Sinopse
Quando se tem uma pessoa por quem você vê que realmente vale a pena lutar, você tira forças até mesmo de onde não existe.
Comigo foi realmente assim.
Eu conheço um cara excepcionalmente magnífico, que me encanta da
forma mais sincera que possa existir. Ele encanta meu coração, me faz
sorrir, me faz feliz - muito feliz - e, provavelmente, ele não tem ideia
de que é tão importante pra mim.
Mas sim, ele é.
Então... Quando digo que eu tenho que tirar forças até mesmo de onde não existe para lutar por ele, eu falo a verdade.
Estou completamente presa a ele, de uma forma irreversível e lutarei até o fim para vê seu sorriso novamente.
Mesmo que eu não seja a única em sua vida, mesmo que eu tenha que
lutar contra os meus próprios sentimentos e sofrer por conta deles... Eu
o farei, por ele.
Por Michael. O homem que eu posso confiar.
O homem que eu amo.
Capítulo 1
Agosto - 1993
- Magnífco! - murmurou Marcos, assim que acabei de cantar o último verso da música.
Ele veio andando até o palco onde eu estava, ele sorria pra mim.
Marcos era extremamente previsível. Era um amigo de longa data e meu empresário também. Eu havia acabado de me apresentar para um grupo de jurados que estavam escalando cantoras e dançarinas para um musical da Broadway. Estava completamente nervosa, mas acho que havia me saído bem.
- Essa é Alice Mitchel, pessoal! Creio a próxima estrelas de vocês, não é mesmo?
Eu queria dá um soco nele, mas me segurei e apenas dei uma olhada profunda em seus olhos, implorando para que ele ficasse quieto e deixasse ao menos um dos jurados falar.
- Certo... Você é muito, boa, Srta. Mitchel... - um dos jurados disse. - Confesso que estou impressionado. Não sou preconceituoso, por favor, não pense isso, mas... Você é branca com voz de negra. A potência da sua voz é... Impressionante. Pode ter certeza que você é uma das favoritas.
Sorri feliz, me sentindo exautada com seu elogio.
- Muito, muito obrigado, Sr. Herold.
Ele sorriu.
- Fique no aguardo, em breve receberá uma notificação para voltar aqui, pode ter certeza.
***
- Você viu aquilo? Alie, eles adoraram você! - Marcos disse feliz e quase gritando pela rua.
- Eu sei e ainda não consigo acreditar! Meu sonho está virando realidade, Mark, estou a um passo de entrar pra Broadway!
- Sim, querida... Estou tão orgulhoso de você, Alice. Sabe, te vejo cantando desde pequenina, sei que tem o dom pra isso garota! E acima de tudo, você é humilde. Conhece Michael Jackson, garota, é melhor amiga dele e nunca cantou na sua frente com medo dele achar que você estava se aproveitando de sua amizade. - ele balançou a cabeça e sorriu. - Você merece tudo isso.
Sorri pra ele e enlacei meu braço ao seu. Marcos - Mark, pra mim - era um ótimo amigo, amiga, na verdade. Nos conhecemos de o ensino médio e desde então viramos amigos.
Bem... Eu sou Alice Mitchel, tenho vinte e três anos. Meu pai é advogado das estrelas americanas e foi por causa dele que conheci Michael, na época de Bad, há seis anos atrás.
Eu era uma adolescente de dezessete anos, no meio do ensino médio, mas creio que era adulta para minha idade. Minha mãe morreu quando eu tinha quatorze anos e meu pai - apesar de ser um cara maravilhoso - não conseguiu me dá todo o suporte emocional que eu precisava naquela época, porque ele também caiu com a morte de minha mãe.
Marybeth era nosso mundo, sua perda para nós foi irreparável e ainda é. Com sua morte, precisei aprender a ser forte muito cedo e reerguer meu pai, que estava começando a se afogar nas bebidas e havia parado de trabalhar. Quando completei dezesseis anos, meu pai melhorou e percebeu que a vida tinha que continuar mesmo que minha mãe não estivesse mais entre nós, o fiz enxergar que era exatamente isso que ela queria.
Queria que continuássemos com nossas vidas, mesmo carregando a dor de sua perda.
Creio que foi por isso que Michael gostou tanto de mim naquela época. Quando meu pai voltou a trabalhar, ele pôs seu currículo em vários lugares e então foi chamado para fazer parte do grupo de advogados de Michael Jackson. Conhecer Michael pessoalmente foi uma consequência, ele não era como os vários artistas para quem meu pai trabalhou, ele era... Diferente.
Me lembro de ter ficado bastante nervosa ao conhecê-lo, mas sua simpatia me conquistou. Havia muita facilidade em nossa conversa, e além de sua incrível simplicidade, confesso que sua beleza me encantou desde o príncipio. Para uma menina de dezessete anos conhecer o maior astro de todos os tempos era algo inimaginável.
E pra mim aquilo era inimaginável, praticamente um sonho.
Porém, o que mais me impressionou no meio de tudo aquilo é que nossa amizade foi crescendo e crescendo e então, quando vimos, estávamos trocando confidências, segredos e anseios, medos e experiências, menos meu sonho de cantar e que eu sabia cantar.
Eu sabia que, se Michael escutasse minha voz, ele ia querer me ajudar ou até mesmo me colocar naquele meio artistíco. Não posso dizer que eu não queria aquilo, claro que eu queria, mas eu tinha medo de ele achar que eu queria me aproveitar de sua fama. Longe de mim estragar nossa amizade por causa de meus sonhos ou por causa do sentimento diferente que eu nutria por ele.
Pois é... Acho que eu não sou tão adulta como imaginava porque sim, eu estou apaixonada por Michael Jackson. O maior astro de todos os tempos, o Rei do Pop e meu melhor e mais incrível amigo.
Nota dez em burrice pra mim.
- Hei! Acorda garota, estou falando com você a horas! - Mark disse, estalando os dedos na frente de meu rosto.
- Desculpe...
- Hm... Posso adivinhar em quem você estava pensando? - ele arqueou uma sobrancelha.
Dei de ombros.
- Você vai acertar mesmo que eu sei.
- Michael, não é?
Assenti e ele deu um forte e sofrido suspiro.
- Oh, baby! Eu já falei pra você deixar de ser boba, menina. Michael é o cara, e contar a ele que você está apaixonada por sua pessoa linda, não irá acabar com a amizade de vocês. Pode até rolar algo a mais. Você é linda, loura, não que eu tenha algo contra as morenas, as acho lindas, mas você é muito, hm... Gostosa, como os homens diriam, com esse par de olhos azuis e essa voz magnifica!
Olhei pra ele e comecei a rir alto, algumas pessoas que passavam na rua olhavam para minha cara.
- Você é louco, Mark, se não fosse gay juro que estaria dando em cima de mim!
- Deus me livre, mon ange, eu só nasci no corpo errado, mas sou uma linda mulher, como Julia Roberts! - ele disse me fazendo rir novamente.
Estávamos passando por algumas lojas na Quinta Avenida, perto da Broadway e então Mark quase gritou ao vê a nova bolsa da Louis Vuitton. Arrastada por ele, entrei na loja estava entretida olhando algumas bolsas quando uma notícia na TV chamou a minha atenção:
"Michael Jackson é acusado por abuso infantil."
Meu coração pulou no peito e Mark olhou pra mim, pela primeira vez na vida, deixando uma bolsa da Louis Vuitton cair no chão. A jornalista prosseguiu:
"Urgente! O Rei do Pop, Michael Jackson, que neste momento está em Bangkok, Tailândia, no meio de sua segunda turnê mundial, Dangerous Tour, é acusado por Evan Robert Chandler, de abusar sexualmente de seu filho, Jordan Chandler de treze anos de idade..."
Senti meu mundo parar de girar por alguns segundos, minutos talvez. Mark me segurou pela cintura e lágrimas invadiram meus olhos.
O único pensamento coerente que vinha a minha mente naquele momento era: "Michael precisa de mim".
Capítulo 2
- Alie...
Mark tentou falar algo mas até ele - que é um tagarela - não tinha o que dizer.
Ninguém tinha o que dizer, mas eu tinha! Podia vê na cara de quase todas aquelas mulheres que elas acreditavam naquilo que a jornalista havia dito, mas eu não acreditava, era impossível acreditar.
Tudo aquilo era uma tremenda mentira, Michael jamais faria aquilo a uma criança, não ele!
- Isso é mentira! - falei em alto e bom som, fazendo-as me olharem. - Não acreditem nisso, é tudo uma mentira sem tamanho!
- Alie, se acalme, por favor.... Vamos embora, você precisa ligar para seu pai e...
- Mas elas estão acreditando nisso, Mark. Não podem acreditar nisso! - falei olhando pra ele, agora.
Eu estava me achando no dever de defender Michael com todas as minhas forças e era exatamente aquilo que eu faria, mas obviamente Mark estava ali para colocar um pouco de juízo em minha cabeça.
- Olha pra mim, baby... - ele pediu, pegando meu rosto em suas mãos. - Não adianta falar nada, não é elas quem importa agora e sim Michael, ok? Você precisa ligar para o seu pai e saber o que realmente está acontecendo, Alie, e se for preciso vou para o fim do mundo ao seu lado, para que você possa encontrar Michael.
Mark estava certo, estava completamente certo. Ele secou minhas lágrimas com a ponta dos dedos e deu um doce beijo em minha testa, me tirando da loja. Minha cabeça estava um turbilhão e eu estava tentando impedir o pensamento de como Michael deveria está - mesmo já sabendo como ele provavelmente estaria.
Arrasado. Magoado. Triste.
Algumas palavras que poderiam definir seu estado agora e aquilo me matava por dentro, principalmente porque eu não poderia fazer nada para mudar aquela situação. Cheguei ao meu apartamento e pude fui direto a secretária eletrônica que tinha a luz vermelha acesa, me dizendo que tinha mensagem. Olhei para Mark e apertei o botão.
Logo escutei a voz de meu pai:
"Alie, meu bem, onde você está? Provavelmente está com Mark, sei disso, mas preciso falar urgentemente com você. Michael está... Bem, claro que você já deve saber, mas ele está sendo acusado por algo terrível, filha e precisa de você aqui. Ele se recusa a falar conosco, nem mesmo Elizabeth ele quer vê, nossa última esperança é você, Alice. Assim que ouvir essa mensagem, ligue pra mim e comprarei uma passagem para o primeiro voo para que você venha a Tailândia. Amo você, querida. Me ligue."
Meu pai estava realmente desesperado e com uma enorme nota de pesar em sua voz, o que fez com que minhas lágrimas descessem rapidamente. No fundo eu ainda tinha esperanças de que tudo aquilo fosse uma brincadeira de mal gosto inventada pela mídia, mas não era. Infelizmente não era.
- Alie... Você tem mais duas mensagens... Quer ouví-las agora ou vai ligara para o seu pai? - Mark perguntou, passando a mão pelos meus cabelos.
- Eu vou escutar. - murmurei, apertando o botão.
A voz de minha grande amiga, Elizabeth Taylor soou:
"Alice, querida, sou eu, Liz. Preciso falar urgentemente com você. Michael está péssimo, meu bem, tentei falar com ele, mas ele está trancado na quarto e chama por você. Por favor, querida, largue tudo o que está fazendo e venha vê-lo, Michael precisa muito de nossa força agora, principalmente da sua. Me ligue. Beijos."
Apertei o botão novamente e a voz que preencheu a sala fez meu coração parar de bater por alguns segundos:
"Alie..." - Michael tentou falar mais o choro o impediu e ele ficou mudo por vários minutos. Só os seus soluços eram audíveis e eu queria atravessar o telefone e abraçá-lo com força. - "Eu preciso de você, Alie, por favor... Por que estão fazendo isso comigo? Eu não fiz nada daquilo, eu não..." - silêncio mais uma vez e agora o meus soluços se misturavam aos de Michael. - "Eu não fiz! Venha até aqui, Alie, por favor, venha, eu preciso de você..."
E então a ligação acabou. Por alguns segundos eu fiquei apenas sentada, ainda ouvindo a voz chorosa e triste de Michael, mas então aquela vontade de está ao seu lado me fez erguer a cabeça. Me levantei rapidamente e fui até meu quarto. Joguei minha carteira e meu passaporte dentro da bolsa e quando ia sair, Mark apareceu atrás de mim.
- O que você vai fazer?
- Ir até o aeroporto e pegar o primeiro voo pra Tailândia. - falei, passando por ele e descendo as escadas.
- Mas... Alie, e suas roupas? Você não pode viajar somente com a roupa do corpo, baby!
- Eu não posso perder tempo arrumando mala, Mark! Michael precisa de mim... - me virei e olhei pra ele, que também tinha os olhos vermelhos por conta do choro. Fui até a ele e o abracei. - Eu preciso ir agora.
- Certo... Vamos fazer assim. Você embarca e eu vou amanhã, eu faço sua mala e levo pra você. - olhei pra ele e assenti, vendo-o pegar em minhas mãos. - A Broadway vai esperar por você, querida.
- Eu não me preocupo com a Broadway, Mark... Michael é muito mais importante pra mim do que qualquer outra coisa no mundo.
- Eu sei, mas quando digo que a Broadway vai te esperar... É o que sinto. - ele sorriu de leve. - Agora vá, Michael realmente precisa de você.
- Obrigada, meu bem. Você é demais... - murmurei, dando um beijo em seu rosto.
- Não agradeça, apenas vá!
Assenti e lhe dei mais um abraço, logo saindo de meu apartamento e tomando o primeiro táxi que passou na frente de meu prédio.
Capítulo 3
Pegar um voo de dezesseis horas fora horrível! Eu estava agoniada e não consegui dormir nem por um segundo. A voz de Michael ainda não havia saído de minha mente e toda aquela história chegava a embrulhar meu estômago. A moça que estava ao meu lado me ofereceu vários lenços de papel para que eu enxugasse minhas lágrimas que não paravam de cair.
Eu queria gritar! Queria ter o poder de fazer tudo aquilo parar, queria poder mudar toda aquela situação ridícula. Mas, infelizmente, eu não poderia fazer aquilo. Deus me deu o dom de cantar e compôr, mas não o de mudar as injustiças que aconteciam com as pessoas que eu amo.
Assim que pisei em terra firme, percebi que eu estava em um país estranho e me lembrei de que ninguém estava ali esperando por mim. Pedi informação para um ponto de táxi e já estava anoitecendo quando finalmente encontrei um taxista que falava ao menos um pouco de inglês. Pedi para que ele me levasse ao hotel onde Michael Jackson estava hospedado e ele me olhou de uma forma estranha, de certa achando que eu era uma fã doida ou algo do tipo.
Dando de ombros, ele deu a entender que me levaria e depois de quarenta minutos, me deixou em frente a um hotel que estava abarrotado de gente nas calçadas.
Fãs.
Sorri um pouco, agradecendo a Deus por eles existirem e por estarem ali, apoiando Michael naquele momento tão difícil. Paguei o táxi e desci, logo vendo a barreira de seguranças na frente do hotel, que provavelmente estava fechado somente para Michael e sua equipe.
Torci para que Bill Bray estivesse ali e para minha sorte, ele estava. Ao me vê, ele pediu para que os seguranças abrissem espaço para que eu pudesse passar.
- Como é bom vê você, Alie! Isso aqui está um caos! - ele me abraçou. - Por que não avisou que estava vindo? Eu mandaria alguém ir buscar você.
- Eu vim correndo, Bill, nem trouxe mala... - falei, querendo ir logo vê Michael. - Meu pai está aqui?
- Sim... Ele e Liz estão tentando falar com Michael. Venha, eu te levo até lá.
Assenti e o segui, indo para o elevador. Suspirei pesadamente, parecia que até mesmo o elevador estava lento.
- Peço que tenha calma, Alie... Sabe, desde que Michael recebeu a notícia pelo seu pai, ele se trancou no quarto e não quer falar com ninguém, nem mesmo comer ele quer. Estamos pensando em adiar o show de amanhã, mas pra isso precisamos falar com ele. Ele só chama por você, mas tenha cautela ao lidar com ele, certo?
- Bill, você está mesmo querendo me ensinar a como lidar com Michael? - perguntei deixando transparecer que eu estava ofendida e chocada. - Eu, mas do que ninguém aqui, sei como tratá-lo em cada situação, dessa vez não será diferente.
- Eu não quis te ofender, Alie... - ele suspirou e balançou a cabeça. - Me desculpe, você está certa. Obrigado por está aqui, não sabe o quanto Michael precisa de você.
- Eu jamais o abandonaria, Bill, muito menos em uma situação como essa. - murmurei, sentindo minha garganta formar um intenso nó.
Engoli em seco e então a porta do elevador se abriu. Pude vê meu pai e Liz no final do corredor, eles estavam batendo em uma porta que, muito provavelmente, era o quarto de Michael.
- Pai... - o chamei quando cheguei mais perto.
Ele e Liz viraram de uma vez só pra mim.
- Oh, graças a Deus, Alie! - ele chegou perto de mim e me abraçou fortemente. - Por que não me ligou? Por que não avisou que estava vindo?
- Eu fiquei tão desesperada, pai... Só pensava em chegar aqui logo. - falei, me afastando dele. - Conseguiram falar com ele?
- Não, querida... Ele parou de nos responder, agora... - Liz disse, chegando perto de mim e abraçando também. - Fico contente que esteja aqui. - ela se afastou e franziu o cenho. - Onde está sua mala?
- Eu não trouxe, mas não se preocupem comigo... Eu vou tentar falar com Michael.
- Como assim não trouxe malas, Alice? - meu pai perguntou, cruzando os braços.
Olhei pra ele e dei de ombros, me segurando para não perguntar se ele estava mesmo preocupado com minha roupa no meio de toda aquela situação.
- Eu não pensei em arrumar malas, pai, mas não se preocupe, Mark me disse que embarcará no próximo voo e trará minha mala. - suspirei e então respirei fundo.
Eu precisava mesmo reunir toda minha força para poder falar com Michael sem me desmanchar em lágrimas na sua frente. Eu tinha de ser forte por ele. Liz passou as mãos pelas minhas costas.
- Você consegue, meu anjo... - ela disse com seu olhar doce. - Eu sei que consegue.
Assenti e então fui pra frente da porta do quarto de Michael. Engoli em seco e dei duas batidas altas e fortes:
- Michael? - chamei, tendo o silêncio como resposta: - Michael?
- Eu não quero falar com ninguém! - ouvi sua voz fraca respondendo.
Certo... Provavelmente ele não tinha reconhecido minha voz. Respirei fundo e bati novamente:
- Michael, sou eu, Alie... Sua Alie, Michael, eu vim vê você... Fala comigo. - pedi, sentindo o choro começar a se formar.
- Alie? - ele perguntou surpreso e então ouvi seus passos rápidos se aproximando. Logo a porta foi aberta e o olhar vermelho e choroso de Michael foi a primeira coisa que eu vi. Ele me puxou pela mão e me abraçou forte, começando a chorar alto em meu ombro, o peso de seu corpo sobre o meu, cedendo até que nós dois fomos ao chão. Foi impossível controlar meu choro também. - Por que eles estão fazendo isso comigo, Alie, por que? - ele perguntou, soluçando.
Fechei meus olhos, deixando as lágrimas descerem, meu coração doía tanto quanto o dele. Passei as mão devagar pelo seu cabelo.
- Oh, Mike... - eu não tinha o que dizer e minha voz saiu arrastada.
- Eu não fiz nada daquilo, nunca faria nada disso, Alie, nunca! - ele disse gritando em meus ouvidos.
Seus braços apertavam forte minhas costas, me puxando de encontro a ele enquanto ele escondia seu rosto em meu pescoço. O abracei com força e acariciei meus cabelos.
- Eu sei que você jamais faria uma coisa dessas, Michael. Não só eu sei, mas os seus fãs também sabem, eles estão lá embaixo agora, Mike, eles acreditam em você, assim como eu. - falei em seu ouvido.
- Eu estou sentindo tanta vergonha... - ele sussurrou.
Fechei os olhos e suspirei, pegando seu rosto em minhas mãos. Olhei em seus olhos vermelhos e cheios de lágrimas:
- Vergonha de que, meu anjo? Você não tem culpa de nada, Mike...
- Vergonha porque todos acham que eu sou isso, Alie, todos acreditam que eu sou esse monstro que faz esse tipo de coisa horrível com uma criança. Uma criança, Alie, eu amo crianças, jamais seria capaz de fazer isso com uma!
- Eu sei disso, Mike. E só acredita que você fez algo como isso quem não te conhece de verdade. - falei, me levantando e fazendo-o se levnatar comigo. - Vem comigo...
Ele segurou em minhas mãos e então fui com ele até a cama. Me deitei e ele se deitou ao meu lado, colocando a cabeça em meu peito. Acariciei seus cabelos e ele chorou novamente, começando a soluçar.
- Eu quero sumir... - ele murmurou. - Nada nunca me causou uma dor tão grande como essa, eu não entendo, eu só queria ajudar aquele menino, como eu ajudo várias outras crianças e eu recebo isso em troca? O que eu fiz pra merecer isso, Alie?
- Você não fez nada, Mike... Infelizmente existe pessoas ruins como os pais desse garoto, que não percebem o quão triste é essa situação pra você e pra todos que gostam de você.
- Não é triste, é horrível. - ele disse, me agarrando com força. - Obrigado por está aqui... - ele murmurou.
Fechei os olhos e suspirei, beijando o topo de sua cabeça.
- Eu não estaria em outro lugar que não fosse aqui, Michael. Eu jamais te deixaria sozinho.
E jamais deixarei.
Capítulo 4
Quando Michael finalmente conseguiu dormir, o dia já estava amanhecendo. Apesar de estar abalado, ele queria cancelar o show daquela noite, alegando que seus fãs não mereciam aquilo, mas, obviamente, ele não estava com a mínima condição de fazer um show.
Sabendo disso, seus empresários e advogados decidiram adiar o show para o dia seguinte. Eu sabia que Michael não iria gostar nenhum pouco daquilo, mas meu pai disse que era pro bem dele e quando ele soubesse, nada poderia fazer para mudar aquela decisão.
Depois de tomar um banho e vestir uma roupa que Liz gentilmente comprara pra mim, me obriguei a comer alguma e fui para o quarto de Michael. Ele ainda dormia, então decidi que ficaria apenas sentada ao lado dele, esperando-o acordar. Mesmo imerso ao sono, era visível seu estado de tristeza, o que fazia meu coração se partir.
Deus sabia como eu queria tirar aquela dor dele e passar pra mim, se eu pudesse... Se minhas lágrimas, meu toque ou até mesmo minha voz tivesse esse poder... Eu daria tudo em troca, qualquer coisa, para que ele não tivesse que está passando por isso.
Eu o amava tanto e o amaria pra sempre, mesmo que nunca ficasse com ele, eu tinha certeza que o que eu sentia era forte o suficiente para durar a vida toda. E duraria mesmo a vida toda.
Michael soltou um longo suspiro e então seus olhos se abriram devagar. Ele piscou algumas vezes, mas assim que se acostumou com a pouca claridade do quarto, seus olhos pousaram em mim.
- Oi... - falei, sorrindo de leve.
- Oi... - ele disse, retribuindo o sorriso. - Que horas são?
Olhei ao redor procurando por um relógio e então vi o relógio na parede, próximo ao closet.
- Uma da tarde. - falei.
Ele me olhou e então arregalou os olhos, dando um pulo da cama.
- Merda! Eu tenho ensaio e estou atrasado! - ele falou, passando as mãos pelos cabelos.
Michael saiu andando pelo quarto e entrou rapidamente no closet. Parecia que aquela tempestade toda estava acontecendo, porque ele estava agindo normalmente. Respirei fundo e fui atrás dele, quando cheguei no closet ele se virou de repente, ficando parado a minha frente a centírmetros de mim.
Seus lábios estavam tão próximos e o seu cheiro me fez conter um suspiro. Seus olhos vagaram entre meus lábios e meus olhos, e ele pareceu perdido por um tempo. Mordi meu lábio com força, me obrigando a começar a pensar novamente.
- Michael... - murmurei, dando um passo pra trás. Ele ficou no mesmo lugar. - Você não está atrasado pro ensaio.
Ele piscou duas vezes e franziu o cenho:
- Claro que estou, Alie. Marcamos o ensaio pra dez horas da manhã.
Suspirei, sabendo que eu tinha que contar a ele que o show tinha sido cancelado. Mordi o lábio e quando finalmente tomei coragem pra dizer, ele me interrompeu:
- Você está mordendo o lábio. Isso quer dizer que está nervosa... - ele arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços. - O que aconteceu, hm?
Eu sabia muito bem o que ele estava tentando fazer. Estava agindo normalmente para tentar fugir da realidade. Michael sempre fazia isso quando queria fingir que nada demais estava acontecendo.
- Você não está atrasado pro ensaio, porque não tem ensaio. - falei.
- Como não tem ensaio? É claro que tem ensaio, Alie, está louca?
- O show foi cancelado, Michael. Na verdade, meu pai, seus outros advogados e seu empresário decidiram que era melhor cancelar o show. - me aproximei dele, pegando em sua mão. - Eles querem que você descanse hoje, para está bem pro show de amanhã, Mike.
