sábado, 28 de dezembro de 2013

Mini-Fic: "Nascida para ser minha" (+18)


Autora: Nai Jackson



“Vale normal” – Para pessoas normais. NÃO ENTRE

         A placa em frente à construção mais antiga da pequena cidade deixa bem evidente que visitas aqui não são nem um pouco bem vindas. A mansão recanteada em uma rua sombria e sem movimento está bem preservada, apesar de ninguém saber ao certo qual é o mistério por trás dessa residência.  Nenhuma janela está quebrada, o extenso jardim ao seu redor aparenta estar bem cuidado e uma valsa de Mozart costuma atravessar as paredes seculares e ecoar pela vizinhança durante todo o dia. 
O proprietário gosta de música clássica.
Essa é uma das poucas coisas que sabemos a seu respeito.

Ninguém sabe de onde ele veio, mas o Maestro - como todos o apelidaram na cidade – já mora nessa mansão há bastante tempo. Ninguém conheceu seus pais ou qualquer outro parente, não fazemos a mínima ideia de como ele herdou essa mansão, e até hoje nenhuma pessoa jamais foi convidada por ele para uma simples visita de cortesia. Em todas as vezes que ele foi visto, estava vestido como um daqueles elegantíssimos príncipes medievais, comprando no antiquário itens para colocar na sua casa ou na livraria a procura de livros antigos que falam sobre bruxas que foram queimadas na Inquisição. Ele tem um gosto bastante peculiar. Sua fama de misterioso arranca arrepios de todas as pessoas por onde quer que passe.

 Desde a minha infância, sempre fui instruída pelos meus pais a nem sequer me aproximar da sua residência. No fundo eles acreditam que o Maestro seja uma espécie de bruxo ou feiticeiro que usa crianças em seus rituais macabros. Obviamente isso não faz o mínimo sentido e eu sempre soube que eles estão enganados. Apesar de um pouco excêntrico, o cara parece ser uma boa pessoa. Ele é apenas reservado e tem os seus segredos e mistérios.  Para sermos francos, quem é que não tem?

Esperei 20 anos da minha vida para finalmente ter a chance de descobrir o que o Maestro tanto esconde no seu mundo particular. Sou curiosa, admito. Mas não é só por curiosidade que estou aqui, com as mãos preparadas para empurrar o enorme portão de ferro que me levará até a entrada da misteriosa mansão. Recebi hoje de manhã um bilhete misterioso que monopolizou minha atenção pelo resto do dia. Um pedaço de papel envelhecido marcado com uma rebuscada caligrafia dizia:

“A maior prisão é aquela que impomos a nós mesmos.
Ouse libertar-se. Ou ouse permitir que alguém a liberte.”
                                                                              Maestro

Na parte de trás havia uma seta indicando a frase “Espero por você. Esta noite” escrita em preto com bastante destaque. Não faço a mínima ideia do possível significado oculto por trás das suas misteriosas palavras destinadas a mim. O que sei é que após ler esse bilhete finalmente criei a coragem necessária para procurar uma resposta para as perguntas que há muito tempo pairam sobre minha cabeça.

Sinto uma conexão inexplicável com esse homem que pouco conheço. Algo me puxa com força e insistência para dentro dessa casa. Uma energia que não consigo entender, apenas sentir. Como se eu devesse entrar, precisasse me aproximar dele. Não sei o que irei encontrar lá. Sei apenas que não conseguirei ficar em paz comigo mesma até descobrir a resposta para essa questão que tanto me perturba.

Eu posso ir embora nesse exato momento. Nada me obriga a continuar. A noite sombria e pouco estrelada está etérea e estranha, como um presságio de que algo ruim virá. Mas preciso descobrir algo sobre o Maestro, essa noite. Não posso e não quero mais fugir da ligação insensata e inexplicável que tenho com ele.

Pingos de chuva começam a cair e me apresso em entrar na residência. Nuvens carregadas pairam pelo horizonte e a Lua cheia se exibe no céu completamente escurecido. Alguns corvos cantam uma música mórbida em assobio enquanto trilho no caminho de pedras até a enorme porta de madeira que me levará para dentro.  Paro, respiro fundo – pensando se é isso mesmo que quero fazer - e em seguida levanto a mão para projetar algumas batidas na porta.

O barulho de um trovão estridente ecoa na minha mente e estremeço com susto, entrando subitamente em sobressalto. Puxo o ar devagar, tentando controlar a respiração, e vejo a enorme porta a minha frente ranger e abrir sozinha. Olho para os dois lados, calculando que ainda há tempo para fugir, e em um ato insensato expulso o medo e entro na residência. As portas vão se abrindo gradativamente à medida que caminho para frente e meu coração se acelera cada vez mais, enquanto meu subconsciente implora em desespero que eu use minha inteligência e dê logo o fora dali.

