na cara de pau. Minhas pernas já estavam começando a doer, e o medo já se fazia presente em meu ser. Eu realmente poderia ter pensado melhor antes de ter saído de casa por uma raiva passageira, mas foi preciso, não me arrependo! Eu já não corria, apenas caminhava...  sinto minhas vistas ficando turva e tudo começar a rodar, minha testa estava sangrando... Alguém havia acertado uma pedra em minha cabeça, não conseguindo manter-me de pé, caí no chão desacordada. 

                                         (...) 

Abri meus olhos mas os fechei em seguida, estava com uma leve preguiça de fazer tal ato. Os abri novamente e dessa vez senti um incômodo em minhas costas e aquelas dores em minha barriga se faziam presente novamente, logo lembrei que alguém havia me dado uma pedrada em minha testa e esse alguém com certeza deve está por perto, levantei-me com esforço e percebi que passei um bom tempo desmaiada, quando aconteceu o ocorrido, o sol ainda estava em seu posto, mas agora... Agora já esta de noite e a lua deixava tudo ainda mais amedrontador. Comecei a andar afastando os galhos que ficavam em minha frente com o braço, fazendo com que me desse um pequeno acesso de visão a minha frente para ver se poderia ou não vir alguém em minha direção. Parei um pouco e olhei para cima, a lua estava tão linda, mas me passava tanto medo... E isso aumentou quando ouvi uivos, os lobos! Por que raios esses bichos só aparecem aqui?  Porque sou tão medrosa...? 

Acelerei meu passo e comecei a correr, quanto mais ouvia os uivos, matos e galhos se mexendo mais meu medo, nervosismo e aquela maldita dor aumentavam, retiro minhas palavras quando falei que não me arrependo de ter saído de casa, me arrependo imensamente agora. Poderia ter ouvido o Michael... Mas ele é muito mandão, não poderia dar esse gostinho a ele! 

Corria praticamente de olhos fechados, estava tudo escuro mesmo, não ia fazer diferença. Paro de correr assim que vejo outra imagem que me atormentaria muito mais para frente e agora. As lágrimas desciam como fogo de meus olhos, chorava de ódio... Medo de que acontecesse o mesmo com minha filha - essa suposição me fez entrelaçar meus braços em minha barriga e começar a chorar alto - e revolta.


Capítulo XXlll


As lágrimas desciam como fogo de meus olhos, chorava de ódio... Medo de que acontecesse o mesmo com minha filha... e revolta.

O John estava amarrado em uma árvore com correntes entrelaçando seu corpo, estava sangrando - o sangue parecia já está em decomposição -, fedendo. Ele havia sido torturado e morto, enquanto eu nem se quer saia de dentro de casa! Como que algum ser humano é capaz de fazer tamanha brutalidade com alguém? Eu gritava de tanto chorar, aquilo não poderia ser real... Todos que são próximos de mim não ficam vivos, ele quer me fazer pagar por algum mal que eu não cometi, eu nunca faria mal a ninguém... Nunca... Só estou grávida de três meses não posso deixar que ele mate a mim e minha filha antes mesmo dela poder conhecer o mundo em que irá viver, tudo está desmoronando...

- você atrapalha a vida de todos... - isso foi mais para um sussurro do que uma voz em seu timbre normal, não me era desconhecida... Conhecia de algum lugar. Minha franja grudava em minha testa e bochecha por causa das lágrimas que não cessavam nunca. Pela proximidade da voz dava para perceber que estava por perto, escondido em alguma árvore ou arbusto.

- porque está fazendo isso? - gritei chorando e com medo da resposta que ele irá me dar e de ele querer fazer algum mal a mim ou minha filha.

Ouço o relinchar de um cavalo vindo de longe e com muita dificuldade vejo uma silhueta correndo por um caminho desconhecido por mim, era aquele homem...

- meu deus! - exclamou o Michael ( estava de capuz ) olhando para o corpo do John que era iluminado apenas pela lua. - quem fez isso? - perguntou gritando.

- ele... - as únicas palavras que consegui proferir por causa do choro que não me deixava dar mais explicações.

- vamos, eu falei para você não sair de casa! - berrou.

- eu não posso ir de cavalo! - a gravidez me impede de fazer isso, pode prejudicar o bebê e me fazer arcar com sérias consequências mais para frente.

- mas pode ficar correndo no meio de uma floresta com lobos e conversando com um louco psicopata? - interrogou. Ele estava sendo rude, por certo estava com raiva por eu não ter obedecido ele.

- eu vim parar aqui por sua causa! – gritei.

- por minha causa? Acha mesmo que eu iria querer que você ficasse em um lugar como esse? - vociferou bravo. Os uivos já estavam começando a se fazer audíveis novamente... - suba! – ordenou.

Obedeci por que era a única opção, não queria ser dominada e gritada frequentemente por homem nem um, meu pai nunca prestou a esses atos, quanto mais um homem que se diz ser meu namorado. Subi no friesian preto e pedi para que ele fosse um pouco mais devagar, mas ele não deu ouvidos e aumentou ainda mais a velocidade do cavalo me deixando um pouco tonta.

Alguns minutos depois, e finalmente chegamos em casa. Os uivos pararam e a dor de minha barriga havia passado que eu nem tinha percebido... Entramos na casa e ele sentou-se em sua costumeira poltrona e ficou olhando para o chão, nem se quer olhava para mim, estava com muita raiva. Eu não poderia ter feito isso com ele... Ele é tão preocupado comigo, sempre quis meu bem...
Ultimamente eu realmente não estou entendendo a mim mesma, hora estou com raiva do Michael, hora estou arrependida de ter tomado alguma decisão drástica, ou até mesmo de ter gritado ele.

- pode ir dormir no meu quarto, irei ficar em outro. - disse sentado, na mesma posição.

- não precisa da ao trabalho e ir dormir em outro quarto, eu vou ficar aqui na sala, igual da outra vez. - falei tentando ser dramática para ver se ele mudará de ideia e virá dormir comigo, não quero dormir sozinha.

- você vai dormir lá e pronto. - ordenou. Esse mais novo costume de mandar em mim não esta dando muito bem não... Não estou gostando disso!

- para de querer mandar em mim! - gritei - só porque estou grávida de um filho seu não significa que pode ficar mandando e desmandando no que faço ou deixo de fazer! - gritei mais uma vez apontando o dedo em sua cara.

- você vai dormir lá em cima... - falou despreocupado e baixo -... E eu mando em você e em nosso filho porque vocês são meus.

- eu não sou sua, e meu filho é só meu! - dei ênfase no "meu".

- nosso, eu ajudei você a fazer... E irei protege-los até minhas forças acabarem. - revolta podia sentir enquanto ele proferia tais palavras.

- ah, vai nos proteger igual protegeu seu filho e esposa daquele acidente de carro? - perguntei vendo-o levantar de onde estava e me olhar com raiva e dor, acho que mexi na onça com vara curta...

- eu os protegi! - gritou próximo a meu rosto.

- então porque morreram? - perguntei chorando.

- eu... Eu não sei. - sua voz estava embargada, ele estava prestes a chorar.

- se você fosse menos fraco saberia! - gritei novamente.

- fraco...? - perguntou - eu sou o fraco? Você não sabe o quão mal posso te fazer garota... - ameaçou.

- sabe, eu tenho medo de você. - revelei o que ele já devia saber - eu tenho medo de viver igual você, sozinho, isolado de tudo e de todos, monstro... Você só presta para viver em seu mundo obscuro e assustador só, sem ninguém, sem companhia alguma, seu estranho! - falei devagar, com uma feição fria. As palavra que saíram de minha boca são verdades que eu nunca queria ter se quer pensado em falar para ele, elas me machucaram, mas com certeza machucaram mais a ele do que a mim.

Ele colocou o capuz, que antes estava em suas costas, e olhou para mim com os olhos banhados por lágrimas e sua boca entreaberta. Não consegui manter nossos olhos conectados e desviei o meu para baixo, não queria olhar para aquele mar negro cheio de dor novamente, não agora.

- bom, eu não queria ser o monstro que te perturba em seus pesadelos... Me desculpe! - falou subindo as escadas e sumindo acima delas. Caí em prantos ali mesmo.