Ele olhou pra nossas mãos entrelaçadas e então olhou pra mim. Um sorriso descrente apareceu em seus lábios.
- Está brincando, não é mesmo? - ele perguntou.
Mas ao vê que eu continuava séria ele se afastou e tirou suas mãos das minhas. Dessa vez ele franziu o cenho ficando um pouco chocado.
- Não está brincando?
- Não, Michael, eu não estou...
- Mas que porra...
Ele nem terminou de falar a frase, apenas largou sua roupa no chão e foi em direção a porta do quarto, abrindo-a em um solavanco.
- Branca, Peter, Jack! Onde estão vocês? - ele gritou e pude ouvir seus passos pelo corredor.
Saí do quarto correndo e fui atrás dele, minha intensão era chamá-lo de volta pro quarto e tenta explicar o que aconteceu, mas foi algo que logo vi que seria impossível. Logo todos encheram o corredor e começaram a falar ao mesmo tempo, Michael tentava falar, mas a voz do pessoal estava muito mais elevado do que seu tom de voz e tudo aquilo estava me deixando zonza e consecutivamente surda.
- Chega! Gente, para de falar! - gritei mais alto que todos, fazendo-os se calarem. - Falem um de cada vez, por favor. Gritando desse jeito não iremos chegar a lugar algum!
- Obrigado, Alie. - Michael disse e então se virou para todos. - Quero saber quem foi que cancelou o show de hoje a noite. Hm... Quem foi?
Meu pai suspirou e então começou a falar.
- Nós, Michael, Branca, Jack e eu resolvemos que seria melhor cancelar o show...
- Resolveram? - Michael perguntou, incrédulo. - E desde quando vocês resolvem algo sem me consultar antes? Por um acaso minha opinião não vale de nada aqui?
- Claro que vale, Michael, e vale muito! - John Branca disse. - Mas você está passando por um momento difícil e ontem não queria falar com ninguém... Não sabíamos se ia querer fazer ou não o show hoje e... Bem... Sabemos que você não tem condições pra isso.
- Eu não tenho condições? Ah, por favor, Branca, eu estou ótimo! Não veem, hm? Olhem pra mim... - ele deu uma volta e então parou na frente deles novamente. - Eu estou ótimo pra continuar com a minha turnê! Não vou permitir que essa mentira toda prejudique a todos os meus fãs que dão a volta ao mundo pra me ver!
- Michael querido, se acalme, sim? - Liz disse, passando a frente de todos e indo segurar suas mãos. - Olha, todos os seus fãs iram entender o cancelamento do show, todos eles estão ao seu lado agora, assim como nós. Só queremos que você esteja realmente bem pra fazer o seu melhor, como sempre faz.
- Mas eu ia fazer o meu melhor hoje a noite, Liz. Eu já disse que sou forte, não vai ser essa mentira infeliz que vai me derrubar. Eu sou Michael Jackson, esqueceram? Nada, simplesmente nada, consegue me derrubar!
Dito isso, Michael passou por mim como um furacão e então entrou em seu quarto, batendo a porta e se trancando novamente.
Negação.
Não era preciso saber muito sobre psicologia pra saber que quando o ser humano está passando por um momento difícil, ele passa por várias fases para absorver esse momento e agora Michael estava negando o que estava acontecendo a sua volta.
Respirei fundo e fui até o seu quarto, bati na porta mas ele disse que não queria falar com ninguém. Tinha muita raiva em sua voz então eu decidi deixá-lo um pouco sozinho.
Mas só um pouco. Eu não iria embora e muito menos o abandonaria por causa de seu acesso de raiva, muito pelo contrário.
Eu estaria ali de braços abertos para segurá-lo quando ele caísse novamente.
Capítulo 5
Depois de passar uma tarde inteira aflita para falar com Michael, ele finalmente resolveu me deixar entrar em seu quarto. A noite já tinha caído e estava tudo escuro na suíte, mas o abajur da pequena sala estava aceso.
Fui até lá e o vi sentado na poltrona. Suas pernas estavam pra cima e sua cabeça repousava em seu joelho. Seu olhar estava fixo na janela e tudo estava silencioso, já que os fãs pararam um pouco de cantar nas calçadas. Andei até ele e me sentei na pequena mesa de centro de frente a ele. Seus olhos não se moveram nem por um segundo.
- Michael... - o chamei, mas infelizmente ele estava disposto a me ignorar. - Fala comigo, por favor.
- Pra que se você está ao lado deles? - ele respondeu, ainda olhando pra janela.
- Ao lado deles? Quem?
- Ao lado deles, Alie! Você sabia que eu jamais permitiria que cancelassem o show.
- É claro que eu sei, Michael. Mas por que diz que eu estou ao lado deles? E quem são eles? - perguntei sem entender.
- Branca, Jack, Liz, Peter... Ao lado de Peter é claro que você ficaria, ele é seu pai não é mesmo? E se você sabia que eu não queria cancelar o show, por que deixou que eles cancelassem? Hein? Porque está ao lado deles! - ele disse me olhando, e deixando bem claro em sua voz sua aquela acusação sem fundamento.
- Michael, não acredito que está falando isso. - falei, sem alterar meu tom de voz. - Eu não estou ao lado de ninguém, só estou ao seu lado, Michael.
- Não, você não está! - ele gritou, se levantando e indo até o quarto.
- Michael, pare com isso! - falei, indo atrás dele e quando finalmente o alcancei, o virei pra mim. - Preste atenção: eu poderia gritar, espernear, fazer o que quer que fosse, mas eles não iriam mudar de ideia, Mike. Eu não sou nada aqui a não ser sua amiga, minha opinião pra eles não vale de nada.
- Mas você poderia ter tentado. - ele falou com o tom de voz de duro.
- E eu tentei. Eu falei com meu pai que você jamais permitiria que cancelassem o show, mas foi como eu disse antes, não adiantou de nada. Nunca vai adiantar, Mike, pra questão profissional minha opinião não vai adiantar em nada, eu sinto muito por isso. Eu sei o quanto você queria fazer o show, mas...
- Você também acha que eu não tenho condições, não é?
Suspirei e desviei meus olhos. Certo, ele com certeza não tinha condição física, muito menos emocional, pra fazer um show de quase duas horas mas eu não sabia como dizer aquilo sem o magoar.
Peguei em suas mãos e o levei até a cama, o sentando e me sentando ao seu lado.
- Michael, você está passando por um momento muito difícil, eu não quero dizer que é pra você cancelar a turnê, não é isso, é só... Somente hoje. Hoje você está sensível e está triste, por mais que seus fãs mereçam o show, eles merecem muito mais um ídolo inteiro emocionalmente, você não acha?
- Mas eu estou inteiro, Alie. Veja só... - ele levou minha mão ao seu rosto. - Está vendo, eu não estou chorando, nem meus olhos estão tristes, eu já estou forte e estou melhor. Ontem eu estava péssimo, mas não estou mais assim.
- Eu sei que você não está chorando, Mike. Mas... Olha, amanhã você tem um show, não é mesmo? Então você precisa comer alguma coisa e dormi, o que acha disso? Aí amanhã você vai está ainda melhor do que hoje.
Ele olhou pra mim e então sorriu.
- Certo, você sempre consegue o que quer, não é mesmo? - ele riu e deu um beijo em meu rosto. - Peça algo para comermos enquanto eu tomo banho, sim?
Assenti sorrindo pra ele. Michael entrou no banheiro e então eu liguei pra recepção, pedindo algo leve para comermos. Meia hora depois ele saiu do banho e logo em seguida a refeição chegou.
Por incrível que pareça, Michael conseguiu comer quase tudo, me fazendo ficar feliz e sorri de verdade daquela vez. Ele me chamou para me deitar com ele e então deu um beijo em minha testa, agradecendo minha companhia e após alguns minutos, ele estava dormindo profundamente.
Olhei pra ele, esperando que ele abrisse os olhos e começasse a falar algo, ele sempre fazia isso, fingia que estava dormindo e então abria os olhos e começava a falar, me dando susto, mas daquele vez foi diferente. Ele estava realmente dormindo, o que me fez estranhar muito porque ele não dormia tão rápido, nem quando estava extremamente cansado.
Mas então resolvi levar em conta todo o seu abalo físico e emocional. Olhei pra ele mais uma vez e dei um beijo em seu rosto. Antes de sair de seu quarto, dei uma passada no banheiro pois estava apertada para fazer xixi. Parei em frente ao espelho e minha aparência não estava a melhor, mas pelo menos o corretivo de Liz ajudou a tapar minhas olheiras por causa das noites mal dormidas.
Lavei minhas mãos e sorri ao vê o perfume de Michael em cima da bancada da pia, porém, franzi o cenho ao vê quatro frascos branco atrás da pequena garrafinha de vidro. Sequei as mãos e peguei os frascos. Obviamente eram remédios mas eu queria saber para que serviam e então, na parte de trás, estava escrito que era remédio para dormir.
Engoli em seco e fechei os olhos, me sentindo extremamente idiota por não ter percebido antes! Michael sempre fora inclinado a esse tipo de medicamento, mas Liz e eu conseguimos mostrar a ele que aquilo não lhe fazia bem e já fazia quase dois anos que ele não chegava perto desse tipo de coisa, mas era claro que a situação agora era diferente e infelizmente nem passou pela minha cabeça que ele poderia recorrer a esse tipo de "alívio" outra vez.
Peguei todos os frascos e os abri, jogando os comprimidos no vaso e dando descarga, resolvi que eu passaria a noite no quarto de Michael, acordada até ele despertar e então teria uma conversa bem séria com ele.
E esperava, do fundo do meu coração, que adiantasse de alguma coisa.
Capítulo 6
A madrugada virou dia e o sol nasceu com força, ultrapassando as janelas e iluminando o quarto de Michael. Ele ainda dormia profundamente e com certeza não acordaria tão cedo, então, me levantei e fui pra sacada de seu quarto.
Fazia dias que o sol não tocava meu rosto, visto que em Nova York o tempo não estava bom quando voei de pressa pra Tailândia. Mark havia me ligado na noite anterior, dizendo que em meia hora embarcaria e creio que logo mais ele estaria conosco.
Respirei fundo e passei a mão por meus cabelos, me sentindo cansada e impotente diante de tudo aquilo. O pior é que eu não sabia o que aconteceria a seguir e todo aquele suspense me deixava ainda mais aflita.
- Alice.
Ouvi a voz séria de Michael me chamar e me virei rapidamente. Primeiro por causa de seu tom de voz e segundo por ele ter me chamado pelo meu nome e não por Alie, como sempre costumava dizer.
Seu rosto estava retesado e sério e em suas mãos estavam os frascos de remédio que eu havia mantido comigo durante a noite toda. Ao vê onde meu olhar estava direcionado, ele levantou o frasco:
- Eu realmente espero que você tenha uma ótima explicação e me diga onde estão os comprimidos que estavam aqui dentro.
- Nesse momento os comprimidos devem está no esgoto, Michael. - falei séria também.
Ele ergueu uma sobrancelha e sorriu de lado.
- Você está brincando, não é mesmo?
- Não, Michael, eu não estou. Na verdade eu queria que você estivesse brincando. - fui andando até ele e parei na sua frente. - O que foi que deu em você pra voltar a usar essas porcarias?
- Eu precisava dormir, Alice, precisava descansar pra está inteiro hoje! - ele disse, me olhando com fúria. - Eles estão me ajudando, ao contrário de você!
- Ao contrário de mim? Ah Michael, pelo amor de Deus! Eu quero te ajudar de verdade, esses remédios não ajudam a ninguém.
- Se você quisesse me ajudar, não teria jogado os comprimidos fora. Você sabe que eu tenho problemas pra dormir, mas ao invés de me ajudar você faz essa merda!
- Eu joguei mesmo fora, Michael e vou jogar quantas vezes for necessário! Será que não percebe que isso vai te fazer mal? Liz e eu já mostramos a você que...
- Você e Elizabeth têm que parar com essa mania de achar que mandam em mim! - ele gritou. - Eu não preciso de babá, sou um homem de trinta e quatro anos, não uma criança de cinco.
- Mas está agindo como uma criança da cinco anos, Michael! - falei no mesmo tom que o dele.
- Foda-se! - gritou. - A vida é minha, Alice, se eu quiser tomar esses remédios eu vou tomar e não vai ser você que vai me impedir! Você jogou esses comprimidos fora, mas de onde veio esse pode vir muitos outros!
Olhei pra ele completamente surpresa. Meu coração batia rápido e doía pela forma como ele estava me tratando.
- Para com isso, Michael. - cheguei perto dele e peguei seu rosto em minhas mãos, acariciando-o. - Olha, o que menos precisamos agora é brigar, ok? Nunca brigamos e eu não vou permitir que isso aconteça agora, em um momento tão difícil pra você.
Ele pegou meu braço com força e o apertou, abaixando-os até que minhas mãos saíssem de seu rosto. Arregalei meus olhos por conta da dor de seu aperto, mas creio que ele não reparou nisso.
- Para de fingir que se importa comigo, Alice. Se você se importasse de verdade não teria feito o que fez! Você não sabe a raiva que estou sentindo de você nesse momento e eu não me importo em brigar com você, eu não preciso ter ao meu lado uma pessoa que diz ser minha melhor amiga e no entanto não faz questão de me ajudar a dormir em paz! - ele disse baixo e em um tom duro.
Olhei pra ele sentindo meu coração se afundar no peito e meus olhos se encherem d'água. Eu nunca esperava que um dia ele me dissesse uma coisa como aquela.
- Solta meu braço, Michael... Você está me machucando. - falei sentindo minha voz oscilar.
Ele me olhou e então me soltou. Um vestígio de arrependimento surgiu em seus olhos quando ele viu a marca vermelha de seus dedos em meus braços.
- Me desculpe se eu sou uma amiga horrível pra você, essa nunca foi a minha intensão. - falei, passando por ele e saindo de seu quarto.
Passei pelo corredor e fui andando até o meu quarto, a única coisa que eu queria era me jogar na cama e chorar.
- Alie? - ouvi a voz de Liz atrás de mim. - Aconteceu alguma coisa, querida?
- Não... Não aconteceu nada. - falei, me virando pra ela e forçando um sorriso.
Ela franziu o cenho sabendo que tinha algo de errado e então arregalou os olhos ao olhar para o meu braço.
- Oh Deus, Alice! - ela se aproximou. - O que foi isso?
- Nada... - falei, passando a mão pela marca vermelha. - Olha, Liz, eu vou tomar um banho e mais tarde eu te encontro, está bem? - me aproximei dela e dei um beijo em sua bochecha.
- Mas, Alie...
Não esperei que ela terminasse de falar, apenas virei as costas e fui para o meu quarto, me trancando e me jogando na cama. Foi o só o tempo de enfiar a cabeça no travesseiro e então a represa estourou, me fazendo chorar alto como uma criança.
Acho que finalmente eu estava conseguindo chorar de verdade e colocar pra fora toda a aflição que estava me consumindo nos últimos dias. Eu sabia que ficar ao lado de Michael seria extremamente difícil, mas não podia imaginar que ele se revoltaria ao ponto de brigar comigo e falar todas aquelas coisas.
Ouvir tudo aquilo doeu mais do que qualquer coisa em mim, eu realmente não estava preparada para aquilo.
Na verdade, acho que eu nunca estaria preparada para ouvir qualquer coisa negativa vinda de Michael.
Capítulo 7
Michael viu Alice sair de seu quarto como um furacão. Pra falar a verdade ele ao menos sabia o que realmente havia acontecido naquele quarto, ele apenas estava com a imagem dos olhos de sua amiga cheios de lágrimas e da marca vermelha em seus braços.
Ele engoliu em seco o nó que estava formando em sua garganta e começou a sentir a angustia e o arrependimento preencher seu peito rapidamente. Respirou fundo e foi em direção a porta abrindo-a em um solavanco e encontrando Elizabeth do lado de fora.
- Michael! - ela exclamou assustada. - Como você está se sentindo, querido?
- Péssimo, Liz... - ele passou por ela e olhou o corredor vázio. - Onde está Alie?
- Ela foi pro quarto dela, Mike...
Ele nem a esperou terminar de falar, somente virou as costas e foi em direção ao quarto de Alice. Estava desesperado! Precisava se desculpar urgentemente.
Assim que parou em frente a porta, respirou fundo e virou a maçaneta, mas estava trancada. Então, começou a bater na porta de madeira fazendo o barulho ecoar pelo corredor.
- Alie... - ele chamou em meio as batidas. - Alie eu... Eu sinto muito, me perdoe, eu não queria ter dito nada daquilo, nem ter feito aquilo com você. Por favor, abra a porta, vamos conversar...
- Ter feito o que, Michael? - Liz perguntou, chegando perto dele. - Será que algum de vocês pode me explicar o que tá acontecendo?
- Eu fui um idiota, Liz... - ele se virou pra ela com os olhos cheios d'água.
- Um idiota? Mas por que, Michael, o que foi que você... - ela para um pouco, começando a juntar as peças com as cenas de poucos instantes atrás. - Aquelas marcas vermelhas nos braços de Alice... Não foi você quem fez, não é mesmo, Michael?
Michael abaixou a cabeça e uma lágrima caiu de seus olhos, fazendo com que Elizabeth entendesse tudo.
- Oh meu Deus, Michael, o que houve com você? - ela perguntou, chocada. - Eu não posso acreditar que você fez aquilo!
- Nem eu, Liz... - ele disse com a voz embargada. - Eu perdi a cabeça e falei tanta bobagem também... - ele se virou pra porta e bateu novamente. - Alie, por favor, fale comigo...
- Michael eu acho melhor você deixá-la sozinha agora.
- Não, Liz, eu preciso falar com ela e me desculpar.
- Mas com certeza ela precisa de um tempo, Michael. Ela está ao seu lado desde quando chegou, deixe-a um pouco sozinha agora.
- É... Ela está ao meu lado desde quando chegou e mesmo assim eu fui um idiota. - ele disse desviando o olhar de Elizabeth.
- Por que não me conta o que aconteceu, hm? Vamos para o meu quarto e eu peço algo leve para comermos.
Michael assentiu e a seguiu até o quarto.
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Escutei os passos de Michael e Liz se afastarem e então me levantei somente para destrancar a porta e voltei a me deitar novamente. Ela estava certa, eu realmente precisava ficar um pouco sozinha.
Ainda chorando senti meus olhos pesarem e finalmente depois de ficar a noite inteira acordada, adormeci.
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*- In the arms of the angel... Fly away from here. From this dark cold hotel room. And the endlessness that you feel...
A voz e o afago de uma mão em meus cabelos me trouxe de volta do sono profundo no qual eu estava. Abri os olhos devagar e encontrei o sorriso e os doces olhos de Liz em mim.
- Olá meu bem... Como você está? - ela perguntou.
Suspirei e torci um pouco os lábios.
- Bem... Eu acho.
Ele fez um barulho de desagrado com a boca.
- Hm... Eu não quero que você ache que está bem e sim que você fique bem, ok? - ela sorriu. - Michael me contou o que aconteceu e... Ele está profundamente arrependido, querida. E eu estou muito magoada com ele, não só por voltar a usar os remédios, mas por ter feito e falado tanta besteira pra você. Pode ter certeza que eu conversei seriamente com ele, ouviu?
- Eu sei que você o fez, Liz, não duvido disso mas... - respirei fundo, impedindo que um nó se formasse em minha garganta. - Ele me magoou muito falando aquelas coisas.
- Eu sei meu bem e ele também sabe disso. - ela passou a mão pelos meus cabelos novamente e então sorriu pra mim. - Mas vamos mudar um pouco de assunto, sim? Quero saber um pouco do que você estava fazendo em Nova York antes de vir pra cá correndo. Seu pai havia me dito que você estava querendo fazer faculdade de Publicidade, não é isso?
- Sim... - sorri, pensando que meu pai era mesmo ótimo em guardar segredos. - Mas não era bem isso que eu estava fazendo lá...
- Não? E o que era? Pra falar a verdade, nós nunca conversamos sobre o que você queria ser no futuro e olha que eu te conheço a bastante tempo, mocinha... - ela sorriu. - Que dom esconde de mim, hm?
Sorri de lado sabendo que seria mesmo impossível esconder algo dela, agora.
- Bem... Você conhece meu amigo Mark, não é mesmo? - perguntei, vendo-a assenti. - Bom... Ele é meu "empresário" também...
- Empresário? - ela franziu o cenho, sorrindo. - Pra que você precisa de um empresário?
- Porque... Antes de vim pra cá eu fiz um teste pra um músical da Broadway. - falei de uma vez só.
Elizabeth arregalou os olhos e eu me sentei pra esperar sua reação. Ela mordeu o lábio e me olhou com atenção, de certo procurando um vestígio de brincadeira em meus olhos.
- Mas você dança? Quer dizer... Você fez teste pra que papel, especificamente?
- Pra personagem principal.
- Oh Deus... - murmurou. - Que musical é esse, Alie?
- Se chama "Burlesque", de Franci Herold.
- É muita coincidência, Alie... Franci é meu amigo e ele me ligou há alguns meses atrás me falando sobre esse musical e agora você está... - ela parou de repente e então me olhou. - Espere um pouco. Você fez o teste pra protagonista?
Olhei pra ela e assenti.
- Isso quer dizer que... Alie, você canta?
- Sim... - murmurei, torcendo as mãos em meu colo.
- Alice, por que nunca me contou isso? - ela perguntou, olhando pra mim. - Ah não, você vai cantar agora mesmo. Eu te conheço há anos e nunca ouvi sua voz... Um pouco injusto, não acha?
Sorri pra ela, vendo-a cruzar os braços e me esperar começar.
- Certo...
Respirei fundo sentindo um pequeno calafrio na barriga e então comecei:
Eu não ia cantar a música toda, mas sempre que eu começava crescia algo dentro de mim que me impedia de parar. Prossegui até a última estrofe e então olhei pra Liz, esperando que ela falasse algo.
- Isso foi... Magnífico! Na verdade, eu estou sem palavras... - ela disse. - Alice, você é perfeita. Por que nunca me contou sobre isso? Michael sabe que você canta assim?
- Não. Na verdade eu não quero que ele saiba, Liz.
- Mas por que não?
- Porque... Eu sei que se Michael souber ele vai querer me ajudar e... Eu não quero que ele ache que sou amiga dele para tirar proveito disso. Longe de mim estragar nossa amizade por causa de uma bobagem.
- Não é bobagem, Alie. E eu tenho certeza que Michael jamais pensaria algo assim de você, meu bem... - ela sorriu docemente e pegou minha mão. - Mas me conte... Franci me disse que esse musical seria tão... Quente!
- E será. Assim que eu cheguei no teatro pra fazer o teste eles nos deram uma cartilha contando um pouco sobre o musical... Fala sobre uma cantora e dançarina de cabaré que é apaixonada por um homem casado. - falei, soltando uma risada tímida. - E é engraçado porque... Eu não me vejo como uma dançarina de cabaré, nunca, mas... Interpretar uma dançarina de cabaré é algo que me parece extremamente excitante! Eu simplesmente me encantei pela personagem e... Franci parece ter se encantado por mim também.
- E como não se encantar com uma voz como essa? Sem contar que você é linda, Alie. Tem cara de anjinha, mas tenho certeza que é um furacão no palco. Mal posso esperar para vê-la estrelando "Burlesque"! - ela disse, animada.
- Ah mas... Eu não sei se isso será possível, Liz.
Ela me olhou atentamente e franziu o cenho.
- E por que não? Você me disse que Franci te adorou, tenho certeza que você vai ser aprovada, Alice. Não fique com medo disso.
- Não é isso, é que... - hesitei um pouco e então soltei um longo suspiro. - Michael está passando por um momento tão difícil, Liz. Mesmo se eu for aprovada, não sei se poderei participar do musical. Não posso largar Michael agora.
Ela desviou o olhar e, assim como eu, ficou em silêncio parecendo refletir sobre tudo aquilo.
- Mas você também não pode abrir mão do seu futuro, Alice. - ela disse séria, voltando a olhar pra mim. - Michael está mesmo passando por um momento difícil, mas ele ficará bem. O seu papel que não vai esperar por você, querida.
- Mas eu também não posso ser egoísta ao ponto de deixar Michael, Liz. Isso que está acontecendo com ele é... Horrível, e creio que ele vai ficar ainda mais magoado quando a polícia começar a se envolver profundamente nisso, meu pai falou que ele pode receber uma intimação a qualquer momento, ele vai precisar muito de nós e eu quero está aqui com ele.
- E o seu sonho, Alie?
- Vai ter mais musicais, Liz, o que não me faltará vai ser testes para musicais...
- Mas e se você for escolhida para fazer "Burlesque", hm? Vai dizer: "Não, eu não posso aceitar porque estou cuidando do meu melhor amigo"? Alie, você não será egoísta se aceitar o papel, Michael vai entender o porque de você te de se afastar um pouco. Ele é um cantor enorme, já tem o futuro dele garantido a muito tempo e o seu está começando agora, meu bem.