Fito as duas armaduras medievais cobertas de poeira cuidadosamente colocadas uma em frente a outra e sinto um inevitável frio na espinha. Uma porta maior se abre e visualizo um grande salão de piso em preto e branco, muito parecido com os salões de festa dos palácios europeus de séculos passados. Não há sinal do Maestro. Não há sinal de ninguém. O silêncio é tão absoluto que posso até mesmo ouvir minha respiração trêmula ficar cada vez mais rápida. Eu estou com medo. A casa é enorme e pouco iluminada, diferente de todas as outras onde já estive na vida.



Olho ao redor e paro de andar, começando a captar o máximo possível de detalhes que meu cérebro é capaz de processar. Ouço um barulho de passos e prendo a respiração, semicerrando os olhos para observar uma capa preta que se move sozinha em um canto do salão escuro. Cerro os punhos, preparando-me para gritar ou tentar lutar contra o que quer que esteja surgindo na minha frente e um alto trovão irrompe novamente, revelando uma caveira encapuzada observando-me com seu sorriso cadavérico e seus olhos inexistentes. Solto um grito aterrorizado e em um gesto automático me projeto para trás à procura da porta que minutos antes possibilitou a minha entrada.  

   
A caveira, ainda imóvel, me encara por alguns segundos e depois de move lentamente, caminhando em minha direção. Arregalo os olhos, com a garganta seca e adormecida, e ouço um risinho baixo enquanto uma mão puxa para baixo a máscara branca que eu poderia jurar ser de verdade.

- Assustei você? – Maestro pergunta por baixo do capuz escuro, fitando-me com firmeza e arqueando suas perfeitas sobrancelhas bem desenhadas.


Respiro fundo e paro de morder o lábio que nem sequer notei que estava preso entre meus dentes.

- Sim, e isso não teve graça – reclamo, esforçando-me para controlar as mãos ainda trêmulas.

Ele retira vagarosamente o capuz e abre um meio sorriso, dando dois passos para minimizar a distância que existe entre nós dois. Suspira e fita meus olhos com seu ar de mistério, fazendo meus músculos tensos amolecerem. Okay, ele me desestabiliza até mesmo quando simplesmente me observa. Não consigo explicar a energia que emana dele e envolve todos os meus sentidos, entorpecendo um após o outro. Nem sei o que falar quando nossos olhos se cruzam e se fixam involuntariamente, como se um imã invisível me impedisse de deixar de fitá-lo.

- Fico feliz que tenha vindo – ele diz com sua voz suave e melodiosa. – Vamos começar esclarecendo alguns pontos. – Sorri e estende sua mão para mim. – Eu me chamo Michael e não sou, nunca fui um maestro, apesar de apreciar muito o trabalho destes grandes mestres.

Mesmo com um pouco de resistência, toco na sua mão rapidamente e me afasto, ainda tentando decifrar por qual motivo ele está permitindo que eu atravesse sua intocável privacidade.

Os lábios de Maestro/Michael são extremamente bem feitos e o tom da sua pele é de um branco delicado e único, com uma aparência suave que me faz querer tocá-lo. Ele é alto, magro, tem mãos com dedos enormes e cabelos ondulados revoltos pouco acima do ombro. Seu olhar... Tão negro e tão profundo, me perturba, rouba-me completamente o ar dos pulmões. Ele é lindo. Lindo, atraente e verdadeiramente inquietador.

- Vim por conta do bilhete – explico com a voz ainda trêmula e embargada. – Preciso saber o que você quis dizer com ele.

Michael sorri e joga o capuz em um canto qualquer do salão.

- Eu quis dizer o que está dito, oras.

Minha testa se franze e tento manter a firmeza ao fitá-lo.

- Isso não é uma resposta.

Ele ri mais uma vez com sua fileira de dentes impecavelmente brancos e me deixa confusa e desnorteada, sem saber qual é o motivo da graça.

- Eu disse apenas o que você precisava ouvir – ele contrapõe. – Você se sente presa aos seus pais, está sempre tentando fazer o que agrada a eles, por mais que isso não te faça feliz. Estou enganado?

Não, ele está coberto de razão. Estou sempre me esforçando para me enquadrar no papel de filha perfeita e responsável, daquelas que sempre faz as vontades do pai e da mãe, mesmo quando a fiel obediência não me trás satisfação e felicidade. Sou a certinha da família. A covarde que não tem coragem de assumir o rumo da própria vida.

- Como você sabe dessas coisas? – pergunto com curiosidade.

- Você é fácil de ser lida, Valentine – responde enquanto me analisa com atenção, embora eu não tenha lhe dito o meu nome.