Suas últimas palavras denunciavam o quanto eu o feri, já se tornou um costume machucar profundamente quem eu amo. Poderia ter usado qualquer argumento, menos esse... Ele nunca toca no assunto de minha mãe ou meu pai... Sempre muito cuidadoso para não me machucar, e eu, como retribuição faço isso... Merecia o Oscar de melhor babaca do ano, nem o homem que amo não sei dar o valor que ele merece.

O John estava morto, meus pais estavam mortos, aquele homem disse que eu atrapalho a vida de todos... O que mais de ruim poderia me acontecer...?




Capítulo XXlV


Oito semanas depois...

Olhando para meu reflexo ao espelho, percebia o quanto minha barriga estava grande, estava em meu quinto mês de gestação, a barriga não tinha crescido muito igual as outras grávidas que via quando ia fazer meu exame rotineiro com o pediatra, era pequena. Perguntei para o doutor Rick se era normal, e ele disse que sim pois a criança poderá nascer bem mais pequenininha.
Estava morando em minha casa agora, sei que não é o certo, mas não queria ficar na casa do Michael depois do que falei pra ele... Apenas dormi lá na noite do acontecimento, antes de sair de sua residência perguntei para ele o que iria fazer com o corpo do John, disse que iria enterrar assim como fez com o de minha mãe. Nem sabia que ele havia enterrado-a... Pensei que ainda estava lá.

Durante essas semanas que estou vivendo aqui, não ando mantendo muito contato com o Michael, apenas visual, quando ele fica na floresta com seu chapéu e sobretudo... Fazia um tempinho que não o via com esses trajes, ele nem usava o capuz quando estava em minha frente. Mas pelas duas vezes em que ele chegou a vir aqui perguntar se eu precisava de alguma coisa ou estava sentindo dores - essas dores só vinham quando estava nervosa - vi que ele não queria mais mostrar sua face para ninguém, estava com seu capuz... Teve uma certa vez, que ele me perguntou se ainda ia fazer a ultrassom, falei que não, pois só queria saber o sexo do bebê - tenho certeza que é menina - quando nascer. O Michael deve ter ficado feliz, pois antes ele tinha me falado que queria ir comigo ver nossa filha pela primeira vez, e eu havia ficado tão feliz... Pena que felicidade em minha vida, é algo que desaparece, igual vapor.
Sai do banheiro e fui para o quarto vestir uma roupa leve e quentinha, estava frio hoje. Quando já estava devidamente vestida, encarei a porta e a destranquei saindo logo em seguida. Pretendia fazer o que costumava fazer antes; comer, dormir, assistir e ler, as melhores coisas de uma pessoa que mora só poder fazer. Fato!

Sentei-me em meu sofá com as pernas dobrada em forma de borboleta - era engraçado fazer isso com a barriga grande. - e passei a assistir e tentar entender o conteúdo da novela que estava passando na televisão. Era mexicana, dramática igual minha vida... Me identifiquei bastante com ela, pena que ainda não sei o nome... Escutei o barulho da campainha soar por toda a casa, principalmente na sala, onde estava. Me levantei indo abrir a porta praguejando mentalmente quem quer que seja que estivesse atrás dela.

- tio Edu...? - perguntei surpresa.

Meu tio Edward, o que minha mãe havia deixado para cuidar da Praise Homes, a empresa que meu pai fundou quando era mais novo e infelizmente acabou deixando por causa de sua morte. Acho que minha boca aberta e sobrancelhas arqueadas denunciavam o quão surpresa estava por ele está aqui agora, quando saímos de Nova York, o Edward comentou com um de seus funcionários que não viria até Moscou para nos visitar, e como todos os funcionário eram leais a minha mãe, acabaram falando pra ela. Nunca fui muito próxima a ele, por ser meu único tio por parte de pai, deveria ter uma relação entre tio e sobrinha amigáveis e honesto, mas nunca senti alguns desses sentimentos por ele. Eu apenas... Apenas não sentia absolutamente nada por ele, só o considerava como parente por causa de meu pai.

- oi clara. - saldou impaciente e olhou para o interior de minha casa, parecia procurar algo. - é... Posso entrar?

- claro! - respondi saindo de frente da porta, dando espaço para ele entrar, muito estranho essa " visita repentina "... Quando saí de onde estava, minha barriga ficou visível a seus olhos, e pude perceber que também ficou surpreso.

- estou vendo que se deu muito bem aqui em Moscou! - disse com a cara fechada - faz apenas seis meses que se mudou para cá e já está grávida, se fosse no meu tempo e se eu fosse seu pai, nem viva queria vê-la mais. - não entendo porque ele está falando essas coisas para mim, parece revoltado.

- disse muito bem tio Edu, se fosse no seu tempo e se eu fosse sua filha, mas graças a meu pai não sou. - respondi com a mesma frieza que falou comigo.
Oras, esse encalhado vem em minha casa falar essas asneiras e eu tenho que ouvir tudo calada? Não mesmo, não sou obrigada a ouvir isso!

- bom, sua mãe está? - perguntou. Essa pergunta percorreu todo meu cérebro e foi até meu coração, atravessando o mesmo como uma faca. Logo meu olhar de frieza mudou para tristeza, será possível que quando finalmente tento esquecer um pouco o ocorrido alguém vem e me lembra?

- ela não está aqui...

- e onde ela está? Preciso tratar assuntos com ela. – falou.

- ela está morta... - falei mais para mim do que para ele. O mesmo não esboçou nem um tipo de feição em sua face, nem ao menos os pêsames...

- é mesmo? - perguntou - e do que ela morreu?
Juro que senti um pouco de cinismo nessa sua pergunta...

- infarto. - não podia correr o risco e falar tudo para ele, iria me chamar de louca e ainda por cima, poderia dizer que fora eu quem a matou.

- oh, que pena... - essa falsidade já está me irritando! - e com quem trato os negócios da Praise Homes agora?

Esse cara só pensa em trabalho, por isso que nunca arranjou uma companheira.

- comigo, sei que não tenho muito experiência no ramo, mas posso dar meu jeito. - falei séria.

- você? A única coisa que sabe fazer é atrapalhar a vida de todos... - disse me olhando com ódio em seus olhos, sua voz... Sua voz era igualzinha a daquele homem! -... Que vivem ao seu redor, como vai dar conta de todos aqueles assuntos da empresa? - sua voz voltou ao normal assim que prosseguiu com a frase, senti um calafrio percorrer toda a área de minhas pernas e se estabelecer em minha espinha dorsal, como que ele conseguiu fazer a mesma voz quando proferiu aquelas palavras...? Seu olhar sobre mim me causava arrepios e medo, logo passa as imagens de tudo que aconteceu comigo e de tudo que aquele ser me causou. Minha filha, que a tempos não se movia em minha barriga, agora passou a chutar a mesma... Estava com medo, eu sei que estava. Automaticamente minha mão migra para a região de meu abdômen e fica lá em forma de falar para ela que irei protege-la sempre.

- você... - as palavras não queriam sair.

- eu sou seu pior pesadelo... - falou sentando-se de pernas cruzadas na poltrona e arqueando uma sobrancelha. - ...gracinha.


Capítulo XXV


- eu sou seu pior pesadelo... - falou sentando de pernas cruzadas na poltrona e arqueando uma sobrancelha. - ...gracinha. - seus olhos semi cerrados pareciam sair fogo.

- não pode ser!... - porque ele estava me chamando assim, só uma pessoa me chama desse jeito.

- claro que não! - exclamou rindo - tá me achando com cara de freddy Krueger? - seus lábios contornavam um sorriso fechado, maléfico.

Poderia jurar de pés juntos que ele estava falando muito sério quando disse aquela frase, parecia até que sabia de todas as coisas que eu não queria comentar com ele... Mas do nada ele muda seu jeito de conversar e faz uma piada muito sem graça, sem falar no cinismo que já está sendo frequente em suas palavras.

- oh, não... - falei tentando sorrir, ele realmente havia me assustado.

- bom, então vou indo! - disse levantando-se da poltrona e arrumando seu terno cinza.

- está em algum hotel por aqui? - em pensamento, rezava para que a resposta fosse não.