Elizabeth tinha razão e eu sabia disso, mas também não queria ficar longe de Michael em um momento como esse. Ele estava tão frágil e mesmo que tivesse me magoado como a fez hoje mais cedo eu o amava muito para o deixar, ainda mais agora, onde ele precisava de toda a força e amparo possível.
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*Música Angel: Nos braços de um anjo... Voe pra longe daqui. Deste escuro e frio quarto de hotel... E da imensidão que você teme.
Capítulo 8
Mark chegou quando eu ainda conversava com Liz, ele veio com toda aquela energia boa e carregando consigo várias bagagens. Sorri por conta de seu exagero, ele conseguia colocar mais coisas em uma mala do que duas mulheres juntas.
Não vi Michael durante toda a tarde, ele estava ensaiando e me disseram que ele ficaria no local do show até a hora da apresentação, o que me deu tempo pra pensar um pouco em tudo o que aconteceu. Eu já sentia a falta dele miseravelmente e se ele viesse me pedir desculpas eu com certeza aceitaria na hora.
Nunca gostei de ficar remoendo dor, brigas ou algo do tipo. Desavenças como a que aconteceu hoje a tarde só serviria para nos afastar e eu realmente não queria que isso acontecesse. Certo, ele errou muito, mas se ele estivesse arrependido de verdade eu iria desculpá-lo e então seguiríamos em frente esquecendo-nos completamente do que havia acontecido.
Meia hora antes do show Mark, Elizabeth e eu seguimos para o National Stadium de Bangkok. Chegamos lá alguns minutos antes de começar o show e não conseguimos vê Michael, que já estava se preparando para o começo de sua apresentação. Bill nos levou até o canto do palco e nos sentamos, ouvindo a gritaria do enorme público que esperava por seu ídolo.
Minutos depois as luzes do palco foram ligadas e o público gritou ainda mais alto, então, sem nenhum aviso prévio Michael deu um grande pulo e parou em pé na beirada do palco ficando estático por quase dois minutos. Era incrível e realmente parecia impossível mais todos gritaram ainda mais alto quando ele apareceu e todos nós sabíamos que não era apenas porque estavam vendo Michael e sim porque eles queriam mostrar que estava ao lado dele naquele momento difícil.
Todos nós podíamos sentir a energia e a emoção em tudo aquilo. Meus olhos se encheram d'água principalmente quando Michael tirou os óculos e uma lágrima solitária saiu de seus olhos.
O público foi ao delírio ao vê Michael chorando. Acho que se pudessem eles ultrapassariam a grade e massacrariam os seguranças apenas para abraçá-lo. Eu mesma estava tentada a fazer aquilo naquele momento, mas me segurei em meu lugar.
Ele jogou os óculos para um canto e então os primeiros acordes de "Wanna Be Startin Something" soaram pelas caixas de som. Michael olhou para o lado e nos viu ali sentados para o prestigiar. Ele me olhou profundamente e murmurou um "eu te amo", sorri pra ele e lhe mandei um beijo dizendo que também o amava. Ele piscou pra mim, se virou para o seu público e então o show começou.
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Enquanto os fãs saiam do estádio ao final do show, eu estava com Mark em uma sala perto do camarim de Michael. Ele havia falado com todos da equipe com aquele sorriso feliz de quem fez um trabalho bem feito e então se trancou lá dentro com Karen, sua maquiadora.
Ainda não tinha falado com ele - e acho que não iria conseguir, pelo menos não hoje. Me encostei no ombro de Mark e ele encostou a cabeça na minha, entrelaçando nossas mãos.
- Como você está, baby? - ele perguntou.
- Bem... Na medida possível. Você sabe que eu nunca fico bem quando estou longe de Michael, ainda mais brigada com ele.
- Eu sei... - ele torceu a boca. - Você vai viajar para Cingapura com o pessoal amanhã, depois do show?
- Vou sim... Por mais que ainda estejamos brigados, eu ainda vou ficar ao lado dele. E o aniversário dele é depois de amanhã, quero está com ele nesse dia.
- Então eu vou com você também. Não vou te deixar sozinha.
Sorri e olhei pra ele. Mark era lindo por dentro e por fora e era por causa de sua personalidade que eu o amava tanto.
- E eu serei eternamente grata por isso, Mark. Você é demais!
- Eu sei que sou, baby, eu sei que sou...
Sei jeito metido me fez rir, mas logo um perfume tão conhecido por mim tomou conta da pequena sala em que estávamos.
- Alie? - Michael me chamou na porta da sala. - Poderíamos conversar no meu camarim, por favor?
Eu olhei pra ele e então olhei pra Mark, que apenas assentiu, me encorajando a ir com Michael.
- Claro. - falei, me levantando e o seguindo até seu camarim.
Michael fechou a porta atrás de si e então se virou pra mim, ficando em silêncio por alguns segundos antes de começar a falar:
- Alie, eu... Eu nem sei por onde começar. - ele suspirou e passou as mãos pelos cabelos. - Eu estou tão envergonhado pelo o que fiz hoje cedo. Envergonhado e triste, na verdade. Eu errei em tudo, em voltar a usar aquelas coisas e logo depois por ter brigado com você por causa daquilo. Porém, o que mais me magoou de verdade foi ter brigado com você e machucar você. Eu nunca vou me perdoar por um dia ter encostado em você daquela maneira - sua voz começou a ficar embargada. -, eu sou tão egoísta! Você só quer me ajudar e eu fico fazendo merda. Me desculpe por isso, Alie.
Ele abaixou a cabeça e olhou pra suas mãos que estavam unidas na frente de seu corpo. Fui andando até a ele e peguei em suas mãos, fazendo-o olhar pra mim.
- Eu te desculpei no momento em que você olhou pra mim no começo do show, Michael. Você sabe que eu jamais conseguiria ficar triste com você.
- Mas eu te magoei de verdade, Alie. Eu te amo e eu falei tudo aquilo sem pensar, eu estava de cabeça quente e tudo isso que está acontecendo... Eu acabei descontando em você.
Toda vez que eu escutava "eu te amo" vindo da boca dele, meu coração se derretia. Claro que não era um amor do jeito que eu queria, mas mesmo assim... Era algo que me dava ainda mais esperanças de que um dia ele pudesse me amar na intensidade a qual eu o amava. Beijei cada uma de suas mãos e sorri pra ele:
- Só vamos esquecer o que aconteceu, Mike... Olha, eu nem me lembro mais.
- Jura que me desculpou?
- Claro que sim, seu bobo. - falei. - Agora vem aqui me dá um abraço porque eu preciso te parabenizar pelo show lindo que você fez hoje.
Ele sorriu e me abraçou com força, dando um beijo em meu ombro.
- Foi lindo porque você estava ao meu lado. Tirei forças do seu olhar, Alie... - ele sorriu e se afastou um pouco. - Eu prometo a você que não vou usar mais os remédios, tá bom?
- Esta bem, mas eu vou está ao seu lado, cuidando de você, garoto! - falei, rindo pra ele.
Michael balançou a cabeça e me deu as mãos.
- Eu sei que vai, você sempre estará ao meu lado, não é mesmo?
- É sim... Sempre estarei ao seu lado, Mike. Sempre.
Capítulo 9
- Michaaaaaaaaaaaaaaael! - gritei começando a pular em sua cama - Pode acordar, garotão!
Ele resmungou, já acordado e cobriu a cabeça com o edredom. Levei dois dedos a minha boca e assobiei alto, logo me jogando em cima dele, ouvindo-o gargalhar.
- Parabeeeeeeeeéns! - gritei de novo, me sentando em suas costas e puxando o edredom de sua cabeça. - Acorda pra cuspir, Mike! Tá ficando mais velho, tem que aproveitar o dia, baby! Quer que eu cante "Happy Birthday" pra você antes do bolo, é?
- Que bolo? - ele perguntou, ainda de olhos fechados.
- O bolo de chocolate que eu vou fazer pra você, bobão!
Ele se virou rapido me jogando na cama e se colocando por cima de mim.
- Ah não acredito! Você vai fazer bolo pra mim?
- Vou sim, sua cozinheira disse que vai reservar um cantinho pra mim na cozinha do hotel, para que eu possa fazer o bolo. - falei, um segundo depois arregalando os olhos e pondo a mão na frente da boca. - Droga! Contei a surpresa, que merda!
Michael me olhou e então gargalhou.
- Você sempre conta a surpresa antes da hora! - ele disse. - Mas eu quero o meu bolo, então eu acho melhor bocê se levantar e ir fazê-lo.
- Eu vou fazer sim, seu abusado! - falei, sorrindo. - Parabéns, Mike! Parabéns por ter uma amiga tão linda e fofa quanto eu.
- Ah... - ele murmurou e mordeu o lábio. - Por um segundo eu achei que os parabéns eram por causa do meu aniversário.
- Ora, mais que bobagem! Até parece que isso é tão importante que mereça os meus parabéns... - falei, revirando os olhos. Ele arqueou uma sobrancelha pra mim e torceu a boca para não rir. - Ah, Mike! Parabéns seu cabeção! - falei, puxando-o ainda mais para cima de mim e o abraçando. - Sério mesmo, você merece tudo de bom, Mike. Eu te amo muito, garoto.
Ele sorriu.
- Obrigada, Alie! - ele passou a ponta dos dedos pelo meu rosto.
Por um segundo seu olhar mudou. Percorreram todo o meu rosto, desde os meus olhos até pousarem em meus lábios e ele involuntariamente mordeu seu lábio inferior. Senti meu coração palpitar rapidamente, me fazendo ofegar baixinho.
Ele abaixou o rosto e sua respiração ficou contra a minha, me fazendo fechar os olhos. Ele beijou a ponta de meu nariz e então seus lábios se arrastaram até repousarem sobre os meus. Eu podia sentir seu coração batendo rapidamente em cima de meu peito, me deixando claro que eu sentia o mesmo - ou algo parecido - que eu sentia.
Senti seus lábios se moverem sobre os meus e abri meus olhos rapidamente, vendo que os deles estavam fechados. Fechei os meus e suspirei, sentindo sua língua pedir passagem em meus lábios. Obviamente não era o meu primeiro beijo, mas eu estava nervosa como se fosse. Era o meu primeiro beijo em um cara que eu amava de verdade!
Entreabri meus lábios e então nos beijamos lentamente. O gosto doce da boca de Michael me deu vontade de sorrir e foi isso que fiz, sentindo-o sorrir entre meus lábios. Ele acariciou meu rosto e então finalizou o beijo com dois selinhos em meus lábios e um beijo amoroso em minha testa. Ele sorriu quando olhou pra mim.
- Pode ir fazer meu bolo agora? - ele perguntou com os lábios a centímetros dos meus.
Suspirei, ainda achando que eu estava em algum tipo de sonho maluco onde eu finalmente havia beijado o homem da minha vida.
- Está bem, está bem! Mas pra isso você precisa me deixar sair da cama, não acha?
Ele sorriu e então se levantou.
- Pronto, agora você não tem mais desculpas! Vá fazer meu bolo, Alice Mitchel!
Olhei pra ele e ri, me levantando de sua cama e calçando minhas sapatilhas. Acho que eu estava esperando mais um beijo, mas vi que isso não iria acontecer porque ele se enfiou dentro do closet, apesar de não ter fechado a porta.
- Já estou indo, garoto chato!
Sai de seu quarto e sorri largamente em meio ao enorme corredor vázio do hotel.
Nosso primeiro beijo havia acontecido em Cingapura, no dia 29 de agosto de 1993, ás dez e meia da manhã. Nunca me esqueceria de tais informações, nunca mesmo!
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Michael estava terminando de pentear os cabelos e ainda pensava no beijo que dara em Alice. Ele estava confuso, nunca se imaginou com ela e no entanto...
No entanto, enquanto estava deitado com ela, olhando em seus olhos, ele não conseguiu segurar o impulso de beijá-la. Naquele momento ele só pensava que precisava sentir o gosto dela em sua boca. Sem contar que seu coração batera tão forte que ele pensou que iria atravessar o peito e sair voando.
Certamente estava ficando louco. Pelo menos, aquela sim era a única explicação plausível para o que fez. Onde já se viu, Alice era sua melhor amiga, e quinze anos mais nova que ele... Não, ficar com ela nem se tornava uma possibilidade, principalmente agora, quando sua vida estava de cabeça para baixo.
Ele suspirou e colocou a escova em cima da bancada da pia. Iria somente... Se esquecer daquele beijo e se ele não falasse nada, Alice também se esqueceria. Porém, se ela falasse alguma coisa, ele iria explicar da forma mais doce possível que aquilo não passara de um impulso que não tornaria a se repetir.
Saiu do banheiro ouvindo batidas insistentes em sua porta, era seu aniversário e obviamente todos iria parabenizá-lo. Deu uma última olhada no espelho gostando - pela primeira vez em dias - do que viu e então abriu a porta, vendo John Branca:
- Olá, John. - Michael saudou com um sorriso.
Branca entrou no quarto e logo depois abraçou o amigo com força.
- Parabéns, Mike! - ele disse, sorrindo. - Muitos anos de vida, garoto e que Deus te abençoe mais e mais.
- Valeu, Branca, obrigado mesmo.
- De nada... Ah, você tem visitas. - John disse elevando uma sobrancelha.
- Quem? Não me diga que é minha mãe, John! Eu disse que ela não precisa se despencar até aqui...
- Não, Mike, não é sua mãe. Na verdade, está bem longe de ser sua mãe.
Michael olhou para John franzindo o cenho.
- Então... Quem é?
- Lisa. - ele disse, somente.
- Lisa... Do que? Para de suspense, John, você sabe que eu conheço várias mulheres que se chamam Lisa.
- Lisa Marie Presley.
Michael parou por um instante e olhou para John, sem acreditar no que tinha escutado.
- O que? - ele riu. - Para de graça, John, o que Lisa estaria fazendo aqui? Ela é uma mulher ocupada, tem dois filhos, se divorciou a pouco tempo... É obvio que ela não se despencaria até aqui por minha causa... - ele revirou os olhos. - Quem está aí e sem mentir dessa vez.
- Lisa Marie Presley. Eu estou falando sério, Michael, Lisa está aqui e quer te ver agora. Eu posso mandá-la entrar?
- Você não está brincando? - Michael perguntou, vendo-o balançar a cabeça, negando. - Então o que está esperando, John? Traga-a até aqui.
E então, segundos depois, Lisa estava no quarto de Michael deixando-o completamente encantado com sua presença.
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Terminei de passar a cobertura de chocolate sobre o bolo e sorri ao vê minha obra-prima que deveria está deliciosa. Pelo menos a aparência indicava isso.
- Uau... O cheiro está ótimo. - Gail, a cozinheira de Michael disse pra mim, sorrindo.
- Está apresentável, não é? - perguntei.
- Está lindo, querida... Tenho certeza que Michael vai adorar!
- Tomara! - falei sorrindo e pegando o tabuleiro com o bolo nas mãos.
Saí da cozinha do hotel e Bill veio em minha direção, pegando o bolo de minhas mãos e me acompanhando até o andar onde Michael estava hospedado. Eu estava suja de farinha e chocolate, mas não me importava com isso, na verdade, eu estava ansiosa para que Michael visse seu bolo de aniversário.
Chegamos a porta de seu quarto e eu bati três vezes, escutando vozes lá de dentro e logo depois um "entre" de Michael. Bill me deu o bolo novamente e abriu a porta pra mim, que estava entrando sorridente com o bolo em mãos mas logo o desfiz ao vê Michael perto de... Lisa? Desde quando Lisa estava no hotel e eu não sabia?
- Michael... Você deixa sua cozinheira entrar em seu quarto? - ela perguntou com uma risada no tom de voz.
- O que? Hã, não... - Michael sorriu e se levantou, vindo em minha direção. - Essa não é minha cozinheira, Lisa, essa é Alice Mitchel, filha de meu advogado e minha amiga. - ele disse. - Hm... Esse bolo parece está perfeito, Alie.
- Eu acho que está... - comentei, sorrindo de leve.
- Ah sim... - ela se levantou e deu um sorriso, que na minha opinião, era falso. - Eu até apertaria sua mão, querida, mas o bolo me impede...
- Ah, sem problemas, é... Michael, eu vou tomar um banho e... Depois poderíamos reunir todo mundo pra cantar parabéns, o que acha? - perguntei, fazendo-o desviar os olhos de Lisa e olhar pra mim um pouco.
- Claro, Alie, claro... Quando você terminar nos chame aqui, certo? - ele perguntou se afastando e voltando a se sentar junto a Lisa no sofá.
- Tudo bem... - murmurei.
Mas na verdade acho que ele ao menos havia me escutado, pois sua conversa com Lisa estava muito mais interessante do que eu: sua melhor amiga suja de farinha e com um bolo para o seu aniversário, em mãos.
Capítulo 10
Saí do quarto e deixei o bolo com Bill, pedindo para que ele levasse a sala que ficava naquele corredor e então fui em direção ao meu quarto.
Tomei um banho rápido, fazendo com que minha mente tirasse o rosto encantado de Michael para com Lisa e começasse a pensar que ele só estava daquele jeito porque ela fora lhe ver. E... Ela iria embora, não é mesmo?
Deus queira que sim, eu realmente não queria que ela ficasse aqui por muito tempo. Não por ser egoísta ou algo do tipo, mas porque... Eu tinha muito medo de que Michael se encantasse demais por ela e se esquecesse do resto do mundo. Se esquecesse de mim.
Ele nem havia falado sobre o beijo. Eu não queria nutrir esperanças sobre nada, porém, era praticamente impossível de não se nutrir esperanças quando o cara que você ama te dá um beijo. Eu queria que ele me beijasse de novo, fora tão bom e inesquecível. Será que ele estava arrependido? Com certeza eu não tocaria no assunto do beijo com ele, minha timidez me impedia disso, mas eu não queria que ele se arrependesse, muito menos que deixasse de lado aquele momento que - pelo menos para mim - fora tão bom.
Saí do banho e coloquei um vestido leve. Enquanto penteava meus cabelos, ouvi batidas na minha porta. Dando uma última olhada no espelho, saí do banheiro e abri porta, vendo Mark entrar com um sorriso do tamanho do mundo.
- Alie! Você não vai acreditar! - ele disse, quase gritando.
- O que aconteceu, homem?! - perguntei rindo
- Sabe quem acabou de me ligar? - balancei a cabeça, negando. - Franci Herold! Alie... Você passou pra ser a protagonista de Burlesque!
Arregalei os olhos, ainda ouvindo a voz de Mark adentrar meus ouvidos em forma de ondas até se estabilizar. Meu coração deu um pulo e o choque perpassou meu corpo, me fazendo ficar em silêncio por vários segundos.
- Oh Deus... - murmurei. - Não brinca comigo desse jeito, Mark!
- Não estou brincando, Alie! Ele disse assim mesmo, ouça: - ele limpou a garganta e continuou: - "Mark? Aqui é Franci Herold, autor e diretor de "Burlesque", quero avisá-lo que Alice Mitchel passou no teste e é a nossa mais nova protagonista." - ele sorriu. - E então ele tirou o profissionalismo da voz, Alie, e disse: "Diga a minha estrela maior que ela tem que está aqui no dia 03 de setembro para conversarmos. "Burlesque" não será nada sem ela!"
- Ah, para! Ele não falou assim, seu mentiroso! - falei rindo pra ele.
- Ele falou, Alie, eu não estou brincando! - ele sorriu. - Oh meu Deus, eu estou tão feliz, Alice! Você é a protagonista do novo musical da Broadway!
- Eu sou!
- Você é!
Ele correu até a mim e me abraçou, soltando um grito estridente e me fazendo acompanhá-lo. O sorriso não queria abandonar nossos lábios naquele momento, eu simplesmente estava realizando o sonho da minha vida.
Ele se afastou um pouco e então me olhou:
- E agora, Alie? Você está aqui e... Ele deu cinco dias para você comparecer e isso porque eu disse que você estava viajando, mas dei certeza de que iria. - ele suspirou e pegou em minhas mãos. - Eu sei que você quer ficar ao lado de Michael, e ele realmente precisa de você, mas... É do seu futuro que estamos falando, Alie. Você sabe quantos "nãos" você levou até que um reconhecesse o enorme talento que você tem. Não pode jogar essa chance pela janela, meu anjo.
Olhei para nossas mãos unidas, sabendo que ele estava irrevogavelmente certo.
- Eu sei... Mas eu estou confusa, Mark. Michael está passando por um momento terrível e eu não posso deixá-lo sozinho agora.
- Ele vai entender, Alie...
- Nós nos beijamos. - falei de uma só vez, olhando pra ele.
Mark arregalou os olhos, completamente surpreso.
- O que? - ele gritou.
- Mark, por Deus, não grite! - falei, rindo pra ele.
Ele balançou a cabeça.
- Quando isso aconteceu, Alie? Por que não me contou?
- Foi hoje... Eu fui acordá-lo e dá os parabéns e então... Ele me olhou de um jeito tão diferente, Mark e foi se aproximando até me beijar.
- E o que houve depois? - ele perguntou.
Tirei minhas mãos das dele e me afastei, indo me me sentar na cama.
- Nada. - murmurei decepcionada e dando de ombros.
Mark veio até a mim e se ajoelhou na minha frente.
- Como assim "nada"? O que Michael falou depois do beijo, Alie? Ele tem de ter falado alguma coisa!
- Ele não disse nada, Mark, apenas... Se levantou da cama e agiu como se nada tivesse acontecido. - falei, só agora me dando conta de que aquela fora exatamente a reação dele. - E agora, bem... Agora ele está lá no quarto com Lisa Marie Presley, completamente encantado com a presença dela.
- Liz me contou isso... Ela disse que nem conseguiu da os parabéns a ele, porque ele não sai do quarto com Lisa. - ele suspirou e pegou em minhas mãos. - Ele está sendo um verdadeiro idiota ao te deixar de lado para dar atenção a ela, baby.
- Mas ela é visita, Mark... Eu entendo que ele tem que dá atenção a ela.
- Visita? - ele sorriu e balançou a cabeça. - Não, ela não é visita, Alie. Ela chegou deixando bem claro que ficaria com Michael até a turnê acabar ou algo desse tipo. Ela disse que iria ficar ao lado dele nesse momento difícil.
Olhei pra ele franzindo o cenho.
- O que? Mas eu já estou aqui e Liz também está... Até você está aqui, Mark, ela não tem nada o que fazer aqui!
- Eu também acho. Mas o que podemos fazer quanto a isso, Alie? Parece que Michael a deixou ficar pelo tempo que quisesse...
Olhei para Mark e balancei a cabeça, sem querer acreditar em toda aquela história. Ele se levantou e estendeu a mão pra mim:
- Venha, o melhor a se fazer agora é cantar os parabéns para Michael e vê como toda essa história vai se desenrolar.
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Estava ao lado de Mark e Liz, vendo Michael assoprar as velas do bolo logo ao término do parabéns. Ele sorria feliz e então Lisa o abraçou, falando algo em seu ouvido que o fez sorrir um pouco envergonhado.
Aquela situação entre eles estava me deixando triste e constrangida. Eu não queria que ele me largasse pra ficar com ela, mas acho que era tarde demais; ele já havia me deixado pra ficar com ela. E bem, todos percebiam aquilo, porque Michael e eu eramos muito agarrados e então, de uma pra outra eu estava em um canto da sala comendo o bolo e ele estava do outro lado sentado ao lado dela e rindo pra ela.
Lisa olhou para todos e então pediu um minuto de silêncio para começar a falar:
- Bem... Eu queria, primeiramente, agradecer a Deus por mais um ano de vida de Michael. Você não sabe o quanto é especial pra mim, querido. - ela sorriu e pegou a mão dele. - Desejo que todo esse tormento que está acontecendo em sua vida, acabe logo. Sabemos que temos muitas coisas pra passar por causa dessa acusação estúpida, FBI querendo invadir Neverland e tudo o mais, mas eu estarei ao seu lado o tempo todo, Michael. Não te deixarei sozinho nunca, meu bem. - ela disse olhando pra ele.
Todos na sala se entreolharam ao vê o cenho de Michael se franzir ligeiramente:
- FBI querendo invadir Neverland? - ele perguntou e então olhou para o meu pai. - Peter, que história é essa?
- Oh Deus... Você não sabia, Mike? - ela perguntou, fingindo está surpresa.
- Não, eu não sabia... - ele se levantou e olhou para meu pai. - E eu espero que alguém me explique sobre isso, agora!
Meu pai suspirou e colocou o prato vázio em cima da mesa:
- Recebemos essa notícia hoje também, Michael... A polícia tem um mandato para vasculhar Neverland. Não queríamos contar a você porque hoje é seu aniversário e achamos que você precisava ter ao menos esse dia livre de tudo isso.
- Ah claro... Todos vocês, como sempre, querendo me preservar de tudo! - ele disse com raiva. - Quem mais sabia sobre isso?
- Acho que todos sabem, Michael... Saiu em todos os jornais essa manhã. - Lisa disse.
- O que? - Michael perguntou. - Ah então o mundo inteiro sabe que minha casa será invadida, menos eu? O mundo inteiro? - ele perguntou e então seus olhos pousaram em mim. - Isso incluí você, não é, Alie?