 - O que mais você sabe sobre mim? – questiono na tentativa de descobrir quais são suas fontes tão certeiras de informação.

- Tudo – ele murmura simplesmente, parecendo se divertir com a situação. – Hm... Vejamos... Como aquela marca que você tem acima do seio esquerdo.

Meus olhos se arregalam e levo às mãos até a blusa, puxando o tecido para cima e constatando que minha marca de nascença está bem escondida abaixo do sutiã. Como ele pode ter visto? Ele só pode ser um feiticeiro de verdade, como todos nessa cidade acreditam que ele seja.

- Quem lhe disse sobre a marca? – pergunto, mesmo sabendo que ninguém além de mim e dos meus pais tem conhecimento daquela mancha escura em forma de coração com a qual convivo desde o meu nascimento.

Ele caminha para frente, com as sobrancelhas arqueadas, e para com o rosto a poucos centímetros do meu. Sinto-me intimidada com sua atitude.

- Sei porque também tenho uma – responde, abrindo a grossa camisa branca de botões e levantando a segunda camisa branca bem cortada que está por baixo, expondo seu peitoral para mim.

Mordo o canto da boca e respiro fundo, subitamente excitada por vê-lo revelar parte do seu corpo composto por músculos delicados e bem desenhados. Pisco os olhos duas vezes seguidas e me esforço para concentrar-me na mancha escura que ele carrega no exato local onde a minha está presente.

- São idênticas... – digo com um nó na garganta, sem saber o que pensar diante daquela improvável descoberta.
  
Ele volta a fechar a camisa e assente devagar.

- Você não sabe o que isso significa?

- Não – respondo, subitamente com medo do que virá a seguir.

- Significa que você está presa a mim, Valentine. Que você me pertence e jamais será de outro homem.

Minha cabeça gira e tento manter intacto o fio de pensamento. Que espécie de maluquisse é essa? Desde quando sou propriedade de alguém?

- Então você me manda um bilhete cheio de significados ocultos, me atrai para essa casa estranha, me mostra uma marca que nem sei se é de verdade e simplesmente diz que é meu dono – concluo sem acreditar nem um pouco na afirmação sem nexo que ele acabou de fazer. – Não acha essa doidera confusa demais? – murmuro, dizendo para mim mesma que isso tudo parece um daqueles sonhos malucos que a gente tem quando está com febre.

- Você não acredita? – ele pergunta tão firme quanto antes. Levanta uma das mãos e passa seus longos dedos pelo meu queixo, gerando uma corrente elétrica que penetra meus tecidos e inunda rapidamente todas as minhas células. – Tem certeza de que não se lembra de mim?

Engulo em seco e faço o máximo esforço possível para simplesmente respirar. O toque dele, tão firme e suave ao mesmo tempo, me parece extremamente familiar, embora ele nunca tenha me tocado antes. Eu o conheço, o conheço extremamente bem. Mas nunca estive com ele, pelo menos até onde eu consigo recordar.

- Fiz mal em ter vindo – murmuro com a voz entrecortada, perturbada demais para continuar ali. - Eu preciso ir embora

Michael sorri e me encara com firmeza.

- Tarde demais, baby. Você é minha convidada – diz com uma expressão despreocupada. - Você não sairá daqui até que saiba de toda verdade.


- Que verdade? – pergunto cada vez mais afetada e inquieta.

- A mais simples de todas – ele diz e toca o meu rosto mais uma vez. Nossos lábios se aproximam tanto que posso sentir sua respiração pesada contra a minha boca. - Eu sou o seu homem, Valentine. E você é minha. A única que amei. A única que amarei por todos os dias da minha existência.

Passo os dedos pelo pulso dele, sem conseguir tirar os olhos dos seus lábios, e me sinto completamente tentada a beijá-lo - o que seria uma completa insensatez da minha parte.

- Não faz sentido... – murmuro quase sem voz. 

- Faz todo o sentido, acredite – ele insiste. Fita meus olhos, com o polegar pressionado contra o meu queixo, e aproxima ainda mais nossos lábios, deixando-os quase colados um ao outro.

Posso tentar fugir e evitar que ele me beije, mas não tenho nem forças e nem vontade para continuar a negar o inevitável. Ele me transmite confiança, uma afetuosidade tão grande que não consigo entender por qual razão sou merecedora de tudo isso. Fecho os olhos, sem entender absolutamente nada do que ele dissera, mas sentindo tudo o que preciso sentir nesse exato momento. Seus lábios macios roçam os meus lentamente e ele coloca uma das mãos atrás da minha nuca, abrindo espaço pela minha boca para que sua língua finalmente encontre a minha. Sinto-me tão leve que poderia flutuar se seu abraço apertado não estivesse prendendo-me ao chão. Seus dedos se movem pelos meus cabelos e nossas línguas se movem no mesmo compasso, dançando um ritmo suave e lento, em uma música que apenas eu e ele somos capazes de ouvir.