- sim. - demorou para responder - à três quarteirões depois dessa casa. - olhou ao seu redor.

- uhum, e porque não se hospedou aqui? - interroguei novamente.

Sei nem porque fiz essa pergunta, pode ter certeza, não era um de meus maiores desejos...

- não achei conveniente. - balançou a cabeça para um lado e depois para outro. - agora tenho que ir, até breve gracinha. - chamou-me novamente pelo apelido que Michael havia me colocado.

- porque me chamas desse jeito? - ainda segurava minha barriga.

- ouvi seu namorado te chamando assim... - e como ele sabia do Michael?

- como você sabe que tenho namorado? Não volte a me chamar assim. - perguntei. Bom, não sei se posso chamar o que existe entre eu e Michael de namoro... Não nos vemos a um bom tempo.

- tudo bem, vi vocês entrando de mãos dadas no hospital.

- está em Moscou a quanto tempo? - sei que posso parecer intrometida de mais, mas preciso de respostas para minhas inúmeras perguntas!

- tempo suficiente para saber de tudo!

- tudo o quê? - perguntei.

- eu realmente preciso ir... Tchau. - só pude ver sua sombra passando por mim, sua rapidez para poder sair de minha casa e me deixar na dúvida foi enorme.

A tarde que havia planejado para mim fora de água a baixo, meu entusiasmo para poder assistir aquela novela mexicana não estava mais igual a antes, poderia dizer que tinha se esvaído. Mas com tudo isso, ainda queria saber qual seria o nome dela...
Meu tio sempre agiu dessa maneira quando conversava comigo; suas respostas me deixavam com dúvidas, suas perguntas me atormentavam, suas afirmações me causavam medo... Poderia dizer que sim, sim ele algum dia já foi meu pesadelo. Agora não mais, meus pesadelos sempre rondavam apenas um assunto só. Um assunto que não queria por em meus pensamentos nesse exato momento, bom, já pondo né...

Como havia planejado, vou fazer exatamente o que queria, mesmo sem muito ânimo para fazer tal coisa. Comer, assistir, ler... Isso já estava se tornando rotineiro demais, precisava de algo que não costumo fazer sempre, algo como passear, fazer compras, tomar sorvete... Coisas de pessoas normais, e eu não sou normal. Vivo rodeada de estranhos e tenho curiosidade crônica, tomara que isso não seja genético, não quero que minha filha tenha crises de curiosidades e se meta em problemas e encrencas igual a mim.

Sentada no chão gelado de madeira da minha sala, tive a " grande ideia " de ir naquela mesma lanchonete em que fui quando cheguei para morar aqui. Não seria nada mal, poderia encontrar a Júlia e perguntar se ela sabia onde estava o Lourenço, quero conversar com ele, saber como vai as coisas... Perguntas clichês entre bons amigos que não se veem a um tempo, sabe?!

Levantei de onde estava e a pequenos passos, fui até a cozinha. Precisava comer mais alguma coisa antes de sair, ultimamente ando comendo bastante... Deve ser por causa da gravidez. Abri os armários a procura de alguma coisa para comer e tudo que via não agradava minhas vistas, nem tão pouco meu paladar. Avistei uma maçã grande e vermelha dentro de uma fruteira branca, estiquei um pouco meu braço e a peguei. Parecia tão suculenta... Dei a primeira mordida e não demorou muito para que acabasse, e eu novamente estava com fome. Parecia que tinha um oco em minha barriga, já vi que meu bebê irá ser bem gordinho...

                                        (...)

E aqui estou eu, em frente aquela mesma porta de duas partes, tanta coisa havia acontecido desde a primeira vez que entrei aqui... Empurrei a porta, revelando a mesma lanchonete de antes, repleta de adolescentes namorando, conversando, bebendo... Adentrei o ambiente e observei todo o local, a mesa em que eu havia sentado da última e primeira vez que tinha vindo até aqui estava vazia, como eu queria que estivesse. Me aproximei da mesma e sentei-me, avistei um pequeno cardápio e o peguei, precisava pedir alguma coisa ou se não iriam me expulsar. Depois que li todas aquelas três folhas, decidi que iria pedir apenas um suco de laranja.

- quanto tempo... - saldou uma voz conhecida por mim.

- Lourenço? - perguntei e virei para ter certeza se era ele mesmo.

- o mesmo! - sorriu.

- você sumiu hein?! - lembrei de quando vi aquele homem na floresta e achei que poderia ser ele.

- é, estive viajando por alguns dias... - seu sorriso parecia não querer sair de sua face, parecia se sentir vitorioso...

- a Yoko até foi lá em casa perguntar se eu sabia onde você estava! - estendi minha mão para poder pegar o suco que o garoto veio entregar.

- ela me falou isso, e como vão as coisas? - seu sorriso já estava me incomodando.

- ah, vão indo... Aconteceu várias coisas durante sua ausência... - sempre quando tocava nesses assuntos não me sentia bem e passava a ficar triste.

- é, eu sei. - puxou a cadeira e sentou-se, finalmente parou de sorrir e cruzou os braços.

- como sabe?

Ninguém sabia sobre os ocorridos que aconteceram a alguns meses atrás, apenas eu e Michael. Fora nós, só Edward, e mesmo assim sabia apenas sobre minha mãe. Ele ainda não afirmou nada, não posso ficar tendo pensamentos precipitados!

- bom, eu sei de muitas coisas... - sorriu de lado - uma delas é que sua mãe está morta. Outra é que o John também morreu... PUF! - fez uma expressão com a mão.


Capítulo XXVl


- bom, eu sei de muitas coisas... - sorriu de lado - uma delas é que sua mãe está morta, outra é que o John também morreu. - fez uma expressão com a mão. - morreram...

- e como sabe disso? - engoli em seco.

Com a boca entreaberta, olhos arregalados, meu coração estava aos pés, como seria possível mais alguém saber disso? A não ser que... Quando eu vi aquela silhueta a alguns meses atrás na floresta, cheguei a pensar que fosse o Lourenço por ser baixo e ter exatamente o mesmo formato de corpo que ele, mas essa questão fora descartada de imediato, ele não teria motivos para tentar destruir minha vida com uma batalha agressividade.

- não sei... Só estava brincando. - me olhava com desprezo e seu sorriso debochado não estava me fazendo bem, suas palavras poderiam está dizendo que era apenas brincadeira, mas suas atitudes diziam o contrário.

- brincando? - perguntei.

- sim. - afirmou.

Não queria prosseguir com essa conversa, queria que ela nem tivesse começado. Mas preciso tirar algumas duvidas que me custará muita coragem para receber suas respostas.

- e para onde você viajou?

- para falar a verdade, eu não viajei. - entortou a boca, seus lábios, até que enfim, não contornavam um sorriso debochado.

- e onde estava por todo esse tempo? - vi o quanto reprovou minha pergunta pela expressão chata que fez em sua face. - desculpa... - pedi abaixando a cabeça.

- está desculpada. - dei um sorriso fraco - e respondendo sua pergunta, estava...

- que coincidência! - saudou Edward, atrapalhando Lourenço de responder minha pergunta, que merda!

- você por aqui? - perguntou Lourenço com seu até então, costumeiro deboche.

Como assim, eles se conhecem?

- desde quando se conhecem...? - minhas sobrancelhas estavam firmando um vinco, tamanha era a interrogação que emanava encima de minha cabeça.

- oras, a cidade é pequena! - disse meu tio sentando-se na cadeira ao lado de Lourenço.

- sim, mas... - fui interrompida.

- sem mas, querida sobrinha. - com seu repetitivo terno preto, e cara fechada, meu tio me repreendia até quando queria fazer mais um simples pergunta. - está fazendo muitas perguntas difíceis, e eu não gosto disso...

- eu não ia fazer uma pergunta. - estava afirmando um mentira, pois minha mente estava a mil, precisava das respostas que só eles poderiam me dar.

- claro que não, iria fazer várias.

Tá, eu ia mesmo, mas porque ele acha perguntas tão simples e fáceis de responder difíceis? São só respostas básicas... A não ser que tenha algo maior por trás de tudo isso que o deixa inseguro de responder minhas perguntas, sempre me deixa com a pulga atrás da orelha. Todos fazem isso quando pergunto alguma coisa! GRR!