Suspirei, sentindo que aquela revelação toda iria pôr a baixo toda a nossa conversa de alguns dias atrás.
- Michael, eu não falei nada porque, assim como o meu pai, eu...
- Não fala nada, Alice, não fala nada. - ele disse, me interrompendo e então passando as mãos pela cabeça. - Eu vou para o meu quarto.
- Eu vou com você, Mike, eu te faço companhia. - falei, me levantando e indo em sua direção.
- Não precisa, Alice. Eu quero ficar sozinho. - ele disse me olhando com indiferença e então olhou pra Lisa. - Você pode vir comigo, Lisa?
Ela me olhou com uma ponta de sorriso nascendo nos cantos dos lábios e então se virou para Michael:
- Claro, querido. - ela sorriu e foi em sua direção, pegando em sua mão.
Eu fiquei parada no meio da sala, vendo os dois saírem de mãos dadas como se fossem um casal. Estava mais do que na cara que sim, eu fui completamente posta de lado no meio de toda aquela história.
Capítulo 11
Dois dias haviam se passado e por incrível que pareça eu só havia visto Michael de relance. Eu tentava conversar com ele, mas Lisa sempre estava ao seu lado, impedindo até mesmo que Elizabeth falasse com ele.
Toda aquela distância estava me matando, de verdade. Poxa, eu havia largado tudo para ir até Michael, para ficar com ele e então, foi só chegar uma outra mulher mais bonita que ele me colocou de lado. O show dele em Cingapura havia acontecido na noite anterior, ele foi para o estadio com Lisa e voltou com ela, simplesmente ignorando a minha existência.
O dia de hoje foi muito ruim. A polícia invadiu Neverland e mandaram um mandato para meu pai, falando que precisavam tirar fotos de Michael. Fotos dele nu. Eu queria está ao lado dele, lhe dando forças, mas eu não podia porque ele não deixava, porque Lisa estava ao lado dele.
Então eu percebi que eu simplesmente não servia de mais nada ali.
- Alie... - Liz me chamou enquanto eu havia voado no meio de minha conversa com ela e Mark. - Você me considera como sua mãe, não é mesmo? - ela perguntou.
- Sim, Liz, você sabe que sim.
- Ótimo. Então, como sua mãe eu digo: arrume as suas malas e vá embora daqui.
Suas palavras me chocaram por alguns instantes. Procurei um resquício de brincadeira em seus olhos, mas eu simplesmente não havia encontrado.
- O que?
- É isso mesmo que você ouviu. Michael não merece sua presença aqui. Quando ele caiu quem largou um futuro promissor foi você, não foi Lisa. Quando ele precisou de alguém de verdade, foi você quem veio ficar ao lado dele. Se ele simplesmente não dá valor a isso, ele não te merece aqui, Alie. Você sabe que eu amo Michael como um filho, mas isso não quer dizer que vou passar as mãos pela cabeça dele. Ele está errado e só não enxerga isso porque não quer. Ao contrário de você, Lisa está aqui apenas para aparecer ao lado dele na mídia, então, que ele fique com ela. - ela disse séria.
Engoli em seco ouvindo tudo o que ela estava falando. Elizabeth estava completamente certa e eu sabia disso o tempo todo, na verdade... Acho que eu só precisava ouvir em voz alta tudo o que eu tentava abafar dentro de mim.
- Liz está certa, baby. - Mark disse. - Eu te daria total apoio se Michael estivesse mal e sozinho, mas não é isso que está acontecendo. Ele... Ele está bem ao lado de Lisa, então... O melhor que você tem a fazer é seguir com sua vida, Alice.
- Vocês estão certos. - falei, respirando fundo. - Eu vou arrumar minhas malas e falar com meu pai.
- Eu ligo para o aeroporto para comprar as passagens, baby.
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Eu havia acabado de conversar com meu pai e ele ficou aliviado ao vê que eu finalmente enxerguei o que estava a um palmo do meu nariz: que Michael não se importava mais com a minha presença.
Ele ficou extremamente feliz ao saber que eu havia passado no teste e me disse que estaria na primeira fileira na estreia para me vê. Um sorriso enorme se abriu em meu rosto ao vê o quão orgulhoso ele estava de mim.
Ao sair de seu quarto eu esbarrei com Michael e Lisa no corredor. Os dois sorriam e pareceram não me vê, porém, eu estava decidida que ao menos me despediria de Michael, nem que eu tivesse que arrancá-lo dos braços daquela mulher.
- Michael? - chamei.
Ele e Lisa se viraram pra mim.
- Eu poderia conversar com você agora? A sós?
- Hm... Agora não dá, Alice, eu estou indo almoçar com Lisa. - ele disse.
- Prometo que será rápido, Michael. Não tomarei mais do que cinco minutos do seu tempo.
Ele olhou pra Lisa e ela suspirou um pouco inconformada.
- Certo, vamos até o meu quarto então. - ele disse e se virou pra Lisa, pegando em suas mãos. - Você pode me esperar, Lisa?
- Claro, Michael... - ela sorriu. - Estarei em meu quarto.
Michael assentiu e ela entrou em seu quarto, enquanto nós íamos para o dele. Assim que entramos eu respirei fundo, apenas para guardar o cheiro dele dentro de mim.
- Estamos aqui, Alice. O que você tem de tão importante para me falar?
Enfiei as mãos no bolso de minha calça e então olhei pra ele.
- Eu estou indo embora, Michael. - falei. - Te chamei aqui apenas para me despedir.
Ele me olhou e então franziu o cenho:
- O que? Como assim indo embora?
- Indo embora, Michael. Meu voo é hoje a noite, eu vou voltar pra Nova York.
- Mas... Como assim, Alie, você não disse que ficaria comigo até tudo isso acabar? - ele peguntou parecendo, pela primeira vez desde que Lisa chegou, que se importava com algo que eu disse.
- Eu ficaria sim, Michael, se você ainda precisasse de mim aqui. - falei. - Desde que Lisa voltou você nem conversa mais comigo, então... Eu não vejo motivos pra ficar aqui se você já tem quem cuide de você.
- Ah não, Alice... Não acredito nisso... - ele balançou a cabeça e riu. - Você está indo embora por ciúmes de Lisa, é isso?
- Não, Michael. Eu estou indo embora porque você tem a ela agora e eu não sirvo de nada aqui. E eu também tenho coisas a resolver em Nova York, coisas que eu deixei pendentes quando vim ficar com você.
- Ah... Já entendi. - ele disse me olhando sério. - Eu atrapalhei sua vida, não é mesmo? Você teve que deixar suas coisas pra vim ficar com o amigo necessitado... - ele soou sarcástico. - Então vá embora, Alice. Agora eu quero que você vá embora e me desculpe se eu atrapalhei seus planos em Nova York ou qualquer merda do tipo.
- Não, Michael, não foi isso que eu quis dizer...
- Foi isso sim que você quis dizer! - ele disse alto. - Eu fiz com que você largasse tudo pra ficar comigo, não é mesmo? Pois então pode ir embora, Alice!
- Eu largaria tudo pra ficar ao seu lado, Michael! - falei alto também. - Eu não estou reclamando disso, se você ainda precisasse de mim aqui, eu deixaria tudo em Nova York e continuaria com você!
- Mas então você está certa, Alice! Eu não preciso mais de você aqui, então, vá embora! - ele gritou.
Suas palavras me machucaram muito mais do que qualquer coisa naquele momento. Acho que saber que ele não precisava mais de mim me doía, mas ouvir aquilo da boca dele era a pior coisa que já havia me acontecido.
- Já chega, Michael. - falei, com a voz embargada. - Já chega, eu realmente não sou obrigada a ficar ouvindo tudo isso. - passei por ele e antes de chegar a porta eu me virei. - Eu espero, do fundo do meu coração, que você fique bem e que Lisa faça de você um homem feliz, seja sendo sua amiga ou algo a mais. - olhei pra ele uma última vez, procurando um resquício de arrependimento sequer, mas não encontrei. - Adeus.
Capítulo 12
Nova York, 02 de setembro.
"...Agradecemos a preferência pela nossa companhia aérea. Sejam bem vindos a Nova York."
Mark me olhou e me deu um beijo na testa.
- Bem vinda ao seu futuro promissor, minha estrela mais linda.
Sorri docemente pra ele e juntos, saímos do avião. Era óbvio que eu estava arrasada. Não estava nos meus planos deixar Michael em um momento como esse, principalmente deixá-lo ainda brigada com ele. Apesar de estar extremamente magoada, não era assim que eu queria que tudo terminasse.
Porém eu tinha que seguir em frente. Estava em Nova York agora e tinha que focar em meu sonho que estava a um passo de estar oficialmente realizado. Michael continuaria em minhas orações e em meu coração, mas, se ele não fazia questão de me ter ao seu lado - ou como ele mesmo havia dito, se ele não precisava mais de mim - eu também não iria ficar atada a ele.
Só esperava que Lisa o consolasse do jeito que ele acha que precisa ser consolado. Apesar de amá-lo muito, eu sabia que, se fosse ela que o fizesse feliz, que assim fosse - mesmo sabendo que ela não seria capaz de fazê-lo feliz de verdade.
Quando pisei em terra firme junto a Mark, respirei fundo e sorri levemente. Estava de volta a minha tão amada Nova York e meu futuro começava já!
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- Mas até que enfim minha estrela maior chegou! - saudou Franci ao me vê chegar ao teatro. Ele veio até a mim com um enorme sorriso no rosto e me abraçou - Como é bom vê você, Alice. Como foi a viagem? Pensei que eu teria que ir até onde você estava para trazê-la de volta.
Sorri com a forma intima com a qual ele me tratava e pude perceber que ele não era assim só comigo.
- A viagem não foi tão boa assim, mas já estou aqui, Sr. Herold...
- Ah não, não mesmo! Nada de Sr. Herold, ok? Apenas Franci. - ele riu e se virou para Mark. - E você, docinho? Como está?
Mark sorriu envergonhado pela primeira vez em sua vida. Franci era homossexual e todos sabiam disso, e bem... Estava um pouco na cara que ele estava dando em cima de meu amigo.
- Eu estou ótimo, Franci e você, como está?
- Melhor agora, querido. - ele sorriu e então me pegou pela mão. - Venha, vou lhe apresentar aos integrantes do nosso grande musical.
Subimos até o palco onde estavam concentrados várias pessoas, que se alongavam imitando uma professora a sua frente.
- Pessoal! - Franci chamou. Todos pararam o que estavam fazendo e olharam para ele. - Quero apresentar a vocês nossa estrela. Essa é Alice Mitchel, senhores, que fará Lunna, nossa protagonista!
Ele puxou uma salva de palmas e todos o seguiram, me deixando um pouco constrangida. Sorri pra eles e então logo o pessoal chegou perto de mim, começando a conversar comigo. As meninas eram alegres e gentis e eu deixei bem claro que - apesar de ser a protagonista - eu era como elas. Jamais seria metida, na verdade, acho que eu nunca conseguiria ser assim.
Após as meninas se afastarem um pouco um homem - muito lindo, por sinal - aproximou-se de mim.
Ele sorriu de lado e pegou em minha mão, dando um beijo demorado.
- É um prazer conhecer a tão famosa Alice Mitchel... - ele disse, sorrindo.
- Famosa?
- Oh sim, muito famosa. Franci não parava de falar em você... - ele me olhou. - Alias, meu nome é Scott Holdings.
- É um prazer conhecê-lo, Scott. - falei. - Pode me chamar de Alie.
Ele abriu a boca para falar algo e então Franci se aproximou de nós.
- Vejo que já conheceu seu par romântico, Alice... - ele disse sorrindo pra nós. - Você não perde tempo, Scott.
- Meu par romântico? - perguntei, vendo o sorriso de Scott aumentar.
- Sim, seu par romântico. - Franci confirmou e se virou para todos. - Quero que sentem-se no chão por favor, agora que nosso grupo está completo, iremos conversar sobre o nosso maravilhoso espetáculo.
Pegando na mão que Scott gentilmente me ofereceu, fui com ele até o meio do pessoal e nos sentamos lado a lado, começando a prestar atenção em Franci que tinha ao seu lado duas mulheres e dois homens.
- Bem pessoal, primeiramente quero apresentar a vocês nossos dois coreógrafos principais, Matt e Cristal - o casal de um passo a frente sorrindo para nós. - Eles que irão ensinar a vocês, junto a outros coreógrafos, claro, toda a coreografia de Burlesque. E esses são Roger e Mel, nossos compositores e maestros. - ele disse. - Queremos que todos vocês estejam completamente relaxados, pois a partir de hoje iremos ensaiar intensamente. Burlesque será lançado daqui a três meses e sabemos que juntos iremos conseguir. Estou muito feliz por cada um que está aqui e espero que todos vocês também estejam felizes por estarem aqui conosco. - ele sorriu e olhou pra nós. - Bem vindos a Broadway e a "Burlesque"!
Todos nos entreolhamos e então uma salva de palmas foi dada fazendo com que assim os ensaios de "Burlesque" começassem com força total.
Capítulo 13
28 de setembro de 1993
Os ensaios para "Burlesque" estavam sendo maravilhosos! Nenhuma palavra poderia descrever toda aquela magia.
Roger e Mel eram compositores incríveis, eu realmente estava chocada com a riqueza da música deles e também eram ótimos professores, era realmente muito fácil de alcançar as notas certas com eles explicando - mesmo ouvindo-os dizerem que eu já havia nascido pronta. Eu sabia que eu era boa, mas aquilo era realmente um exagero. Tenho certeza que sem o auxílio deles nada sairia tão bonito como estava sendo.
As coreografias - apesar de serem bem ousadas - eram explêndidas. Eu havia feito aula de dança durante toda a minha adolescência e então era fácil pegar seus gestos, talvez o que se tornou um pouco difícil foi pegar toda a sensualidade, mas isso foi apenas no início.
Eu falava com Liz quase todos os dias e ela disse que Michael havia feito uma pausa de duas semanas na turnê e passaria alguns dias em sua casa na Suíça. Liz disse que havia convidado somente ele para passar esse tempo lá, porém, onde ele ia Lisa ia junto e dessa vez não foi diferente; lá estava ela em seu encalço, indo com ele para casa de Elizabeth.
Mesmo sem querer eu perguntei a Liz se ele havia perguntado por mim durante aquele tempo em que estávamos separados. Ela disse que ele não havia perguntado o que me deixou péssima. Parecia que ele realmente havia se esquecido de mim.
- Hei, Alie!
Scott me chamou enquanto eu bebia um suco e voava em pensamentos nos quinze minutos de pausa do nosso ensaio. Ele se aproximou e se sentou ao meu lado.
- Eu estava pensando se... Se você aceitaria jantar comigo amanhã, depois das cenas que iremos gravar pro musical.
Olhei pra ele um pouco surpresa, o canudo ainda estava dentro de minha boca quando, depois de alguns segundos, eu pisquei e o respondi.
- Bem...
- Olha, não quero que pense que será um encontro ou algo do tipo, é apenas um jantar entre dois amigos... O que acha?
Um jantar... Dois amigos... Acho que mesmo que fosse um encontro eu não me permitiria dizer "não". Apesar de amar Michael eu era, acima de tudo, uma mulher livre e desimpedida que estava bem longe do homem amado - e que provavelmente nunca ficaria com ele.
Olhei pra Scott e sorri.
- Claro que aceito.
- Ótimo! Eu te pego às sete, ok?
- Às sete. - assenti e então ingressamos em uma outra conversa onde o tema principal eram os nossos papéis naquele musical estrondoso.
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Elizabeth estava sentada no sofá folheando uma revista quando Michael e Lisa finalmente haviam saído de casa para visitarem um orfanato. Ela queria muito ficar sozinha, precisava tirar a limpo algo que já desconfiava a algum tempo.
Quando o carro que levava Michael e Lisa saiu de sua propriedade, ela se levantou do sofá e foi em direção ao quarto de hóspede onde Michael estava dormindo. Ela foi logo em direção ao banheiro e abriu os armários, porém, não encontrou nada. Então foi em direção ao closet.
Suas empregadas já haviam desfeito as malas de Michael e todas as roupas dele estavam alinhadas perfeitamente nos cabides, porém, ela foi em direção as gavetas. Sabia muito bem onde Michael escondia aquele tipo de coisa e então ela os achou. Vários frascos de remédios e calmantes que ela sabia muito bem quem estava fornecendo a Michael.
Ela suspirou profundamente e fechou as gavetas com força. Saiu do quarto de Michael e voltou pra sala, decidindo esperá-lo ali até ele chegar.
Três horas depois ele e Lisa entravam em sua casa novamente. Eles a cumprimentaram e iriam passar direto, porém, Elizabeth o chamou.
- Michael?
Eles se viraram pra ela.
- Sim, Liz?
- Poderíamos conversar por favor, querido? A sós?
- Claro. - ele sorriu vendo-a se levantar.
- Vamos ao meu quarto, sim?
Ele deu um sorriso amigável pra Lisa e então a seguiu até seu quarto. Quando estavam sozinhos Elizabeth se sentou em uma poltrona e pediu para que Michael se sentasse a sua frente. Ele ficou em silêncio esperando-a começar a falar.
- Eu estou... Profundamente decepcionada com você, Michael.
Michael arregalou os olhos quando o choque das palavras dela o pegou de surpresa.
- Decepcionada? Por que, Liz? - ele perguntou e logo depois concluiu - Ah... Olha, Liz, se ainda é por causa do que aconteceu com Alice, eu...
- Não, Michael, não é só por causa disso. O que você fez com Alice foi horrível, porém o que está fazendo consigo mesmo é ainda pior.
- O que estou fazendo comigo mesmo? Como assim, Liz, eu realmente não estou entendendo...
- Eu estou falando sobre os remédios, Michael. - ela disse, o interrompendo. - Os remédios que estão dentro da gaveta do closet ao qual você está ocupando no momento.
Ele a olhou espantado e então riu sem humor.
- Mexendo nas coisas dos outros agora, Liz? Isso é feio, sabia?
- Poupe-me de ironias, Michael. - ela disse, séria. - Pelo amor de Deus, garoto, onde é que você está na cabeça? Michael, você sabe que todas aquelas coisas só servem para te fazer mal e mesmo assim você continua usando!
- Eu realmente acho, Elizabeth, que você não deveria se meter nisso.
- Eu me meto sim, me meto porque sou sua amiga de verdade! Sei muito bem que é Lisa que está fornecendo essas porcarias a você, Michael e você ainda diz que ela quer te ajudar? Se ela realmente quisesse te ajudar, ela estaria tentando te afastar de todas essas coisas.
- Ela quer me ajudar sim! - ele diz. - Eu não entendo porque você e Alice sempre batem na mesma tecla, por Deus! Parecem até que não sabem como eu me sinto, como eu tenho problemas para dormir, Liz, os remédios me ajudam, apenas isso.
- Não, Michael, eles não te ajudam e você sabe disso. - ela disse em um tom carinhoso. - Michael eu o amo tanto, o amo como um filho, só quero o seu bem. Se brigo com você agora é apenas para tentar abrir seus olhos, você está confiando demais em uma pessoa que apareceu de repente, e está confiando ainda mais nesse tipo de coisa que ela está te dando.
- Lisa é minha amiga, Liz, ela só quer me ajudar.
- Não, Michael. Sua amiga de verdade é Alice, ela sim queria te ajudar!
- Ela queria me ajudar? Ah, por favor, ela foi embora falando que eu atrapalhei a vida dela em Nova York e que ela precisava voltar... - ele revirou os olhos.
- Você a mandou embora, Michael. - ela disse. - Você sabe muito bem que se você pedisse pra Alice ficar com você, ela largaria o que quer que fosse novamente e ficaria com você. Acontece que você está completamente cego por Lisa e não consegue entender que...
- Para com isso, Liz! - ele disse em um tom alto, se levantando. - Eu confio em Lisa, ela é minha amiga e só quer me ajudar. Se Alice se importasse ao menos um pouco comigo ela estaria aqui, mas ela não está, não é mesmo? Então chega desse assunto!
Dito isso ele se virou e saiu do quarto, disposto a parar de ouvir o que quer que fosse que Elizabeth tinha a lhe dizer.
Capítulo 14
28 de setembro de 1993
Michael caminhou nervoso e furioso pelo corredor. Ele simplesmente não acreditava que Elizabeth estava contra ele naquele momento.
Sim, para ele, ouvi-la falando tudo aquilo sobre os remédios e Lisa, era como se tivesse contra ele. Se ela não conseguia aceitá-lo do jeito que era, então também não deveria está disposta a ajudar. Mas ele resolveu guardar aquela opinião para si. Já não bastava Alice tê-lo deixado, simplesmente não suportaria que Elizabeth fizesse o mesmo.
Foi em direção ao quarto onde Lisa estava acomodada e bateu na porta, porém não foi atendido. Estranhando o silêncio, ele abriu a porta e entrou no quarto chamando por ela, ouvindo a voz dela vinda do banheiro. Sabia que era feio ficar ouvindo a conversa dos outros atrás da porta, mas ele simplesmente não conseguiu se segurar quando ouviu seu nome na boca dela em meio a uma risada fria:
"- Michael? - ela riu - Ah, ele está no papo, baby. Isso mesmo. Acredita que até aquela chata da Alice ele mandou ir embora? E que provavelmente esteja brigando com sua fiel amiga, Elizabeth Taylor, por minha causa? Pois é, ele está completamente amarrado a mim."
Michael se aproximou da porta do banheiro durante o silêncio que se sucedeu. Lisa estava no telefone e o que ele mais queria agora - além de escutar a conversa até o fim - era saber com quem ela falava.
"- Mas você sabe, eu gosto um pouco dele. Michael é meloso e infantil, porém ele até que não é tão enjoado assim. E também, estou alcançando meu objetivo. Aparecer ao lado dele como sua amiga nesse momento tão difícil está sendo um golpe de mestre. Eu sou apenas uma amiga incrível pra ele, que a mídia espalha aos quatro cantos que pode se tornar algo a mais e que, para Michael, está com ele, o ajudando e fornecendo aqueles remedinhos que ele tanto precisa... - ela riu alto. - Você sabe o quanto a minha presença ao lado dele irá ajudar em meu novo CD, não é mesmo? Ele tem muitos fãs que iram comprar o CD da fiel amiga do ídolo, que está o ajudando tanto..."
Michael engoliu em seco o nó que se formou em sua garganta e saiu dali sem ao menos querer chegar ao fim daquela conversa estúpida. Era lógico! Agora estava tão claro como água que Lisa era falsa que só estava com ele por interesse, como tantas outras pessoas que se aproximavam de sua vida.
Ele percorreu o caminho até o quarto de Elizabeth novamente e bateu na porta apressadamente, escutando um "entre" vindo lá de dentro. Ele abriu a porta e Elizabeth saiu de seu closet para vê quem era. Seu semblante foi de surpresa ao encarar os olhos atordoados de Michael.
- Michael... O que houve? - ela perguntou, temendo o que ele poderia falar.
Ele foi até ela e a abraçou com força:
- Eu sou um idiota, Liz, um completo idiota que só faz merda... - ele disse, deixando as lágrimas escaparem de seus olhos.
- Oh Michael... - ela foi com ele até sua cama e se sentou, colocando a cabeça dele em seu colo. - Chore, Michael, chore tudo o que tem pra chorar... Depois me conte o que aconteceu.
E foi exatamente isso que ele fez.
Ele não chorou por Lisa ou por tudo o que ela fez a ele, ele chorou por sua vida. Chorou por sempre confiar nas pessoas erradas como Lisa e os pais de Jordan Chandler, chorou por ter sido um imbecil que nunca aprende com a vida, chorou por ter voltado a se viciar naquelas coisas que aprendeu a ter nojo...
E principalmente, acima de todas aquelas coisas inúteis, ele chorou por Alice.
Chorou por ter se encantado com a presença de Lisa e simplesmente se esquecer daquela menina-mulher que largou sua própria vida, atravessou o oceano para simplesmente abraçá-lo no momento em que ele mais precisou dela. Chorou por tê-la feito chorar. Chorou por ter sido egoísta, por ter gritado com ela e por tê-la machucado.
Chorou porque estava completamente e irreversivelmente apaixonado por ela e por ter precisado tê-la mandado embora para enxergar aquele sentimento que seu coração gritava pra ele desde o momento em que ela apareceu naquele quarto de hotel, com a roupa amassada e cara de sono e o abraçou com força, quando seu mundo caiu.
Após alguns segundos, ele respirou fundo e se acalmou um pouco. Liz acariciou seus cabelos e então perguntou:
- O que foi que houve, Mike?
- Você estava certa, Liz... - ele murmurou com a voz embargada. - Eu descobri que você estava certa. Lisa não presta, só está comigo pra aparecer.
Elizabeth suspirou e torceu a boca, sem saber o que dizer ao certo.
- E como você descobriu isso?
- Eu escutei uma conversa dela no telefone com alguém... - ele fungou. - Ela dizia que o plano estava correndo como o planejado, que está ao meu lado estava fazendo com que ela aparecesse na mídia novamente e que isso ajudaria na divulgação e venda de seu novo CD.