Não parece um primeiro beijo, embora esse seja o único que já experimentei até hoje. É um beijo de redescoberta, de reencontro, como se nossos caminhos tivessem se cruzado há muito, muito tempo. Seu abraço é protetor, como se ele tivesse medo de que eu simplesmente evaporasse dos seus braços. O coração dele bate rápido, posso ouvi-lo enquanto nosso beijo se torna mais intenso. E minhas pernas tremem tanto que nem sei se conseguirei permanecer de pé quando nossos corpos se afastarem. 

Nossos lábios se separam delicadamente e abrimos os olhos, fitando firmemente um ao outro sem dizer nenhuma palavra. Meu coração está acelerado, minhas mãos sem nenhuma firmeza, a respiração desregulada mais escassa que o habitual.

- Eu te amo tanto – ele sussurra contra a minha boca, acariciando os meus cabelos.

Isso tudo é surreal e inacreditável. Não parecemos estar no mundo real. Ainda sinto a pressão dos seus lábios contra os meus, muito embora nosso beijo já tenha sido interrompido.

- Eu também amo você – digo, sem saber de onde criei coragem para falar isso, apenas expressando o que sinto em meu coração. Não tenho dúvidas de que eu e ele nos amamos, por mais que isso ainda não faça para mim o mínimo sentido.

- Finalmente nos reencontramos – ele murmura passando a ponta dos dedos pela minha face. – Espero por isso há muito tempo. Mais tempo do que você possa calcular.

Entrelaço nossos dedos e fito seus olhos negros tão cheios de carinho. Sinto que ele é tão meu... Por mais que isso não tenha nenhuma lógica, nenhuma explicação. Posso ver em seu olhar o quanto ele está contente em me ver, o quanto ele teme que eu vá embora.

- Você deseja a mim? – pergunto com uma coragem incomum que surpreende até a mim mesma.

Ele ri, sem se surpreender com a minha pergunta, e balança a cabeça em afirmação.

- Mais do que você possa imaginar, garota.

Eu não deveria dizer o que está passando pela minha cabeça, mas não tenho forças para guardar isso apenas para mim. É insensato, é apressado, mas é o que eu quero. É o que nós dois queremos.

- Por que não me mostra o resto da casa? – pergunto com as sobrancelhas arqueadas, tentando deixá-lo enxergar o real significado da frase que acabo de pronunciar.

- Tem certeza de que quer mesmo isso? – ele pergunta ao captar sem nenhuma dificuldade o sentido das minhas palavras.

- Absoluta – digo segurando suas mãos.

Ele sorri e me dá mais um beijo nos lábios, demorando-se mais dessa vez. Caminhamos de mãos dadas e atravessamos o enorme salão pouco iluminado, encontrando uma escadaria que nos leva a um imenso corredor cheio de portas, esculturas e quadros pintados a óleo. Michael empurra a última porta do corredor e entra em um cômodo decorado com elegância, puxando-me para dentro em seguida.


Estou em um quarto belíssimo e nem posso acreditar que esteja realmente determinada a me entregar para ele. Acabamos de nos conhecer... Trocamos nossas primeiras palavras em 20 anos de minha existência.

Ou não.

- Tenho a nítida impressão de que já estive aqui antes – murmuro confusa, sentando-me na cama e olhando ao meu redor.

Michael se senta ao meu lado e acaricia meu rosto.

- Já esteve tantas vezes... – diz dando um beijo na minha bochecha, sem conseguir esconder um pequeno traço de dor na expressão pensativa.

- Não é possível – respondo passando os dedos pelo seu maxilar.

- Farei você se lembrar, eu prometo – murmura beijando meu pescoço e me empurrando delicadamente contra a cama, fazendo meus cabelos negros de espalharem pelo travesseiro. Meu corpo inteiro se arrepia e entrelaço as mãos no seu pescoço, puxando-o para mais perto de mim.

Sei que iremos fazer amor. Nunca desejei isso antes, mas agora é como se eu tivesse esperado a vida inteira para finalmente estar nos braços dele. Não sei como dizer isso agora, mas tenho que avisá-lo do detalhe de que nunca tive outro homem, antes de seguirmos em frente.

- Michael... – chamo enquanto sua língua se move pelo lóbulo da minha orelha.

- Eu sei, baby – ele interrompe com calma, levantando a cabeça para encontrar os meus olhos. Passa os dedos pelas minhas bochechas vermelhas de rubor e analisa-me com paciência, extraindo todos os detalhes da minha expressão envergonhada. – God... Você é tão linda.