- bem, Iremos ficar nessa conversa que tomará um rumo pior e partiremos para uma briga, ou vamos pedir algo e comer amigavelmente, igual pessoas civilizadas? - poderia dizer que esse não é o Lourenço que conheço... Desde hoje mais cedo, quando o vi está com sua linguagem mais formal e correta, não está como antes. Um garoto que acreditava e contava lendas, que levava cotoveladas de sua amiga desaforada, não era o mesmo.

- já acabei meu suco, - falei levantando o copo e mostrando que havia realmente acabado. - agora vou indo!

- mas já? - perguntou meu tio.

- sim, tenho que chegar em casa antes do anoitecer. - olhei para o relógio de pulso em meu braço.

- tudo bem, lhe desejo muitas surpresas! - me olhou nos olhos e deu um sorriso vitorioso, porque me desejou " muitas surpresas "...? Já devia está acostumada, sempre que alguma coisa sai de sua boca é para me deixar na dúvida mesmo. Não lhe desejei o mesmo, apenas lhe retribui com um sorriso fraco, não entendi muito bem o que ele quis falar com aquilo.

                                           (...)

O caminho para minha casa não era muito longe, apenas alguns passos e já estava em frente a minha varanda.

Todos os dias, meses e estações do ano sempre foi frio aqui, mesmo no verão, parece inverno... E como todos os outros dias, hoje não é diferente, a brisa gelada batia em meu rosto deixando minhas bochechas rosadas, o vento forte soprava meus cabelos ruivos com apenas uma boina para segura-los. Para me proteger mais um pouco do frio que estava presente em toda cidade, colocava minhas mãos por baixo de meu grande casaco de linho quentinho.

Enquanto caminhava sobre o asfalto daquelas ruas deserta, pensava em como as crianças poderiam está dentro de casa assistindo ou mexendo em aparelhos tecnológicos em vez de estarem correndo pelas calçadas, os casais de namorados poderiam está namorando em um banco na praça, os senhores em seus banquinhos conversando sobre histórias passadas e as mulheres desfilando pelas ruas para poderem mostrar o quão bonitas conseguem ser. Mas tudo isso é imaginação de mais, tudo acontece o oposto, eles não ligam para isso...

Meus pensamentos iam longe, até que ouço um gemido estranho vindo de detrás de um papelão escorado na parede, como já estava escurecendo e não tinha ninguém na rua aproximei-me para ver o que poderia ser. Afastei um pouco o papelão e um coelho branco com manchas cinzas, lindo, fora revelado para mim... Estava encolhido, com frio.
Como alguém tem coragem de deixar um animal solto na rua nesse frio? Eles não tem um pingo de piedade... A única coisa que sabem fazer é julgar e apontar os erros dos outros.

Aproximei meus braços do coelho e por incrível que pareça, ele não recuou, estava com seu pelo um pouco gelado, peguei ele em meus braços e o aconcheguei em volta de meu casaco, animais e crianças são puros e bondosos. Se pudesse vivia rodeada por eles, mas não posso... Os que tentam fazer isso sempre são massacrados injustamente.



O casaco que antes me esquentava, agora estava enrolado no pequeno coelho embaixo do papelão encostado na parede. Não poderia leva-lo, posso amar e admirar muito os animais, mas acho que não tenho coragem de cuidar e me apegar a um, se algum dia ele morrer irei chorar muito, então melhor deixa para que outra pessoa de coração bom o encontre e cuide dele da forma que merece.

O que antes era frio, agora virou chuva, a noite já havia caído. Andava depressa por entre as casas, estava ainda mais esquisito. As únicas coisas que iluminavam as ruas eram poucos postes com lâmpadas que me permitiam ver se vinha alguém ou não. Quando faltava apenas dobrar a esquina pra chegar em minha casa, poucos metros, vejo que não estava só... Uma sombra muito bem conhecida por mim dobrava a esquina e vinha em minha direção, acho que é o Michael.



Parecia que não estava me conhecendo, paro de andar e fico tentando ver se era ele mesmo, quando vejo que está se aproximando de mim.

- é ele... - murmuro com um pequeno sorriso em meus lábios, mas esse sorriso é desfeito quando escuto um barulho atrás de mim. Olho para trás e vejo um homem, não me importando muito com quem poderia ser, volto a olhar para frente e não havia ninguém mais ali, nem sombras, silhuetas, Michael, nada.

Sinto um lenço sendo encostado forçadamente em meu nariz e um cheiro forte entrar por minhas narinas, fazendo com que tudo girasse e... Apagasse.



Capítulo XXVll


Michael Jackson

Por um momento pensei que estava finalmente conseguindo ser feliz depois da morte de minha família, mas isso fora de água a baixo quando a pessoa mais importante da minha vida decidiu que já estava na hora de sair do mundo encantado e partir para o mundo real. A Clara sempre foi sincera, mas não achei que poderia chegar a esse patamar... Suas palavras partiram meu coração em vários pedaços, igual um vidro que passa despercebido e é derrubado no chão " sem querer ". O tempo pode nos distanciar, mas o amor que sinto por ela nunca se acabará, nunca irei deixa-la totalmente sozinha.

Minha casa não é mais a mesma sem suas brincadeiras, gargalhadas... Até mesmo suas brigas sem nexo. Sinto falta de seu cheiro, seu sorriso, seu corpo... Saudades e solidão são as palavras que resumem meus últimos dias, já deveria está acostumado, isso sempre acontece. As pessoas entram em minha vida e evaporam igual fumaça!

Meus braços já doíam de tanto cortar madeira, precisava delas para ascender o fogo da lareira. É um pouco difícil fazer esse serviço sem ajuda de mais alguém, quando era mais pequeno, costumava fazer isso com meu pai. Enquanto eu levava para dentro de casa, ele cortava a lenha e contava histórias que havia passado quando era adolescente, já minha mãe... Minha mãe sempre ficava na cozinha fazendo meu tão amado bolo de cenoura com cobertura de chocolate, cantarolando músicas com sua voz estonteante e claramente lembrada por mim. E essa cena clichê de uma família feliz foi se repetindo durante vários anos.

Quando meu casamento com a Brookie aconteceu, meus pais não eram muito a favor de nosso cônjuge, diziam que ela não era a moça correta para mim, que estava apenas interessada em nosso dinheiro. Mas acontece, que o amor é como um castelo de areia... Devemos ter a terra com sua umidade certa, a concentração e paciência para o montar de forma correta, a pá e o balde. Digamos que algumas coisas faltavam para começar a construir meu reino, mas eu queria que ele estivesse pronto o quanto antes, então o construí sem nem ao menos prestar atenção se faltava alguma coisa ou se tinha outra coisa que não precisava a mais, o construí e PUF... Ele desmoronou!

E isso aconteceu em uma noite de sexta feira, quando flagrei minha tão amanda Brookie com meu melhor amigo, Edward, se beijando.

Então foi aí que percebi que meus pais estavam certos, nós mal havíamos terminado de chegar da nossa lua-de-mel e ela me falou que estava esperando um filho meu, acreditei e sustentei o filho que um dia pensei que poderia ser meu, eu amava aquela criança! E ela fora o motivo para não ter acontecido o divórcio, não queria que crescesse sem um pai. Sabia muito bem que o Prince não era meu filho, o menino era a cara do Edward, nem um traço facial de mim era presente nele, suas atitudes, tudo era igual as do Edu.

Mas em uma briga entre mim e a Brookie, em um jantar familiar na casa de meus pais, disse tudo o que estava entalado em minha garganta sem medir palavras. Acabei saindo de lá bêbado e não pude dirigir, nesse dia, quem havia dirigido foi a Brookie. Ela chorava e falava absurdos que não seria adequados de uma criança ouvir, até que perdeu o controle e o carro acabou batendo forte em uma árvore. Não usávamos sinto de segurança, o prince ia sem nem uma proteção no banco de trás, foi arremessado para fora do veículo e não sobreviveu aos ferimentos. Ela também morreu no local.