- Ah, Michael... Eu sinto muito. - ela disse, sincera.
- Eu pensei que você iria dizer o famoso "eu te avisei"... - ele murmurou.
- Você sabe que eu não sou assim. Eu sinto muito e isso é verdade, apesar de desconfiar de Lisa, não queria que você se decepcionasse tanto, principalmente agora... Você parece gostar muito dela, não é mesmo?
- Apenas como amiga, Liz. Eu fiquei... Encantado com a presença dela, mas só porque eu nunca pensei que uma pessoa que não era próximo a mim, viajaria o mundo só pra ficar ao meu lado. Mas como sempre eu estava enganado, porque ela não veio pra ficar comigo, ela veio pra se aproveitar da situação.
- E você está magoado com isso...
- Não é isso que me deixou magoado, Liz.
- E o que é então? - ela perguntou.
- O que me deixa magoado é que, por causa daquela mulher, eu mandei a garota mais incrível do mundo, ir embora da minha vida. - ele disse sentindo os olhos encherem-se d'água novamente. - Eu estou tão arrependido...
- E é pra ficar, Michael. O que você fez com Alice foi terrível. - ela disse preferindo ser sincera.
- Eu sei... Por que eu faço tudo errado, Liz? Alie veio de Nova York até a mim, somente com a roupa do corpo, só pra me abraçar e ficar ao meu lado e mesmo assim... - ele balançou a cabeça e se sentou na cama. - Mesmo assim eu fui um egoísta idiota, que preferiu ficar ao lado de uma pessoa que só queria se aproveitar de mim, ao invés de dá valor a ela.
- Para certas coisas, Mike, nós não temos explicações... - ela disse olhando pra ele. - Alice é uma das garotas mais doce que eu já conheci e mais forte também. Ela veio até aqui pra ficar com você e...
- Eu a beijei. - ele disse, interrompendo o raciocínio de Elizabeth.
Liz parou de falar e ficou com a boca ligeiramente aberta com a revelação de seu amigo.
- Você beijou Alice?
Ele assentiu.
- Eu... Não pensei direito no que estava fazendo eu só... Olhei nos olhos dela, aqueles olhos lindos e azuis que brilhavam pra mim de um jeito incrível e também olhei pra seu sorriso. Ela tem o sorriso mais lindo que eu já vi, Liz, e os lábios mais bem desenhados também e então... Eu me aproximei e a beijei. E foi a melhor coisa que eu já fiz na minha vida, eu trocaria tudo para beijá-la novamente.
- Porque você a ama.
- Porque eu a amo. - ele concluiu. - Amo muito.
Elizabeth olhou pra ele sorriu abertamente.
- Até que enfim você conseguiu enxergar isso, Mike. Porque ela também te ama na mesma proporção. - ela disse e então segurou a mão dele, sorrindo.
- Você acha que ela vai me perdoar, Liz? - ele perguntou.
- Eu não sei de nada, mas acho que você deve fazer apenas uma coisa agora, Mike. - ela olhou pra ele, séria. - Se distanciar desses medicamentos e então procurar por Alie, totalmente limpo e disposto a reconquistá-la.
- Você está certa. - ele disse sem nem ao menos parar pra pensar. - Eu quero passar um tempo naquela clínica que você me indicou... Você sabe, eu não concordo com esse acordo louco que Peter e John proporão, de pagar vinte milhões para aquele monstro, mas eu quero me livrar logo disso, então eu vou pagar, vou fazer esses últimos shows na América do Sul e vou pra clínica. Quero ficar inteiro e está digno para pedir perdão a Alie.
- Eu estou tão orgulhosa de você agora, Mike! - ela sorriu e o abraçou. Quando se afastou disse: - E Lisa? O que vai fazer com ela?
- Apenas mandá-la ir embora. - ele disse. - Na verdade, eu vou fazer isso agora mesmo, Liz. Não quero ficar mais um segundo ao lado dela. - ele se virou pra ela. - E como está Alie, Liz? Eu não quis perguntar durante essas semanas porque eu estava com medo de saber que ela está muito bem sem mim...
- Ela está bem sim, Michael. Ela pergunta por você todos os dias.
- E... Você sabe quais foram as coisas que ela deixou pendente em Nova York?
Elizabeth olhou pra ele com um sorriso no canto dos lábios. Contaria tudo o que sabia, se já não tivesse um plano em mente.
- Sei sim, mas eu não vou dizer o que é.
Michael a olhou, surpreso.
- Por que não?
- Porque eu quero lhe fazer uma surpresa e se eu contar o que é, deixa de ser surpresa, querido.
Michael a olhou de lado, completamente curioso, porém decidiu não perguntar mais nada. Sabia que - qualquer que fosse aquela surpresa - era uma coisa boa. Ele sentia.
Capítulo 15
29 de setembro de 1993
- Estão prontos para filmagem? Começamos em dez minutos... - Franci disse para Scott e eu.
- Eu já nasci pronto... - Scott disse, rindo no final.
- Bobo... - falei revirando os olhos. - Hm... Franci, dá tempo de fazer uma ligação? Prometo ser rápida.
Ele assentiu e eu fui até a sala onde estava o telefone fixo. Por sorte não tinha ninguém ali e eu poderia ficar a sós. Disquei o número de Elizabeth e após alguns toques sua voz suave chegou aos meus ouvidos:
- Alô?
- Liz? Sou eu, Alice.
Ela sorriu do outro lado da linha.
- Olá meu bem, como está?
- Nervosa... - murmurei. - Eu vou gravar umas cenas bem... Românticas e quentes agora e eu estou muito nervosa, Liz! Estou tremendo de verdade!
- Oh meu bem... - ela riu. - Mas não precisa ficar assim, eu sei que você vai se sair muito, muito bem.
- Eu não sei... Eu vou ficar quase nua, Liz... Sou tímida demais pra isso e estou com medo de acabar fazendo alguma besteira.
- É só esquecer seu medo, Alie. Quando estiver gravando, pense somente em sua personagem, esqueça de si mesma e encare toda a situação como a personagem. Assim seu medo vai embora porque não vai ser você que estará lá.
Bem... Pensando por esse lado, ela tinha toda a razão.
- Oh Deus, Liz. Você é um anjo! - falei, ouvindo sua risada. - É sério, eu estava prestes a morrer... Mas agora acho que vai ficar tudo bem. E... Michael, como está?
- Ele descobriu que Lisa é uma falsa e nesse momento deve está mandando-a ir embora.
Aquela notícia me deixou em silêncio por vários segundos. Por um momento eu pensei que meu cérebro havia fabricado aquela informação, mas acho que ele não me enganaria desse jeito.
- Sério?
- Sim. E ele está muito arrependido de tudo o que fez a você, Alice. Mas isso não quer dizer que você tem que largar tudo e vir até ele, se isso passou pela sua cabeça, pode esquecer, está bem?
- Certo... - falei. - Eu fico feliz que ele tenha percebido quem Lisa é de verdade. Espero que ele não se engane dessa forma novamente.
- Ele não irá, Alie. Agora ele sabe em quem deve confiar de verdade e quem ele tem que manter por perto.
Eu ia responder, mas a assistente de Franci apareceu na porta da sala, dizendo que a gravação iria começar e eu tinha que trocar de roupa.
- Liz, eu vou ter que ir agora, estão me chamando... Me deseje sorte.
- Toda sorte do mundo, Alie. Sempre.
Nos despedimos e desliguei o telefone. Após trocar de roupa, me olhei no imenso espelho a minha frente e soltei meus cabelos. Eu estava bonita, maquiada, e então me lembrei do conselho de Liz. Franci me chamou e assim que nos posicionamos e ouvimos "ação", esqueci que era Alice Mitchel e me tornei a amante amada de um cara rico.
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Lisa ouviu batidas na porta de seu quarto e se levantou da poltrona, colocando uma revista que falava sobre seu pai em cima de uma mesinha ao seu lado. Passou a mão pela saia que usava e então se dirigiu até a porta, a abrindo e sorrindo ao vê Michael.
- Podemos conversar, Lisa? - ele perguntou antes mesmo que ela pudesse abrir a boca.
Lisa torceu o lábio a perceber o tom de seriedade em sua voz, mas logo depois sorriu novamente.
- Claro, Michael... Entre. - ela abriu espaço e ele entrou em seu quarto. Fechou a porta e então se virou pra ele. - Sente-se.
- Não, o que eu tenho pra falar é bem rápido, prefiro permanecer de pé. - ele disse. - Eu quero que você vá embora, Lisa.
O sorriso dela se desfez lentamente, enquanto esperava que ele sorrisse e dissesse que estava brincando.
Mas ele não diz aquilo, pelo contrário, continuou sério olhando pra ela.
- Como? Está louco, Michael? - ela perguntou, olhando pra ele.
- Não. Louco eu estava quando me afastei de uma pessoa muito importante pra mim, pra ficar com você. Nós dois sabemos o que você quer comigo, Lisa, na verdade, você sempre soube, mas eu, infelizmente, descobri só agora e não quero mais perde tempo ao lado de uma mulher como você, que se aproveita da dor dos outros.
Ela o olhou completamente assustada e sem reação. A única coisa que passava por sua cabeça era a pergunta de como ele havia descoberto tudo aquilo.
- Mas... Michael... De onde você tirou isso? - ela tentou desconversar.
- Do seu telefonema de ontem a tarde. - ele disse. - Eu ouvi o suficiente para entender tudo, Lisa. Principalmente que se passar por minha amiga traria sucesso e positividade ao seu novo CD.
A boca dela se abriu minimamente, como se ela fosse falar algo mas as palavras se recusassem a sair. Por fim, ela apenas balançou a cabeça.
- Você entendeu errado, Mike, não foi isso que eu quis dizer, eu, apenas...
- Não me interessa, Lisa. Eu fui bem claro que nossa conversa seria rápida e já está demorando mais do que eu previa. Pode ficar tranquila, não vou chegar na imprensa e falar o tipo de pessoa que você é, não vou nem me da ao trabalho disso. Quero que você apenas pegue suas coisas e vá embora daqui ainda hoje. - ele foi até a porta e abriu, dirigindo mais um olhar pra ela: - Espero que não nos encontremos nunca mais.
Dito isso ele saiu e bateu a porta, deixando Lisa frustrada, raivosa e ainda sem acreditar que todo o seu plano tinha ido por água a baixo.
Capítulo 16
20 de novembro de 1993
Dois meses haviam se passado.
Dois meses de ensaio, dedicação, prova de figurino e tudo o que se possa imaginar. Eu estava focada no musical até os fios dos cabelos mas isso não me impediu de ficar sabendo e me preocupando com Michael.
Ele havia encerrado - com chave de ouro - a segunda fase da Dangerous Tour no Brasil* nos dias 16 e 17 de outubro e então Liz me contou que ele havia retornado a Suíça e se internaria em uma clínica de reabilitação. Aquela notícia havia me deixado imensamente feliz. Saber que Michael queria mesmo se livrar daqueles remédios me deixava incrivelmente aliviada e ele estava provando a todos que estava levando aquilo tudo muito a sério.
Scott e eu estávamos cada vez mais próximos, depois de nosso primeiro jantar, fazíamos quase tudo juntos. Almoços e jantares foram se repetindo com cada vez mais frequência e eu realmente estava gostando daquilo. Ele era uma cara extrovertido, inteligente e muito talentoso. Obviamente eu não estava apaixonada, mas saber que ao menos um homem se interessava por mim deixava minha auto-estima em alta, com toda a certeza.
Havíamos acabado de ensaiar - novamente - a segunda canção do musical, quando Franci subiu ao palco falando como um louco e Roger e Mel - os compositores - o seguia tentando falar também.
- Mas é um absurdo! Temos doze dias para estrear o musical e vocês não tem a bendita música pronta! - ele falava começando a andar de um lado para o outro.
- Mas a música está saindo, Franci... - Mel tentou falar.
- Estou ouvindo isso desde o começo dos ensaios!
O pessoal começou a sair do palco para deixá-los a sós. Scott tentou me puxar para sairmos também, mas eu resolvi me intrometer na discussão:
- De qual música vocês precisam?
- Uma música lenta e romântica, para que Lunna, sua personagem, expresse que o amor dela por Angus é verdadeiro... - respondeu Roger.
- E até agora eu estou esperando a música!
- Eu tenho a música. - falei, recebendo vários olhares em cima de mim. - Hm... Eu compus uma música que fala exatamente sobre isso e... Talvez, ela possa servir pra vocês.
- Olha, Alice, eu sei que você quer nos ajudar, mas... Queremos que você se foque apenas no musical, certo? - Mel disse olhando pra mim.
- Não... Quer dizer, Alie, como é essa música? Você pode cantar para nós? - Franci perguntou.
- Claro.
Olhei pra eles e Roger se sentou no piano que estava acima do palco. Quando comecei a primeira estrofe ele começou a seguir o ritmo da música e logo estávamos em perfeita sintonia.
Eu havia escrito aquela música quando percebi que estar apaixonada por Michael não era algo simples. Muito pelo contrário, era algo difícil, porque ele simplesmente não sentia o mesmo por mim e eu não poderia negar aquele sentimento todo que eu nutria por ele. Então... Eu só precisava expressar o que eu sentia e nasceu "Bound To You".
Quando terminei, abri meus olhos e todos me olhavam como fosse algo raro. Scott sorriu pra mim e então começou a bater palma, fazendo com que todos fizessem o mesmo que ele. Sorri envergonhada e Franci se aproximou de mim, estalando um beijo longo em minha bochecha.
- Você é muito mais do que uma estrela, Alice. Você é perfeita! - ele disse, parecendo chocado. - Eu quero essa música em Burlesque!
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30 de novembro de 1993
Michael puxou uma foto de Alice de dentro do bolso de sua calça e sorriu ternamente, passando o dedo por seu sorriso espontâneo.
Ele estava mesmo completamente apaixonado. Passava a mão por seu rosto, seu cabelo. Ele adorava sua franjinha e seu modo de sorrir, seu jeito alegre... Ele sentia tanta saudades dela que nem mesmo cabia em seu próprio peito.
Havia saído da clínica há dois dias e não esperou um segundo sequer. Arrumou as malas e pediu para que seu jatinho particular fosse preparado pois estaria partindo para Nova York. Precisava vê-la, abraçá-la e pedir perdão por toda a merda que havia feito.
- Logo, logo estaremos perto dela de novo, querido. - Liz disse se sentando ao lado dele no avião.
- E eu mal posso esperar por isso, Liz... - ele murmurou. - Você acha que ela vai querer ficar comigo? Que ela vai me perdoar?
Ela sorriu de lado e segurou em sua mão.
- É claro que sim, Michael... Pode demorar um pouco, claro, mas ela vai te perdoar e vai ficar com você. Ela te ama.
Ele beijou a mão dela docemente e sorriu.
- Obrigada por ser tão boa comigo, Liz. Não sei o que eu faria agora se você não estivesse aqui para me aconselhar.
- Eu sempre estarei aqui por vocês dois, Mike. Você sabe disso, não é?
- Sim, eu sei... - ele sorriu.
Enquanto Michael observava pela janela o avião ficar cada vez mais longe do chão, Liz sorriu de lado.
Ela não iria levá-lo simplesmente a Alice, a mulher por quem ele estava incrivelmente apaixonado.
Ela iria levá-lo até Alice Mitchel, estrela de Burlesque.
Capítulo 17
02 de dezembro de 1993
- Não, Liz... Eu não quero ir a lugar algum, chegamos não faz nem 24 horas. Eu preciso descansar para vê Alice... - Michael reclamou, cobrindo-se até a cabeça.
- Ora, Michael! Pode levantando já dessa cama e indo direto para o chuveiro, quero você arrumado em meia hora, se não, eu venho até aqui com um balde d'água gelada e jogo em você para que desperte! - ela disse e então saiu do quarto.
Michael suspirou e revirou os olhos, decidindo que seria melhor levantar. Sabia muito bem que Liz era capaz de tacar-lhe um balde d'água gelado e ele não queria correr o risco. Era melhor - realmente - sair com ela, seja lá para onde ela queira levá-lo.
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- Hei, pessoal! Quero todos aqui ao meu lado, agora... - Franci nos chamou.
A maquiadora me liberou por alguns segundos e então fui até o grande circulo que o pessoal havia formado, dando a mão para Scott e Franci. Ele nos olhou e então começou a falar:
- Bem, queridos... É agora, né! - ele riu. - Quero dizer a vocês que... Bem, nós trabalhamos muito duro nesse espetáculo, todos vocês são maravilhosos, inteligentes, e têm um talento incrível, então, não esqueçam de mostrar isso no palco. Atrás dessas cortinas há um público enorme e de suma importância para nós, porém, esqueçam deles. Apenas deem o melhor de si e cantem e dancem para vocês e para suas almas, isso é o que realmente importa. Estamos fazendo o que amamos, então, jamais esqueçam de mostrar que se orgulham de seu potencial. É isso e... Boa sorte para todos! - ele gritou no final.
Todos nós batemos palmas e nos abraçamos. Faltava pouco e o espetáculo estava prestes a começar.
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- Mike... Tira esse bico daí, menino... - Liz comentou, sorrindo, vendo-o bicudo dentro do carro.
- Você sabe que eu fico mal humorado quando me acordam, Liz... - ele disse, cruzando os braços.
- Ora, mas quando Alice lhe acorda você fica um amor de pessoa, com um humor incrível...
Ele sorriu sem argumentos para contrariá-la.
- Alice é outra história, Liz, outra história...
- Eu sei que é... - ela comentou sorrindo, sentindo o carro parar. Ela fez um aceno para que o motorista ainda não abrisse a porta e então se virou para Michael:
- Mike... Antes de qualquer coisa, eu quero que você saiba que, se ela está aqui agora, pelo próprio mérito e desempenho, ninguém a ajudou e tudo o que ela conquistou foi por puro suor e talento. - ela disse, olhando em seus olhos.
- Ela... Quem, Liz? - Michael perguntou.
Liz se virou para o motorista e balançou a cabeça. Ele saiu e deu a volta para abrir a porta do carro para ela. Primeira ela saiu e Michael a seguiu, parando ao seu lado sem entender onde estavam e o porque de tanto paparazzi ali, tirando foto dos dois.
- Ela, Michael... Alice Mitchel, estrela de Burlesque. - ela disse ao seu ouvido, indicando com a cabeça que ele deveria olhar para cima.
E quando ele o fez, seu queixo quase caiu. Nem os flashs dos paparazzis conseguiam fazê-lo piscar ou desviar os olhos do enorme cartaz estendido a sua frente, onde um jogo de fotos de Alice estavam.
- Mas o que...? - ele murmurou sem conseguir terminar a frase.
Liz apenas sorriu de lado e o puxou pelo tapete vermelho. Logo um rapaz tratou de levá-los até o teatro, que estava totalmente diferente de tudo o que eles já haviam visto.
Ao invés das enormes fileiras de cadeiras vermelhas, estavam mesas e cadeiras em meio a uma decoração de cabaré que daria inveja a qualquer boate de verdade. Michael olhou para tudo ainda fascinado e sem saber como proceder, apenas foi andando ao lado de Liz, que seguia o rapaz.
Eles se sentaram na primeira fileira de mesas e cadeiras e antes de sair, o rapaz deu um folheto para cada um, onde a foto do cartaz que estava ao lado de fora do teatro, estava impressa na capa.
- Eu ainda não consigo acreditar... - Michael murmurou, olhando pra capa do folheto. -Desde quando Alice se interessa por musicais? Quer dizer... Ela canta e dança?
- Sim, Michael e faz isso incrivelmente bem. - Liz disse, tomando um gole do drink que o garçom a serviu.
Michael olhou pra ela intrigado:
- E desde quando você sabe disso? Por que nunca me contaram?
- Eu soube a pouco tempo... Na verdade, eu soube alguns dias depois de ela ter chegado ao hotel onde você estava hospedado. Foi isso aqui - Liz olhou ao redor. - que ela largou pra ir até a você, Michael.
- Ela largou a Broadway? - ele perguntou, chocado.
Elizabeth assentiu.
- Sim. Ela tinha acabado de fazer o teste quando soube das acusações, então, ela deixou tudo em Nova York e foi atrás de você.
Michael apenas olhou para o folheto em suas mãos e ficou em silêncios por alguns segundos. Ela parecia tão confiante naquelas fotos, tão... Mulher. Ele estava orgulhoso antes mesmo de vê-la no palco.
Ao se virar pra Elizabeth, ele disse:
- Ela gosta de mim ao ponto de largar tudo isso para ficar ao meu lado... Eu fui tão... Egoísta. - ele disse.
- Gostar não, Michael... Ela te ama ao ponto de largar tudo isso. - ela pegou na mão dele por cima da mesa e lhe deu um sorriso. - Você pode até ter sido egoísta sim, Michael, mas você se arrependeu e é isso que importa. Agora é só vê sua menina ali, - ela olhou para o palco que a cortina vermelha tampava. - sentir orgulho dela e depois pedir perdão. Vocês se amam muito, simplesmente não podem ficar separados.
- Simplesmente não podemos! - repetiu Michael. Ele olhou pra ela e sorriu. - Mal posso esperar para vê-la.
- Eu também não, Mike.
Eles sorriram e então a conversa dentro do teatro se dissipou quando as luzes foram apagadas. Michael voltou sua atenção para o palco e então as espessas cortinas vermelhas se abriram.
Capítulo 18
02 de dezembro de 1993
Michael respirou fundo e então, em um piscar de olhos, Alice apareceu linda com uma peruca curta, deitada em um divã como uma verdadeira estrela.
Michael estava encantado. A voz doce de Alice reverberava em seus ouvidos e a forma sexy e segura com que ela se movia o deixaram em frenesi. Ele nunca imaginara que ela - Alice, a menina que ele conhecia desde quando era uma adolescente - tinha um talento tão grande como aquele.
Ela era segura, confiante e talentosíssima, de um jeito que o deixou sorrindo como um bobo apaixonado.
Ela caiu nos braços de dois dançarinos e o teatro se encheu de aplausos, porém, alguns segundos depois a voz dela apareceu novamente e sua imagem apareceu refletida em um espelho a sua frente, enquanto ele estava sentada de costas para o público.
Dessa vez, ficou claro para Michael que ela era tinha muito mais do que uma voz doce como na primeira música. A potência da voz dela era... Inimaginável. Michael estava boquiaberto com tudo aquilo, com aquela voz, com aquele corpo que a roupa,que quase não tampava nada...
Alice nunca fora de usar roupas curtas e aquilo que ela vestia era tão curto e apertado que Michael não conseguiu evitar os ciúmes. Obviamente ele estava bastante excitado com aquilo, ela era ainda mais sexy do que ele poderia imaginar um dia, porém, ele não era o único que estava vendo aquilo. Vários homens ao seu redor estavam com a mesma cara e vendo a mesma coisa que ele.
Ele simplesmente respirou fundo e balançou a cabeça, resolvendo se focar apenas nela. Alice que estava no palco, que nem de longe se lembrava a menina que ele amava... Na verdade, ela era sim a mesma pessoa.
No entanto, agora, ela só estava mostrando era a mulher que ele amava e não mais uma menina.
Após aquela música, várias outras seguiram e Alice se mostrava cada vez mais confiante, deixando Michael incrivelmente orgulhoso. Quando ela saiu de cena, dançando sensualmente e apenas o grupo de bailarinos ficou no palco, ele pegou sua bebida na mesa e deu o primeiro gole.
- Ah sim... Eu pensei que ia ter que dá a bebida na sua boca... Você sabe, fiquei receosa de você acabar tendo uma desidratação de tanto babar por Alice... - Elizabeth disse, rindo e olhando pro palco.
Michael olhou pra ela e então riu também.
- Está tão na cara assim?
- Que você é um bobo apaixonado que está babando por Alice? Sim, está. - ela sorriu.
Michael apenas balançou a cabeça e bebeu mais um pouco, aproveitando para olhar a habilidade de outros dançarinos que não fosse Alice.
Enquanto isso, Alice seguia para a coxia, vestia a roupa, se olhava no espelho e tinha o cabelo prendido por duas cabeleireiras, tudo ao mesmo tempo. Ela estava adorando a adrenalina e rapidez de tudo aquilo, porém, ao passar o batom vermelho pelos lábios se deu conta de que agora iria cantar a música de sua alma.
Se olhou mais uma vez no espelho e viu Franci vir a seu encontro. Ele a beijou na testa e então a levou até o começo do palco que agora estava vazio e escuro. Ela ficou na marcação certa, no centro do palco e então a cena de e de Scott surgiu em um telão grande a suas costas enquanto os acordes da canção começava.
Michael trincou os dentes levemente ao vê cena dela beijando um cara, porém - apesar de não ignorar o vídeo - ele começou a prestar atenção na canção que a voz firme e ao mesmo tempo doce, de Alice, entoava.
Doce amor, doce amor
Presa em seu amor
Eu me abri, e tenho certeza que posso confiar
Meu coração e eu estávamos enterrados na poeira
Liberte-me, liberte-nos
Você é tudo que eu preciso quando eu estou te segurando firme
Se você for embora eu vou sofrer esta noite
Eu encontrei um homem em quem eu posso confiar
E, cara, eu acredito em nós
Estou aterrorizada por amar pela primeira vez
Você pode ver que eu estou presa em correntes?