Fico ainda mais ruborizada ao ouvir o seu elogio. Sento-me na cama e, em um súbito rompante de determinação, começo a desabotoar vagarosamente os botões da minha blusa, retirando-a e repousando-a sobre a antiga mesa de cabeceira enquanto ele permanece com os olhos fixos em mim. Desprendo o fecho o sutiã e revelo os meus seios para ele, vendo-o morder o lábio inferior e observá-los com uma expressão satisfeita.

- Gostaria de prová-los? – pergunto, deitando-me na cama com o tronco completamente desnudo.

Michael se inclina sobre mim e tira os sapatos e as meias, beijando suavemente os meus lábios.

- Você quer que eu os prove? – pergunta com a voz rouca de desejo ao meu ouvido.

- Muito... – respondo, pegando uma das suas mãos e guiando-a lentamente pela minha pele.

Ele me dá um demorado beijo nos lábios e encaixa meus seios em suas mãos, descendo os beijos pelo meu pescoço e circundando a aréola rosada com a língua, sugando um dos mamilos para dentro da boca enquanto me contorço abaixo dele. Minha intimidade encharca o tecido da calcinha e ele retira minha calça, levando os dedos para a parte interna da minha coxa e desenhando círculos próximos à virilha, sem parar de sugar e chupar os meus seios.

Um gemido alto escapa da minha garganta e ele desce os lábios pela minha barriga, afastando meus joelhos e colocando-se entre as minhas pernas. Sei o que ele vai fazer agora, e é como se eu já tivesse estado nessa cama antes, sentindo essa mesma expectativa, esperando que seus lábios me toquem na região mais delicada e mais sensível do meu corpo. Quando sinto suas mãos descerem a calcinha e sua língua tocar o clitóris com suavidade, levo automaticamente as mãos até seus cabelos e afasto um pouco mais as pernas, implorando quase em desespero que ele não pare. Ele me observa e me masturba enquanto chupa cada vez mais rápido, em uma habilidade que me deixa maluca, que faz a deliciosa sensação naquele ponto se tornar ainda mais gostosa, ainda mais intensa. Aperto os dedos nos seus cabelos e fecho os olhos, arqueando o corpo para trás e sentindo que me corpo pode explodir a qualquer momento.

E ele explode minutos depois. Explode enquanto Michael acelera os movimentos da língua, deixando-me completamente tonta e embriagada com o prazer que me invade rapidamente, fazendo minha intimidade se contrair e estremecer nos seus lábios. Seguro o lençol e levanto a cabeça, vendo-o se retirar do meio das minhas pernas e me observar com uma expressão satisfeita, de quem sabe bem o quanto acabou de me deixar maluca.

- Eu preciso de você – sussurro quando consigo recuperar a voz, retirando suas duas camisas brancas e abrindo o seu zíper, empurrando a calça em seguida para baixo.

Seus olhos faíscam e ele beija o meu pescoço, descendo as mãos cuidadosamente pelas minhas costas. É como se essa não fosse a nossa primeira vez. Como se já tivéssemos feito isso muitas vezes antes, de todas as maneiras diferentes que possam imaginar. A lembrança confusa vem como um fash na minha mente enquanto eu o beijo, abaixando sua cueca branca e deparando-me com o seu membro enrijecido e completamente ereto, tocando na sua barriga.  Ajoelho-me na cama para procurar a melhor maneira de explorá-lo e o toco com suavidade, expondo-o e notando o quanto ele está molhado. Passo minha língua lentamente pela sua extensão e Michael puxa o ar entre os dentes, gemendo e infiltrando uma das mãos nos meus fios de cabelo próximos à nuca. Coloco-o na boca o máximo que consigo, sugando a metade superior e masturbando a base, fazendo seus gemidos de aprovação tornarem-se cada vez mais altos e mais pesados.

Seu membro começa a pulsar e Michael puxa meus lábios na direção da sua boca, envolvendo-me em um beijo intenso e cheio de desejo, enquanto se prepara para entrar de uma vez por todas em mim. Afasta minhas pernas e volta a se posicionar entre elas, puxando meus joelhos até que ambos estivessem apoiados em seu peitoral.

- Quero que se recorde bem disso, baby – ele diz enquanto esfrega o membro na minha intimidade molhada, começando a forçá-lo para dentro. Sinto um pequeno incômodo, mas ele logo desaparece, dando lugar a expectativa de senti-lo por completo. – Seremos um só novamente, da forma como nunca deveríamos ter deixado de ser. Eu te amo, Valentine.

As lembranças tornam-se cada vez mais claras e aproximo nossos lábios, acariciando suas costas com a ponta das unhas.

- Eu também te amo – murmuro, sentindo-o começar a se mover com um pouco mais de força.