Um ano depois começou a chegar cartas anônimas com ameaças e DVDs com tudo o que eu havia feito enquanto dormia. - por isso eu tinha ficado sem reação alguma quando vi o DVD que chegou na casa da Clara, pensei até se poderia ser ele novamente, mas o que ele teria contra ela? - Com mais algum tempo descobri quem estava por trás de tudo aquilo, o Edward me culpava por sua amante e seu filho ter morrido, ele queria que eu passasse por o que ele passou, eu sei o quanto pode doer perder alguém que amamos muito.

Exatos dois anos depois do acidente em que matou "minha família", os freios do carro de meus pais haviam sido cortados misteriosamente, resultando na morte deles.

Até fui atrás do Edward, o homem que dividia meus problemas e bebia uma cerveja assistindo o futebol aos domingos, mas ele havia sumido... Durante todos esses anos me isolei de todos e nunca mais o vi.

Todas as noites gostava de andar por entre as ruas desertas sem ninguém para me olhar e apontar meus erros, mas algumas pessoas me viam com aquelas roupas antigas e acabavam inventando histórias absurdas sobre mim. Nunca gostei do que falavam de mim, como que eu poderia ser um estripador? Umas histórias chegam a falar que tenho mais de 3000 anos, a imaginação fértil dessas pessoas vão longe demais...

Joguei-me na poltrona de minha sala, estava todo suado e repleto de pó de madeira, se a Clara estivesse aqui já estava dizendo várias asneiras por está onde estou e ainda não ter ido tomar um banho.

Precisava vê-la novamente, ficava tão linda barrigudinha... Faz um tempo que não converso com minha filha, preciso criar coragem e deixar esse orgulho um pouco de lado e ir falar com ela, preciso de seu cheiro, de seu abraço, preciso da minha filha perto de mim.

                                           (...)

Me encontrava no gramado em frente a casa de Clara, as lâmpadas estavam apagadas, estranho... Ela odeia escuro, até para dormir é com quase todas ad lâmpadas ligadas.

Acelero um pouco mais o passo e chego até a varanda, sabia que não seria possível ver nada pois a penumbra que emanava a casa não me permitia, mas mesmo assim me apoiei na cadeira e olhei para o vidro da janela. Como havia imaginado não tinha ninguém ali, ela saiu... Mas para onde, ou melhor, com quem?

Sai de onde estava e continuei com minha costumeira caminhada pelas ruas desertas de Moscou. O tempo estava frio - como sempre -, mas hoje estava chovendo e eu já estava todo molhado, com minhas mãos no bolso de meu sobretudo pensava se seria possível algo dar certo entre eu e clara. Temos coisas em comum, sabemos coisas que mais ninguém sabe, temos uma filha que a pouco tempo irá chegar, podemos ficar juntos... Ou não.

É bem provável que nem uma garota tenho se quer nutrido algum tipo de sentimento por mim, na adolescência, a maioria das garotas vinham até mim e me obrigava a fazer sua lição e seus trabalhos escolares  sem nem ao menos ter meu sim ou não. Quando já estava adulto, saia com várias garotas que não queriam nada com a vida e uma delas foi minha ex esposa...  Dirá a Clara querer algo concreto comigo.

Já dobrava a esquina que ficava próxima a um beco que dava caminho para minha casa, ela não estava em casa, iria fazer o que mais aqui? Deve está com o aquele moleque.

Com a cabeça baixa, olhando meus pés ficarem um a frente do outro ouço passos vindo em minha direção rapidamente, levanto minhas vistas e vejo uma mulher grávida. Um poste com uma única lâmpada estava bem atrás dela, era possível ver uma parte de seu rosto e seus cabelos ruivos. Logo me veio a imagem de Clara em meus pensamentos, poderia ser ela.

Acelerei um pouco mais meus passos e es que a garota para, deve está com medo do " estranho em Moscou " está indo em sua direção. É sempre assim, parece até filmes de terror... Não ligando muito se ela estava com medo ou não, continuo andando em sua direção, mas paro assim que vejo alguém atrás dela. Eu conhecia aquela silhueta de algum lugar... Não me era desconhecida, tenho certeza disso!

Acho melhor parar um pouco de assustar a pobre garota, está grávida, não pode ter sustos. Até que ela finalmente percebe alguém atrás dela, acho que ela é meio doida... Olhou para trás e voltou a direcionar seu olhar para mim, aquele homem tanto podia ser algum conhecido quanto podia ser um molestador ou algo do tipo, se fosse ela tomava mais cuidado...  Enquanto ela havia olhado para trás me escondi no beco que queria entrar e prossegui para chegar logo em casa.

A chuva gelada me deixava com frio e mais pensativo que o normal, olhei para cima e...


- Queria que ela me deixasse ser livre, qual é a sensação ? - perguntei em voz alta - quando você está sozinho ? - sim, eu estava perguntando para o nada. - eles me tratam como um estranho em Moscou… - minha voz estava mais baixa, abri meus braços e talvez Deus esteja me escutando de algum lugar.

Ouvi um pequeno gemido vindo de fora do beco e depois tudo voltou a ficar em silêncio, algo estava errado...

Sai do beco e vi que aquele homem, sim, agora me lembro quem é ele... estava levando a garota em seus braços, não era uma simples garota, era a Clara! Estava desacordada, como que eu não pude conhecer e proteger minha mulher?


Capítulo XXVlll
Penúltimo capítulo 


Clara Homes

Lanchonete, Edward, Lourenço, Michael, lembranças do que aconteceu antes de alguém ter me forçado a cheirar aquele lenço com sonífero... Porque não corri quando vi aquele homem atrás de mim? Não era preciso ter esperar o Michael, aposto que ele nem deve ter saído do lugar quando me ouviu gemendo, se é que ele me viu né, sumiu antes mesmo disso acontecer.

Estava acordada, mas não conseguia mexer nem um músculo, minhas mãos estavam amarradas fortemente com uma corda atrás da cadeira, meus pés também, não podia move-los. Sentia a presença de alguém, andava de um lado para o outro, parecia agoniado... Minhas pálpebras estavam pesadas, tudo estava embaçado... Minha boca estava seca, precisava de água, aquela mesma dorzinha estava em minha barriga novamente, a mesma passava a doer ainda mais com os chutes que o bebê dava.

- se você não me soltar... - esbravejou Lourenço.
Onde estou?

Levantei um pouco a cabeça, abri e fechei os olhos para minha visão ficar melhor e pude ver que o Lourenço também estava amarrado nas mesmas condições que eu em uma cadeira.

- se eu não te soltar vai fazer o quê? - ouço a voz de meu tio Edward atrás de mim.

Rapidamente giro minha cabeça para poder ter a certeza de que era ele mesmo, rezava para não ser, mas Deus não ouviu minhas presses...

- olha quem acordou! - seu sorriso debochado me causava náuseas.

- tio, porque estou amarrada?

Oras, porque meu tio, o homem em quem meus pais confiavam de olhos fechados estava com uma faca em sua mão e me olhando com esse olhar assustador, sem falar em sua voz que era igual a daquele homem que falou aquelas coisas na floresta.

- porque eu quero, - se agachou e acomodou sua mão direita em minha coxa. - gracinha. - nojento!

- tire suas mãos de mim seu estrume! - exclamei tentando mexer minhas pernas e tirar sua mão de minha coxa.

Edward levantou-se de onde estava e encostou suas costas na parede que havia alí. Olhou para mim e sorriu sacanamente, seu olhar sobre mim não eram dos melhores., uma mistura de ódio e luxúria era presente em sua face e olhos, dava até medo imaginar o que se passava em seus pensamentos.

Baixo minhas vistas e olho para minhas pernas que estavam sendo cobertas por uma calça jeans, mas aquele mesmo barulho de faca sendo esfregada na parede voltou a me atormentar novamente, só que dessa vez o indivíduo que fazia tamanhas atrocidades estava a poucos metros a minha frente. Logo levanto a cabeça e observo Edward dar uma gargalhada horrível, parecia mais um louco!

- lembra dessa zuada? - fez o mesmo barulho de novo, me causava arrepios. - você fica hilária quando a escuta!

- você é louco!

- talvez.

Muitas perguntas rondavam minha mente e se acomodavam na ponta de mina língua, a curiosidade sobre as respostas me perseguia... Mas uma delas eu não poderia deixar passar, só de pensar na possibilidade de receber uma resposta positiva as lágrimas já queriam cair sobre as maçãs de meu rosto...