Eu finalmente encontrei meu caminho
Estou presa a você
Estou presa a você
Tanta coisa, tão jovem, que eu já enfrentei sozinha
Paredes que construí se tornaram meu lar
Eu sou forte e tenho certeza de que há um fogo em nós
Doce amor e tão puro
Eu recupero meu ar apenas com um batimento do coração
E eu abraço-me, por favor, não rompa essa ligação
Eu encontrei um homem em quem eu posso confiar
E, cara, eu acredito em nós
Estou aterrorizada por amar pela primeira vez
Você pode ver que eu estou presa em correntes?
Eu finalmente encontrei meu caminho
Estou presa a você
Estou presa a você
De repente, o momento está aqui
Eu abraço os meus medos
Tudo pelo que eu venho me carregando todos esses anos
Eu arriscaria tudo? Vir até aqui só para cair?
Cair
Confiei e, cara, eu acredito em nós
Estou aterrorizada por amar pela primeira vez
Você não vê que eu estou presa em correntes?
E finalmente encontrei meu caminho
Estou presa a você
Estou, ooh, estou
Estou presa a você
Presa em seu amor
Eu me abri, e tenho certeza que posso confiar
Meu coração e eu estávamos enterrados na poeira
Liberte-me, liberte-nos
Você é tudo que eu preciso quando eu estou te segurando firme
Se você for embora eu vou sofrer esta noite
Eu encontrei um homem em quem eu posso confiar
E, cara, eu acredito em nós
Estou aterrorizada por amar pela primeira vez
Você pode ver que eu estou presa em correntes?
Eu finalmente encontrei meu caminho
Estou presa a você
Estou presa a você
Tanta coisa, tão jovem, que eu já enfrentei sozinha
Paredes que construí se tornaram meu lar
Eu sou forte e tenho certeza de que há um fogo em nós
Doce amor e tão puro
Eu recupero meu ar apenas com um batimento do coração
E eu abraço-me, por favor, não rompa essa ligação
Eu encontrei um homem em quem eu posso confiar
E, cara, eu acredito em nós
Estou aterrorizada por amar pela primeira vez
Você pode ver que eu estou presa em correntes?
Eu finalmente encontrei meu caminho
Estou presa a você
Estou presa a você
De repente, o momento está aqui
Eu abraço os meus medos
Tudo pelo que eu venho me carregando todos esses anos
Eu arriscaria tudo? Vir até aqui só para cair?
Cair
Confiei e, cara, eu acredito em nós
Estou aterrorizada por amar pela primeira vez
Você não vê que eu estou presa em correntes?
E finalmente encontrei meu caminho
Estou presa a você
Estou, ooh, estou
Estou presa a você
Ao fim da canção, todos levantaram e bateram palmas. Michael aplaudia com força, ele estava completamente emocionado. Aquela música o tocou de tal forma que parecia que tinha sido escrita para ele.
Ao se sentar, Liz o acompanhou e então pegou o folheto. Ela o abriu e passou para ele, apontando para música que Alice havia acabado de cantar.
- Olhe isso... - ela apontou para música. - Veja o compositor.
Michael pegou o folheto e leu.
"Bound To You"
Compositor: Alice Mitchel.
Compositor: Alice Mitchel.
Ele ofegou baixinho, ficando ainda mais emocionado que antes. Não era preciso muito para saber que aquela música fora escrita pensando nele. Seu coração batia rápido, tanto de orgulho quanto de amor.
- Isso é... Incrível, Liz. - ele murmurou.
- Você está preso a ela, Michael?
- Com certaza. - ele disse olhando pra ela.
- Então... Você não vai deixá-la cair, não é? O amor que ela sente por você... Não vai deixar acabar agora, não é mesmo?
Michael a olhou com seriedade.
- Não, Liz, não mesmo. Eu lutarei por ela até o fim da minha vida, se for preciso.
- Sempre soube que você era um garoto inteligente, Mike... - ela sorriu. - Quero ser a madrinha do casamento.
- Você será, pode ter certeza!
Eles sorriram e então a voz de potente de Alice soou novamente por todo o teatro.
Era o fim do musical mais espetacular que Michael já havia assistido. Ele se levantou para aplaudir e o teatro foi junto a ele. Era óbvio que a estrela do cabaré não ficou com seu amado, porém, ela continuou a brilhar cada vez mais e isso ficou bastante fixado na mente de todos os espectadores.
Elizabeth sorriu ao vê Francis Herold vir ao seu encontro, minutos depois do grupo de atores fazer a famosa referência em cima do palco e saírem definitivamente de cena.
- Olá, Liz! Como é bom vê-la aqui! - ele sorriu e a abraçou. - O que achou?
- Incrível! Completamente maravilhoso, estou encantada, Franci.
- Então também a minha estrela maior? - ele perguntou, sorrindo. Já sabia que Alice e Elizabeth eram amigas inseparáveis.
- Ora, mas é claro que sim! Ela puxou esse talento de mim...
- Não duvido nada... - ele sorriu e então avistou Michael ao lado de Liz. - Ora, acho que ainda não fomos devidamente apresentados... - ele comentou.
- Deus, que indelicadeza a minha... Franci, esse é meu amigo, Michael Jackson e, Michael, esse é Franci Herold, autor e diretor do musical.
Eles apertaram as mãos.
- É um prazer conhecer ao Rei do Pop.
- E é um prazer conhecer a mente de um espetáculo como esse. - Michael disse. - Eu estou sem palavras.
- Eu fico muito contente que vocês tenham gostado, muito mesmo.
Elizabeth sorriu e então enlaçou o braço no de Michael.
- Franci, queria saber se teria como você nos levar ao camarim de Alice... Queremos muito cumprimentá--la.
- Oh, claro que sim. Vou pedir para que Josh os levem até ela, está bem? E quero vocês na nossa festa de comemoração que se iniciará daqui a uma hora. - ele disse.
Elizabeth assentiu e então Josh os levou até a porta do camarim de Alice. Ela se virou para Michael e disse:
- Obviamente eu posso falar com Alice mais tarde, mas você não. Então, adentre esse camarim e cumprimente nossa "estrela maior". - ela sorriu.
- Certo... - ele sorriu. - Deseje-me sorte.
- Toda a sorte do mundo, Mike! - ela disse, se afastando do camarim.
Capítulo 19
02 de dezembro de 1993
- Você estava incrível! Eu estou completamente apaixonado... - Scott disse entrando em meu camarim com um enorme buquê de rosas vermelhas.
Olhei pra ele sorri, pegando o buquê de suas mãos e cheirando as rosas.
- Oh, Scott... Não precisava... - falei. - Obrigada.
- Precisava sim! Você foi perfeita, Alie... Estou sem palavras.
Ele veio até a mim e me abraçou, logo depois me dando um beijo rosto. Quando ele me olhou pra falar mais alguma coisa, escutamos batidas na porta.
- A estrela maior já está com visitas... - ele murmurou, sorrindo.
- Bobo... Pode entrar.
Vimos a maçaneta ser virada e então a porta se abriu um pouco. Franzi o cenho quando um cheiro tão conhecido por mim penetrou minhas narinas, mas então eu vi que meu cérebro não estava me enganando. Michael estava ali, parado na porta do meu camarim olhando para minha mão entrelaçada a de Scott.
- Uau... Visitas ilustres, ainda por cima. - Scott disse sorrindo. Ele levou minha mão aos seus lábios e então olhou para Michael. - Pode entrar, Sr. Jackson... Eu já estava de saída. A propósito, sou Scott Luther. - ele disse, estendendo a mão para Michael.
Michael entrou no camarim e apertou a mão dele.
- Michael Jackson. - ele disse.
- Claro que é... - Scott sorriu e antes de sair de meu camarim, disse: - Nos vemos daqui a pouco para irmos a festa, Alie.
Ele piscou e então saiu.
Bem... Agora estávamos somente Michael e eu, e eu não sabia como proceder. Na verdade, eu nem mesmo sabia que Michael estava em Nova York, muito menos que estava no musical. Tudo aquilo estava dando um nó na minha cabeça.
- Oi Michael... - murmurei.
Ele veio andando até a mim e pegou em minhas mãos levando uma de cada vez até seus lábios. Um arrepio infeliz perpassou meu corpo, mas, por sorte ele não havia percebido.
- Oi Alie... Deus, eu estou completamente encantado com tudo o que eu vi e ouvi. - os olhos dele brilhavam ao olhar para os meus. - Eu nem sei o que dizer.
Sorri levemente pra ele e então puxei minhas mãos das suas. Meu coração batia rapidamente, até porque, eu não via Michael haviam meses e então ele aparece do nada, justamente no dia em que eu realizei meu maior sonho. Não sabia se ficava feliz ou assustada, porém, no momento eu estava em choque por sua presença e ainda muito magoada com tudo o que havia acontecido conosco.
- Obrigada, Michael. Eu fico muito feliz que tenha gostado.
- Eu não gostei, Alie. Eu adorei! - ele sorriu. - Por que nunca me contou que sabia fazer tudo aquilo?
- Ah... É uma longa história, Michael. - murmurei, me virando pra mesa ao meu lado e pegando um brinco para pôr em minha orelha.
Ele me olhou pelo espelho e sorriu um pouco.
- Certo, teremos tempo para conversar sobre isso... - ele disse e então seu sorriso se desfez.
Eu não queria reparar, mas ele estava incrivelmente lindo. Ele sempre fora bonito, é claro, porém... Agora ele estava ainda mais, acho que era porque eu não o via a muito tempo, e meus olhos estava sentindo falta de olhar para ele. Ele me olhou pelo espelho novamente e então desviei o olhar, pegando o outro brinco em cima da mesa.
- Hm... Alie, eu queria conversar com você sobre tudo o que aconteceu alguns dias antes de você ir embora e também... Pedir perdão por eu ter te expulsado daquela forma. - ele enfiou as mãos nos bolsos da calça, parecendo um pouco envergonhado. - Eu estou tão arrependido de tudo o que fiz...
- Michael... Olha, - me virei pra ele e olhei em seus olhos. - eu acho que esse não é o momento para falarmos sobre isso. Temos pouco tempo e... Bem, isso não é algo que possa ser conversado as pressas...
- Claro, você está certa. - ele disse. - Eu queria saber se eu poderia te levar a festa.
Aquilo poderia ter soado normalmente como um convite de um amigo, se Michael não estivesse me olhando de uma forma diferente e se sua voz tivesses soado menos rouca. Olhei pra ele procurando alguma pista de que eu estava enxergando coisas onde não devia, mas ele não mudou sua postura nem um pouco.
Senti minha garganta seca de repente e passei a língua pelos lábios rapidamente, me obrigando a parar de pensar naquelas coisas. Michael só queria minha amizade e ponto final e mesmo assim... Eu não estava preparada para ficar ao seu lado, não depois de tudo o que aconteceu.
- Eu irei com Scott, Michael. Já havíamos planejado isso antes. - ele me pareceu decepcionado e desapontado, então, resolvi desviar um pouco o assunto. - Liz veio com você?
- Sim, na verdade, foi ela que me arrastou pra cá. Nem havia me contado que você estava fazendo o musical, acredita? Só soube quando vi o enorme cartaz lá fora...
- Isso é bem a cara dela, adora fazer surpresas... - falei, sorrindo.
- E que surpresa... - ele murmurou e então limpou a garganta. - Bem, eu vou deixar você se arrumar e... Nos encontramos na festa, certo?
- Certo... - murmurei indo até a porta e abrindo-a pra ele. - Até mais, Michael.
Ele se aproximou e antes de sair, colocou as mãos em minha cintura e me puxou para si. Todo o meu corpo ficou colado ao dele, enquanto ele me abraçava com força, coloquei meus braços ao redor do seu pescoço e o abracei também, me sentindo estranhamente em casa, ao mesmo tempo que todos os meus sentidos ficavam em alerta por conta de seu abraço inesperado.
Ele beijou meu ombro e deu outro beijo em meu pescoço, me fazendo ficar arrepiada novamente eu tenho certeza que dessa vez ele viu.
- Até mais, Alie. - ele disse se afastando e então saiu de meu camarim me deixando quente e cheia de seu cheiro, como se ele ainda estivesse ali, me enclausurando em seus braços.
Capítulo 20
02 de dezembro de 1993
Obviamente eu não podia negar que havia algo de muito estranho acontecendo. Quando Michael deixou meu camarim, um enorme vazio ficou, como se eu nunca mais conseguiria ficar sozinha após aquele abraço que ele havia me dado.
E então eu me lembrei de nosso beijo... E me lembrei da reação indiferente com a qual ele tratou aquilo. Sempre me disseram que coisas que eram muito importante para uma mulher, quase sempre passava desapercebida para um homem e isso era verdade, pude comprovar após o beijo que ele me dera no dia de seu aniversário, que aquele beijo foi tão importante pra mim e pra ele foi algo comum.
Talvez esse abraço fosse a mesma coisa. Eu tinha que parar de me importar com as coisas que Michael fazia comigo, porque ele também não se importava.
Me olhei no espelho mais uma vez e então ouvi a voz de Scott atrás da porta me chamando para irmos. Quando sai do camarim e dei de cara com ele, resolvi que iria me divertir um pouco nessa festa de comemoração e esquecer daquele abraço, assim como eu tinha certeza que Michael o faria.
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- Sinceramente? Eu não estou gostando nem um pouco de Alice está praticamente agarrada com esse tal de Scott... - Michael comentou bufando e cruzando os braços, enquanto observava Alice e Scott de braços dados conversando com um jornalista.
- Ciúmes? Já? - Liz perguntou sorrindo.
- Talvez... Certo, é ciúmes! - ele afirmou. - Mas, poxa, ela não saiu do lado dele nem por um segundo desde que chegou a essa bendita festa! Acho que ela deveria ter vindo ao menos até aqui para conversar um pouco conosco...
- Ora, Mike, Alice é a estrela da noite. Todos os fotógrafos, convidados, jornalistas estão atrás dela.
- Mas pra ficar ao lado desse Scott ela não está ocupada. - ele disse bicudo. - Ela me tratou com toda a indiferença que conseguiu, em seu camarim... Ela ainda está muito magoada, Liz, e eu estou com medo de perdê-la pra esse cara.
- Alice te ama, Michael. Você não vai perdê-la, acredite em mim.
Michael apenas assentiu e então voltou o olhar para lugar onde Alice e Scott estavam há alguns segundos atrás. Ele os caçou com o olhar e então os viu na pista de dança, bailando como se fosse um casal enquanto alguns fotógrafos tiravam fotos suas.
- Ah não... Dançar com ela? Aí ele está realmente querendo demais! - Michael disse se levantando.
Elizabeth se levantou o puxou pelo braço, temendo que ele fizesse alguma besteira.
- O que está pensando em fazer, Michael? - ela perguntou.
- Esperar uma outra música começar e então dançar com Alice. - ele disse e então foi andando em direção a pista de dança.
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- Estão achando que somos um casal... - falei ao ouvido de Scott, rindo da ideia.
Ele me olhou e então me rodopiou, me trazendo de volta para ele.
- Eu gosto da ideia de sermos um casal. - ele disse, arqueando uma sobrancelha.
- Ora, somos apenas amigos, Scott.
- Mas tudo começa com a amizade, não é mesmo? - ele sorriu de lado.
- Scott, Scott... Prefiro não comentar sobre isso... - falei, rindo.
Bem, a verdade é que eu não queria mesmo comentar sobre aquilo. Scott já vinha se mostrando interessado por mim havia um tempo e por mais que no começo eu estava decidida a ficar com ele... Agora eu já não me sentia mais assim.
Michael estava arrependido e isso eu conseguia vê em seu olhar e bem... Eu não queria, realmente não queria, mas estava novamente nutrindo esperança de que algo poderia acontecer entre nós. Sei que é loucura, até porque ele nunca havia demonstrado nenhum tipo de sentimento por mim que não fosse amizade - tirando o beijo no dia de seu aniversário. E eu estava confusa com tudo aquilo. Se voltássemos a ser amigos como eramos antes... Iria ser muito mais difícil de segurar o que eu sentia.
Decidi deixar aqueles pensamentos de lado e viver apenas o presente e os acontecimentos que iriam vir. Continuei a dançar com Scott e então a música chegou, logo iniciando-se outra. Scott sorriu pra mim, enlaçando minha cintura com um pouco de força para que eu não saísse dali, mas então seu sorriso murchou um pouco e senti uma mão se espalmar as minhas costas, fazendo aquele famoso arrepio perpassar meu corpo.
- Me concede a próxima dança, Alie? - Michael disse próximo ao meu ouvido.
Scott olhou pra mim arqueando uma sobrancelha e então olhei pra Michael, assentindo. Ele e Scott se olharam e pude perceber que, definitivamente, não haviam se gostado, o que me fez ficar sem graça. Scott beijou minha mão e então deu lugar para Michael, saindo da pista de dança.
Michael enlaçou minha cintura e começou a dançar lentamente comigo, seu rosto tão próximo ao meu que eu podia sentir sua respiração em meu rosto e seu hálito quente, quando ele mordia os lábios e olhava em meus olhos. Eu ainda me perguntava o que estava havendo com ele, quando sua mão começou a passear em minhas costas, me deixando quente por debaixo do pano do vestido. Ele estava sério e sexy ao mesmo tempo, me obrigando a me concentrar para que não pisasse em seus pés ou que minhas pernas não ficassem da mesma consistência de uma gelatina.
Ele sorriu.
- Você está linda, Alice. - sussurrou.
- Obrigada, Mike. - murmurei, quando terminei de rodopiar e voltei pra ele.
A música já estava em seus acordes finais, mas acho que não era só eu que queria que a música acabasse. Michael me puxava para ele cada vez mais, acho que se ele fizesse isso mais um pouco, seria capaz de nossos corpos se fundirem.
- Será que eu poderia levá-la para casa, quando a festa acabar?
- Hm... Eu acho melhor não, Michael.
Ele passou a língua pelos lábios e soltou um longo suspiro.
- Por que, Alie?
- Porque... O que iriam falar se nos vissem sair daqui, juntos?
Obviamente era uma desculpa. Uma desculpa tosca, na verdade, mas foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça. Eu não queria ficar tão perto de Michael novamente porque tinha medo de perdoá-lo e de me machucar de novo. Alguns flashs pipocaram em cima de nós e Michael encostou a boca em minha orelha:
- E desde quando você liga para o que os outros falam, Alice? E além do mais, todos já estão nos vendo juntos, se é que ainda não percebeu isso. - ele deu um beijo em meu ombro - Por favor, Alie, diz que sim.
Droga! Eu simplesmente não sabia negar nada a ele o que sempre era um problema pra mim. Não queria nem imaginar o que os jornais diriam sobre nós amanhã...
- Tudo bem, Mike. Eu deixo você me levar em casa.
Ele sorriu e me rodopiou mais uma vez, antes que a música chegasse ao fim.
- Obrigado, Alie. - ele disse e então deu um beijo em minha mão, chegando um pouco para o lado.
Meu pai se aproximou de mim e então me pediu para dançar com ele. Parecia que eu era uma debutante, onde trocava de par a cada instante para poder dançar. Michael pediu licença e se retirou da pista de dança.
Antes da festa acabar, me sentei a mesa de Liz e Michael junto com meu pai. Liz estava radiante e orgulhosa, assim como meu pai que tinha os olhos brilhando de emoção. Eu só sorria tímida e agradecia, ainda não estava acostumada em ser o centro das atenções e isso estava acontecendo tão rápido, que estava me deixando um pouco sem graça.
Além de não está acostumada em ser o centro das atenções, também não estava acostumada com aqueles olhares de Michael em cima de mim. Era tão intenso que as vezes eu era obrigada a olhar para qualquer lugar que não fosse ele. Seu jeito de me encarar estava estranho, ele nunca havia me olhado com tanta... Precisão. No final da festa, Franci me abraçou com força e Scott se aproximou para se despedir de mim, me alugando por quase meia hora e no final perguntando se poderia me levar em casa.
Eu apenas disse que não precisava e então Michael chegou perto de mim, enlaçando minha cintura com o braço e dizendo: "Não precisa se preocupar, eu levarei Alice em casa.". Suas palavras fizeram com que Scott travasse o maxilar e aquilo me deixou incrivelmente envergonhada. Ele apenas forçou um sorriso pra mim e me deu um beijo no rosto, se afastando logo em seguida. Quando o motorista de Michael chegou a festa, meu pai e Elizabeth já haviam ido embora, então eu só me despedi de algumas meninas e fui embora com Michael.
Assim que nos sentamos no carro ele entrelaçou suas mãos as minhas e se sentou colado a mim. Seus dedos fazendo carinho nos meus.
- Por que fez aquilo com Scott? - a pergunta saiu da minha boca sem eu ao menos perceber, porém me mantive firme a espera de sua resposta.
- Aquilo o que?
- Aquilo de... Chegar e me abraçar pela cintura, dizendo que iria me levar embora. Você nunca fez algo sequer parecido com isso, Michael.
Ele deu de ombros.
- Apenas quis deixar claro que ele não precisaria se preocupar quanto a sua ida para casa. - ele me olhou. - Se eu não tivesse te convidado antes, você aceitaria ir embora com ele, não é mesmo?
- Não, eu não aceitaria. Somos amigos e saímos algumas vezes, mas eu iria embora sozinha, não aceitaria o convite dele.
- Não quer dá esperanças à ele? - ele perguntou e eu o encarei, surpresa. - Ora, Alie, está na cara que ele está interessado em você. E você sabe disso.
O tom dele não soou como o de um amigo, soou um pouco... Ciumento, o que me fez balançar a cabeça, dizendo a mim mesma que eu estava ficando louca.
- Não quero dá esperanças a ele, Michael. - respondi.
Ele me olhou parecendo satisfeito com minha resposta, um sorriso começando a surgir em seu rosto. Comecei a puxar outros assuntos, querendo sair daquele clima chato e então ele começou a me contar sobre o último show de sua turnê. Logo o carro parou em frente ao meu prédio.
- Obrigada pela carona, Mike. Você fica em Nova York até quando? - perguntei.
- Hm... Ainda não sei, não tenho data para ir embora, acho que irei ficar aqui por alguns meses. - ele disse. - Não vai me convidar para subir?
- Ah... Já está muito tarde, Michael. A única coisa que quero fazer agora é me jogar na cama. - falei, sorrindo de leve.
- E desde quando a hora é algum empecilho pra gente?
Ele sabia que eu estava fugindo e não queria me dar brechas para fugir. Apenas respirei fundo, dizendo a mim mesma que eu já havia feito muitas concessões naquela noite e não cederia aquilo.
- Amanhã eu te ligo pra fazermos algo a tarde, a próxima apresentação de Burlesque é depois de amanhã, então estarei com o dia livre. - falei, fugindo de sua pergunta.
Me aproximei dele e lhe dei um beijo no rosto.
- Boa noite, Michael.
Saí de seu quarto e entrei em eu prédio com o coração pulando em meu peito. Quando entrei em meu apartamento, tirei os sapatos de salto e me joguei no sofá, fechando os olhos e me lembrando de tudo o que havia me acontecido em tão poucas horas.
Ainda estava pensando no turbilhão de emoções daquela noite e então minha campainha tocou, me fazendo da um pulo no sofá pelo susto. Me levantei franzindo o cenho e fui até a porta, abrindo-a e vendo Michael adentrar rapidamente meu apartamento.
Arregalei os olhos e fechei a porta, me virando pra ele e esperando que ele dissesse alguma coisa.
Ele me olhou e se aproximou de mim, ficando parado a centímetros de meu corpo.
- Para de fugir de mim, Alice! Porra... - ele soltou um palavrão alto e começou a andar de um lado para o outro, logo parando novamente de frente a mim. - Eu amo você!
Capítulo 21
Choque.
Foi a primeira reação que tomou meu corpo depois de ter ouvido aquilo. Enquanto Michael ficava parado a minha frente, me olhando com expectativa, minha mente tentava processar aquilo que ele havia dito.
- O... O que? - murmurei.
Ele engoliu em seco e acabou com a distância entre nós, passando uma mão pelo meu rosto:
- Isso mesmo que você ouviu, Alie... Eu amo você, amo mais do que tudo nesse mundo e não, não te amo como amiga, eu te amo como mulher. E tudo o que eu mais quero agora é ter a chance de conversar com você, de pedir perdão, mas você simplesmente não deixa. Fugir de mim não vai adiantar de nada porque eu não vou desistir de você. Nunca.
Aquilo tudo estava me deixando sem fôlego. Me afastei dele e andei um pouco ao redor da sala, tentando buscar o ar que eu havia perdido.
- Eu não entendo... - falei, parando de andar e olhando pra ele. - Você não estava com Lisa? Não estava apaixonado por ela?
- O que? Não, claro que não. De onde tirou isso?
- Bem... Era o que parecia, Michael. Acho que não só eu, mas todos pensaram nisso.
- Pois todos pensaram errado. - ele se aproximou de mim novamente. - Eu nunca fui apaixonado por Lisa, Alice.