Seu membro rompe o hímen e escorrega para dentro de mim, fazendo-me gemer alto e enfiar as unhas na sua nuca sussurrando o seu nome. Ele me beija enquanto se move, entrando e saindo da minha intimidade em um ritmo intenso, com cada vez mais força e mais pressão nos quadris. Não demora muito até que meu corpo inteiro se contorça e minha intimidade estremeça, apertando e segurando o membro de Michael dentro de mim. Ele investe contra mim mais algumas vezes e sinto seu sexo se enrijecer e pulsar por vezes seguidas, despejando jatos quentes e abundantes dentro do meu corpo trêmulo e entorpecido.

Mordo seu lábio inferior e ele desaba ao meu lado, puxando meus braços até que eu o envolva em um íntimo abraço. Nossas respirações estão completamente fora do compasse e estamos suados, relaxados pela enorme sensação de prazer que se apossou de nós há segundos atrás, e que ainda permanece, se esvaindo lentamente por cada poro da nossa pele.

 - Nossas almas sempre serão uma só – ele diz para mim, passando o polegar pelo meu queixo.

- Há muito que eu não consigo entender – murmuro para ele, sabendo que não consigo compreender essas coisas que ele vem falando desde que coloquei os pés nessa mansão.

Ele me beija carinhosamente e entrelaça seus dedos nos meus.

- Não se preocupe. Estamos juntos agora. Essa é a única coisa que importa.

No calor do seu abraço adormeço, sem procurar mais respostas, sem me lembrar de quais são as perguntas. Sinto-me protegida e acolhida por ele, o meu homem. O que, de uma forma completamente inexplicável, sinto que pertence a mim.

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Acordo nua enrolada em um lençol no dia seguinte e assim que abro os olhos me lembro de tudo que acontecera na noite anterior. Um sorriso está marcando os meus lábios e ainda não posso acreditar que eu e Michael tenhamos descoberto uma sintonia tão forte e tão única um com outro. Passo uma das mãos no espaço da cama ao meu lado, encontrando apenas o lençol frio onde ele ainda deveria estar dormindo. Segundos depois salto da cama e começo a recolher as minhas roupas espalhadas pelo quarto, na esperança de que Michael apareça para dizer um “bom dia” e me mostre o caminho de volta até a porta da frente. Sei que meus pais devem estar preocupados, afinal de contas é a primeira vez que durmo fora de casa, e nem fiz questão de avisá-los.

Entro no banheiro e, após uma rápida higiene matinal, atravesso o enorme corredor e desço as escadas a procura de Michael, começando a ficar preocupada com o absoluto silêncio que domina o ambiente. A casa parece ainda maior do que na noite anterior e tenho medo de me perder na imensidão de portas, cômodos e corredores que há dentro dessa residência. Passo pela cozinha – que curiosamente parece não ter sido utilizada há muito tempo – e saio pela porta dos fundos que dá acesso a um extenso jardim amplamente arborizado.

O dia está úmido e nublado, um típico amanhecer de inverno. Sigo uma trilha de pedras e grito o nome de Michael o mais alto que consigo, mas a única resposta que ouço é o som de alguns pássaros cantando acima da minha cabeça. O jardim é lindo e eu adoraria que Michael estivesse ao meu lado agora para falar um pouco sobre algumas das árvores enormes que parecem ter sido plantadas há muitos anos atrás. Também gostaria de perguntar para ele de quem ele herdou a mansão mais antiga da cidade. Ninguém sabe informar sobre quem morou aqui antes dele vir pra cá, dizem apenas que a casa ficou vazia por bastante tempo.

Já estou quase voltando para dentro da residência quando vejo próximo a um canteiro de rosas brancas algo que chama minha atenção. Dou três passos para frente e observo melhor o que parece uma lápide, daquelas enormes e bastante antiquadas. No passado as pessoas costumavam ser enterradas no jardim das suas próprias casas, o que explica esse túmulo sob a grama rasteira, em frente a árvores enormes que protege o local do sol e da chuva ao longo do tempo.

Caminho um pouco mais e me ajoelho em frente à lápide de pedra fixa ao chão, tendo certeza de que se trata de algum familiar de Michael. Pai, avô, tio talvez. Levo as mãos à cabeça para me proteger da garoa fina que começa a cair e meus olhos se fixam no nome talhado ali, fazendo-me ler as seguintes informações: Michael Jackson – 1879/1909.

Um arrepio incontrolável percorre a minha espinha e solto um grito aterrorizado quando enxergo uma imagem em preto e branco de um homem; o homem com quem estive ontem, o homem misterioso com o qual passei a última noite. Meu cérebro não acredita no que os meus olhos estão vendo... Não pode ser, tem que haver algum engano!




“Tem certeza de que não se lembra de mim?”