- você matou minha mãe? - interroguei com olhos marejados.

- sim, quer saber como? - cínico!

- não por favor, não! - as lágrimas já desciam como a correnteza de um rio, se ele se quer falasse como fez tal coisa seria o mesmo de que voltar aquela cena novamente.

- tudo bem, já que você insiste... - sentou-se no chão. - ela estava a sua procura, chamava pelo seu nome...

- para! - gritei - eu não quero saber!

- e como eu sou um genro muito bonzinho, a encontrei por acaso no meio da floresta, disse que sabia onde você estava e troce ela até aqui.

- para! - pedi chorando.

- estuprei e depois a matei.

- Porque fez isso, ela nunca fez nada com você! - meus dentes estavam travados tamanha era a raiva que sentia por ele.

- por sua causa.

- eu nunca te fiz mal! - as palavras saiam emboladas por conta do choro.

- ah fez sim... - levantou do chão.

- o que eu fiz, me fala? - pedi gritando.

- ...Nasceu.

- am? - sua afirmação na era um bom objetivo ou forma de vingança para sair matando todo mundo.

- isso mesmo, nasceu. - sua cara passou a ficar fechada. - se seu pai não tivesse feito você, eu só teria o trabalho de matar ele, a Ivy e ficaria com a empresa e fortuna dos Homes, mas você veio para atrapalhar a vida de todos.

Eu sempre soube que ele só pensava em trabalho e dinheiro, mas chegar a esse ponto por causa de coisas que só trás desgosto em nossas vidas foi a gota d'água. Talvez ele esteja certo mesmo. Eu não deveria ter nascido, mas não adiantaria de nada, esse monstro iria tá vivo para matar meus pai de todo jeito. Espera... Meu pai?

- como você matou meu pai? - meus cabelos grudavam em meu rosto por causa do suor e lágrimas. - ele morreu de câncer!

- sim, mas se eu não tivesse desligado os aparelhos ele ainda estaria vivo. - cruzou os braços e sorriu.

- como você pode? - se antes eu chorava, agora me derramava por completo. Isso não pode está acontecendo... - ele te amava!
- que pena, o amor é para trouxas! - disse friamente.
 - ah, já estava esquecendo... Matei o John por ele se meter onde não é chamado, estava atrapalhando meus planos. Fiz aquilo na árvore para você ver apenas no outro dia, mas sua briga com o estranho me ajudou ainda mais.

- seu monstro, ele não é estranho! - a raiva me consumia, juro que se não estivesse amarrada minhas mãos já estariam em seu pescoço.

- sinceramente, não sei o que você viu nele. - gargalhou.

- mas o estranho em Moscou não é você? - finalmente Lourenço se pronunciou naquela conversa medonha.

- cala a boca! - ordenou Edward.

- porque o Lourenço está aqui? - perguntei novamente.

- é Lourenço, porque você está aqui? - Edward fez a mesma pergunta que eu com deboche e cinismo.

- eu... Eu... - ele parecia está com medo.

- você é um trouxa apaixonado, não sabe ver as coisas e ficar calado. - suas gargalhadas eram as únicas coisas que se ouvia naquele lugar que mais parecia uma casa de filmes de terror. - pois é... Ele me viu matando sua mãe, e se eu não tivesse corrido para pega-lo iria correndo te falar, por isso o manti preso por esses meses. Ele havia fugido - cruzou os braços - mas o encontrei querendo dá um de sabichão pra cima de você, e ainda debochava de mim.

- eu te odeio! - meus olhos já deviam estar vermelhos de tanto chorar.

- não mais que eu, pode ter certeza. - me olhou de lado. - seu filhinho vai morrer assim como seu namorado matou minha família! - ele olhava para minha barriga como se fosse um objeto desnecessário que pode fazer o que quiser a qualquer momento, queria poder proteger minha filha... Mas minhas mãos estavam imóveis.

O Michael matou a família dele? Desde quando ele é um assassino?

- você não vai fazer nada com minha filha. - gritei com ódio. Suas gargalhadas histéricas foram ficando mais cada vez mais longe enquanto o via se retirar de dentro da casa, ele vai sair. Irei tentar me soltar daqui.

Quando escutei o barulho da porta sendo fechada, comecei a forçar a corda para ver se ela ficava um pouco mais folgada.

- eu vi o estranho entrando em sua casa... - disse Lourenço. Mas que merda, ele não é estranho!
- ele não é estranho.


- esse bebê é dele, não é?

- sim. - sussurrei.

- olha, eu ia te falar tudo mas seu tio maníaco me prendeu. - explicou triste

- eu sei.

- porque esta sussurrando?

- porque ele pode está na casa. - as cordas estavam quase ficando folgadas o bastante para minhas mãos saírem, Faltava pouco, só mais um pouquinho de força... E...

- ele não está.

- TCHARAAAM! - mostrei minhas mãos soltas, com um sorriso nos lábios.

O barulho da porta se abrindo fez meu sorriso morrer e um arrepio começar de meus pés e terminar em meus cabelos. Voltei a colocar meus braços atrás da cadeira e esperar aquele verme adentrar o cômodo e novamente me contar atrocidades que fez com os outros que também matou.

- Clara? - ouvi um murmuro vindo de fora da casa e rapidamente olhei para o Lourenço, ele fez o mesmo. - tem alguém aí? - é o Michael!

- aqui! - falei um pouco mais alto para ele poder ouvir, estava agoniada e ansiosa, o Edward poderia chegar a qualquer momento. Ouvi seus passos firmes chegando cada vez mais próximo do cômodo - que mais parecia um quarto - onde eu estava.

- meu amor... - falou assim que me viu sentada naquela cadeira, seus braços não nos impediu de ficar juntos, pelo menos por um curto tempo.

- que casal mais lindo! - o soar de palmas batendo fez nós nos separarmos - não, não se soltem. Pelo menos gasto só uma bala em vez de três. - tirou uma arma de detrás de sua calça e apontou para as costas do Michael.

- olha, você não precisa fazer isso... - disse Lourenço tentando convence-lo de não fazer besteira.

- não, você tem razão. - um alívio se apossou de mim - eu não preciso, eu necessito. - acho que eu comemorei antes mesmo da festa começar. - ele matou minha família! - ele estava vermelho e com o punho serrado, seus olhos estavam marejados.

- eu não matei ninguém! - disse Michael se defendendo, levantou-se e ficou a frente de Edward. - foi um acidente, se a Brookie estivesse menos nervosa e prestando mais atenção no volante em vez de mim, talvez ainda estivesse viva. - esbravejou.

- você fez ela ficar nervosa! - gritou apontando agora, a arma para a cabeça do Michael. - você matou meu filho... - as palavras saíram emboladas e seu rosto já estava molhado por suas lágrimas.

- eu não matei ninguém, eu também o amava, também sofri por essa perda! - disse com sua voz mais baixa.

- não, ainda vai sofrer muito! - disse limpando as lágrimas, sua mão que segurava a arma estava tremendo muito.

Ouvi um cochicho e olhei para o lado, o Lourenço estava com suas mãos soltas tentando soltar as cordas que estavam amarrada em seus pés, era fácil para ele fazer isso, já fez uma outra vez e conseguiu fujir. Eles estavam tão destruídos brigando que nem perceberam o que o Lourenço fazia.

- lembra de quando éramos amigos? Porque você teve que ficar com minha mulher, porque arruinou tudo, porque matou meus pais? - perguntou o Michael descontrolado, se o Edward não estivesse com uma arma na direção de sua cabeça, acho que ele já teria voado em cima dele.

- lembro sim, por que eu já fui trouxa uma vez e me apaixonei. - deu mais alguns passos a frente e Michael recuou para trás - ainda pergunta porque fiz aquilo com seus pais? - arqueou uma de suas sobrancelhas - eu gostava muito deles, mas queria me vingar, queria te ver sofrer também... E consegui.

Estava tão confusa com toda aquela discussão dos dois que nem percebi quando o Lourenço se soltou e veio até mim fazendo sinal para que eu não falasse nada apenas continuasse como já estava, assim o fiz, mas queria sair dali o quanto antes.