Ele continuou se aproximando, mas eu levantei a mão, indicando para que ele parasse. Ele interrompeu o andar no mesmo instante.
- E quando você descobriu que me amava? Quando descobriu que Lisa era uma falsa? - perguntei cruzando os braços e olhando pra ele.
Michael passou as mãos pelos cabelos e fechou os olhos. Quando os abriu novamente, ele me encarou:
- Eu sei que fui um idiota sem tamanho com você, Alice. Eu jamais vou me perdoar pelo o que fiz a você. Te ignorar e te expulsar de hotel foi a coisa mais absurda que eu já fiz na minha vida, você havia desistido de tudo pra ficar comigo e eu fui um egoísta com você. - ele fez uma pausa, desviando um pouco o olhar do meu. - Quando eu descobri que Lisa só estava comigo pra aparecer, minha ficha caiu completamente, tarde realmente, mas caiu. Eu vi que eu havia cometido o maior erro da minha vida.
"Esse erro foi ter ignorado você e te mandando embora, achando que eu não precisava de você pra superar tudo aquilo, mas eu estava incrivelmente errado, Alie. Eu preciso de você muito mais do que tudo na minha vida."
Ele havia soado tão sincero que meu coração deu um baque enorme no peito. Eu o amava tanto e ele estava dizendo que me amava do mesmo jeito. Do jeito que eu sempre quis que ele me amasse, era como se meu maior desejo tivesse sido realizado. E eu via nos olhos dele que tinha sido realizado, porque eles me mostravam quanto amor ele sentia por mim e me mostravam o quanto ele estava arrependido também.
Eu não sabia o que dizer, na verdade, minha mente ainda estava processando tudo o que havia escutado, quando Michael rompeu novamente a distância que havia entre nós. Ele pegou meu rosto entre suas mãos e encostou sua testa a minha, enquanto fechava os olhos e começava a falar novamente:
- Eu encontrei uma mulher em quem eu posso confiar. E, garota, eu acredito em nós. Eu estou aterrorizado por amar pela primeira vez... Você pode ver que eu estou preso em correntes? Eu finalmente encontrei meu caminho. Estou preso a você... Estou preso a você, Alie.
O que eu poderia dizer diante daquilo? Ele havia acabado de recitar pra mim, a música que eu havia feito pra ele, algo que eu pensei que ele nunca teria conhecimento. Fechei meus olhos, permitindo que algumas lágrimas de emoção molhasse suas mãos em meu rosto. Ele passou os lábios por minha bochecha, secando minhas lágrimas e então beijou minha testa.
- Não... Não chore, princesa, eu já a fiz chorar demais... - ele murmurou com a voz embargada. - Eu te amo tanto, Alie, tanto...
- Eu te amo muito mais, Michael...
Ele afastou apenas um pouco e passou a ponta dos dedos pelo meu rosto.
- Você me perdoa?
Olhei pra ele e mordi o lábio, me obrigando a deixar de lado a emoção que me tomava:
- É claro que eu perdoo, Mike. - falei sorrindo.
- Oh Alie... - ele sussurrou me puxando para os seus braços. - Eu te amo, garota, eu te amo muito... Obrigado por não desistir de mim, obrigado por me perdoar... Eu prometo que nunca mais irei te magoar.
- Eu sei que você não vai, Michael... - falei, sorrindo e então o olhei. - E eu jamais desistiria de você.
Ele passou os dedos pelos meus lábios e então aproximou seus lábios dos meus.
- Eu vou te beijar e dessa vez eu não irei ignorar isso, como fiz no dia do meu aniversário. Dessa vez vai ser só o começo de muitos e muitos beijos, se você permitir, é claro.
O jeito como ele falou me fez rir, como sempre, ele conseguia me fazer rir dos assuntos mais improváveis.
- É claro que eu vou permitir, ou acha que vou ficar te amando sem te beijar?
- Ah... Sempre soube que você era uma garota inteligente!
Ele sorriu e então selou toda aquela emoção com um beijo caloroso, me deixando matar a saudade dele, de seu beijo, de seu calor... De tudo o que ele me fazia sentir.
Capítulo 21
15 de Fevereiro de 1994
O telefone tocava insistentemente em cima da mesa de cabeceira da minha cama. Não queria abrir os olhos, estava cansada demais, havia chegado de madrugada na noite anterior, visto que o musical havia começado mais tarde.
Mas a pessoa estava insistindo muito, o que me fez abrir os olhos contraríada e constatar que eram apenas sete e meia da manhã. Quem, em sã consciência, liga para alguém as sete e meia da manhã de um domingo?!
Peguei o telefone e antes que pudesse falar alô, uma vez já bastante conhecida soou em meu ouvido.
- Alice Mitchel! Você está terminantemente obrigada a passar uma tarde de rainha com Elizabeth e eu, em um SPA maravilhoso. O carro de Liz te pegará às duas horas em frente ao restaurante onde você irá almoçar com seu pai, não lhe darei os parabéns agora porque quero fazer isso pessoalmente, não fique triste, irei te abraçar com força e te rodopiar um milhão de vezes. Não se atrase! Beijos e tchau. - dito tudo isso em menos de três minutos, somente o barulho da linha telefônica desocupada preencheu meus ouvidos.
Quem em sã consciência ligaria para uma pessoa às sete e meia da manhã? Mark, obviamente! Ele nem me deixou falar! Não era mais fácil deixar um recado na porcaria da secretária eletrônica?
Coloquei o telefone de volta ao gancho e me deitei na cama novamente, fechei os olhos tentando dormir, mas era claro que isso não aconteceria, visto que fui acordada no melhor de meu sono. Então Michael veio a minha mente, como sempre, e junto a ele veio seus beijos, seus abraços, seus carinhos, seu amor... Eu estava em uma fase de minha vida que eu não queria que passasse nunca.
Estava namorando o cara que eu mais amava no mundo inteiro! E ele me amava do mesmo jeito, o que pra mim, apesar de dois meses e meio juntos, ainda era um pouco inacreditável. Michael era tudo o que eu sonhei pra mim, o namorado perfeito, amoroso, delicado, paciente...
Bem, realmente paciente, pois ele estava mesmo disposto a esperar o meu tempo para... Bom, para fazermos amor. Não que eu me sentisse insegura ao seu lado, não era isso, mas... Eu não sei. Acho que a vergonha e a tímidez era algo que me impedia um pouco de dar esse passo enorme em nosso relacionamento e apesar de eu me sentir como um peixe fora d'água por ainda não ter me entregado a ele, Michael fazia questão de dizer que me esperaria o tempo que fosse preciso e que, como ele mesmo falava sempre: "sexo não é tudo em um relacionamento.".
Mas, na verdade, há alguns dias atrás eu tive a certeza de que sim, eu iria fazer amor com ele. Sempre que estávamos juntos, sozinhos, algo rolava e eu me sentia quente, viva, com uma enorme necessidade de "avançar o sinal". Obviamente há uma grande diferença entre ser tímida e frígida, e com toda a certeza eu não era frígida, visto que o que eu sentia por ele era tão grande que só de pensar... Só de pensar, eu já sentia meu sexo umido e clamando por um toque que nunca recebeu, um toque que eu nem sabia o que poderia causar em mim, a não ser o tal orgasmo que já li em tantas revistas e aprendi em minha aulas de sexologia na escola.
Com todo esse pensamento, acabei dormindo novamente e só acordei quando o despertador tocou as dez e meia da manhã. Agora sim eu me sentia descansada e levantei da cama, sentindo meu estômago protestar de fome. Saí do meu quarto e comecei a descer as escadas, parando no terceiro degrau enquanto minha boca se abria, proclamando um "OH" que nunca chegou a sair pela minha garganta.
Minha sala estava - simplesmente - cheia de flores. Haviam pequenos buquês dentro de jarras de vidro, espalhadas por toda a minha sala, deixando todo o ambiente colorido e vivo, com um cheiro misturado, porém gostoso, que vinham de todas as flores.
Sorri e desci correndo as escadas, era óbvio que aquilo era obra de Michael, toda aquela surpresa era a cara dele. Toquei em algumas pétalas enquanto olhava ao redor do meu apartamento, esperando que ele saísse de algum cômodo, mas isso não aconteceu. Decidindo procurar por ele, comecei a andar pela sala e então, ao passar por minha poltrona, vi apenas uma flor rosa repousada sobre um cartão.
Peguei a flor e o cartão em minha mão e a cheirei, sentindo seu aroma levemente adocicado. Então, sem mas consegui esperar, abri o cartão, vendo a letra corrida de Michael escrita em caneta preta:
Oh meu Deus! Acho que li e reli aquele cartão várias vezes antes de finalmente me levantar e ir para sala de jantar que ficava próxima a minha cozinha. A mesa estava abarrotada de coisas deliciosas, o que fez com que meu sorriso se abrisse ainda mais e meu estômago reclamasse ainda mais. Ainda com o cartão e a flor em mãos, me sentei a mesa, pensando por onde deveria começar.
Pães, leite, bolos, torradas, frios, geléia... Era tanta coisa e enquanto eu comia um pouco de cada vez, me permitia ficar emocionada com tudo aquilo que Michael estava me proporcionando. Ele era, realmente, incrível. O homem da minha vida.
***
- Oh, querida... Eu estou tão feliz pelo seu dia. Vinte e um anos, não? Acho que estou ficando velho... - murmurou meu pai, dando uma colherada em sua sobremesa.
Sorri e peguei em sua mão, olhando pra ele ternamente.
- Velho nada, você é um homem lindo, papai. E, pra falar a verdade, não entendo como está sozinho até hoje.
- Você sabe que eu jamais conseguiria ficar com outra mulher que não fosse sua mãe. - ele respondeu.
Olhei pra ele sorri, sim, eu sabia disso. Meu pai era um homem completamente apaixonado por minha mãe e eu tenho certeza que assim seria, para sempre. Estávamos terminando o nosso almoço, porque, como ele mesmo disse: "A noite você tem que ficar com Michael, pois ele é um ótimo rapaz e vocês se amam muito para você ficar perdendo tempo com seu velho pai."
Obviamente eu não concordava com tudo aquilo, ficar com meu pai jamais seria uma perda de tempo, eu o amava muito, mas em partes ele estava certo. Acho que a noite tinha mesmo que ser somente minha e de Michael, principalmente agora, que eu estava com coragem e desejo de sobra pra me entregar inteiramente para ele.
Às duas em ponto o motorista de Elizabeth parou em frente ao restaurante onde estava com meu pai. Ele pagou a conta e antes de me deixar ir, me deu um lindo colar com um pingente de estrela. Ele disse que eu era sua estrela e foi impossível não abraçá-lo forte antes de entrar no carro de Liz. Ele era o melhor pai do mundo pra mim.
****
Assim que cheguei ao SPA, a recepcionista me levou a uma ala privada, onde encontrei Mark tomando uma enorme taça de sorvete com chatilly. Ele me olhou e então colocou a taça na mesa a sua frente, vindo correndo até a mim, coberto com grosso roupão do SPA. Me pegou no colo e, como o prometido, me rodopiou várias vezes, gritando parabéns e felicidades.
Quando em colocou no chão, me segurei durante alguns segundos em seus braços, esperando a tontura passar.
- Você é um doido, mal educado que acorda as pessoas às sete e meia da manhã! Mas mesmo assim eu te amo, seu maluco! - falei, sorrindo pra ele.
- Ora, mas tive que acordar você mesmo, vai que você dormisse demais? - ele riu e voltou a se sentar, pegando o sorvete e começando a comer. - Como foi o almoço com seu pai?
- Maravilhoso... - falei, me sentando ao lado dele. Mark tentava desfarçar, mas aquele sorriso no canto de seus lábios o denunciava descaradamente. - Fala logo que você sabia daquela surpresa que Michael fez em meu apartamento!
Ele me olhou arregalando os olhos falsamente.
- Eu?! Jamais meu anjo... - ele bateu os cílios e então me olhou. - E então, como você se sentiu com aquele monte de flores em sua casa, e aquele cartão, que, de verdade, eu não sei o que estava escrito, e aquele café-da-manhã...
- Você é um cara de pau, Mark! - gritei, tacando uma almofada nele e vendo-o rir. - Como eu me senti? A mulher mais amada do universo! Por que ele tem que ser tão fofo e tão perfeito?
- Porque ele te ama e você o ama, há algo mais perfeito do que isso? - Liz perguntou saindo de uma sala. Seu rosto relaxado com sorriso espontâneo, denunciava que havia recebido uma massagem maravilhosa. Ela abriu os braços. - Venha aqui pra mim te dá um abraço.
Sorri pra ela e me levantei, abraçando-a com força e ouvindo seus votos de felicidade em meu ouvido. Quando nos afastamos, olhei para os dois.
- Então quer dizer que vocês sabiam de tudo?
Mark sorriu e passou a ponta dos dedos no canto dos lábios, tirando o excesso de chantilly.
- Nós sabemos de tudo, querida, e não iremos lhe contar nada.
- Nadinha. - disse Liz.
- Nada mesmo! - ele afirmou.
- Ah é? Isso tudo é um complô? No dia do meu próprio aniversário... Que absurdo!
Os dois riram de mim.
- Absurdo nada, Alie... Agora vá ao banheiro e coloque o roupão que está reservado pra você. Vamos aproveitar esse dia lindo, nesse lugar maravilhoso! - Mark disse, se levantando e me empurrando em direção ao banheiro.
Capítulo 22
15 de Fevereiro de 1994
Meu dia havia sido perfeito! No momento estava terminando meu banho de banheira enquanto me lembrava das horas divertidas que passei ao lado de Mark e Elizabeth. Foram massagens, tratamento de pele, banhos de rosas, chocolate, leite e tudo o que se pode imaginar. Eu realmente não estava acostumada com todo aquele tratamento, mas amei tudo do começo ao fim.
Apesar de ter me distraído bastante, confesso que havia ficado o tempo todo esperando uma ligação de Michael ou até mesmo mais algumas surpresas como flores, cartões ou algo do tipo, mas durante toda a tarde, nada aconteceu.
- Oh meu Deus! - ouvi a voz de Mark atrás de mim. - Alie, você está fantástica! Vire-se pra mim! - ao me virar, pude vê-lo com uma maquina fotográfica em mãos. - Pose estilo Burlesque pra eu tirar uma foto, garota!
Consegui reprimi uma gargalhada e então posei pra ele:
- Você está linda, querida... - Liz disse parando ao lado de Mark.
- E não é? Vou mandar imprimir essa foto em tamanho real para pôr em meu apartamento... Não é todo o dia que a gente é melhor amigo a nova estrela da Broadway e namorada de Michael Jackson. Sou uma pessoa muito sortuda mesmo...
- Ah, para, Mark! Você é namorado de Franci Herold, seu bobão! - falei.
Ele riu ficando com a face corada... Apesar de seu namoro com Franci ainda está escondido da mídia, eles estavam juntos há quase um mês. Definitivamente haviam nacido um para o outro.
- E um dos amigos mais queridos de Elizabeth Taylor... - Liz comentou, cutucando-o de lado.
- Ora, para vocês duas! Não fiquem espalhando minha sorte por aí, o pessoal vai começar a sentir inveja de mim, aí eu quero vê! - ele disse, nos fazendo rir. - Mas agora é sério, Alie... Você está lindíssima. Assim Michael vai se apaixonar ainda mais...
- Ah, obrigada, Mark. - falei sorrindo.
- Bem, nós viemos aqui para dizer que o carro de Michael está a sua espera lá fora... Está na hora da princesa encontrar o príncipe... - Liz piscou.
- Ou melhor, o Rei! - Mark riu.
- Nossa, isso sim é trocadilho... - falei, rindo pra eles. - Michael está no carro?
- Claro... Que não! Ora essa... - Mark cruzou os braços, rindo e balançando a cabeça.
- Logo, logo você estará com ele, querida...
Mark e ela se olharam e então sorriram de forma cúmplice.
- Ok, não precisam esfregar na minha cara que vocês sabem o que Michael está aprontando!
Eles riram e então pararam ao meu lado, enlaçando meu braço e me tirando do quarto onde eu estava no SPA. Ao passar pela recepção eu dei tchau as meninas que cuidaram tão bem de mim então fomos até o estacionamento, onde um carro preto estava a minha espera. O motorista de Michael estava parado ao lado da porta traseira do carro.
- Então é isso, baby... Esperamos que você curta bastante essa noite. - Mark disse me dando um beijo no rosto.
- Isso mesmo, meu bem. Agora vá porque Michael está a sua espera. - e então Liz me beijou também.
- Certo. Obrigada pelo dia de hoje, eu simplesmente amei!
- Ah, pode apostar que eu também adorei... - Mark comentou, dando risadas.
Nos abraçamos e então eu entrei no carro, logo vendo uma rosa repousada no banco e um cartão branco abaixo dela.
Como sempre, Michael estava querendo me emocionar e estava conseguindo. Meus olhos estavam cheios d'águas, mas consegui me segurar. Não queria chegar toda borrada ao seu encontro, queria está linda pra ele.
Nunca, em toda a minha vida, pensei que isso iria está acontecendo. Obviamente como toda mulher apaixonada, eu fantasiava como seria está com Michael, mas nunca pensei que seria tão perfeito como está sendo agora. Ele está superando todas as expectativas que nem eu mesma sabia que tinha dentro de mim.
Definitivamente, Michael era o homem da minha vida, perfeito pra mim do começo ao fim.
O carro deslizava por Los Angeles em uma velocidade razoável. Apesar de está mantendo um bom papo com o motorista de Michael, eu estava nervosa e ansiosa. Não sabia se ele ia gostar do meu vestido o do meu novo corte de cabelo - apesar de ter mantido a franjinha, porque ele realmente a amava em mim.
Logo saímos do Centro e por um momento pensei que iríamos para Neverland, mas a paisagem me surpreendeu. Logo estávamos em uma das praias da Califórnia. Era noite, e por estarmos perto do píer, não havia quase ninguém ali. Quando o carro parou eu olhei pelo vidro, me perguntando se Michael estaria ali, se arriscando ao ficar tão exposto em público, mas não o encontrei.
- Onde iremos? - perguntei a Gary, quando ele abriu a porta para mim.
- Agora eu deixarei a senhorita dentro daquela lancha. - ele apontou a uma lancha branca, parada em frente ao píer. - Luke a levará até o Sr. Jackson.
De lancha? Oh meu Deus, Michael estava realmente aprontando. E era uma coisa grande.
Gary me levou até a lancha e um segurança me ajudou a entrar. Dei tchau ao gentil motorista de Michael e então me sentei ao banco olhando para o céu estrelado. Apesar de ter uma sala, um quarto e um banheiro na parte de baixo da lancha, preferi ficar ali, aproveitando um pouco a paisagem. A lancha começou a movimentar pelo mar o vento fresco bateu em meu rosto.
Agora eu estava mil vezes mais ansiosa do que antes. Só queria saber o que Michael estava aprontanto, o que ele estava planejando para aquela noite. Com certeza esse já estava sendo, de longe, o melhor aniversário da minha vida.
Meia hora depois pude vê um jogo de luzes há alguns quílometros de nós. A lancha estava se aproximando de uma casa. Logo um novo píer apareceu diante de mim e a lancha reduziu a velocidade até parar completamente. E dessa vez Michael estava lá, parado no píer com um segurança ao seu lado, a minha espera.
Ao olhar ao redor, pude vê que estávamos em uma ilha que provavelmente era particular, visto que ao seu entorno só existiam árvores, água, areia e uma linda casa com detalhes em madeira ao fundo.
O segurança que estava dentro da lancha me ajudou a sair e quando pisei no chão de madeira do píer, Michael segurou em minha mão. Ele olhou para o segurança ao seu lado que apenas nos deu boa noite e entrou na lancha, que minutos depois começou a se distanciar de nós.
- Você está... Perfeita! - ele disse, me olhando de cima a baixo.
- Obrigada... - murmurei, sorrindo. - Agora... Você poderia me explicar o que é tudo isso? Michael! Eu nunca pensei que você faria isso tudo pra mim...
- Oh meu amor... Você merece tudo isso e muito mais, Alie. - ele se aproximou e pegou em meu queixo, erguendo meu rosto até olhar em seus olhos. - Parabéns, minha princesa. Eu te amo muito, e espero que esse seja o primeiro de muitos aniversários que passaremos juntos. - ele deu um beijo doce em meus lábios e então se afastou um pouco. - Venha... Quero te da seu presente.
- Ah não, Michael, tá brincando? Você já me deu presente demais, não acha?
Ele me olhou franzindo o cenho.
- Não, eu não acho... Que presente eu te dei?
- Ora, a minha casa cheia de flores, o café-da-manhã, as flores e os cartões e agora tudo isso aqui... - eu olhei em volta. - Já é um presente e tanto. Não precisa de mais nada, é sério.
- Nada disso foi presente, só fez parte do pacote que se chama "romantismo". - ele sorriu de lado e piscou pra mim. - Seu presente ainda está guardado comigo, agora venha.
Ele me olhou e então me pegou no colo. Tentei protestar, dizendo que eu poderia tirar os sapatos e andar pela areia, mas ele se recusou a me colocar no chão novamente. Só o fez quando estávamos na varanda da casa.
- Aliás, mocinho... De quem é essa casa? Não me diga que comprou tudo isso só por causa do meu aniversário, Michael, por Deus!
- Bem que eu gostaria... - sorriu de lado. - Mas não, eu não comprei essa casa. É de um amigo e ele me emprestou. Disse que eu poderia usá-la pelo tempo que precisasse. - ele se aproximou e pegou em minha mão. - Então, eu decidi que a usaria com você. Gostou da surpresa?
- Eu amei Mike... Na verdade, eu amei tudo, desde a hora em que acordei... - sorri e me aproximei dele, enlaçando seu pescoço com meus braços. - Você deixou meu dia perfeito desde a hora em que abri os olhos às dez e meia da manhã. Acho que está orgulhoso, não é?
- Pode apostar que sim, amor. - ele sorriu e me beijou. - Agora venha, tem um jantar maravilhoso a nossa espera.
Segurando minha mão, Michael me guiou pela varanda e subimos um lance de escadas chegando ao terraço da casa. Perto da sacada havia uma mesa de jantar para dois, com velas e flores e a paisagem da lua junto a água era de tirar o fôlego.
- Uau... - murmurei.
Michael me abraçou por trás e beijou meu ombro.
- Lindo, não?
- Perfeito. - respondi.
Ele sorriu e então me pegou pela mão novamente, me levando até a mesa, onde arrastou a cadeira para que eu pudesse me sentar. Logo ele estava sentado a minha frente.
- Bem... Eu dispensei todos os funcinários e seguranças, estamos completamente sozinhos aqui. Fiz mal? - ele perguntou.
- Claro que não, quer dizer... Acho que podemos nos virar sozinhos.
Ele riu e então tirou o utensilio de prata que cobria nossos pratos. A refeição estava ótima e logo entramos em uma longa conversa enquanto comíamos. Quando terminamos eu recusei a sobremesa e então ele me serviu mais um pouco de vinho. Acho que eu já estava na terceira ou quarta taça, não sabia ao certo porque está com Michael é sinônimo de esquecer coisas simples, como prestar atenção na quantidade de alcool que eu estava ingerindo.
- O que você acha de irmos lá embaixo? Andar na beira do mar... - perguntei, olhando pra ele.
- Hm... Acho ótimo! - ele se levantou e então veio até a mim, se ajoelhando a minha frente e pegando meu pé em suas mãos.
Logo entendi o que ele iria fazer, quando tocou em meu sapato.
- Ah não, Mike, não precisa disso, eu mesma tiro meus sapatos, seu bobo... - falei, sorrindo pra ele.
- Eu quero fazer isso, amor. - ele sorriu e então tirou meu sapato, dando um beijo em pé e fazendo o mesmo no outro.
Quando terminou, ele tirou seus sapatos e meias e então estendeu a mão para me levantar. Carregando nossas taças e a garrafa de vinho, descemos e então pisamos na areia, enquanto íamos em direção a praia. Logo o mar estava banhando nossos pés, a temperatura na medida ideal.
- Eu estava pensando hoje, quando acordei, como seria meu futuro... - ele começou a falar enquanto andávamos. - E percebi que não existe "meu" futuro.
Olhei pra ele de lado e vi que ele continuava olhando pra frente, em direção a lua.
- Como assim não existe "seu" futuro? - perguntei, tentanto entender o que ele estava querendo dizer.
- Isso mesmo, não existe "meu futuro"... Existe somente o nosso futuro. Ao analisar como eu poderia está daqui há alguns anos, percebi que em todo o lugar, você estava. O que me fez chegar a conclusão de que eu não posso dar um passo se você não estiver comigo. Simplesmente não existirá mais "eu" se você não estiver lá comigo, Alice.
Ele parou de andar, me obrigando a parar também e então se virou pra mim, olhando em meus olhos. A taça e a garrafa de vinho que estava em sua mão foram jogadas na areia e então ele enfiou a mão no bolso de sua calça, pegando uma caixinha de veludo.