Levanto-me apressadamente e, tomada pelo choque, começo a procurar as respostas que preciso para montar esse inacreditável quebra-cabeças. As frases de Michael surgem como flashes em minha mente, encaixando-se nas explicações que começo automaticamente a dar para mim mesma.

Significa que você está presa a mim, Valentine. Que você me pertence e jamais será de outro homem .

Ele sabia tanto sobre mim! Conhecia uma marca de nascença que nunca mostrei a ninguém e tinha uma exatamente igual a ela. Nossa ligação inexplicável um com o outro... O beijo que não parecia ser o primeiro... A sintonia que sentimos desde as primeiras palavras que trocamos... A certeza insensata que eu tive quando fizemos amor, como se já tivéssemos vivido tudo aquilo antes.

Eu sou o seu homem. E você é minha. A única que amei. A única que amarei por todos os dias da minha existência.”

Cambaleio para trás, fazendo um esforço incomum para me manter de pé, e estremeço quando sinto uma mão pesar sobre o meu ombro. Viro-me em sobressalto, completamente confusa pelo turbilhão de sentimentos que explode no meu peito, e dou três passos para trás ao enxergar Michael me observando com seus olhos profundos e negros, da exata forma como esteve na noite anterior.

- Você queria a verdade – ele diz para mim. – Esta é a verdade, Valentine.

Desde quando eu poderia imaginar que a verdade era algo tão perturbador dessa maneira? Eu simplesmente não sei o que fazer agora. Eu deveria sair correndo o mais rápido que minhas pernas suportassem e ficar o mais afastada possível desse ser que nem sei como pode estar aqui, materializado na minha frente como um ser humano normal, uma pessoa de carne e osso. Mas apesar da lápide com seu nome, com todas as evidências de que ele não é como os outros, algo continua a me puxar até ele. Eu o amo, essa é a única certeza que tenho nesse momento, apesar de todas as dúvidas que pairam sobre a minha mente confusa, assustada e anestesiada pelo choque.

- Você não é real? – pergunto quase sem voz, recusando-me a imaginar que tudo o que vivemos na noite anterior pode nem sequer ter existido de verdade.

Ele se aproxima e me fita nos olhos.

- Claro que sou – responde com convicção.

- Real como todas as outras pessoas? – insisto.

Ele dá um sorriso triste e olha para a lápide com um traço de melancolia.

- Digamos que eu seja diferente... – ele responde com a voz calma e tranquila. – Estou aqui há mais tempo do que todos da cidade e jamais envelheci. Sou uma presença que já deveria ter ido embora há muito tempo.

Engulo em seco e tento controlar o tremor das minhas mãos.

- Você é um... fantasma – concluo, me achando ridícula por isso, mas sabendo que minha teoria  tem fortíssimos embasamentos.

- Está com medo de mim? – ele pergunta ao ouvir a minha frase, sem negar o que acabo de dizer.

- Não – respondo em um sussurro quando consigo proferir uma resposta para sua pergunta.

Vejo a alívio atravessar o seu rosto ao ouvir minhas palavras e ele toca minhas mãos, fazendo todo o meu corpo se arrepiar.

- Eu jamais te machucaria – ele diz, enquanto a chuva se torna mais forte e começa a encharcar as nossas roupas, embora não estejamos dando a mínima importância para isso.

Aperto seus dedos e franzo os lábios para conter o tremor provocado pela chuva fria.

- Já nos conhecíamos, não é mesmo? – murmuro fitando-o nos olhos.

- Sim – ele responde com um gesto afirmativo de cabeça. - Eu e você éramos noivos, Valentine.

Meu coração se acelera e sei que estou a apenas alguns passos de descobrir algo sobre um passado tão remoto que nem sou capaz de me lembrar.

- O que aconteceu?

- Eu perdi você por conta de uma grave queda à cavalo, aqui nesta casa, há muito tempo atrás – murmura com a voz carregada de dor, esforçando-se para pronunciar as palavras. – Depois disso... Depois disso eu me fechei completamente para a vida e me tornei um homem rude, frio, sem nenhum amor no coração. Revoltei-me com Deus por ele ter tirado você de mim tão cedo e me tranquei nesse lugar, esperando a morte também vir buscar por mim. – Ri sem humor algum. - Mas ela não vinha. E o simples fato de viver se tornava mais tortuoso a cada dia.

Eu estou tão atenta à suas palavras que esqueço até mesmo de piscar os olhos.

- No fundo eu me culpava pela sua morte. Se eu tivesse permanecido mais atento... Se tivesse a impedido de montar naquele dia, nada aquilo teria acontecido. – Aperta os olhos e seguro suas mãos com suavidade. - Certa noite eu peguei uma arma de caça e decidi... desistir de tudo – ele continua a dizer. - Um tiro. Apenas um tiro, e todo o meu sofrimento chegaria ao fim.