- você não tinha o direito.

- daí vim atrás da Clara e da Ivy... E es que descubro que ela é namorada do estranho em Moscou. - gargalhou - o homem que estripa as pessoas quando passa em sua frente, com seu sobretudo e chapéu fedora, se você fosse um pouco do que falam seria menos covarde.

Lourenço havia saído do quarto e eles nem perceberam, deve ter ido embora. Rezava para que meus pensamentos estivessem errados, também queria ir embora dali e sair sem machucar minha filha.

- eu não sou covarde, não sou você. Você mata as pessoas indefesas e se esconde, acha que isso é atitude de uma pessoa que não é covarde?

- pelo menos não sou eu que vivo isolado do mundo...

- você não foi homem nem para assumir seu filho! - vi a raiva sega o Edward diante das últimas palavras ditas por Michael.

- cala a boca! - segurou firme a arma e a destravou.
Meus olhos se fecharam diante aquela sena, o gatilho foi puxado e o barulho de arma sendo disparada adentrou meus ouvidos, ele não podia ter feito isso.



Capítulo XXlX
Último capítulo 


Meus olhos se fecharam diante aquela sena, o gatilho foi puxado e o barulho de arma sendo disparada adentrou meus ouvidos, ele não podia ter feito isso.

Ele não poderia ter partido... Meus sonhos, planos, tudo é resumido apenas no Michael e em minha filha, eles são os motivos para eu ainda estar viva. Sem ele não poderei suportar mais nada, quando minha mãe se foi ele esteve ao meu lado, e agora que irei trazer um fruto de nosso amor ao mundo acontece uma coisa dessas?

Levanto minha cabeça para ter certeza do que tanto temia, mas o corpo que vejo estirado no chão não era o do Michael. Um sorriso se fez em meus lábios, sorri por ele não ter morrido, sorri por saber que irei ficar com ele pelo resto de minha vida, sorri por saber que todo aquele pesadelo morreu. Edward, o homem que um dia chamei de tio e achei que poderia ser bom, estava estirado no chão com um furo no meio de seu coração. Por toda sua vida o amor só deve ter prevalecido por duas vezes, quando estava com sua mulher e seu filho, o resto se resumia a vingança e dinheiro. Não queria que seu fim fosse dessa maneira, sei que me fez muito mal, muito mesmo. Mas não desejo mal pra ninguém, nunca vou saber o dia de amanhã...

Sinto os braços que tanto me protegem e acolhe envolver meu corpo, parecia abraço de urso... As lágrimas caiam sobre minha face como alívio, poderia estar me sentindo feliz, mas também chorava por saber que minha família mais próxima estavam praticamente toda morta. Mas tenho minha filha que será minha família para sempre haja o que houver!

- acabou! - disse Michael com suas mãos em cada lado de meu rosto, seu sorriso era tão brande que poderia chegar em suas orelhas.

- acabou. - beijei sua boca com todo o amor que poderia existir dentro de meu coração.

COF... COF... COF...

Tossiu Lourenço para poder chamar nossa atenção, nossa felicidade era tanta que nem lembravamos mais que ele estava ali. Mas ele não tinha saído daqui..?

- pensei que iria ficar se beijando o resto da noite. - revirou os olhos com seu sarcasmo chato no ar.

- se fosse possível sim... - falou Michael.

-...mas pode nos faltar ar. - completei sua frase o olhando nos olhos.

- tá, tá chega de enrolação! - revirou os olhos novamente. - é sério que você é o estranho em Moscou? - perguntou sorrindo, parecia até que estava vendo um Astro Pop em sua frente.

- eles que me chamam assim. - Michael entortou a boca de forma engraçada.

- sério que você usa chapéu fedora e sobretudo? - interrogou - seus cabelos são grandes? Porque nunca te vi na rua?

- você poderia ser irmão da Clara! - zombou só porque faço perguntas frequentemente. - ãh... Você quem matou ele?

- sim. - afirmou de cabeça baixa, parecia se arrepender muito de ter o feito. - se eu não houvesse feito isso, ele teria matado você, e se você morresse a Clara iria ficar muito mal... E não é muito bom ver a pessoa que amamos chorando.

Ainda sim fiquei triste, pois ele me amava e não era correspondido. A feição do Michael não era das melhores quando recebeu a afirmação dele. Ele já sentia ciúmes mas acho que agora duplicou, soube essa conclusão assim que vi o jeito que ele olhou para o Lourenço.

Sei que pode ser difícil para alguns puxar o gatilho e tirar a vida de uma pessoa, principalmente quando se trata da felicidade de uma amiga estar em jogo. Mas nunca pensei que algum dia iria ver o Lourenço, aquele garoto sonhador fazer uma coisa tão... Tão fora do normal.

- muito obrigado Lourenço. - agradeci ainda sentada na cadeira, minhas pernas estavam amarradas. Me sentia emocionada.

- o mínimo que poderia ter feito, eu apenas te amo...

- que bom né... - Michael falou.

O clima estava pesado, o dia foi cheio de revelações que nunca pensei que poderiam existir.

Ouvimos vozes de homens vindo da floresta, gritavam perguntando se encontraram alguma coisa.

- é... Eu liguei para polícia. - Lourenço falava olhando para o telhado.

- pra quê você fez isso? - perguntou Michael andando de um lado para o outro. - agora vão pensar que matamos o Edward e vamos ser presos por isso!

- não vai acontecer nada disse se sairmos daqui antes. - tentava desamarrar a corda estava amarrando meus pés, mas era inútil. Até que Michael pegou uma faca que estava jogada no chão e cortou elas.

- não, vocês vão!

- e você não vai? - perguntei.

- não, eu o matei, tenho que pagar por isso.

- você não pode fazer isso. - as vozes ficavam cada vez mais audíveis e próximas, teríamos que correr logo.

- vão! - gritou chamando a atenção dos policiais que estavam lá fora, ele chorava.

- não faça isso. - pediu Michael.

- se não forem agora, irei atirar em vocês! - sacou uma arma de sua calça.

Saímos de dentro do quarto, passando por um corredor que dava na cozinha que tinha uma porta, a dos fundos. Corríamos o mais rápido que podíamos, eu não podia mas era preciso. Quando já estávamos em uma certa distância da casa, paramos e olhamos para trás, os policias já haviam adentrado a casa podia se ouvir os gritos de onde estávamos, os cachorros latia e uivava alto no meio daquela floresta escura iluminada apenas pela lua cheia que estava mais brilhante que o normal.

Sempre quando a lua estava nessas condições os lobos gostavam de sair de onde ficavam escondidos e iam caçar, mas hoje eles nem se quer apareceram. Estava chovendo.

Minha neném estava chutando muito essa noite, chegava a doer... Olhei para a lua de novo e parei, parei no tempo, parei de correr... Lembrava de como foi meu primeiro dia nessa cidade, o primeiro dia que vi o Michael, os momentos felizes e ruins passavam como um filme por minha cabeça. Lembrava que mais um anjo estava a caminho para me ajudar a reconstruir minha vida, eu amava sentir os chutes da minha filha. Peguei na mão do Michael e a coloquei na minha barriga, queria que ele sentisse como é bom essa cessação.

Seus olhos se encheram de lágrimas, assim como os meus, o sorriso mais lindo que eu poderia ter conhecido em 19 anos de vida, fora dado outra vez por ele. Sentia que estava completa, sentia que todo sofrimento havia acabado.

- quer casar comigo gracinha?

Responder perguntas para mim é como ver uma criança e não poder abraçar, mas essa é como o amor de um jardineiro por suas tão cuidadas flores...

- sim, claro que sim! - o beijei e ele me rodopiou em seus braços.




Epílogo


3 anos depois...

Os anos se passaram, Michael e Clara se sentiam os mais abençoados possível. Tinham sua família construída sem nada nem ninguém para os impedir de ser feliz e o amor que sentiam um pelo outro que acreditavam ser inacabável.

A antiga casa que Clara morava foi vendida para um casal recém casados, a empresa de seu pai passou a ser direcionada por seu marido, Michael. Como ele não gostava de sair de casa, presidênciava tudo de seu escritório por seu computador, sim, ele passou a usar diariamente aparelhos tecnológicos.
O casamento dos dois aconteceu tranquilamente em uma pequena serimônia com o padre, os noivos e Katherine, filha deles.