- Por isso, Alie, eu quero saber se você estaria disposta a ficar comigo para sempre... - ele se ajoelhou a minha frente então abriu a caixinha, me mostrando um lindo anel que havia dentro dela. - Você aceita se casar comigo, Alice?
Capítulo 23
15 de Fevereiro de 1994
Há alguns anos atrás, quando me descobri apaixonada por Michael, eu fantasiava como seria ser pedida em casamento por ele.
Nunca, em toda a minha vida, pensei que seria desse jeito: em um lugar lindo, tendo a lua cheia e o mar como testemunhas, no dia do meu aniversário. O que eu sentia era algo que não dava para colocar em palavras, era apenas...
Amor, emoção, felicidade. Todos os sentimentos bons que uma mulher amada pode sentir.
- Oh Mike... - murmurei, meus olhos se enchendo de lágrimas. - É claro que eu aceito, meu Deus, eu aceito um milhão de vezes!
Ele sorriu e colocou o anel de ouro meu dedo e então se levantou, me abraçando com força pela cintura e me rodopiando várias vezes até perder o equilíbrio e nos fazer cair no chão. A areia estava em minhas costas, mas nada disso me incomodava. Seu olhar estava no meu, o sorriso enorme que preenchia seu rosto era apenas um espelho, que refletia como eu mesma deveria está naquele momento.
Sem dizer nada ele apenas aproximou seu rosto do meu e então me beijou lentamente. O gosto vinho misturado ao sabor de seus lábios estavam me deixando mais embriagada do que qualquer outra coisa, me enchendo de todo aquele sentimento bom que nutríamos um pelo o outro. Eu o amava mais do que tudo e ele me amava de volta. Nada mais poderia me fazer tão feliz.
Sua língua se apressou em minha boca, enquanto eu levava minhas mãos as suas costas, apertando-o e trazendo-o mais para mim. Eu o queria mais do que qualquer coisa na vida.
- Eu te amo tanto, princesa... Obrigado por me fazer o homem mais feliz do mundo. - ele sussurrou em meu ouvido, seus lábios correndo pelo meu pescoço.
- Você é quem me faz a mulher mais feliz do mundo, Michael... - falei pegando em seu rosto e fazendo com que ele olhasse pra mim. - Eu amo você e ficarei com você para sempre.
Ele sorriu e mordeu o lábio inferior, olhando para os meus lábios. Logo estávamos nos beijando de novo, de um jeito mais intenso do que o normal. O desejo que eu sentia por ele era algo latente, que crescia com cada vez mais pressa dentro de mim.
Suas mãos passearam pela lateral de meu corpo, enquanto seus dentes prendiam meu lábio inferior em uma mordida leve, deixando-o escorregar até que escapassem.
- Faz amor comigo? - ele perguntou em um sussurro rouco, demonstrando que eu era não era única a sentir desejo.
- É o que eu mais quero agora. - respondi no mesmo tom, percebendo que a ideia de fazer amor com ele era a única coisa que preenchia minha mente naquele momento.
Michael sorriu e me beijou mais uma vez, se levantando e me levantando logo em seguida. Ele me pegou no colo novamente e dessa vez eu não protestei - nem poderia, visto que assim que me colocou nos braços, ele preencheu minha boca com sua língua novamente.
Ainda me beijando, Michael foi caminhando em direção a casa. Passamos pelo hall e pela sala, logo atravessando um corredor e encontrando as escadas. Ele subiu rindo ao sentir meus lábios em seu pescoço e então parou em frente a uma porta. Me desceu de seu colo e abriu a porta, me deixando entrar primeiro e vê toda a decoração do quarto.
- A rosa vermelha significa amor, paixão, desejo... Tudo o que eu sinto por você. - Michael disse, me abraçando por trás.
Eu queria expressar o que eu estava sentindo e confesso que até tentei, mas apenas um gemido saiu de meus lábios. Na hora em que tentei falar, os lábios de Michael encontraram meus ombros e subiram até meu pescoço, enquanto ele colocava meu cabelo de lado. Seus beijos eram quentes e deixavam um rastro de fogo por onde passavam, queimando minha pele.
Eu o queria tanto! Nunca me senti tão excitada na vida e eu tinha certeza que aquilo era apenas o começo. Michael tocou em minha barriga com suas mãos, me puxando para trás, de encontro ao seu corpo. Pude sentir sua ereção crescente em meu bumbum, o que me fez soltar um suspiro de desejo.
Mordendo o lábio, me virei pra ele e o puxei pra mim pela camisa de botões que ele usava. Ele sorriu e então me puxou pela cintura, colando nossos corpos. Seus lábios encontraram os meus e nos beijamos com desejo, senti suas mãos subirem por minhas costas e logo encontraram o zíper de meu vestido, descendo-o até o final. Ele se distanciou apenas um pouco e então puxou meu vestido pra baixo, me deixando apenas de calcinha a sua frente.
Naquele momento eu não me sentia envergonhada, pelo contrário, eu me sentia quente por conta de seu olhar desejoso em meu corpo. Ele mordeu o lábio e sorriu:
- Você é linda, amor... Perfeita. - murmurou, chegando perto de mim e escorregando um dedo por minha barriga.
Um arrepio gostoso passou por meu corpo e então levei minhas mãos aos botões de sua camisa. Ele sorriu e apenas me deixou seguir sozinha, desabotoando botão por botão até deixá-lo sem a camisa. Michael sorriu e me beijou, andando para trás comigo até chegarmos na cama. Ele me empurrou minimamente e então se deitou por cima de mim. Abri minhas pernas para acomodá-lo no meio delas e apesar de ainda está de calça, eu podia sentir perfeitamente sua ereção em cima de mim, encostando em meu sexo.
Ele se mexeu propositalmente em cima de mim e seu movimento em meu clitóris me fez gemer entre seus lábios. Seu sorriso me fez sorrir também. Olhando em meus olhos, ele desceu seus lábios pelo meu pescoço, beijando minha pele até chegar em meus seios. Eu sabia o que ele ia fazer, mas a sensação daquilo jamais passou pela minha cabeça. Era tudo intenso demais, senti seus lábios sugando meus mamilos e sua língua circundando-o... Eu estava incrivelmente mais molhada agora e minha intimidade pulsava, como se eu estivesse sendo tocada ali.
Levei minha mão a sua cabeça, querendo que ele ficasse ali, mas ele não quis ceder ao meu apelo silencioso. Michael me olhou e passou a língua no vão entre meus seios, descendo até chegar a minha calcinha. Senti meu baixo ventre oscilar ao vê-lo puxar minha calcinha para baixo. Agora eu estava nua e o desejo estampado em seus olhos me deixou ainda mais molhada.
Michael beijou o interior de minhas coxas, seus olhos sempre nos meus, e então beijou minha virilha, prendendo minha pele sensível entre seus dentes, em um aperto leve e sexy. Foi impossível reprimir um gemido, principalmente quando seus lábios tocou meu clitóris, prendendo-o suavemente em sua boca.
- Mike... - gemi alto, fechando meus olhos e apertando o lençol entre meus dedos.
Ele apenas acariciou meu ventre e então intensificou seu toque, sua língua desceu até minha entrada e então subiu até meu clitóris novamente, movimentando-o de cima para baixo. Meus gemidos aumentaram apenas com aquela carícia ali, que intensificava a cada minuto. Sua língua circundou minha entrada e quando voltou ao meu clitóris, prendeu-o levemente entre seus dentes, fazendo tudo dentro de mim pulsar rapidamente. Eu ofeguei sem conseguir conter o furacão de emoções que tomava cada poro do meu corpo.
- Goza pra mim, Alie... - ele pediu olhando em meus olhos e voltando a passar a língua por toda a minha intimidade, logo concentrando-se apenas em meu clitóris.
Foi impossível me conter. Parecia que meu corpo estava programado para obedecer tudo o que ele falava, então, bastou apenas um pouco mais de sua língua e dentes e eu me desmanchei em sua boca, gemendo alto pelo seu nome.
Senti seus lábios em minha barriga, seios e então logo estavam pousados sobre os meus. Abri meus olhos e encontrei os seus que estava brilhando, refletindo o sorriso que estava em seus lábios.
- Você é deliciosa... - ele sussurrou, se aproximando de meu rosto e esfregando o nariz pela minha pele.
Confesso que se fosse em outra ocasião, eu ficaria incrivelmente vermelha, mas naquele momento a excitação não permitiu que eu ficasse constrangida. Puxei o seu rosto para o meu e o beijei, enquanto escorreguei minhas mãos por suas costas, até chegar no cós de sua calça. Michael mordeu meu lábio inferior e levantou um pouco o quadril para que eu pudesse desabotoar sua calça e empurrá-la para baixo junto com a cueca.
Ele se livrou das peças, jogando-as pelo chão do quarto e então o observei nu. Lindo, algo que não dava para pôr em palavras. Ele mordeu o lábio e olhou para o seu membro que estava completamente ereto. Aquela visão me fez arfar e ficar ainda mais excitada - coisa que pensei que não seria possível. Um sorriso tomou conta de seu rosto quando meu suspiro chegou ao seus ouvidos e então ele se curvou sobre mim, beijando meu pescoço. Suas mãos escorregaram para minhas pernas e ele as afastou, acariciando o interior de minhas coxas até chegar em minha intimidade. Ele circundou meu clitóris com o dedo e encostou a glande de seu membro em minha entrada.
Olhando em meus olhos e beijando meus lábios, ele forçou sua entrada em mim, ainda acariciando meu clitóris. Eu já estava relaxada, mas seu toque naquele ponto de prazer me fez ficar ainda mais confiante e ansiosa para que ele entrasse em mim, a necessidade crescia cada vez mais. Lentamente ele se empurrou, abrindo caminho e entrando com cuidado. Nossos cenhos estavam franzidos pelo prazer e então um choque pequeno se instalou em meu baixo ventre quando meu hímen foi rompido. Não senti dor, apenas um pequeno incomodo que Michael recompensou com beijos e acelerando os movimentos em meu clitóris.
Logo ele estava completamente dentro de mim, me tocando bem no fundo.
- Você está bem? - ele perguntou, me olhando carinhosamente.
- Melhor do que nunca... - murmurei com um sorriso bobo em meus lábios.
Ele sorriu também e tirou seu dedo de minha intimidade, levando-o até sua boca e chupando-o. Aquela imagem fez todo o meu interior se apertar e ele gemeu alto, levando sua boca a minha. Me beijando, Michael começou a se movimentar em mim. Lento no começo, mas logo a necessidade cresceu em nós dois e seus movimentos ficaram mais rápidos. Prometi a mim mesma que não iria arranhá-lo ou algo do tipo, mas foi inevitável que minhas unhas não se arrastassem por suas costas sempre que ele alcançava aquele ponto que me deixava louca de prazer e ele parecia gostar muito de minhas reações, sorrindo pra mim e mordendo meu lábio inferior.
- Eu amo você, princesa... - ele gemeu segurando minha cintura para me manter no lugar.
- Eu te amo mais, Mike... - suspirei.
Todo o meu interior se apertou nele, prendendo-o dentro de mim quando ele tentava sair e entrar, o que aumentou o prazer pra nós dois. Com um gemido alto, senti todo o meu corpo oscilar sobre o de Michael e algo dentro de mim pareceu explodir, quando o orgasmo me atingiu.
Michael parou seus movimentos em mim e esperou que eu me acalmasse, beijando meus lábios ele retornou seus movimentos, me levando ao abismo mais uma vez. Nunca pensei que um orgasmo poderia se formar tão rápido, mas o meu se formou e veio mais intenso do que nunca, quando Michael mais uma vez me pediu para gozar e dessa vez, junto a ele.
Capítulo 24
28 de agosto de 1994
- Estou muito nervoso! Caramba, cadê Alice, Mark? - Michael perguntou andando de um lado para o outro no altar.
Neverland estava toda enfeitada para o casamento do Rei do Pop com a nova Princesa da Broadway. Os convidados estavam sentados nas fileiras a frente de Michael, mas ele não prestava atenção em nada disso. Alice estava vinte e seis minutos atrasada e o nervosismo tomava conta de todo os seus sentidos naquele momento.
- Acalma-se, Mike. Não lembra que todas as noivas se atrasam? É tradição, querido. - Mark disse, sorrindo pra ele.
- Mas Alice prometeu que não iria se atrasar, Mark! Será que... Que ela desistiu? - ele perguntou arregalando os olhos.
Liz e Mark se entreolharam e então riram. Por sorte os convidados estavam absortos com toda a decoração do rancho e não perceberam que o casal de padrinhos dos noivos estavam gargalhando.
- Ora, Michael! Mas é claro que Alice não desistiu... Ela te ama, meu bem. - Elizabeth disse olhando pra ele.
- Certo... Deus queira que ela não tenha desistido...
Ele ainda estava andando de um lado para o outro quando a música que estava tocando fora trocada pela marcha nupcial. Ele se virou e posicionou-se em seu lugar, um sorriso de felicidade e amor surgindo em seu rosto ao vê Alice vestida de noiva vindo em sua direção.
Quando ela parou a sua frente ele apertou a mão de Peter e então pegou em sua mão, levando-a a seus lábios. Alice tinha um sorriso alegre no rosto e Michael estava com os olhos marejados pela emoção.
- Você está linda, princesa... - ele murmurou, reprimindo a vontade de beijá-la nos lábios.
Eles se viraram para o padre e então e a cerimonia começou. Estavam atentos ao discurso sobre a importância do amor e do casamento, mas a todo o instante olhavam um para o outro, sorriam cúmplices pelo tamanho da felicidade que sentiam.
Quando chegou a hora dos votos, Michael se virou para Alice e a olhou nos olhos, segurando em suas mãos.
- Eu prometo-te ser fiel e acima de tudo te amar por toda a eternidade e além dela. Prometo te fazer a mulher mais feliz do mundo, pois eu sou o homem mais feliz do mundo somente por ter a oportunidade de contemplar um sorriso seu. Prometo cuidar de você e está ao seu lado em todos os momentos. Agradeço e agradecerei a Deus todos os dias por tê-la colocado em minha vida. Eu te amo, Alice e te amarei para sempre.
Alie sorriu emocionada, seus olhos estavam marejados.
- Eu prometo te amar e estar sempre ao seu lado, nos momentos bons e difíceis. Prometo te apoiar em todas as suas decisões e fazer de você o homem mais amado e feliz do mundo. Prometo ser sua para sempre e agradecer a Deus por todo o amor que ele reservou a nós dois. Eu te amo, Michael, e te amarei eternamente.
Quando trocaram as alianças e tiveram a permissão do padre para selar todo aquele momento mágico com um beijo, Michael não esperou nenhum segundo. Pegando na cintura de sua esposa, ele a passou a ponta dos dedos pelo seu rosto e a beijou com amor, depositando naquele gesto toda a paixão que sentia por ela e ela por ele.
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- Eu pensei que não seria possível que eu pudesse me apaixonar ainda mais por você, porém... Eu estava completamente enganado. Agora eu estou mil vezes mais apaixonado. - Michael disse em meu ouvido enquanto dançávamos a valsa dos noivos.
- Ah é mesmo? - perguntou olhando pra ele.
Michael sorriu e mordeu o lábios, me rodopiando e puxando-me de volta para si.
- É sim. Agora eu sou um esposo apaixonado. Isso é maior do que ser um namorado apaixonado. Não sente o mesmo?
Pensando por esse lado, era mesmo verdade. Sendo sua esposa parecia que o amor havia aumentado gradativamente, sem que ao menos nos desse tempo de perceber.
- Sinto sim... - sorri olhando pra ele. - Por isso que esse sorriso bobo não sai dos meus lábios, eu te amo mais do que quando atravessei aquele tapete vermelho. Seria culpa da aliança?
- Não... - ele balançou a cabeça. - A culpa é sua que está linda nesse vestido de noiva e agora carrega o meu sobrenome. Senhora Jackson... Isso não soa sexy?
Não pude evitar a risada e logo nós dois estávamos rindo como dois bobos apaixonados. Mas na verdade, era isso mesmo que nós eramos: dois bobos apaixonados.
Capítulo 25
29 de agosto de 1994
Havíamos acabado de chegar em Roma para nossa lua de mel. Estávamos cansados demais, mas mesmo assim observamos tudo do caminho do aeroporto até o hotel. Eu não sei se existe palavras que possa descrever o que eu estava sentindo naquele momento.
Era aniversário de Michael e apesar de está infinitamente feliz e realizada, era impossível não pensar como o dia 29 de agosto do ano passado fora completamente diferente desse. Há um ano atrás eu fantasiava como seria minha lua de mel ao lado de Michael, mas jamais pensei que isso fosse se cumprir realmente.
Todas as coisas que haviam acontecido no ano anterior praticamente nos mostrava como seria o nosso futuro. Michael estava passando por um momento difícil, e Lisa havia acabado de chegar, fazendo com que ele se distanciasse de mim, mas então, Deus fez com que tudo mudasse de repente e agora eu estava casada com o homem da minha vida.
Eu não tinha palavras para agradecê-lo por tamanha felicidade, principalmente agora, que eu estava prestes a contar algo para Michael que nos levaria a um novo rumo em nossa vida.
Assim que chegamos ao hotel, eu me joguei na cama, tirando minhas sandálias. Michael riu e fechou a porta, vindo até a mim e se deitando ao meu lado.
- Que bom que já está na cama, amor... Isso falicita muito as coisas para mim... - ele disse beijando meu pescoço.
Aquilo me fez rir.
- Para de ser tarado, Mike... Acabamos de chegar...
- Por isso mesmo, amor. Acabamos de chegar, temos que aproveitar desde o começo...
Ele ameaçou subir em meu corpo mais eu o distanciei, sorrindo pra ele e me levantando da cama.
- Eu vou tomar um banho, seu safado!
- Hm... Isso seria um convite?
Olhei pra ele arqueando a sobrancelha e vendo-o começar a desabotoar sua camisa. Quando ele me olhou eu ri.
- Não, não é um convite.
Entrei no banheiro e tranquei a porta.
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Enquanto Michael tomava seu banho, pedi o nosso jantar, que chegou no exato momento em que ele saia do banheiro. Quando a camareira saiu do quarto, Michael chegou perto de mim e me abraçou.
- Agora eu estou cheiroso, amor... Estou doido pra jantar e depois comer a sobremesa. - ele sorriu safadamente.
- Você está me saindo um esposo muito tarado, Sr. Jackson.
- Essa é a minha versão esposo, princesa e só você a conhece. - ele piscou e arrastou a cadeira para que eu pudesse me sentar.
- É claro que só eu conheço e só eu vou conhecer! - exclamei, vendo-o rir por conta do meu pequeno ataque de ciúmes. - Espere um pouco, vou buscar seu presente de aniversário.
- Mais presente? - o escutei perguntar enquanto eu ia no quarto.
Abri minha mala e tirei a pequena caixa de dentro dela, voltando para a sala onde o nosso jantar nos esperava. Me sentei a mesa e Michael ficou de pé, abrindo a garrafa de vinho. Ele encheu sua taça e quando foi encher a minha eu fiz um gesto para que não o fizesse.
- Mas por que, Alie? - ele perguntou franzindo o cenho. - Foi você quem pediu o vinho, não quero beber sozinho, amor.
- Mas eu não... Hm... Eu não posso beber, Mike.
Ele me olhou estranhando tudo aquilo e sem entender nada, esperou que eu desse uma explicação para aquilo.
- Toma o seu presente de aniversário. - falei, estendendo a caixa para ele.
Michael colocou a garrafa de vinho em cima da mesa e cruzou os braços.
- Não até você me falar o por quê de não poder beber.
- Tome o presente, Mike, isso vai explicar muita coisa.
Me olhando desconfiado, ele pegou a caixa de minhas mãos e abriu ainda olhando pra mim. Quando olhou para o que havia dentro da caixa, sua boca se abriu ligeiramente e seus olhos brilharam.
- Eu não posso beber porque tem alguém que vai me impedir disso durante alguns meses... - murmurei passando a mão pela minha barriga.
Michael ficou um tempo em silêncio, olhando da caixa para minha barriga e vice versa, a boca ainda estava aberta e agora seus olhos estavam cheios de lágrimas. Me olhando, ele se aproximou e se ajoelhou a minha frente, um sorriso emocionando tomando conta de todo o seu rosto.
- Oh meu Deus, Alie... Você está... Deus, nós vamos ter um bebê?! - perguntou com a voz rouca e vacilante.
- Vamos, Mike... Nós vamos ter um bebê, amor. - falei sorridente e também emocionada.
Ele colocou a caixa em meu colo e colocou as duas mãos em meu ventre, sorrindo e chorando ao mesmo tempo, acho que ainda estava tentando registrar tudo aquilo.
- Alie esse é o melhor presente que eu poderia ganhar em toda a minha vida! Você tem alguma ideia de como eu estou me sentindo?
- Eu tenho sim, porque é do mesmo jeito que eu estou me sentindo, Mike.
- Não, é muito mais. É como se agora uma nova vida estivesse começando, para todos nós. - ele me olhou com os olhos repletos de lágrimas. - E isso tudo eu devo a você, obrigado por tudo isso, Alice, obrigado por me fazer o homem mais feliz do mundo...
- Eu também tenho que agradecer, Mike. Nada disso estaria acontecendo se não fosse por sua causa, na verdade, isso foi feito em equipe. - sorri pra ele.
- Ah foi mesmo... - ele riu e beijou minha barriga, ficando alguns segundos em silêncio, fazendo o mesmo que eu.
Agradecendo a Deus por toda aquela felicidade está acontecendo em nossa vida. Agradecendo por tudo o que passamos, que de certa forma nos fez amadurecer, mesmo a cada briga, confusão, mágoas, nós crescemos e nos tornamos um só devido ao nosso amor.
Epílogo
Ano de 1995
Prince Michael nasceu dia 18 de Abril de 1995 ele era o nosso mundo, nossa felicidade. Tudo em nossa vida se resumia a nossa família, e eu posso afirmar com todas as letras que eu nunca fui tão feliz em toda a minha vida.
Fiquei atuando em "Burlesque" até minha barriga começar a aparecer. O musical acabou em janeiro de 1995, entrando pra história da Broadway. Quando sai de licença maternidade, ingressei em um outro musical que era uma parceria de Franci e George Philips.
Franci e Mark ingressaram em um romance e estão juntos até hoje. São um casal extremamente fofo e amoroso. Meu pai continua sendo advogado de Michael e Elizabeth ainda é a nossa fiel amiga e agora, madrinha de nosso filho.
Michael estava planejando mais um álbum HIStory iria ser melhor que Dangerous, eu tinha certeza disso.
Sobre Scott, Franci havia me dito que ele se mudou para Itália e havia se casado. Apesar de eu não ter entrado em contato com ele, esperava que ele estivesse bem e feliz. Sobre Lisa, tudo o que eu sabia era que o CD dela não havia obtido um bom retorno.
Sobre Michael e eu... Bem, tudo continuava perfeito. Ainda eramos - e sempre seriamos - um casal apaixonado com um fogo enorme. Nossos planos no futuro era ter mais filhos e ficarmos juntos para sempre.
Eu o amava de todo o meu coração e isso era recíproco. Eu estava presa a ele, era completamente dele e isso era para sempre.
continua porfavor :3
ResponderExcluirOi amore, seja bem vinda!
ExcluirBeijos :*
COntiinuuua oo/
ResponderExcluirContinuaa
ResponderExcluircontinuaaaaa amor pfv, to amando
ResponderExcluircontinuaaaaaaaa
ResponderExcluirMeninas, sejam muito bem vindas!
ResponderExcluirAcabei de atualizar, viu?
Beijos <3
Awn*......* continuaaaaaaaaaaaaa
ResponderExcluirtá perfeita ;)
Continua
ResponderExcluirI speak English but I liked so is there English web like this?? Coz I love MJ more and more...
ResponderExcluirAre you in the right sidebar at the top right translator to translate the page, is easier for you to read
ExcluirCOntiiinuauaaa
ResponderExcluirContinuaaaa
ResponderExcluirAtualizado, meninas.
ResponderExcluirObrigada por estarem aqui!
Beijos <3
Perfeiiitoooooooooooo queroooooooooooo maiiiiiiiiiiis
ResponderExcluirContinuaa rápido por favor
ResponderExcluirContinuaaaaaaaaa Rapidoooooooooooooooooo
ResponderExcluirAtualizado, meninas!
ResponderExcluirBeijos <3
Continuaaaa por favor lovely ;)
ResponderExcluirAmores, chegamos ao fim de Bound To You, mas como está escrito na foto, ainda temos uma segunda temporada.
ResponderExcluirAgradeço muito a todas vocês que leram, vocês são muito importante para mim.
Espero que estejam aqui na segunda temporada dessa história.
Beijos, queridas <3
Querooo a 2 tempooorda oo/
ResponderExcluirAmeiii!
ResponderExcluirUm linda historia de amor.
A Autora está de parabéns!
#PartiuLer2°Temporada
Obrigada por esta linda e incrível história de amor.
ResponderExcluirCom certeza vou ler a segunda temporada !!! :)
Reli toda. Amo essa fic demais! Indo pra segunda temporada agr. ❤️
ResponderExcluirAmei😍
ResponderExcluirEm 02/12/2021😍
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