Meu coração se retorce de dor e meus olhos marejam, enquanto tento reconfortá-lo com o meu olhar.

- Depois do que fiz... Fiquei condenado a permanecer aqui e tentar consertar os erros que eu havia cometido. Você teve a chance de passar por diversos planos espirituais e retornar, dando continuidade ao ciclo da vida. Mas minha alma, ao contrário da sua, estava na mais completa escuridão, então acabei ficando preso a essa mansão.

- Somos almas gêmeas? Daquelas que permanecem juntas em várias vidas? – pergunto para ele porque isso é o que pude concluir até agora.

- Somos – ele diz dando um beijo de leve nos meus lábios. – O destino de duas pessoas que se amam permanecem entrelaçados, não importa o que aconteça. Só o seu amor poderia me libertar, baby. Só ao seu lado teria a chance de sair das sombras e encontrar paz necessária para finalmente partir e acabar com a angústia que durou tanto tempo.

 - Agora que você me encontrou... – pergunto com a voz falha - poderá partir?

Ele assente.

- Sim.

- Eu não quero que você vá embora – digo beijando-o novamente, sem conseguir conter as lágrimas, abraçando-o em desespero.

- Não irei – ele sussurra para me tranquilizar. Repousa as mãos na direção do meu coração e puxa suavemente meu queixo até que eu o olhe nos olhos. - Eu sempre estarei aqui.

- Não poderemos mais nos ver? Não poderemos ficar juntos?

- Poderemos – responde envolvendo-me em um forte abraço. - Mas ainda não é o momento. Eu não posso mais ficar e você ainda não pode ir.

As lágrimas que escorrem dos meus olhos misturam-se com as gotas da chuva e me jogo nos braços de Michael, beijando-o e abraçando-o o mais forte que sou capaz.

- Eu te amo – murmuro.

- Eu também te amo – ele responde puxando meus lábios para mais um beijo.

- Cuide no nosso filho – ouço-o dizer.

- Que filho? – pergunto com a voz entrecortada.

Sem me dar uma resposta, ele sorri e desce os olhos para a minha barriga, parecendo saber exatamente sobre o que acaba de dizer. Dou um passo em sua direção para abraçá-lo mais uma vez mas, antes que eu possa alcançá-lo, sua imagem se dispersa diante dos meus olhos e ele desaparece no ar. Uma rosa vermelha surge em minhas mãos e as lágrimas começam a cair dos meus olhos enquanto meu coração se retorce dentro do peito por perdê-lo dessa maneira.



Não sei como será agora. Não sei quando teremos a chance de ficarmos juntos. Não sei sobre qual filho ele disse na sua última frase. Fico alguns minutos estática, parada na chuva, e após perceber que o meu Michael não voltará, sigo lentamente pelo caminho de pedras e saio da mansão pelo enorme portão de ferro que permitiu a minha entrada na noite passada.


  *FIM

24 comentários:

  1. Oi Nai... Aqui é a Bia, tudo bom???
    Eu não sabia que tu tinha um blog menina....
    Amei a fic, e imagina a minha surpresa em ver seu nominho ali...
    rsrsrs
    O blog tá lindo, e você escreve perfeitamente bem, como sempre...
    Te amo demais maninha ^^

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    1. ?? Oi Beah este blog não é da Nai mas sim meu "Mikaela Jackson", eu apenas postei algumas fics dela como posto minhas e de outras autoras , mas ela não é a dona, mas obg por gostar do blog

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  2. Sua fic. é espetacular ! girl tu arrasou ! agora. para todas sigam-me no twitter @brigittepatitco e no integram . digo todos de volta!

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    1. Tem de agrader a Nai, a fic é dela não minha... Obg por ler e acompanhar o blog

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  3. acho que tem um olho na minha lagrima :'(

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  4. OMG *-* que lindo,e ao msm tempo tão triste,Nossa,eu ameiiii,lindo de verdade.*-*

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  5. ameiii *--* vc nao sabe o quanto eu acho Michael lindo em ghost<3
    e agora essa fic baseada no clip ohh ameii mesmo!
    triste mais linso de verdade
    Priscila

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  6. adorei seria taõ bom se ele pudesse visitar todas nos.

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  7. Gostei apesar de ser triste mais ao mesmo tempo romantico deveria ter continuação. Parte ||
    bjs

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  8. amei a mini-fic emocionante , adorei o blog as fanfic tudo esta muito de parbens , virei fa dessas fnfic lindas bjs

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  9. Nossa que triste, eu chorei demais :'( .... Eu imaginei uma pessoa nessa Fanfic... Que lindo

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  10. Obrigada por terem lido, meninas. Escrevi com muito amor e carinho.

    Beijos!

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