Katherine se tornou a luz de toda a casa, sempre com seus olhos grandes e curiosos a paisarem quaisquer coisa que pudesse chamar sua atenção, seus cabelos pretos e seus traços faciais parecidos com os de Michael a tornava ainda mais graciosa. Não só por fora, seu interior era ainda mais lindo, bondosa, carinhosa e amorosa assim como seus pais.

Sentada em um banquinho, Clara alisava sua barriga de 7 meses e observava seus grandes amores brincarem de pique-esconde no meio da chuva, pensava se depois poderiam ficar com resfriado ou até mesmo uma febre, mas eles pareciam tão felizes...

- vamos mamãe, vem brincar! - chamava Katherine com sua vozinha doce que mais parecia música aos ouvidos de seus pais.

- a mamãe não pode brincar, esta cuidando de seu irmãozinho. - disse Michael tentando convencer sua filha.

- o bebê que está na barriga dela? - perguntou pulando em uma poça de lama.

- sim, princesa! - respondeu pulando em outra poça de lama, parecia até uma criança.

- ele vai demorar para sair? - seus pequenos pezinhos descalços estavam cobertos por aquela terra molhada.

- daqui a... - calculava Michael quanto tempo ainda faltava para seu mais novo filho vir ao mundo.

- 2 meses. - completou Clara com um sorriso satisfeito nos lábios.

Em apenas um pequeno diálogo entre os três podia ver o quanto eram felizes e realizados, uma simples família igual todas as outras com seus defeitos normais.

Ele era tratado com indiferença por todos, eles não ligavam para seus sentimentos… isso mudou assim que Clara entrou em sua solitária vida e mudou tudo, trazendo chances de muda-la para algo melhor, trazendo um amor puro e forte que nem as piores pessoas de caráter fraco poderiam derrubar.

O estranho em Moscou era apenas um homem sozinho com traumas para superar e amor para dar. Era um homem igual todos, com seus sentimentos, sonhos e desejos.


The end...!

52 comentários:

  1. ESSE "ESTRANHO EM MOSCOU" PELO JEITO DEVE SER LINDO,GOSTOSO E BOM DE CAMA KKK CONTINUAAA GAROTAAAAA :)

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    1. Kkkkk, pode ter certeza! Os próximos capítulos talvez concluam suas espectativas.

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  2. Algo me diz que o estranho de ha 3 dias atrás que apareceu na mata e essa história toda que a yoko contou é nada mais nada menos que o gostoso do Michael. 😊

    Estou adorando. Esperando capitulo novo baby

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    1. Tanto pode ser o Michael ,quanto não pode também. Em breve postarei capítulo novo, flor.

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  3. Está me cativando. Gostei da introdução e o uso de imagens para ilustrar também me agrada bastante! Parabéns!!!

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  4. Fico feliz em ler tais palavras, muito obrigada!

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  5. Sua fc é maravilhosa for! Tem toda minha atenção agora!! Aguardando por mais!!!

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  6. Priscila que ótima escolha pro nome da Fic... Eu amo Stranger in Moscow :)
    Essa música é perfeita e o Michael nesse clipe estava mais perfeito ainda...
    Continua...

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  7. Genteeeee... Preciso de mais capitulos urgentemente! O Michael tá começando a se soltar com a Clara... E nuss,ela é mt curiosa,igual a mim sabe... Super me indentifico com sua fic! Me imagino dentro desse mundo que vc criou ao desenvolver a história.

    Amando de mais,continue,bjs.

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  8. A mãe esta andando mais rápido que a própria filha.
    Essa do colar eu tenho uma vaga ideia PJ pode ser Paris Jackson ou Prince Jackson 🤔 Mas duvido ele ter filhos. Pode ser de sua ex mulher. Mas porque raio ele iria trazer um colar com as iniciais de sua ex mulher. Não tem lógica. Não me parece que ele seja casado ou que esteja namorando alguém.

    Meu deus está tao boa. Vc tinha de parar no melhor momento. Awn quero mais😍😍mais😍😍 esta muito boa

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  9. Continua nao nos deixa nessa expectativa por favor e conclua a fic 🤗

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  10. AAAAAAAAAH CONTINUE NÃO ME DEIXE CURIOSAAAAAAAAAAA, PLEASEEEEEEE

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  11. Será que ele vai finalmente andar sem capuz na frente da Clara?? Sinto que ele deve estar a começar a confiar nela, mas tenho dúvidas se ele vai prometer.

    Manda logo mais estou morta pra ver esses dois 😏

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  12. Tadinho do Michael, claramente ele está sofrendo :(

    Continua Pri :)

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  13. Pensei que Michael fosse um assassino. Ainda bem que não é.
    Esses dois...
    Continua, por favor!

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  14. Primeiro selinho deles *-* que fofo. Mas o que me matou foi depois.
    Nossa senhora😱😱😱😱 o que foi isto, Priscila Rayane do céu.
    Eu sabia que ele era gostosão 😍😏😏😏❤❤
    O que da deixar um macho desse potencial sem transar por anos. Quem não queria estar ai no lugar da clara uiiii meu deus. As coisas promentem. Ansiosa por mais bb😍❤

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  15. Ai meu Deus,que transa foi essa meninaaaa??

    Eu queria ser ela :( Que invejaaaa :/

    Esperando ansiosamente para eles começarem a namorar! :)

    Continuaaaa!

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  16. Genteeeee... Que foi isso???? Caramba!
    Continuaaaaaaaaa

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  17. Moça que escreve a fic por favor não para não pelo amor de Deus!!!!

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    1. Né?! Ela nn pode parar...vou bater nela se fizer isso! Amando demais...........

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    2. Nossa tá tão bom que já li duas vezes os últimos dois capítulos rs

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  18. " - claro que sim, ficou muito sexy com ela. - disse vindo até mim e me abraçando - mas prefiro quando esta sem. - sussurrou e selou nossos lábios em um beijo quente e doce. "

    meu deus, é isso mesmo produção eles estão namorando ?? nossa <3 *-*

    Mas me deu uma pontada no coração agora, o que será que a Clara viu??? estou curiosa. posta mais bb

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  19. Ai que angustia , posta mais por amor de deus pri, vc sempre para quando não deve ne garota
    te amo <3

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  20. Finalmente consegui por tudo em dia...
    Nossa que tenso né? Fico aflita junto com essa menina, mas algo me diz que ainda não acabou...

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  21. nossa eu quero mais, eu preciso pfv amor <3

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  22. Continuaaaa Pri.... A Clara foi sequestrada ? OMG, tadinha...

    Continua....

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  23. Gente com a Katherine é bonita...
    Ai,o q dizer da sua fic ?
    Bom,foi uma das melhores q ja li...n queria q tivesse acabado... sério,amo sua história de coração.
    Esperando ansiosa por outra fic😘

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  24. AII QUE FINAL MAIS MAGNIFICO!!

    PARABENS PRI! FIQUEI TODA BOBA QUANDO VC COMENTOU NA MINHA FIC "I JUST CAN'T STOP LOVING YOU" COM A BEYONCÉ... NEM ACREDITEI QUANDO VI QUE VC TÁ ACOMPANHANDO!!

    PARABÉNS POR ESSA HISTÓRIA FANTÁSTICA. E DESDE JÁ, OBRIGADA POR GOSTAR DA MINHA FIC.
    ADOREI. :)

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  25. sencicional! uma boa escritora vc e , continue assim! parabens!

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  26. Esse livro poderia ser lançado em estado físico. É bom demais pra ficar apenas num blog. Se lançar em livro físico, eu compro.

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    1. Ah meu Deus, como é bom ler isso!!! Por mais que eu tenha escrito essa história a praticamente um ano, ainda me emociono quando leio comentários como esse seu. Obrigada mesmo! ❤

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  27. Essa é a melhor fanfic que já li em tempos <3 Muito boa

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  28. Gente li tudo em menos de uma hora, fiquei apaixonada pelo homem de sobretudo e chapéu.
    Michael Jackson maravilhoso

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